Felipe Martins

06/01/2016 às 02:25 • Omissão, razão e compreensão
Yo, Chean! Como previsto, vamos lá comentar essa belezinha!

Eu demorei pra vir comentar justamente por não saber o que dizer. Tem tanta coisa pra elaborar que eu não consegui elaborar nada que me soasse próximo a um comentário, então, quer saber? Vamo lá colocar tudo aqui, então. u-u Por isso, não sei se ficará com tanto sentido, mas prometo tentar seguir o modelo da fanfic para organizar tudo certinho e você ao menos entender o que eu quis dizer, sim?

Vamos lá!

Sobre o poema: cara, digamos que eu fiquei animado com esse presente logo de cara porque eu só conseguia pensar "CARALHO, O CHEAN ME DEU UM FUCKING POEMA DE PRESENTE, SOCORRO, COMASSIM" e coisas do tipo só de ver, sem nem olhar o que você tinha escrito. Aliás, eu acho que essa foi a parte em que eu talvez mais tenha devaneado, então meus comentários desse trecho talvez fiquem um tanto extensos e até sem sentido, arrisco dizer. :v

Os versos do Gabriel me fizeram lembrar um casamento, justamente pela igreja e o badalar dos sinos. O que eu achei o máximo foi a possível contradição do primeiro verso, que associa o atraso justamente a essas badaladas que, até onde eu sei, acontecem pontualmente em cada início de hora. XD Não imagino que seja "tarde" como sendo "a tarde" porque, bem, não acho que o sino badale tanto assim na metade do dia e, afinal, quem diabos se casa a noite numa Igreja, cara? UASHUASHUAS! Nos dois últimos versos, vi que você voltou a citar sinos, mas os do bardo (que me lembrou LoL, falo mesmo, HAHAHA), o que me fez imaginar que o Leonardo, apesar de ser o personagem cego do filme, é aquele com maior liberdade do casal para viajar pelos cantos da vida, sejam eles bons ou ruins, e tirar conclusões mais profundas e mais complexas (podendo estar erradas, claro) justamente por esse peregrinar que, ao Gabriel, deve soar inexistente.

Porra, inverte na segunda estrofe. UAHSUASHUASHU! Aliás, essa inversão me lembrou o título do texto, que legal! *O* Mas, bem, os versos gabrielísticos deram-me a impressão de que ele, enquanto juiz, toma as decisões que achar logo mais cabíveis e, pelo apontamento forte (e talvez nem tão certeiro, visto que ele é humano, apesar de a sua posição narrada ser a de uma pessoa imparcial), acusa do Leonardo de algo que talvez o Leonardo esteja certo, mas, pelo apontamento incisivo que lhe é feito (e, agora, pulo aos versos leonardísticos), desiste de toda aquela observação crítica e simplesmente diz "OK, perfeito, eu aceito o julgamento, faças o que tiver de ser feito," recusando a si mesmo em prol do namoro.

Olha aí! O traço humano do Gabriel! XD Mantenho o que eu disse: parece que o Gabriel é bem parcial no seu apontar, desconsiderando aquilo que o Leonardo tem a dizer. Os traços humanos falam mais alto que as características de um namorado atencioso e que demonstra preocupação com o julgar do parceiro. Hmmm, soa um Gabriel meio OOC, mas é uma faceta dele que não é tão abordada no filme e, a julgar pelo que eu lembro dele, é uma coisa que se pode deduzir... então considerarei que é como se fosse uma característica que existe no Gabriel e você resolveu aprofundar melhor. Bom, faz-me sentido. XD Sobre o Leonardo, recusar-se traz a amargura de uma decisão não-tomada, isso é natural. Pensei nisso ao ler esses últimos versos, vendo-o encarando sua rejeição como um erro, mas você logo ressaltando a máscara que ele criou em cima disso para tornar o ato mais aceitável: o perdão. O engraçado é que quem tem nome de anjo famoso é o Gabriel, mas quem se evidencia como anjo, no poema, é o Leonardo. :v Curti!

No texto: sim, eu comecei lendo seu texto com um "CARALHO, E O TEXTO AINDA É TIPO UMA CONTINUAÇÃO PROSAICA DO POEMA, ÇOCORR, EU VÔ MORRÊ ATÉ O FINAL, ÇOCORR, ÇOCORR, AAAAH *fangirling*", sim. Entretanto, ignore essa parte e vamos aos comentários. :v

O primeiro parágrafo e já vamos logo com uma referência quase explícita ao Drummond. XD E que jogo seria esse? Vish... bem, o jogo das almas, confesso, foi interessante no sentido de, ao ver a "conserva", imagino que seja algo antigo que esteja em jogo (hm, ou no jogo, no caso) e que eles andam conversando sobre isso. Entretanto, o que mais me chamou a atenção foi o comunicar-se entre as almas. Você diz que "Não havia olhos, não havia ouvidos," mas se é o Leonardo que não possui os olhos (fisicamente falando), o Gabriel não possuiria os ouvidos, então isso me remeteu ao julgamento incisivo da segunda estrofe. Vish, vish... tretas. Continuando.

