Yellow Butterfly escrita por Tia Rovs


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulo, Kakashi choca-se ao descobrir que ama e é amado. Ao mesmo tempo, tem a revelação de que não poderá ficar com sua amada. O que ele vai fazer quanto a isso?



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Parte III

      -Eu guardei aquele sentimento porque não acreditava que você pudesse sentir o mesmo. –Ela prosseguiu firmemente procurando por sua mão e segurando-a- Quero dizer, eu sempre soube que você poderia ter a mulher que bem quisesse e achava improvável que com tantas em cima de você, fosse para mim que você fosse olhar. Então guardei esse sentimento. Preferi o silêncio. Tinha medo de que se te falasse você se afastasse. Eu não poderia suportar isso. Não poderia suportar passar uma sexta à noite em casa sem que você estivesse lá comigo, experimentando uma nova receita minha que eu desenvolvia especialmente para você. Eu já havia desistido de, quem sabe um dia, ficar ao seu lado. Não achava provável. Então decidi ser apenas sua amiga querida. Nunca fui boa em conquistar. E não queria começar a praticar agora porque não queria que você saísse do meu lado, mesmo como amigo. Perder você, para mim, seria como morrer e ir para o inferno. Então fiquei calada. Eu era incapaz de imaginar que você me amasse também. E quando eu soube, eu achei que precisasse também lhe dizer, mas você me impediu. Naquele momento, não me importei. Sentia-me confiante. Quase imortal. Tudo daria certo, na minha cabeça. E mesmo quando fui atingida, tive certeza de que ficaria bem e que poderia ter essa conversa com você. Mas meu erro foi esse. Pensar que eu era imortal. Eu devia ter lhe dito naquela hora. Ou mesmo antes. Jamais devia ter esperado.

      Kakashi ouvia a tudo, respirando fundo. Estava tentando se acalmar. Sentia o coração apertado em dor, um peso invisível se depositara em seus ombros, como se o estivesse puxando ao chão, pesando perigosamente, carregando a própria alma com dor e lamentação, enquanto sua cabeça doía muito, a dor tão lancinante quanto um punhal rompendo-lhe a têmpora. Ou seria o coração? Não estava assim pelo que escutava dela. Se fosse em outro momento, teria pego-a no colo e a beijado até que todo aquele mal-entendido fosse esquecido, mas não era fácil assim. Porque por mais que a beijasse agora, seria apenas o primeiro e último beijo que dariam. Por mais que ela não tivesse lhe falado algo sobre isso, tinha ligeira impressão de que ela não ficaria. Aquela devia ser a missão dela. E como ela estabelecera, o corpo era um presente provisório.

      Desesperado, foi incapaz de conter as lágrimas que vinha segurando desde que a vira. Não! Não era justo! Não mesmo! Ele a amava! Ela o amava! Por que não poderiam ficar juntos? Por que tinha que ser tudo tão difícil para eles? Era uma ironia do destino. A verdadeiríssima ironia. Com uma fina dose de escárnio descendo como saliva da boca do destino.

      -Diga-me, Sakura! –Ele chamou-a tristemente- O que eu fiz de tão errado para não poder ser feliz? Por que sempre que estou feliz ou muito próximo da felicidade os deuses vêm e me tomam o que me é mais precioso? É alguma espécie de perseguição insana? É divertido para eles brincar com os humanos impotentes que nada podem fazer para defender o que amam?

      -Acalme-se, Kakashi! –Ela pediu enlaçando-o e depositando com carinho o rosto do homem no próprio colo, acariciando-lhe os cabelos- Eu não acho que você tenha feito algo errado. Muito pelo contrário. Não é culpa nossa! Não podemos fazer nada. Vidas são interrompidas. Eu deixei de viver o amor de minha vida, alguns pais deixam de conhecer seus filhos, algumas crianças são incapazes de crescerem e se tornarem grandes médicos ou algo assim. Não somos só nós. Mas essas pessoas superam. Dói no começo, eu sei, mas é superável.

      -Eu não entendo, Sakura! –Kakashi interrompeu, com novas lágrimas nascendo como água da fonte e molhando o vestido da moça- Não mesmo. Talvez seja mania de perseguição, talvez eu seja apenas um louco tentando justificar minha dor, ou um egoísta inveterado que não consegue suportar a própria coroa de espinhos, mas acho que os deuses não vão com a minha cara. Todos com quem me importo sempre acabam como você acabou. Às vezes penso se com a minha morte as pessoas que amo parariam de morrer. Eu não me importaria se todos pudessem andar, sorrir... Viver! Daria minha vida pela sua a qualquer momento. Renunciaria ao meu privilégio de respirar para garantir o privilégio de todos a te verem sorrir. E embora eu tenha feito a vida toda o que considero correto, dessa vez o motivo seria egoísta. Eu faria por merecer um castigo. Meu egoísmo consiste justamente em dar minha vida para que eu saiba que você está bem e para que meu coração assim possa descansar sem qualquer remorso ou dor. Talvez esse egoísmo valha à pena, já que o altruísmo que sempre estive praticando não me levou a lugar algum.

