Charbitch

08/11/2018 às 17:56 • 1 - 01 de maio de 2010
Eu já tive uma quedinha por uma amiga, confesso, kkkkkkk. Ela era doce, sensível e um pouco ingênua. Nós duas gostávamos muito de Marilyn Manson. Uma pena que a gente tenha perdido o contato e ela parou de falar comigo =/ Mas eu gostava tanto dela que ficava me perguntando se não tinha um certo amor envolvido, kkkkkkk.
Despedidas são sempre uma coisa muito triste, ainda mais se for pra se despedir de quem a gente ama. Dá até uma dorzinha no coração pra embarcar ;-;
Espero que a Lola e a Patrícia possam se ver de novo ♡


Charbitch

08/11/2018 às 19:58 • 2 - 30 de Julho de 2005
Kkkkkkkkkk, eu fiquei me perguntando o que era vileira xD Na época dos emos, eu era criança pequena. Quando surgiram os coloridos, eu devia ter uns dez aninhos por aí, kkkkkkk. Agora a moda é K-POP, kkkkkkkk. Confesso que sempre andei um pouco na contramão das modinhas. Todas as meninas queriam ser x enquanto eu queria ser y, kkkkkkk.
O nome do que as meninas tão fazendo com a Paty é INVEJA, só porque ela é bonita u.u Aliás, achei interessante você quebrar esse estereótipo de que toda loira bonita tem que ser babaca nas histórias sobre Ensino Médio, kkkkkkk. Tipo, só porque a menina é loira, magra e usa rosa, automaticamente ela tem que ser uma patricinha fútil. Deve ser o efeito Regina George :v Mas tinha uma menina loira na minha sala do fundamental que era extremamente inteligente e gente boa! Aliás, eram as meninas de cabelo preto que implicavam comigo, kkkkkkkkk.
Continuarei lendo mais amanhã ♡


Resposta do Autor [Sweet Mary]: Oieeeeeee! Nessa época em que a Lola e a Paty se conheceram, tinha briga de vileiros, queriam "dominar território", muita menina "certinha" se apaixonava pelos vida loka e começava a andar que nem vileira, usando calça larga, maria-chiquinha lá no alto, tênis colorido com calçado enorme. E os emos estavam começando a ganhar espaço. Confesso que a única vez, tirando uns exageros, que estive na moda, foi na época dos emos por causa do allstar, do lápis de olho e da franjinha... Quando os coloridos estouraram, eu já estava saindo da adolescência e não me identifiquei com o som, aí estourou o funk e eu não consigo gostar mesmo que tenham cantoras que em suas letras falem de empoderamento feminino, ainda assim tenho muita resistência e, bom, não sei nada sobre KPOP. Nadica de nada.
As meninas estão com inveja da Paty. Você já captou inclusive o meu objetivo com Primeiros Erros, mostrar que nem toda loira bonita é patricinha e babaca. A própria Paty chega a falar sobre esses estereótipos num trecho:
"Mesmo sendo uma aluna aplicada, carregava o estigma de loira burra e apesar de não me indispor com ninguém por causa disso, me entristecia com aquelas piadinhas sobre loiras nas quais as mesmas eram retratadas como objetos sexuais, seres desprovidos de inteligência, dentre outros absurdos. Naquela época, no entanto, sem graça era aquele que não ria da piada e para mostrar que conteúdos de baixo aproveitamento intelectual não degradavam minha honra, eu honrava uma expressão que minha falecida avó costumava usar com muita frequência: deixa o povo falar e o que não interessa entra por um ouvido, mas sai pelo outro."— Primeiros Erros, capítulo 13.
Sabe, nesse ano em que a Paty muda de cidade e de escola também, até antes dessa transformação, ela, por conta de um relacionamento não muito saudável com um cara babaca, decide fazer um trabalho de história sobre a primeira guerra mundial focando no papel da mulher naquela época e todo mundo debocha dela, inclusive o próprio namorado, quando ela se identifica com o feminismo. Vou mostrar uma discussão dela com o embuste:

— O feminismo já provou que não deu certo... — debochou Renan, enquanto eu digitava minhas conclusões naquele extenso documento do Microsoft Word configurado conforme as normas da ABNT. — É um bando de lésbica frustrada que quer atenção! Elas querem ser homens e por isso têm recalque!

