Don't Need a Love Potion escrita por Katherine Henderson


Capítulo 5
Ícaro nos dá uma carona para Nova York-Parte 1




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Chegamos ao aeroporto cansados, encharcados de água e sangue, que manchavam nossos uniformes. Parecíamos exatamente um bando de adolescentes que tinham acabado de lutar com uma esfinge sanguinária, mas ninguém parecia perceber o quanto estávamos medonhos. Claro, eu tinha medo que algum segurança nos barrasse e nos tirasse de lá com cassetetes, mas era como se todos nós estivéssemos usando o boné da Annabeth. Thalia agora era quem nos liderava ao guincho de uma companhia aérea da qual eu nunca ouvira falar antes: Zefiro Airlines. Eu já estivera no aeroporto duas vezes, durante minhas primeiras férias do colégio junto com o meu pai e não me lembrava dessa companhia aérea. Claro, também, eu era um pirralha de 8 anos de idade, e me lembro de poucas coisas quando eu tinha essa idade.
Thalia já estava tentando fazer o check-in com uma atendente de cabelos loiros bem arrumados em um coque, olhos estranhamente azuis, tão claro que chegavam a ser quase brancos, e vários centímetros mais alta que Thalia. No crachá de identificação só tinha o nome dela em uma caligrafia caprichada: Eunomia. Um nome muito estranho, especialmente por que eu tinha conseguido ler o nome dela com a mesma facilidade que eu lia a inscrição da caneta-espada de Percy. Foi aí que eu me lembrei das minhas lições de mitologia nas aulas de história.

-Anna, Eunomia é uma Hora, não é? Sabe, porteira do Olimpo, deusa das estações...
-Exatamente... -Annabeth me olhava espantada- Você prestou mesmo atenção nas aulas de história...
-Olá, bem vindos a Zefiro Airlines. -Eunomia, a Hora, nos recebeu com um sorriso- Posso ajudá-los?
-Claro. -Thalia estava formal demais. Se eu nunca a tivesse conhecido antes, eu com certeza estranharia esse primeiro comportamento dela- Tenho um voo me esperando para Nova York. Está no nome de Thalia Grace...

Pronto, foi só Thalia mencionar o nome dela e Eunomia exagerou na cortesia. Foi quase automático.

-Oh, me desculpe, Srta. Grace, por termos feito você esperar tanto tempo. Seu voo já está pronto. É só ir para o portão de embarque 7. Façam uma ótima viagem!!! -Eunomia nos apontava a direção para o portão 7 e nós seguimos Thalia até a pista de decolagem. Mas minha cabeça ficou lá atrás. Eu ainda pensava em Eunomia, que tinha ficado toda nervosa só de estar no mesmo lugar que Thalia
-Ahn, Thally, é sempre assim nos lugares que você vai? -Eu esperava que ela me desse um dos seus famosos olhares malignos que ela fazia (acredite, já fui vítima de um desses olhares), mas ao invés disso, Thalia riu.
-É, mais ou menos. Por um lado tenho um tratamento VIP digno de uma estrela de Hollywood, mas por outro lado, essa atenção toda cansa...
-Faz sentido isso tudo. Eu acho. -Até aquele momento, eu não tinha me tocado que Alex estava do meu lado- Quer dizer, você é filha de Zeus, o mais poderoso dos deuses. É normal que te tratem assim. Ninguém iria querer desrespeitar a filha dele...
-Alex, não consigo acreditar. Como você consegue encarar isso tudo? -Quase me explodi com ele, mas o modo com ele estava encarando toda aquela loucura era quase surreal- Eu nem consegui me recuperar do choque e você age como se isso fosse uma coisa normal.
-Pode parecer loucura, mas isso é real, Isabella. Ame ou odeie. -Annabeth esquadrinhava a pista de decolagem procurando algo, até que seus olhos brilharam- Ali está, Thalia. o Ícaro... -Tentei perguntar quem era ou o que era esse tal de Ícaro (e eu tinha certeza que não tinha nada a ver com o garoto das asas de cera), mas perdi a fala quando acompanhei os olhares da galera.