      Sakura começou a chorar junto do homem, incapaz de se conter. Ela, mais que ninguém, sabia do bom homem que tinha nos braços. Essa fora uma das qualidades que fizera com que se apaixonasse por ele. Não devia culpar a boa índole pelo que ocorreu. Não é como se fosse culpa do que ele era. Ou mesmo do que ele fez. Culpas, às vezes, são livremente atribuídas, seja para aliviar a dor, ou mesmo para estabelecer um causador de um fato ruim, ainda que não exista. Ainda que não seja culpa de ninguém. E ela não desejava que ele sentisse isso. A culpa era apenas um sinal de fraqueza. Um sinal de que sua alma ruía perante aquele sentimento frustrante de raiva. E ele, centrado como sempre, estava padecendo como nunca.

      -Não! Kakashi! –Sakura tentou repreendê-lo. Era difícil ver um homem calmo como ele, naquele estado. Era complicado aceitar - Não deve pensar assim. Os deuses foram bons permitindo que eu viesse até aqui. Não queria que pensasse o que está pensando agora. Não foi culpa sua. Não é culpa sua! Infelizmente, era a minha hora. Não mostre ingratidão com o gesto deles em permitirem minha vinda.

      -Não é ingratidão... É só que... Sakura, eu te amo. –Ele disse de súbito, sua voz tomada de sentimentos. Sentimento um tanto não-característico. Sua voz, não parecia nem um pouco a voz de tédio de sempre- Eu te amo e daria tudo e qualquer coisa para ficar com você. Mais uma hora que fosse. Eu preciso de você ao meu lado, entende? Nunca pedi para ser um gênio, nunca pedi para ser habilidoso. Gosto dessas habilidades, mas trocaria essas coisas à qualquer momento para estar junto a você. Eu nunca pedi nada. Nunca exigi muito. E agora, quando tinha apenas um pedido, apenas um desejo, você se foi. Não compreende? Posso viver bem sem ser um gênio. Posso viver bem sem ser habilidoso, ágil ou veloz. Posso viver sendo um simples fazendeiro. Ou até mesmo sendo gari. Dinheiro não me importa. Fama não me importa. Nunca fui ninja por status, mas porque amo essa profissão. Entretanto, renunciaria a tudo isso. Porque por mais que eu ame essa profissão, ela jamais me dará amor, carinho, alento e coragem. Meu emprego não pode me dar filhos. Amo você mais que ter dinheiro, ou ser um gênio, ou ter fama, ou ter status, ou ser ninja. Pois quando estou com você, sou o mais afortunado e rico do mundo, sou o mais inteligente por ter conseguido ter você ao meu lado, o mais famoso entre os homens por ter a mais bela beldade, sinto-me um rei e sou feliz. Isso porque, eu amo você mais do que todas essas coisas. Posso ser feliz em qualquer lugar, em qualquer tempo, com qualquer iluminação, a qualquer hora desde que você esteja ao meu lado.

      Sakura se arrepiou ao ouvir tais palavras. Aquelas que sempre sonhara ouvir dele. Não! Era muito mais. Muito mais que imaginara. Infelizmente, a situação em que as ouvia era muito menos que imaginava. Estava morta, mas ainda assim, aquelas palavras fizeram seu coração tremer. Batidas fraquejavam, para serem seguidas por uma forte palpitação. As emoções eram incapazes de se deterem, brincavam com seu ser misturando alegria e tristeza. Mais alegria que tristeza, na verdade. Ouvir algo assim, ainda que nessa situação, sobrepunha a tristeza da morte. Quanto ela significava para ele! E ela nunca desconfiara! Sentia tanto amor dentro de si... Queria tocá-lo ainda mais. Como se tê-lo em seus braços, no momento, fosse insuficiente. Precisava de mais.

      
Afastou-o de si e o encarou nos olhos profundamente. Os olhos se encontravam. Sentia os seus perdidos no dele. Apesar de fitar apenas um de seus olhos, sentia o contato terno que proporcionava. Adoração e o amor, era tudo que queria transmitir pela suas orbes. As palavras foram ditas, entretanto, queria que ele fosse capaz de sentir seu amor através de um olhar... Um gesto que fosse. Precisava que ele sentisse a mesma veracidade em suas palavras que sentira nas dele. E tal urgência se devia por saber que estava próximo o momento em que o deixaria para sempre. Estava entrando no momento do “nunca mais”... Nunca mais veria aqueles cabelos. Aquela face mascarada. Aquele corpo forte e acolhedor... Sentiu um formigamento na ponta dos dedos dos pés. Estava acabando. Logo seria uma borboleta. Logo tudo de sua vida seria apenas passado. Ele, uma boa lembrança para a eternidade. Suas palavras, alicerce eterno para seu coração bater, ainda que não mais como um ser vivo. Sua imagem um motivo para que derramasse todas as lágrimas de saudade que seus olhos pudessem produzir. Era hora do adeus. Hora de deixá-lo até a hora em que ele morresse. Por quê? Por que tinha de encarar esse misto de alegria e tristeza? Por que tudo não podia terminar bem?