— Algum problema com lésbicas?

— Pô cara, com tanto homem no mundo?

— Falando sério, Renan, que pensamento mais retrógrado e ridículo... Nem toda mulher é obrigada a gostar de homem... E com homem que nem você no mercado, eu preferiria gostar de mulher... Que pena que eu sou hétero...

— Agora você deu para abraçar a causa de todos os fracos e oprimidos pelo sistema?

— Por que você sempre tem a mania de me ridicularizar? Essas atitudes que você tem comigo são machistas.

— Machista, eu? — ofendeu-se ele

— Você age como se eu fosse incapaz de formular uma opinião, de levar adiante um projeto, ridiculariza minhas ideias o tempo todo e não percebe que isso me machuca....

— Aí por causa disso de uma hora pra outra você resolveu virar feminista?

— Eu estou fazendo um trabalho importante de história e você, como estudante de história, não deveria estar escrevendo sua monografia, se debruçando em cima de livros e artigos para ser aprovado pela banca e apanhar o seu diploma?

Ele não deu um pio.

— Eu até pensei em pedir sua ajuda para o trabalho, mas até meu avô com seus setenta e poucos anos tem pensamentos mais progressistas que os seus. Fala sério, cara! Você deveria ter vergonha de falar as merdas que fala, ainda mais convivendo com mulheres, namorando uma, estudando a História de uma maneira muito mais abrangente do que o conteúdo ministrado em sala de aula...

— Essas desocupadas aí acham que um olhar é estupro, culpam os homens por todos os males do mundo, pregam a extinção dos homens, ficam fazendo baderna, não caia nessa, não se deixe manipular por essa seita satânica. Já que elas querem ser homens, por que não vão carregar um pacote de 30 kg de cimento e calam a boca?

— Porque pra isso já existe carrinho de mão, queridinho... — debochei e continuei escrevendo. — E feminista não é mulher que quer ser homem, é mulher que quer ser tratada como gente, que luta para que todas as mulheres, mesmo as que não queiram se rotular, se beneficiem de todas as conquistas que levaram as mulheres a desbravar caminhos antes impensados para nós.

Estalei os dedos.

— Quem é que vai carregar pacote de 30 kg de cimento quando se tem carrinho de mão? Acorda, rapaz!

Ele não gostou muito da minha tirada sarcástica.

— Eu não quero que namorada minha diga por aí que é feminista. — interveio ele, mimado que só vendo para crer.

— Por quê? Por que isso fere sua masculinidade?

— Porque todo mundo sabe o que significa ser feminista.

— Não, as pessoas não sabem ou pelo menos não lhes foi explicado o que é e a droga da mídia acaba formando estereótipos que prejudicam as pessoas. Pintam as feministas como lésbicas odiadora de homens, ridicularizando uma mulher homossexual, estereotipando, implantando o preconceito por associar a homossexualidade feminina com o ódio aos homens e ao feminismo, quando tudo não passa de mito. Se uma classe de mulheres tem ódio de homens, é outro departamento e eu não vou falar sobre o que não sei porque não tenho ódio de homens e sim do machismo, que é bem diferente. E as mulheres não querem combater os homens, serem superiores a eles, apenas serem vistas como pessoas com direitos iguais, viver num mundo em que não se precise mais do feminismo pra reparar todos os danos que a mulher sofreu ao longo da história.

Renan não gostava de feministas e continuou insistindo que não existia machismo, que “muitas mulheres não se davam ao respeito” e outras asneiras mais.
Esse namorado dela é um otário, ainda bem que ela não tem medo e retruca as coisas na lata. Já se fosse a Lola, por ter baixa autoestima, aceitaria essas agressões morais por achar que precisava da aprovação do namorado. Muitas meninas xingam a Paty de p*** porque têm inveja da liberdade dela.
Acho que escrevi um comentário maior do que o capítulo, mas faço questão de responder, estou muito feliz de ter você como minha leitora. A melhor autora do Nyah lendo uma fic minha! *-*


