Helena é bela, mas sofrida. É a brasileira que, hoje, morre em esquinas e becos por conta do ódio dos outros; é a realidade que a mídia transforma em normal, quando deveria ser bizarro. Helena é a minoria que alguns olham e diz que devem se submeter à maioria, é a minoria que, no momento atual, treme e sufoca de medo, escondida entre as quatro paredes que chama de lar porque o mundo lá fora é aterrorizante demais.
Helena é o medo que senti quando olhei para a TV e vi quem seria nosso presidente. É a dor no peito que senti quando percebi que eu não estava segura, mas que existiam muitas outras Helenas lá fora que estavam em pior condição que eu. Eu não sou negra como Helena, não nasci em uma favela, muito menos em uma cidade grande, mas sou mulher como ela, sou LGBTQ como ela e o meu medo é o mesmo que o dela.
Helena não é um conto que deve ficar aqui, trancafiado nessa única página da internet, porque Helena - e as Marias e Anas, Gabrielas, Déboras, e tantas outras - já estão presas demais, com correntes demais as prendendo em uma sociedade que parece que não avança pra frente - não quer avançar pra frente. Então eu venho aqui, não recomendando uma história, mas clamando que deixem Helena falar, rir, chorar, gritar e lutar, deixem ela ser lida por outras Helenas, deixem ela fazer outras chorarem como chorei e, finalmente, deixem ela criar força e esperança para não se esconderem diante da opressão, não se abalarem, não esconderem as guarras e a voz. Deixem as Helenas lutarem, viverem e amarem!