      -Kakashi... –Ela chamou em um fio de voz, embora não precisasse atrair sua atenção. Seu olho marejado estava fixo sobre ela. Era a hora de valer-se de mais que palavras para expressar-se. Era hora de usar mais que um olhar para transmitir aquele sentimento que a inundava. Armando-se de coragem, Sakura baixou-lhe a máscara e ficou a contemplar o belo rosto. Tinha lábios volumosos e rosados, como sempre imaginara; um queixo anguloso de feições predominantemente masculinas levemente pontudo, que fariam qualquer mulher se derreter. No olho esquerdo, uma cicatriz fina e branca transpassava até o início da bochecha. O nariz não era tão fino quanto parecia pelo tecido da máscara. Nem achatado e nem arrebitado. Era simplesmente perfeito. O tamanho ideal. Ele era de longe, o homem mais belo que já vira em sua vida. O homem que amava. O homem que queria ter ao seu lado para sempre. O seu homem para sempre. Embora seu rosto fosse belo, tinha certeza de que se ele fosse desfigurado, amaria-o da mesma foram. O que amava nele, não era seu rosto, ou seu corpo, mas sua alma boa e carinhosa.

      
Acariciou sua face esquerda com as costas da mão, enquanto ele mantinha a respiração suspensa, esperando seu próximo passo. A pele era tenra e soava como o linho. Jamais imaginara antes como seria acariciar seu rosto... Sua pele. Entretanto, sentia que poderia ficar ali pela eternidade, apreciando aquela sensação no mundo particular deles. Gostou do sorriso que ele deu como forma de retribuir o agrado. E foi uma bela recompensa! Como aquela máscara era feliz, por ter apenas pra si os belos sorrisos que ele distribuía!

      
Deslizou a mão até os lábios e acariciou-os com seu indicador, seguindo seu contorno. Vagarosamente. Ele fechou os olhos e suspirou ao senti-la. Ela provou-lhe a textura, sentindo toda sua maciez e calor. Era tentador. Tentador demais para que pudesse se conter. Seu afago proporcionou-o um leve tremor de prazer. Ele ficou imaginando os seus próprios entre eles. Devia ser uma sensação maravilhosa. Ela queria tanto continuar com aquele pequeno ritual... Mas será que daria tempo...? Fechou os próprios olhos tentando afastar os pensamentos que brincavam em sua cabeça. Ponderações eram as últimas coisas necessárias naquele momento. Precisava, ao menos, se despedir... Antes que... antes que...

      
- Adeus, meu amor!

      E com isso, cobriu os lábios dele com os seus, sentindo um leve frêmito ao provar-lhe, de fato, a sensação. As lágrimas rolavam desesperadas de ambos, misturando-se e dando um sabor salgado ao primeiro e único beijo de suas almas. O único encontro e vínculo que os uniria pela eternidade. Tal toque era a prova não verbalizada das palavras carregadas de sentimento que trocaram até agora. Era um beijo único de amor. Provocava uma emoção extraordinária em ambos, pois era o primeiro beijo de amor verdadeiro que davam na vida. O primeiro que realmente tinha significado para ambos. E talvez por isso, os lábios permaneciam inertes. E se a magia daquele momento fosse apenas um sonho? E se quando os olhos se abrissem, ele visse que não passara de um sonho? Ela, em contrapartida, tentava gravar o jeito como sentia as peles queimarem ao que se encontravam. O modo como se sentia completa nos lábios dele... Como jamais sentira quando beijara outros rapazes.

      Sakura foi quem moveu seus lábios, conquanto quisesse ficar ali para sempre, decorando as nuances daquela nova emoção e o doce salgado do beijo de amor de despedida, sabia que estava partindo. Sabia que a cada segundo, estava mais longe dele. Não sentia mais os pés. Estava sumindo... Sem poder estender-se mais, deslizou seus lábios até o lábio inferior dele, incitando-o a continuar. Ou seria a iniciar o mimo suave dos apaixonados? Kakashi entendeu o movimento. Ela de fato estava ali, e ele veridicamente estava sentindo aquele momento. Em resposta, abraçou-a fortemente. O “adeus” o alarmara. Então a abraçava para tentar evitar que ela fosse embora. Sabia agora, que o momento estava próximo. Nesse momento, não podia permitir que ela se fosse e carregasse consigo todos os seus sonhos. Tudo o que imaginaram para ambos em um futuro que nunca chegaria.

      Talvez por medo, talvez por inquietação, o homem começou a agir urgentemente. Como se de repente, não pudesse mais perder tempo. Como se de repente, tivesse acordado de seu lindo sono de torpor e se lembrasse que devia aproveitar cada segundo, antes que ela partisse. Por isso, imprimiu um ritmo rápido e afoito, porém prazeroso. As bocas se movimentavam desvairadamente como uma dança de loucos. Loucos apaixonados. Loucos famintos. Ávidos por mais um momento juntos. Loucos. Talvez apenas isso. Talvez os mais sãos na Terra naquele momento. Pois ainda assim, sabiam que todos os seus desejos mais íntimos se resumiam a apenas um momento. Àquele momento. Àquele beijo desesperado em que os lábios se encontravam e se uniam exatamente como eles queriam ficar. Exatamente como eles não queriam se separar.