Charbitch

10/11/2018 às 15:26 • 3 - 04 de Junho de 2010
Em primeiríssimo lugar, li a carta e ela é absurdamente linda! Quem me dera escrever tão bem assim, hehe xD A Lola realmente ama a Paty. Queria eu ser amada assim *-* É uma pena que a Paty tenha ido embora. Mas ela vai voltar, né? ;-;
Agora, sobre esse capítulo: ele reflete exatamente tudo o que eu penso dessa sociedade hipócrita! Se o cara for solteiro, é porque tá aproveitando a vida, não tem essa de casar cedo mesmo não. Homem que casa cedo é homem bobo. Mas se a mulher tiver trinta anos e for solteira, mds, que vergonha, vai ficar pra titia, aposto que é "sapatão"! Engraçado, né? Trágico, na verdade. Só porque sou mulher, meu principal objetivo precisa ser arrumar um bom casamento, do contrário eu fracassei na vida. Aham, sei.
As pessoas sempre tentam colocar o homem como certo e a mulher como errada, independente da circunstância. Quando o homem trai, é porque faltava algo na esposa, daí ele foi procurar na rua, afinal trair é da natureza do homem, né? Quando a mulher trai, vixi, que puta, vagabunda, piranha, fez o marido passar vergonha! Quando o homem termina um namoro, deve ser porque a namorada era uma histérica, uma chata, uma louca, não é mesmo? Ele era um homem tão bom, duvido que tenha aprontado com ela... Quando um homem estupra, mds, o que a mulher tava fazendo no transporte público de short jeans também, né? Aí já é apelação, o homem simplesmente não conseguiu se controlar. Ela tava pedindo.
Infelizmente a minha mãe tem alguns desses pensamentos de que "a mulher tem que se dar ao respeito". Ela também já tentou me empurrar um carinha que eu mal conhecia, sendo que na época eu já estava comprometida. Ela dizia: "Ah, filha, olha como aquele rapaz é bonito, ainda faz Odontologia e tá dando o maior mole pra você. Quem se importa com aquele seu namorado feio e pobretão da Internet? Aquilo não é pra ser levado a sério". Aham, sim. Se o cara for bonito e estiver fazendo um curso valorizado pela sociedade, eu automaticamente sou obrigada a ficar com ele, mesmo já tendo compromisso com outra pessoa.
Eu também já discuti pra caramba com a minha mãe sobre questões LGBTQI+, mas a treta sempre termina com um: "Olha lá, hein? Não te criei pra gostar de mulher! Que vergonha!". Odeio isso. As pessoas têm a mente muito fechada. Quando aparecem duas mulheres juntas, pode ser aquele amor lindo e perfeito, quase de cinema, que as pessoas vão dizer que é uma perversão sem tamanho. Mas se for um relacionamento hetero, pode ter traição, espancamento, tudo de mais horrível que você puder imaginar, que as pessoas ainda vão achar esse relacionamento mais saudável que o das duas "sapatonas" citadas anteriormente.
Triste, muito triste.
Eu também estou nesse dilema de ainda não estar encaminhada na vida. Tenho 19 anos e vou desistir do meu curso de Letras para tentar uma vaga em Medicina. Tenho medo de fazer 20, 21, 22, 23 anos... E nunca passar. Tenho medo de ficar agarrada, tentando anos a fio e acabar tendo que fazer outra coisa, quem sabe até voltar para a Letras, que é um curso que eu tenho certeza de que não é pra mim. Eis os dilemas da vida, só espero não me afogar neles... Às vezes me imagino daqui a dez anos. O período dos 20 aos 30 anos é decisivo. Será que eu terei orgulho de mim mesma no futuro? Eu espero que sim.