AAAAH, agora eu entendi o passado. Claro! Uma paixão antiga, de quando ele era mais novo... o passado do anjo Gabriel. Esses eufemismos no meio do texto que soaram mais um pensamento interno do Leonardo ficaram muito bem colocados, a propósito. Os jogos com as desinências verbais me lembraram o PH Poem A Day, çocorr. XD Mas ficou ótimo!

Juntarei três parágrafos para fazer meu comentário. Tinha que ser o Pai Ciúmes pra tocar nesse assunto de passado e o chavão "não foi nada demais." Ai, ai, ai... agora eu entendo de onde saíram as viagens intensas do Leonardo na primeira estrofe: de fato, quando estamos enciumados, imaginamos mil coisas e, geralmente, nenhuma delas condiz com a realidade e elas tendem a piorar conforme o tempo em que deixamos o pensamento curtindo nas águas amargas vai aumentando. Cresce o drama, crescem as visões, crescem as conclusões. Merda. E o guiar do amor, no caso, nem é o do casal, mas um amor passado do próprio Gabriel. Que egoísta contar os detalhes de algo que visivelmente o Leonardo não queria escutar, já que ciúmes não é algo que dá pra se esconder com um simples sorriso ou uma disfarçada meia-boca. '-'

Depois que a cagada foi feita, não há qualquer "e nós terminamos" que aquiete uma mente agitada sacolejando-se num frenesi imperceptível a olhares disfarçados de atenção ou mentes de linhas partidas. A desconexão deles... ow. Ç-Ç O que piora a situação é exatamente isso, porque um não sabe, o outro deveria contar, mas não há nada, ao que tudo indica, que fará o Leonardo abrir-se para uma possível explicação da mudança súbita de humor. Bora lá.

Nervos apodrecendo, decadência instantânea, alma em labaredas...

A tríade "omissão, visão e compreensão" é uma referência à dialética de Hegel? Subitamente, ao ler as três assim, em sequência, veio-me isso logo de cara. Wow. E, no final, a síntese do Leonardo pode virar uma nova tese, que seria, no caso, a maturidade dele sendo teoricamente exposta à medida que o Gabriel diz que é bobagem, que não é preciso tudo aquilo e, pouco a pouco, faz o seu "veredito persistente", hm? É esse "risco na armadura" que traz a tese de talvez algo mais estar escondido e destrói um dos principais pilares de um relacionamento — a confiança. Olha, bem normal. Realístico.

OMG! UAHSUASHUASU! A quebra lógica do texto ficou muito boa. ♥ A história do suco é uma coisa tão simples, mas bem melhor que o óbvio. :)

Você falou da mescla entre verdades e mentiras... sua capacidade de desconstruir aquilo que é visto (principalmente pela minha mãe, PQP, cansei de ouvir ela dizendo isso) um mero "romance adolescente qualquer, com dois únicos diferenciais: a falta de visão e o relacionamento homoafetivo" transformasse-se em algo bem mais esférico: uma complexa relação entre duas psiques humanas buscando um relacionamento pacífico, o que não envolve só flores ou pedras. Hmmm...

Chá de realidade: novamente, lembrei do PH. :v E há uma pontada realística até de forma um tanto exacerbada, onde se encaixa o drama da história, ao descrever o ciúme dessa forma. E o que eu mais gostei é que não há aquele dramalhão carregado de adjetivos e drama até enjoativo. Adorei isso!

E a persistência (3x) do ciúme a lhe corroer a alma, cupim azedo que regurgita o real. É a compreensão ganhando uma nova antítese, why not? É nisso que se criam os ciclos persistentes que, não agora, no futuro, cobrarão o preço de visões diferentes a um mesmo assunto, mesmo abordado em [des]conjunto.

SANTO DEUS, ACABEI! AMÉM, 100OR! OK, deu pra perceber, diante de todos esses elogios e da interpretação (talvez) bem meh que eu tive de tudo que, sim, eu super curti meu presente, né? *O*

Muitíssimo obrigado! E até a próxima!
Felipe


Phoenix

25/03/2018 às 15:47 • Omissão, razão e compreensão
O que mais gostou no capítulo?
A narrativa ser em forma de poesia tb

Sempre tem um momento do relacionamento que está tudo indo maravilhosamente bem, achamos que estamos seguros e decidimos descobrir coisas do passado ou até mesmo segredos. Pensamos ter maturidade suficiente para encarar as situações de forma natural até que percebemos que os sentimentos parecem ter vida. Parecem decidir as coisas por nós sem pedir licença e vão se alastrando.
Confesso que já tive bastante ciúmes e por mais racional que vc possa ser, o bichinho te cega e pode acabar com um momento bom.
Nessa narrativa vejo um relacionamento real do dia a dia, pessoas tentando se conhecer, pessoas tentando acertar errando, concertando com acertos.
Vc escreve muito bem, expõe os sentimentos de forma maravilhosa através da poesia. É gostoso de ler e tem a quantidade apropriada de palavras.
 
Beijosss