      A língua dele penetrou a boca da moça sem que tivesse de pedir passagem, pois ela já estivera esperando por ele. Exatamente como quando ele se declarou, ela estava esperando que ele desse o primeiro passo. Na verdade, aquele momento era o mais esperado desde de antes de que constara que o amava. Talvez, desde antes de nascerem... Com o destino irônico os marcando. Destinando-lhe ao amor sentido que nunca seria plenamente vivido. A língua do homem explorando os recantos mais escondidos da boca da moça fez com que ela se sentisse em algum lugar divino. E não era daquele templo solitário de que estava falando. Um lugar sem ele, não poderia ser o paraíso. Estava falando daquelas explosões que sentia dentro de si, da pulsação mais rápida e do sangue aquecendo todas as partes de seu corpo. Dos dedos dele brincando com sua nuca em carícias que a fazia dar um suspiro mais profundo de prazer. Sentia-se sublime. Tentando estreitar ainda mais os corpos para que a sensação não fosse embora. Para que ainda pudesse sentir o corpo dele no seu, mesmo quando voltasse.

      Queria agradá-lo e tentava transpor isso em seus beijos. Queria que cada movimento de seus lábios e língua fossem carícias intensas das quais ele sempre pudesse se relembrar com carinho. Como uma pequena prova do amor que não fora vivido completamente, mas em uma única noite...

      Agora fora-se a cintura... Não mais que segundos... Pelos deuses, como o amava! Não! Não podia terminar assim! Isso não era feliz. Nem bom para os dois. Queria-o. Por todo a vida! Ou melhor, morte! Com ele, pra sempre. Era urgente. Uma necessidade. Estava desesperada. Estava acabando... Estava vertiginosamente terminando. A agonia se apoderava de si. Logo, não o sentiria mais. Não sentiria seus braços ao redor de si. Não sentiria seus lábios se tocando em uma inflamada demonstração de amor. Ou mesmo suas línguas se acariciando como se fosse um único órgão. Exatamente como queriam ser, um único indivíduo. Precisava que ele ouvisse novamente... Por entre os lábios dele, falou alguma coisa. Ele não precisava ouvir para saber. Ela o amava.

      E no momento seguinte, ele não estava tocando mais nada. Simplesmente nada. Os braços ao redor de seu pescoço, o calor do corpo grudado ao seu... Tudo se fora. Sumia com velocidade carregando consigo todas suas emoções. Toda a sua esperança... Carregava consigo a própria vontade de viver. O que restara? Abriu os olhos e viu apenas uma borboleta amarela que estava voando ao redor dele, como se estivesse se despedindo. E então ele caiu no desespero.

      Uma vida solitária novamente! Não! Não poderia suportar! Não depois daquelas palavras! Não depois de saber que ela o amava! Não quando provara uma pequena dose do que é ser amado e feliz. Onde estava a justiça divina? Onde estavam os deuses para impedir que ela se fosse, na forma de uma borboleta? Não! Não podia vê-la partir! Não de novo! Não depois de ter dado o beijo mais apaixonado de sua vida! Não depois de ter provado a sensação de ser um rei... Um homem rico em felicidade... Na verdade, bastava-lhe apenas o fato de ser o homem que aquela pequena moça amara com tanto fervor... Um homem, pela primeira vez na vida, verdadeiramente feliz.

      -Sakura! –Ele chamou-a ao que ela partiu em direção ao sol. –SAKURAAA!

      E com o reflexo do sol, não mais pôde enxergá-la. Ela se fora em definitivo. O único vestígio que restara da recém estada moça ali, eram os lábios dele ainda úmidos pelo derradeiro beijo.

Hold on ….

Segure-se...

      -Deuses! –Kakashi gritou ao céu e ao redor como um homem louco e desvairado. Seus olhos e o nariz estavam tingidos em um vermelho vívido, em contraste com a tez branca. As bochechas marcadas pelas lágrimas que estiveram sendo derramadas. Andava em círculos e olhava em todas as direções para que os deuses pudessem contemplar a veracidade de seu desamparo. Para que eles pudessem sentir, de fato, que conseguiram arruinar sua vida como quiseram desde o início- Onde estão? Vocês estão vendo isso? Ela foi embora! Eu fiquei sem ela! Estão satisfeitos? Porque é isso que vocês querem! Me destruir porque não tenho fé em sua bondade! E acreditem, conseguiram! Eu não quero mais viver! Não quero mais ficar nesse mundo injusto! Sempre soube que o era, mas lutei com todas as minhas forças para que ele fosse um lugar melhor. Vocês fizeram com que eu perdesse minha fé. Não acredito mais! Esse mundo está perdido! Meu coração está perdido, porque aquela borboleta o levou com ela. O amor é tão errado assim? Me digam! Me respondam! Vocês me devem isso! Por que sempre comigo?

      Talvez desafiar, não fosse a decisão certa a se tomar. Entretanto, no desespero em que se encontrava, não conseguia mais entender o que era certo e o que era errado. Não tinha mais esperanças de que alguém fosse capaz de atendê-lo, tamanho seu desencanto. Apenas queria culpar alguém. Culpar alguém por sua impotência. Por ser incapaz de impedi-la de partir para sempre... Qualquer um. Não se importava mais... E daí se os deuses o castigassem? Não mais era relevante. Aceitaria qualquer punição. Sua razão de vida voara na forma de uma pequena borboletinha amarela. Tão frágil quanto sua fé. Com a inconformidade externando as ações, abriu a boca para que pudesse continuar seu discurso revoltado, contudo, antes que pudesse prosseguir seu desafio aos deuses, uma luz forte e dourada brilhou a sua frente e dele dois grandes olhos dourados apareceram, encarando-o com um ar bondoso.