Resposta do Autor [Sweet Mary]: Oieee! Logo você que escreve as cartas mais lindas de amor que já li diz que a da Lola é linda, então tenho que aceitar seu elogio. ♥
Nossa! Você falou tudo, escancarou todas as contradições e mitos dessa sociedade machista e misógina.
Eu parei de escrever porque comecei a sofrer homofobia. Digamos que eu saí do Nyah em 2015 e deixei todos os meus leitores abandonados por causa de um cara, na época eu estava muito fragilizada e por ele ser mais velho, eu achei que ele era um ótimo amigo, alguém em quem eu poderia confiar, só que ele me estuprou.
Então talvez você ache estranho eu dizer que sou virgem se tecnicamente mesmo que à força eu tive uma relação. Eu disse que não estava pronta, ao que ele respondeu “eu vou te fazer ficar pronta” e foi com tudo. E sumiu. E eu acabei me afastando de todo mundo, excluí minha conta daqui, fiquei bem isolada até o começo de 2016.
Em 2016 conheci uma amiga a quem estimo sobremaneira, uma das poucas pessoas legais que conheci no Wattpad e aí me abrindo com ela, entendi o que tinha acontecido, porque na época do estupro eu achava que esse cara gostava de mim e que ser grosso era algo da natureza masculina, então mesmo não me sentindo atraída por ele, achava que ele seria o melhor que eu conseguiria porque ele é médico e tal, mas conforme fui conversando com essa amiga e ela me explicou que a partir do momento em que eu não queria nada, se ele foi em frente foi estupro e ele FOI em frente. E ele não se arrependeu disso. Até hoje. Depois que eu mudei de endereço de e-mail e desativei o endereço que ele tinha, ele tentou entrar em contato por um e-mail que tenho desde 2012 que só deixo vivo porque é onde está minha conta do The Sims.
Eu fiquei muito traumatizada com relação aos homens, mas não é por isso que decidi aceitar meu verdadeiro eu. Antes disso eu quis entender por que eu achava que precisava “provar” para as outras pessoas que um namorado me faria feliz, no entanto a minha mãe não entende isso. Ela e eu já discutimos muito a respeito disso, no fundo ela sabe da verdade e se recusa a aceitar.
Teve um dia que ela falou bem assim: “o que é que você acha que os parentes vão pensar se você aparecer casada com uma mulher?”, “se quiser ser sapatona, espere eu morrer, não quero que você me envergonhe!”, “ah, que nojo! como é que mulher pode chupar mulher? não consigo me imaginar chupando mulher, que coisa nojenta!”, “ah, a gente fala mal de homem, mas homem é a melhor coisa que tem!”, “você até pode não gostar de homem, mas com mulher não vai ficar” e a pior acho que foi essa: ela pegar um trecho da bíblia e grifar quem irá para o inferno, repetindo: “escolha bem porque eu não vou poder te salvar.”.
Aí, pra piorar, mesmo que eu compartilhe vários posts apoiando a causa LGBTQI+, tem um embuste babaca que é aquele tipo: quando eu publico um texto relacionado a uma história que escrevo, uma imagem, um link relacionado, ele não liga, aí quando eu posto uma foto minha (algo raro, parei por causa dele), ele vem DO NADA e fala comigo como se fosse íntimo meu, como se só porque eu não namoro, que necessariamente esteja disponível.
A gota d’água pra mim foi na noite do segundo turno das eleições, quando o Bolsonaro ganhou, que eu chorei de raiva, de ódio, fiquei muito magoada, apesar de já saber que isso iria acontecer, e esse cara veio me “consolar”, mas eu não queria ser consolada, eu só estava chateada ali na hora, depois me acalmei porque gostando ou não do que escolheu a “maioria”, a vida continua.
Aí quando esse cara começou a dizer que eu sou “o tipo pra namorar”, dei umas indiretas de que não sou hétero, aí ele pegou e falou assim: “ai, não é só porque eu me decepcionei com mulher que vou me relacionar com homens, pra mim isso não rola”, “você está confusa”, “é só uma fase”, então na semana que vem eu estou com medo de que ele estrague meu aniversário vindo me encher o saco porque quero ter o direito de registrar esse dia. Só se faz 30 anos uma vez na vida. É muito emblemático. Vou mudar de década subvertendo todos os estereótipos que mulheres da minha idade são obrigadas a “cumprir”.
Até hoje nunca me relacionei com nenhuma mulher nada que não fosse amizade e respeito todos os meus amigos. Na sétima série me acusaram de ser lésbica, aí na oitava eu comecei a perceber que não gostava de meninos, que quem me chamava mais atenção eram as mulheres, no entanto eu pelo que vivi no colégio militar sabia que as pessoas eram cruéis e então meio que me forcei a ser hétero, por influência de uma novela maldita que passava na globo que todo mundo da minha ama e eu odeio e porque as minhas então amigas achavam um absurdo eu ter quase 14 anos e estar “solteira”, não sair beijando garotos, então fui ficando com vários na adolescência porque vivi um sentimento (platônico, é verdade) por uma pessoa, foi um sentimento muito puro, não teve maldade alguma, mas foi a primeira vez que me apaixonei realmente, porque quando essa pessoa foi embora, passei muito tempo triste, levei muito tempo para conseguir olhar o que ela tinha escrito na minha agenda, para falar dela sem chorar, e eu sei que moralmente é errado o que eu fiz, eu projetei no menino que eu fiquei tudo que eu senti por essa pessoa porque quando ingressei no ensino médio e só andava com as meninas, me sentia muito inferior a elas que tinham namorados, viviam ganhando flores, cartinhas, as que não namoravam sempre tinham uma paquerinha, então meio que eu mendiguei a atenção desse menino (sim, quando o beijei, ele gostou de mim, mas EU não gostei do beijo e nem dele, só o beijei porque para os outros era o certo), às vezes ele me tratava mal no telefone, não respondia meus e-mails...
