Comentários em Cartas de Amor

Diamara Passarinho

07/10/2017 às 08:18 • Todas as cartas de amor são rídiculas
O que acha que precisa ser melhorado?
Absolutamente nada, inclusive, não dei por algum erro na escrita. Parabéns!

Acabou o capítulo [pergunta retórica]? Que inesperado! Justamente quando eu me sentia totalmente imersa no ambiente criado pela estória. Foram 4 746 palavras devoradas de tal maneira, cada parágrafo era um estímulo para ler o próximo. Deparar-me com o espaço para comentar depois de "Nada como tentar juntar duas almas apaixonadas" foi inicialmente um pouco difícil de assimilar, eu estava completamente viciada na leitura.

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Já não lia uma One compridinha há bastante tempo, e foi-me muito agradável reviver essa experiência. Apreciei o facto de a narração pormenorizada não ceder à monotonia, permitindo, ao invés disso, a criação de um cenário imaginário mais definido, eu diria dinâmico até. Os acontecimentos sucedem-se de forma agradável, sem soarem forçados ou apressados [como o encontro eventual entre a protagonista e as cartas de amor, boa jogada!].

Começar a narração abordando a concretização da mudanças foi pertinente; começar antes disso tornaria a One, de início, maçadora. Aliás, intercalar a explicação dos antecedentes desta mudança com o mistério das cartas de amor foi boa jogada também. Assim, o ritmo da One manteve uma fluidez viciante.

E sobre estas tais cartas, que tema interessante, hein! Gostei da maneira como você tratou o tema: a protagonista sente-se de tal maneira íntima com a estória amorosa do trágico casal, que decide intervir. Uou! Isso é muito mais do que falar de um cliché de um romance trágico. É muito surpreendente essas conexões que se criaram entre a protagonista, o casal das cartas amorosas e o Ricardo. Divulgar, aliás, o romance trágico a partir da perspetiva da protagonista também foi algo bem interessante de se ler: podemos ver o desenvolvimento da personagem, conhecê-la melhor e, desta maneira, entendê-la e simpatizarmos com ela melhor. O que, à partida, poderia ser uma protagonista desmotivante, acaba por se tornar numa das coisas que dá dinamismo à estória.

Os diálogos eram credíveis; foi bom saber que o tom da narração não interferiu com a naturalidade dos diálogos.

E agora, ficam várias questões soltas no ar, dentre elas: conseguirá a dupla de jovens reunir o casal? E porque a Elisa deixou de responder às cartas? Como a estória deixa por conta da nossa imaginação dar-lhe continuidade, achei apropriado manter a imparcialidade ao tratar-se de Elisa. Por ser uma moça tão preciosa para Rodolfo, acredito que haja umas boas explicações por detrás de tudo. Talvez ela tenha entendido que assim seria melhor, ao tentar evitar uma misteriosa dor maior. Ou simplesmente não recebeu as cartas, ou as que enviou não foram devidamente entregues. O final da One é tão aberto que dá margem a várias possibilidades.

Apesar do desfecho sugestivo, "Cartas de Amor" foi uma leitura bastante satisfatória. Gostei de ver que Rodolfo, a cima de totalmente apaixonado por Elisa, era respeitador e teve a madurez e coragem necessárias para seguir em frente. Mas também me animei com a irresponsabilidade de Patty ao responder a cartas que não lhe diziam respeito, e claro, ao tomar a decisão de tentar reunir as duas almas apaixonadas. Como dizer? Os personagens eram carismáticos, cada um à sua muito própria maneira.

E não menos importante, a referência a uma das frases de Fernando Pessoa foi a jogada inteligente que me fez chegar até aqui. Resumindo e concluindo, não há nada nesta One que não gostei, adorei-a na íntegra ❤

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Se alguma vez escrever e publicar uma continuação desta One, pode cobrar a minha presença por MP, terei todo o gosto em lê-la!

Continue escrevendo o/
~Diamara Passarinho