      -Não é nada contra você, Kakashi! –A voz limpa como cristal e carinhosa como as primeiras palavras de um bebê apareceram da luz incessante- Apenas é chegada a hora. Cada um em seu momento. E ela, em sua eficiência, cumpriu a sua missão na terra.

      -É mesmo? –O homem de cabelos prateado questionou sarcástico -E é esse o valor que dão aos humanos? Peças de xadrez que podem ser livremente sacrificadas quando vocês bem entendem? Sem direito a viver como querem e a amar quando devem? A prepotência divina é tamanha? Criam as criaturas para servirem apenas a seus propósitos egoístas?

      -Muito pelo contrário. –A voz por trás dos olhos iluminados respondeu com a paciência de uma mãe, acalmando o filho irritado -As missões nunca têm a ver conosco. É sempre para ajudar os que vivem na terra. E ela cumpriu a dela. Desenvolveu curas para doenças das pessoas, cuidou de todos aqueles que precisavam de atendimento, lutou por causas nobres. Não considero isso egoísmo dos deuses. Provemos a vida. É função humana buscar a melhor forma de viver. E Sakura achou. Lutou pelo que achava correto. Ela tinha fé que o amor podia transformar o mundo em um lugar melhor. Por isso, ela ajudou a muitos. Inclusive a você. Ela fez com que você acreditasse no amor que até então, você pensava ser privilégio único dos personagens de Jiraya-san. Fez com que você abrisse seu coração que permanecera enregelado por tantos anos, desde que perdeu pessoas importantes. Ela despertou a melhor parte de você. Acredito eu, que seria um insulto de sua parte à memória dela trocar todo o bom legado que ela lhe deu por uma raiva infundamentada voltada contra o destino e aos deuses. Leve em seu coração a memória de amor que ela lhe deixou.

      As feições tensas de seu rosto se suavizaram, enquanto as palavras reboavam profundamente por seu entendimento. Estava, de fato, fazendo tudo errado. Ela realmente fora a primeira que amara daquela forma. Da forma que consumia cada parte de si em um único pensamento sobre ela. Aquela que lhe causava um tremor leve nos joelhos quando estava cara-a-cara com ela, avaliando se aquele era o momento certo para dizer-la o quanto a amava. O jeito como perdia o controle sobre seu corpo quando a via atender a porta com as roupas comuns que usava para ficar em casa, dando-lhe a sensação de que dividiam alguma intimidade. Tantos treinos para controlar cada função de seu corpo não foram capazes de ensiná-lo a controlar a respiração e o coração acelerando-se quando ela, porventura, acabava dormindo no sofá ao seu lado enquanto viam um filme e ele tinha de levá-la até a cama dela. Ele sempre ficava imaginando se um dia a levaria acordada em seu colo até um quarto... De alguma forma, sentia que estava agindo errado. Estava agindo mal. A voz tinha razão. Devia seguir sua vida levando amor no coração e não mágoa, ou ódio. Todavia, era muito difícil controlar a mente para que não pensasse o pior. Para que não pensasse que os deuses o abandonaram... A razão lhe dizia aquilo! Entretanto, por que aquele vazio não ia embora?

      No fundo, sempre soubera. Não importava a quem culpava. Não importava se havia alguma culpa. Apenas não importava. Por mais que atribuísse culpa a meio mundo, ou por mais que ficasse calado, não mudaria o fato de que não a veria mais. Estava sem ela. Ficaria sem ela pelo resto de sua vida, por mais longa que fosse.

      Deixou-se cair pesadamente no chão, fazendo com que um baque surdo ecoasse pelo ambiente. Novas lágrimas caindo. Sentia o músculo dos olhos doerem e olhos em si, ardiam, desacostumados a esse uso exacerbado. Logo, ficaria sem forças até para chorar. A voz prendia-se e morria na garganta. Não se sentia apto a falar. Não com aquele nó que não conseguia passar por seu pomo de adão. E os sons que forçava pela garganta saíam entrecortados, na forma de soluços desesperados.

      O fato de não ter fé... Ele fora o injusto. O tempo todo eles estiveram o guiando para redescobrir o amor. E de alguma forma, estava sendo ingrato com os deuses e com Sakura pelo sentimento belo e forte que ela lhe dera. Por tê-lo ensinado a lição mais preciosa de sua vida: reaprender a amar e confiar.

      -E que belo trabalho essa jovem fez! –Os olhos dourados o observavam com um ar de tristeza, porém impressionados -Nunca, em todos esses anos, vimos você dessa forma. Talvez, nunca, em todos esses anos, tenhamos, de fato, visto alguém sofrer dessa forma por um amor que nunca se concretizou em vida.