Aí neste ano em que eu consegui entender isso e a razão pela qual sempre que chega outubro me bate uma sensação de nostalgia muito grande, entendi muitas outras coisas também, só que me sinto aprisionada porque minha mãe não aceita, então pra não brigar, evito falar sobre isso e aí no Wattpad eu seguia uma menina que se dizia feminista, pansexual, engajada na empatia, ela tinha um livro lá onde falava sobre vários temas polêmicos, como pessoas que romantizam a pedofilia, dedicou um a discorrer sobre a MC Melody, falou da Larissa Manoela, aí também disse um dia que sentia o coração apertar quando a mãe dela falava que não achava natural que dois homossexuais se relacionassem, aí eu desabafei no post, escrevi um comentário contando como estava sendo difícil pra mim essa fase de aceitação e libertação e ela não me respondeu, simplesmente escreveu assim no mural dela: TENHO VONTADE DE MATAR QUEM LÊ E NÃO VOTA E QUEM SÓ VOTA, MAS NÃO COMENTA. No entanto, ELA NÃO RESPONDEU ao meu comentário nem com um emoji triste ou disse “sinto muito”, nada.
Aí em março eu acabei conhecendo uma moça por causa da escrita e como o blog dela visava encontrar correspondentes para conversar, topei participar, inclusive perdi vários dias escrevendo pra ela. Quando estávamos falando de infância, televisão, música e política, estava tudo bem. Quando eu acabei revelando-lhe que não era hétero, ela começou a me tratar diferente, como se eu fosse dar em cima dela, falou que aquilo não era natural, que ela discordava de quem é militante, quem “sai do armário” porque ao ver dela “não é necessário”, que “pode-se amar em off” e se não bastasse isso, quando ela leu os primeiros capítulos de Primeiros Erros, em nenhum momento ela falou da história em si, ficou caçando erros, me afrontando no Messenger mandando vídeos de gente que é antifeminista e aí sabendo da mágoa que eu tenho de uma editora que roubou meu dinheiro e não publicou meu livro, curtiu o post de uma menina de 12 anos num grupo de escritores que eu participava, a menina ia publicar o livro na FLIP e tal, só que eu vasculhei a editora da menina e ela não estava lá como um destaque, um prodígio, ela terminou uma historinha, os pais pagaram pra publicar e como essa editora é meio que uma gráfica, aceitaram, porém o livro dela não era extraordinário, acompanhei a FLIP pela TV e não falaram dessa menina e o livro dela não é best-seller. Essa moça fez isso sabendo que tenho mágoas de uma editora ter me passado pra trás, achei muito sujo o jogo dela, aí o jeito foi bloquear mesmo, porque achando que tinha encontrado uma amiga, contei pra ela que comecei a escrever com 12 anos e era o meu jeito de fugir da realidade, que me sentia mal porque no Wattpad eu não era valorizada, me esforçava muito e não tinha retorno, tentei seguir aquele manual de popularidade, tentei de tudo, mas lá não é o meu lugar, ainda gosto daqui.
Sinto medo de contar às pessoas sobre quem sou porque tenho medo de que se falar pra uma amiga, ela mude o jeito de me tratar, pense que vou dar em cima, coisa do tipo, porque essa moça achou e em nenhum momento eu fiz isso, não é do meu feitio sair dando em cima de ninguém, sou muito discreta e respeito muito as pessoas.
Se você parar para pensar, vai concluir que cada pessoa tem o seu próprio jeito de amar e o direito de amar a quem quiser. Ponto. Amor é Amor.
P.S. – Não é só porque o namoro é a distância que vale menos. Quem tem que ser feliz é você que tem competência sozinha para escolher compartilhar seus sentimentos com outra pessoa.
P.S. 2 – Não sou eu quem te diz, mas muitos dos seus leitores percebem que você tem uma cabeça muito madura para a sua idade, isso se reflete nos seus textos, você exprime emoção, como também não se esquece da razão, buscando um equilíbrio entre ambas. O que te digo é que se você não está feliz em Letras, isso se reflete a cada dia de estudo porque você sente que embora seja grata pela vaga que obteve mediante seus esforços, seu coração não está ali. E viver com essa sensação de que você não pertence ao lugar onde está é devastadora. Se Medicina é o que faz o seu coração se entusiasmar, vá em frente! Você ainda vai completar 20 anos, é bem capaz de com 29 estar terminando uma residência. #tomaraquesim ♥
P.S 3 – Espero que a sua vivência da década dos 20 seja maravilhosa e te traga muitas alegrias, muitos aprendizados e se não for abusar da sua nobreza, textos maravilhosos como o da sua fic. Está dando gosto de logar no Nyah.


