Comentários em Uma Carta ao Passado

Diamara Passarinho

08/01/2017 às 12:58 • Oneshot
Permita-me dar continuidade às reticências com que findou a sua carta. Não viva apenas, viver somente é o mesmo que estar morto. Sobreviva, como fez até agora e, caso queira realmente não circunscrever-se somente à tristeza, dê oportunidade a novas situações com uma mente e corpos abertos ao novo, não abandonando por completo a zona de conforto, claro. Muitas das novas experiências não lhe agradarão, mas outras, por outro lado, trarão um pouco mais de cor e significado a cada momento da sua existência. Aliás, é por isso que ela deve perdurar, para que haja tempo suficiente para várias experiências surgirem, e dentre ela, a felicidade que não pode ser qualificada concreta e objetivamente. 

Outra coisa importante: escreva mais cartas similares a esta e colecione-as. Um dia, mais tarde, você terá novamente a necessidade de observar com exatidão os progressos que fez na sua jornada e as falhas que deve evitar, o que ficou incompleto e deve ser recuperado, ou o investimento que não vale a pena e deve ser abandonado. É ao analisar as suas antigas palavras que você conseguirá ter essa noção geral e, quem sabe, identificar-se com algum momento passado e com a leitura dessas cartas antigas ficar a saber como atuar. A vida é cíclica, muitas situações repetir-se-ão. 

Esta sua carta, por exemplo, está recheada de um sentimento acolhedor envolvente que propicia certo conforto. E, igualmente importante, enumera várias ideias-chave cruciais com um valor imenso que mais ninguém além de você pode apreciar genuinamente: isto porque foi somente você que as concebeu a partir de todas as suas experiências.

E é por isso que esta carta é grandiosa. É um testemunho único que nutre esperança, sem deixar-se levar pelo otimismo exagerado. É uma composição subjetiva marcada por experiências, e por isso honesta e certa, capaz de embalar qualquer um por ser possível nela se identificar e partilhar a dor e a vontade de continuar a trilhar até ao Futuro.

Só na morte poderá ser feita a absoluta conclusão, até lá, só se formulam hipóteses através do conhecimento obtido.

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~Diamara Passarinho