      -P...perdoe-me! –Ele pediu apressadamente, com as sílabas sendo interrompidas por soluços -E... eu não fui... justo! Agradeço pela chance que nos... deram ao mandá-la de volta! T... Talvez eu mereça esse... castigo! Mereça por nunca ter tido muita fé. Por sempre ter acreditado que... os deuses me abandonaram. Fui egoísta... pensando em mim como razão única. Não preciso que me provem... Eu acredito! E agradeço… Agradeço por tudo. Mas não garanto que eu vá… ficar bem. Ela se foi. E eu estou sozinho! O amor que ela… que ela me ensinou a ter… Eu nunca… Nunca vou esquecer! Mas… Ele dividirá seu lugar com a dor… A dor de um sentimento que não pode ser alimentado. Como uma planta... uma planta que nunca poderá crescer além do que já está. Nunca alcançará seu auge.

      -Eu compreendo! –A deusa respondeu com algum pesar em sua voz. O enorme coração da mãe criadora estava, sinceramente, mobilizado. Queria ser capaz de fazer alguma coisa, mas não era ela quem decidia sobre a vida e a morte. Não podia trazê-la de volta... –Eu lamento. Se eu pudesse fazer algo para ajudá-lo...

      Ele a observou e tentou enxugar algumas das lágrimas que ainda escorriam apressadamente com as costas da mão. Um raio de esperança perpassou esquentando seu coração. Dando-lhe um grão de esperança. Seus olhos brilhavam com uma confiança recém-adquirida. Talvez em pouco tempo estaria a abraçar sua amada. Ela estaria de volta ao seu lado. E, finalmente, poderiam partilhar aquele sentimento grandioso a que tanto se agarraram, trazendo aquela sensação única e diferente.

      -Meu único pedido é que... traga-a de volta! –Ele disse com o olhar fixo na reação da mulher. Depositando toda a sua confiança nas palavras, toda sua fé, todo seu coração, todo seu amor! Era apenas aquilo. Como dissera a ela, bastava sua presença para que pudesse seguir sua própria vida. O coração queimava como em um fogueira em seu auge crepitando com toda a fé que reaprendera a ter. O amor, afinal, podia melhorar o mundo, desde de que você acredite nisso. E por que não trazê-la de volta?

      Um suspiro pesado ecoou na direção em que a voz vinha. Kakashi fechou os olhos e apertou os lábios. Não precisava ouvir a resposta. Ficara evidente depois daquele pequeno gesto. O coração pesado amargaria ainda mais dor em substituição à esperança, que tinha tomado-lhe o ser por completo por fração de segundos.. Ainda mais solidão. Não havia solução para o seu problema. Ela se fora e nada podia ser feito. A morte é realmente o fim das esperanças. A esperança não é a última que morre. A morte simplesmente leva tudo. Nada sobra... Nada fica. Tudo se finda.

      -Eu não posso trazê-la de volta. –A voz feminina respondeu carregada de melancolia- Não é da minha alçada. Um outro deus cuida disso e, por mais que eu o pedisse, ele não me ouviria. Ele é muito rígido quanto a isso. Entretanto...

      Aquelas emoções... Aquela sensação fria na boca do estômago. A oscilação entre a decepção e a esperança. Era como a dualidade da tristeza e alegria que sentira ao ver aquela borboleta. Era como dicotomia do amor e ódio por tê-la e ter de vê-la partir naquele momento. Aquele, sem dúvidas, era o dia em que se sentira mais antitético em sua vida. Paradoxalmente antitético, uma redundância que não podia ser mais verídica. O dia em que provara a maioria das sensações mais adversas que já sentira na vida. Estava novamente feliz por ouvir aquilo. Poderia ficar junto a ela, por fim! Prendeu a respiração, tentando se preparar para o que seguiria aquelas palavras. Tentava convencer seu coração a se acalmar para o caso da notícia não ser exatamente o que ele quisesse ouvir. Mas... Quem disse que conseguia? Sua alma vibrava em demasia com a notícia para que pudesse acalmar-se.

      -Não! Não posso te oferecer isso! –A deusa se repreendeu no momento seguinte. Parecia extremamente arrependida por ter tocado em tal assunto. Como se sua proposta fosse o pior dos pecados. A pior das ofertas. O mais questionável de todos os termos -Seria pedir demais de alguém. Por mais amor que tenha por ela, o preço é muito alto. Esqueça, meu rapaz! Por favor! Eu lamento sua dor, mas não posso lhe exigir algo assim. Ninguém pode. Nem mesmo um deus tem esse direito!

      Ele ponderou sobre tais palavras por alguns instantes. O que poderia ser tão imperdoável a um deus para se propor que merecesse palavras tão efusivas e enfáticas? Observou a sua volta e viu uma borboleta branca transitando por ali. Ela parecia tão feliz balançando as asas pelo vento... Encarou-a por alguns segundos até que a resposta lhe apareceu a mente. Era claro. A resposta era simples. O tempo todo estivera bem em sua frente. Ele sorriu em contentamento. Era, com toda a certeza, um preço barato para si. Depois de ela ter desistido da própria vida, era seu dever arcar com tal custo. E a alegria da borboleta em estar viva... Ela só vinha ratificar sua dedução... Estava tão feliz por estar simplesmente viva e voando. A vida era um presente que não devia ser tomado. Pois quando se dá um presente, espera-se que a pessoa o ame com todas as suas forças, exatamente como borboleta branca fazia e não que fosse devolvida aos deuses.