Charbitch

10/11/2018 às 17:38 • 4 - 14 de Setembro de 2005
Nossa, é muitíssimo doloroso quando se é uma adolescente insegura e os meninos dizem que você é feia ;-; Eu lembro que teve uma vez que eu estudava no fundamental e estava andando na rua ao lado da menina considerada por todos a mais bonita da nossa sala. Tava tudo bem, até que passaram dois carinhas e um deles disse: "Você viu aquela menina de blusa preta? Gatinha, né?". No caso, a menina de blusa preta era a minha colega. Daí o outro carinha respondeu assim pra ele: "E a outra que tá do lado dela? Uma gorda". Aquilo acabou comigo. Eu fiquei me sentindo a menina mais feia do mundo.
Também me sinto um lixo quando me olho no espelho do banheiro da faculdade. Só vejo uma cara de lua cheia de olheiras coberta por um cabelo oleoso e sem graça.
A Paty sabe flertar, hehe xD Eu também sentiria um arrepiozinho gostoso se estivesse no lugar da Lola nesse momento. Eu provavelmente diria: "Ué, não precisa ser um garoto pra ficar comigo" :3


Resposta do Autor [Sweet Mary]: Eu escrevi sobre uma experiência que passei no segundo ano do ensino médio, o pior de todos, tem a ver com aquela história de encenar Dom Casmurro. Os meninos ficavam tirando sarro e falando que eu era feia, sem sal, sem graça. E aí eu chorava e isso tornava tudo pior, eles se alimentavam da minha insegurança pra me aporrinharem ainda mais.
Em casa eu até encaro o espelho, mas não gosto de me ver nesses espelhos de faculdade, shopping, tenho pavor deles. Bom, depois daquele desagradável ocorrido que contei no comentário anterior, em 2015, eu acabei "descuidando" da aparência, mas como na vida até o lado ruim tem o seu lado bom, parei de pintar o cabelo.
Sabe, pode parecer algo bobo, mas numa foto quando vi a cor natural do meu cabelo no meio daquele vermelho forçado, decidi que não pintaria mais o cabelo, deixaria a cor natural. Aí no final do ano passado, quando a cor natural já estava numa altura considerável, cortei tudo sem dó nem piedade, só não deu pra cortar mais porque eu ainda não consigo usar cabelo muito curto, mas não sinto mais falta de pintar o cabelo, me sinto muito melhor agora. Eu amo a cor do meu cabelo.
No ensino médio eu odiava porque as construções sociais que estavam moldando a minha personalidade me faziam acreditar que a cor do meu cabelo era feia e eu tinha que esconder, mas não tinha nada pra esconder.
Tem uma música do Simple Plan chamada Perfecty Perfect, é bem bonitinha, acho que tem bem a ver com aquelas garotas que se sentem desinteressantes por causa de construções sociais quando na verdade são incríveis.
"