Era um daqueles jatos executivos, mas ao invés de ser branco sonolento, era dourado faiscante e quase me cegou. Na lateral, estava desenhado em um tom mais claro que o dourado do jato (e eu não via como isso podia ser possível) um ômega e o nome do jato, Ícaro, escrito em letra cursiva. Isso também foi outra coisa que consegui ler sem a dislexia pra atrapalhar.

-Lindo, não é? -Thalia quebrou o silêncio, admirando o jato. Foi aí que eu percebi, novamente, que ninguém reparava em nós. Nem em nós ou no jato cintilante.
-Por quê...
-As perguntas você faz quando estivermos no jato, está bem? -Annabeth me puxava pra dentro do Ícaro com Percy, Alex e Thalia logo atrás de mim.

Dentro do Ícaro era quase luxuriante. Os bancos dos passageiros eram de couro marfim e parecia macio como uma nuvem. Atrás dos bancos estava uma fonte jorrando água de diversos pontos, como se fosse um arco íris dançarino. E na frente da fonte tinha uma mesa cheia de guloseimas. Chocolates, salgadinhos, Coca-Colas e no cantinho, meio escondidos, reconheci alguns pedaços de ambrosia e junto, um cantil transparente com um líquido dourado. Soube na hora o que era aquilo.

-Néctar?
-Exatamente. -Thalia estava atrás de mim, rindo um pouco quando me assustei- O Ícaro é especialmente abastecido com suprimentos para semideuses. Tome um gole pra dar um jeito nesses arranhões no braço.

Nessa hora, quando Thalia mencionou meus arranhões, eu passei por um espelho perto da janela e me olhei. Meus cabelos negros estavam bagunçados e o lado esquerdo da minha cabeça ainda tinha alguns fios grudados com sangue seco. Eu tinha amarrado o blaser na cintura e minha camisa branca estava molhada com rastros de sangue diluído. Minha saia, do mesmo tecido azul marinho do blaser, estava com um rasgo de 10 centímetros coxa acima no lado esquerdo. E estava cheia de arranhões novos, como Thalia dissera: nos joelhos, no braço esquerdo e parte do braço direito e no queixo. Eu gemi.

-Mas eu achei que a ambrosia...
-Se acalma Isa... -Alex pegou o cantil e enchia a tampinha de néctar- Aliás, você não tá tão ruim assim, tirando os arranhões... -Percebi o olhar de Alex mirando o corte na minha saia, mas talvez fosse só paranoia minha- Toma.

Peguei a tampinha que Alex me oferecia e bebi. O gosto de baunilha do néctar me acalmava aos poucos (adoro coisas com cheiro ou gosto de baunilha). Nesse meio tempo eu olhei pra todo mundo. Percy tinha perdido o blaser no colégio e também tinha rastros de sangue pela camisa (na verdade, todos tinham sangue no uniforme), apesar dele parecer estar seco. Anna estava sem muitas baixas no vestuário. Apesar do sangue, o blaser e a saia pareciam ilesos. Alex parecia mais um modelo de espantalho de Halloween. A calça dele tinha um rasgo enorme na perna. Estava sem blaser, sem gravata e com um pequeno arranhão na testa. Olhei pra ele meio azeda, mas arrisquei a dar um sorriso pra ele.

-Obrigada... -Devolvi a tampinha pra Alex, que já estava colocando néctar pra ele.
-Ahn, acho que você precisa de roupas novas... -Thalia me avaliou antes de sair para a cabine de comando e voltar de lá com algumas roupas na mão- Acho que nós duas vestimos o mesmo tamanho.

Olhei as roupas que Thalia me dera —uma saia jeans preta, uma camiseta branca e uma jaqueta jeans— e vi que ela estava certa quanto a nós duas. Vestíamos o mesmo tamanho. Peguei as roupas e fui para uma das cabines do Ícaro pra me trocar.

CONTINUA...


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