      -Eu sei o que quer dizer! –O homem respondeu com um sorriso decidido preenchendo-lhe os lábios. Levantou-se enérgico e foi até a deusa- Eu pago! Tome minha vida e me leve até onde a alma dela está. Não me importa se vivo ou morto. Tudo o que quero é estar com ela. Tudo o que preciso é estar ao lado dela. O que é entregar uma vida cuja alma estava fadada à morte longe do amor? Não é como se eu estivesse entregando, de fato, minha vida. Não estou simplesmente devolvendo meu presente por não querer mais. Apenas não tenho opção. Como acabei de entender, a vida é para se viver com alegria e, para mim, não há alegria em viver longe dela. Estou apenas tentando proteger minha alma da morte que a consumiria dia-a-dia sem Sakura ao meu lado. A dor mataria minha felicidade dia-a-dia, até não sobrar mais nada. Até o dom da vida ser um fardo. Por isso, abro mão de tudo o que a vida me deu para, de uma vez por todas, assumir o que aquela moça me ofereceu junto a si. Amo-a acima de tudo. Amo-a mais que qualquer coisa, inclusive minha própria vida.

      -Você acabou de entender o sentido da vida, Hatake Kakashi. –A deusa anunciou com uma felicidade exultante na voz -Sem amor, nada importa. Talvez em palavras seja mais fácil compreender, mas foi árduo o caminho pelo qual passou para que, de fato, soubesse o significado disso. E como recompensa, vou cumprir seu desejo. Você ficará junto a ela para sempre!

      E, ao que ela findou tais palavras, uma forte luz dourada o envolveu. Apenas sentiu um forte calor invadindo seu corpo para depois se dissolver. Quando testou movimentar seus braços para encara o que tinha acontecido, sentiu que seus braços já não ficavam onde costumavam ser. Em outro momento, provavelmente teria se assustado, mas achava que já sabia o que tinha acontecido... Tinha a ligeira impressão de que algo assim aconteceria. Embora não soubesse exatamente por que tinha essa impressão. Ele apenas sabia... Balançou os braços para cima e para baixo seguidamente tentando verificar que tipo de movimento eles realizavam e, logo, sentiu o vento acariciar seus braços em movimentos circulares. Teria sorrido se tivesse órgãos para isso, como imaginava que não tinha. 

      Levantou vôo apressado para encarar o mundo ao se redor com a recém-adquirida perspectiva. As árvores pareciam as mesmas, mas a pressa o impedia de realizar um exame mais apurado. Era a última vez que encarava coisas vivas, mas não queria perder seu tempo decorando aqueles traços. No momento, não era importante. Reparou abaixo de si no amontoado em que estivera repousado. O que viu não o surpreendeu. O que encarava era o próprio corpo, de olhos cerrados e inerte. E, ao contrário do que pensou, não estava assustado ao ver aquilo. Sentia apenas um estranhamento em se encarar de fora de seu corpo, mas não sentia nada sobre isso. Nem pena, nem arrependimento, nem pesar, nem dor. A esperança e a alegria incontidas eram as que o inundavam. E essa euforia, era o que o fazia bater asas com ainda mais força e vigor. Sentia-se forte como jamais se sentira antes. Encorajado e disposto a encarar qualquer coisa. Agora tinha pelo que lutar. Tinha perspectivas sobre estar ao lado dela.

      -Sua alma deve seguir até o templo dos deuses. –A deusa explicou com suavidade -Lá você a encontrará e poderão viver esse belíssimo amor para sempre.

      -E como saberei chegar até lá? –Ele perguntou com suavidade, prestes a seguir caminho.

      -Deixe que seu coração o guie! –A deusa respondeu antes de sumir por completo, deixando a pequena borboleta a própria mercê.

      Ao contrário de se sentir desencorajado pela resposta vaga da mulher, sentiu-se incitado a tentar. Afinal de contas, não estava mais nas mãos dos deuses. Dali pra frente, tudo dependia apenas de si e do quanto a amava realmente. Estava exatamente como queria estar. Prestes a vê-la. Prestes a tê-la por toda a eternidade.

      Ainda precisava chegar ao templo dos deuses para encontrá-la. Então, continuou batendo as asas fortemente e fechou seus olhos para que pudesse sentir a o amor contido dentro da alma dela o guiando. E continuou seguindo.

      Sentia um vento forte tentando empurrá-lo para trás, para longe do caminho que seus olhos de borboleta não viam, mas que o âmago via e parecia conhecer desde sempre. Suas asas não batiam com a força de uma borboleta, não voava pequenas distâncias, mas batiam com o poder de um amor imensurável que queria alcançar o objeto de sua adoração.

      Não podia perecer e não iria. Alcançaria-a, exatamente como ela se esforçara para alcançá-lo naquele momento. Ser borboleta, indubitavelmente, não era fácil. O que provara que ela também sofrera para chegar até ele pelo mais puro amor. Pela mais pura saudade. Pelo mais doce sentimento.