Talvez você nunca veja em você que eu vejo

As pequenas coisas que você faz

Que me deixam louco

Eu não sou louco

Você é perfeitamente perfeita

Algum dia você vai ver

Que você é linda desse jeito

E que você vai sempre me deixar louco

Eu não sou louco

Você é perfeitamente perfeita pra mim"
Em 2016 eu achei essa música tão linda, tem muita menina/mulher que não faz ideia do quanto é incrível, mas a pessoa que a ama vê isso.
A Paty sabe flertar mesmo... se a história se passasse atualmente, acho que as duas teriam dado uns beijos, mas em 2005 era outra história... :/


Charbitch

10/11/2018 às 17:59 • 5 - 11 de Junho de 2010
A minha mãe também é assim. Ela diz coisas como: "Eu não tenho nada contra gay, mas ninguém quer ter um filho gay, né? Aí já é demais". Ô, tristeza! Por que será que é tão terrível assim ter um filho gay, como se isso fosse equivalente a ter um filho assassino? Gente, já estamos em 2018, era pra gente estar fazendo turismo espacial em Júpiter, não fiscalizando o cu alheio! Nós temos uma tecnologia tão avançada, mas parece que a cabeça das pessoas ainda continua na Idade Média. Acho que é por isso que os ETs ainda não fizeram contato com a gente.
A Paty é tão espontânea e autoconfiante, adoraria ser mais como ela *-*


Resposta do Autor [Sweet Mary]: Minha mãe às vezes dá a entender que não sabe o que fez pra merecer um filho homossexual (porque o meu irmão é), mas meu irmão pode falar dos relacionamentos, eu não posso nem sequer pensar em namorar.
Eu teria vergonha e desgosto se tivesse um filho estuprador, assassino, aí sim, pois iria pensar se fiz algo de errado, mas se ele for gay ou trans, qual é o problema? Como mãe eu tenho que acolher meu filho e lhe dar todo o suporte possível, mesmo que eu não possa protegê-lo o tempo inteiro. Ele tem que saber que quando eu disser que meu amor é incondicional, é incondicional e ponto.
Concordo com você, em 2018 era pra gente estar fazendo turismo espacial em Júpiter, desenvolvendo o dom da telepatia, dentre outras coisas, mas enquanto a tecnologia avançou, a mentalidade das pessoas retrocedeu pelo menos uns cinco séculos. Acho que por essa razão os ETs não fazem contato com a gente, não querem vir pra cá de jeito nenhum.
A Paty aprende com a vida que para o caso dela não tem saída senão ser autoconfiante. Não é impossível. Você já tem consigo tudo de que precisa para ser feliz, é uma pessoa incrível. Não abaixe a cabeça, por nada nem ninguém. *-*


Charbitch

13/11/2018 às 12:05 • 6 - 14 de Outubro de 2005
Eu visto calça 46, kkkkkkkkk. Se a Lola se acha gorda, então eu sou um elefantão ;-; Minha buzanfa é grande e eu sou barrigudinha ×-× Nunca fui do tipo magrinha, acho que só quando eu era criança. Eu fico triste porque eu olho para aquelas meninas magras, altas, pálidas, elegantes, de cabelos longos e claros, olhos claros e feições delicadas, e penso: "Eu só queria ser elas" ;-;
A pressão do vestibular é terrível mesmo. Confesso que só joguei pra Letras porque eu não tinha estudado nadica de nada, por isso tirei uma nota razoavelmente ruim e, por medo de ter que fazer cursinho, joguei a minha nota na primeira coisa que vi. Queria não ter feito isso, daí eu não teria perdido dois anos da minha vida fazendo algo que eu não gostava de verdade ;-; O vestibular é uma coisa absurdamente cruel.