      Sentia-a, a cada momento, mais perto. Cada novo movimento fazia seu pequeno coração saltar em antecipação. Estava chegando. Veria-a mais uma vez. Uma única vez que duraria a eternidade, pois garantiria para que não a perdesse de vista nunca mais. Enfim, estariam novamente e em definitivo nos braços um do outro. Enfim, estariam completos. Seriam uma só alma, como devia ser nos primórdios. Era um amor sagrado, por ser genuíno.

      E, de repente, não havia mais correntes de vento empurrando-o para longe de seus objetivos. Não havia mais nada tentando impedi-lo de alcançá-la. Isso porque já a sentia muito perto. Já sentia o cheiro adocicado das sakuras brincando com seu olfato. Atraindo-o até si, como o doce atrai a abelha. Sentia-se de fato, uma borboleta sendo atraída pelo doce néctar que os deuses lhe ofereciam.

      Abriu os olhos e, de súbito, sentiu suas pernas alcançando o chão. Voltara a forma original. E bem diante de si, estava ela, sentada em um jardim cheio de flores, iluminados pelo sol, e acima de suas cabeças, milhares de borboletas, de todas as cores voavam alegremente.

      Ela levou as mãos à boca, completamente chocada em vê-lo ali a sua frente. Em sua cabeça pairava uma borboleta branca. A mesma que ele vira naquele momento na terra.

      -Você... O que faz aqui? –Sakura perguntou com lágrimas escorrendo pelo rosto. Não podia crer que ele estivesse ali! Não depois de ter dado a própria vida para salvá-lo.

      -Entre minha vida e você –O homem redargüiu com serenidade -Pode ter certeza de que vou escolher sempre você.

      E antes que pudesse dizer qualquer coisa, ela se atirou em seus braços, derrubando-o no chão, fazendo que as borboletas que estiveram pousadas levantassem vôo.

      -Você sem dúvidas é louco por ter escolhido morrer para ficar comigo. –Sakura respondeu sobre ele -Mas não posso te recriminar, quando gostei tanto de vê-lo aqui, comigo! Isto pode ser o paraíso, mas estava um tanto tedioso sem você.

      -E o que me diz da terra? –Ele questionou-a com um sorriso largo em sua face descoberta -Nada tem graça sem você. Não me arrependo em ter escolhido vir até aqui. Ficaremos juntos para sempre.

      Ela sorriu emocionada e acariciou-lhe a face ternamente.

      -Sim! –Ela respondeu euforicamente -Eu prometo que vou fazer sua decisão ter valido a pena! Prometo que tornarei sua eternidade a mais feliz de todas.

      -Que tal começar agora? –Ele sugeriu, passando a mão direita pela nuca da moça, puxando-a até si para o segundo beijo cheio de amor de sua vida. O segundo que selaria de uma vez por todas o destino daquele casal.

      Porque o sentido da vida, como aprendera Kakashi, era amar e fazer o possível para melhorar o mundo através disso. E ela o melhorara. Ela era a responsável por sua mudança. Por aquele sentimento imensurável a qual denominava-se amor.

      O que seria a eternidade perante aquele amor? Um segundo? Um minuto? Quem sabe? A eternidade, por mais longa que fosse, ainda era pequena perante aquele sentimento. A eternidade talvez ainda não fosse o suficiente para ambos. Era apenas mais um segundo que conduziria por aquelas vias o sentimento que os deuses torciam para que cada um dos corações humanos nutrissem. O sentimento que superava a vida e a morte. O sentimento que superava a tudo e qualquer coisa. O sentimento que praticariam até a eternidade. O sentimento que eleva até o menor dos átomos.

      Aquele sentimento, o amor, que os mantiveram perto, mesmo que tão longe. Aquele sentimento que os guiaram através do pior dos furacões. Aquele sentimento que aquece nossos corações ainda que nunca tenhamos sentido. É o mesmo que um dia guiará o mundo até a mesma harmonia e paz que esse casal adquiriu através da pequena eternidade.

Wouldn’t it be nice ---Don’t kill the butterfly (Hold on hold on)

To spread the wings and fly-----Don’t kill the butterfly (Hold on hold on)

To see you one more time---- Don’t kill the butterfly (Hold on hold on)

To be a yellow butterfly

Segure-se

Não seria legal? --- Não mate a borboleta (segure-se segure-se)

Para abrir as asas e voar----- Não mate a borboleta (segure-se segure-se)

Para ver você mais uma vez ---- Não mate a borboleta (segure-se segure-se)

Para ser uma borboleta amarela.

FIM


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Notas finais do capítulo

Bem, bem... POr fim, o fim! ^^ Espero que tenham gostado de acompanhar essa fic. Foi um prazer tê-la escrito e publicado aqui para vocês. Foi o meu capítulo favorito. Acho que foi o melhor capítulo que já escrevi na vida... rsrsrs Ainda que não esteja muito bom. Sei que ainda tenho muito o que aprender e agradeço a paciência de vocês com esse meu processo de aprendizagem. Obrigada, obrigada! ^^
O legal desse capítulo foi o fato de não ser nem triste, nem feliz. Não devolvi a vida da Sakura. E Kakashi teve que morrer.
Bom, foi um prazer tê-los por aqui e obrigada a todos que leram! ^^
Bjks e até a próxima fic! ^^