Resposta do Autor [Sweet Mary]: Sei como essa sensação de olhar para as moças que se encaixam no padrão e por conta de construções sociais, acreditar que seus traços, suas curvas, tudo isso parece inadequado diante do que a sociedade aponta como certo. Espero que o feminismo liberte cada vez mais as mulheres dessa pressão para entrar num manequim 36, que o padrão é ser branca, loira, ter olhos claros e pernas longilíneas.
Se for parar para pensar, o mundo tem 7 bilhões de pessoas e sabia que como as digitais em nossos dedos, por mais que tenhamos olhos escuros, eles não são iguais, cada olho bem de perto é diferente do outro. O mundo é muito grande, então o padrão varia em cada região. Aqui no Brasil, provavelmente em função da cultura norte-americana, nós brasileiras superestimamos a beleza. Na Ásia, elas se sentem menos interessantes se não forem consideradas inteligentes.
Faz alguns meses que achei na biblioteca da faculdade um livro que falava sobre a mulher e os padrões de beleza e como eles foram se transformando ao longo do tempo. Na década passada era moda o cabelo liso extremo, em função disso minha irmã quase ficou careca. Um dia uma menina falou pra ela no colégio: "ah, vai pentear esse cabelo!", ela tava na 5ª série, tadinha, aí quando ela cresceu um pouco mais, se tornou escrava da chapinha pra decerto nunca mais ouvir piadinha idiota com o cabelo dela sendo que nunca teve nada de errado em não ter cabelo liso de comercial de xampu, porém hoje em dia ela conseguiu se livrar disso, não suporta nem ver a chapinha na frente.
A Lola ainda não é desconstruída, então não consegue enxergar que é linda do jeito que é. A Paty é linda como é. A beleza da Paty não anula a dela. A Paty destoa das loiras descritas em livros porque não trata isso como um triunfo, como se tal fato a tornasse melhor que as outras, pra ela é só um detalhe, como ter uma marca de nascença no interior da coxa direita.
Uma razão pela qual eu amo escrever Primeiros Erros é porque a Paty encara todas as transformações que ocorrem na vida dela, desde a separação dos pais até a mudança de cidade, os primeiros questionamentos sobre sexualidade, a maneira como lidou com a virgindade. Ela é uma garota que procura viver, aprender, observar. Ela é curiosa e às vezes se fere porque tenta enxergar o lado bom de todas as pessoas, porque questiona certos valores da sociedade e o faz sem medo.
Nunca quero que as pessoas leiam minhas histórias e se sintam mal. Se algum dia eu fiz isso, peço desculpas. Dá vontade também de avisar que em caso de gatilho emocional, a pessoa pode vir desabafar ou então, se for algo muito doloroso de ler, só o fazer quando sentir que está pronta. Não quero machucar ninguém, mas sim ser uma mão que mesmo distante se oferece pra dizer que tudo vai ficar bem. ♥


GarotaX

15/03/2019 às 14:51 • 6 - 14 de Outubro de 2005
Quem nunca se sentiu o cocô do cavalo do bandido ou até o cocô a mosca do cocô do cavalo do bandido kk


Resposta do Autor [Sweet Mary]: Olá! =)
Quem nunca, né?
O pior é que quando você é adolescente, um pingo de chuva em tempestade, tudo é muito intenso, inclusive a dor, que parece não dar trégua.
A questão da autoestima é tão difícil de tratar porque quando se é adolescente, você quer se encontrar no mundo, sentir que pertence a algum lugar, que sua presença é bem-vinda, você quer se sentir bem, bonita, desejada, importante e aí se você anda com pessoas que não te valorizam, cabe ressaltar a ideia de rever certos conceitos, se não é questão de procurar pessoas com quem se tenha afinidade.
É fácil falar que cada menina é bonita do seu jeito, mas aí vem a mídia, todas as construções sociais que pregam um padrão de beleza, um modismo novo e se você não reflete sobre o que é importante para você, no seu mundo, acaba se deixando influenciar.
É muito difícil se desvencilhar das construções sociais, desconstruir muitos dos valores que foram carregados por toda uma vida, leva tempo, demanda paciência, mas como cada pessoa tem o seu tempo, cada menina/mulher vai ter o seu momento de se sentir bonita como é e entender que é importante por ser como é, que tem muito a dizer, que o que é dito importa (e muito).
A Lola é uma lagarta que talvez se esconda no casulo por ter medo do que a espera fora dele, mas pode não ser tão ruim assim...
Obrigada por ler, viu? Espero que esteja gostando! Até mais! ♥