Don't Need a Love Potion escrita por Katherine Henderson


Capítulo 4
O teste da morte da Sra. Gonzáles-Parte 2




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ANTERIORMENTE EM DON'T NEED A LOVE POTION...

Percy ficou paralisado e se virou pra mim, como se de repente eu fosse a nova ameaça. O monstro me encarava também e se resetou pra me atacar. Vi refletido nos olhos da esfinge os rostos de quem estavam atrás de mim. Thalia também estava paralisada com Percy, mas não baixou a guarda. Alex ainda parecia confuso, mas suas mãos vasculhavam o chão a sua volta, procurando qualquer coisa que pudesse improvisar como arma pra deter o monstrengo. E eu vi nos olhos do monstro o meu próprio rosto moldado pelo medo. Meus olhos verdes estavam quase vermelhos pelas lágrimas que não quis derramar. Sabia que ia morrer. Só fechei meus olhos e esperei pelo fim...


10 segundos se passaram. Estranho, nem senti nada. Será que morrer era assim? Rápido e indolor? Abri meus olhos e me vi ao fundo da sala da detenção, com Annabeth ao meu lado, que estava com um boné azul marinho na mão.

-Isa, você está bem?
-Acho que sim, mas como...? Ai, minha cabeça... -Eu estava atordoada. Como eu tinha chegado ali com a Anna? E como o Alex chegou até aqui também? Não conseguia formular nenhuma pergunta decente a mim mesma por causa da dor que me atingia no lado esquerdo do meu rosto. Toquei de leve minha bochecha e silvei de dor. Meus dedos estavam ensanguentados. Annabeth pegou da mochila dela um saco hermético com um tablete grosso. Pegou o tablete, partiu em dois pedaços pequenos e ofereceu um pra mim.
-Coma isso. Vai se sentir melhor.

Hesitei um pouquinho antes de dar a primeira mordida, mas o que quer que fosse aquilo que Anna tinha me dado, tinha gosto de chocolate com cereja, e conforme eu mordiscava, pude sentir o corte no meu rosto se fechando. Enquanto eu percebia, maravilhada, que aquele pedacinho com sabor de chocolate me curava, vi Annabeth estender o outro pedaço para Alex e pude ver que ele estava pior do que eu. A perna dele tinha um talho enorme, sangrando muito.

-Alex, você tá bem? -Soltei aquilo sem pensar. Não era muito a minha cara eu me preocupar com Alex, mas ele estava realmente péssimo.
-Acho que tô. Seja lá o que isso, vai poder me curar. -Alex estendeu o pedacinho pra mostrar pra mim- Posso ver que fez maravilhas com você... -Enquanto Alex mordiscava seu pedaço, eu ficava vermelha contra a minha vontade.
-Isso é ambrosia, Alex. Tome cuidado quando comer muito, pode te queimar até os ossos. Mas não se preocupe, sua perna vai ficar boa. -Annabeth cortou de novo a ambrosia em mais três minipedaços e guardou o resto na mochila. De lá de dentro, vi uma adaga de bronze, que Annabeth pegou junto com um lenço- Limpe esse sangue do rosto, Isa. Vou ter que ajudar Percy e Thalia com a esfinge. Podem se manter seguros aqui por um minuto? -Sem saber como minha voz sairia, só acenei.
-Claro, Annabeth. Pode ir, eu cuido da Isa...
-Eu não preciso de você, Alex! -Annabeth riu antes de se juntar a Percy e Thalia na batalha.
-Ah, qual é Isa. Deixa de bancar a durona. Você tá toda ensanguentada. Deixa eu pelo menos limpar esse sangue de você...

Claro, eu deveria espernear, gritar, bater nele por ele estar me arrastando para o colo dele e pegando o lenço da minha mão, mas por uma estranha razão, não o fiz. Fiquei calada com a minha raiva e vergonha enquanto Alex limpava o sangue na minha têmpora. Ainda meio irritada, olhei a perna esquerda dele, a que tinha sido machucada, e não resisti ao impulso de tocá-lo. Queria ver se a ambrosia tinha mesmo curado ele. Passei os dedos dentro do corte na calça e senti a pele dele. Nenhum corte, nenhuma cicatriz. Era como se ele nem tivesse sido ferido. Meus dedos subiram um pouco mais pela perna do Alex e paralisaram quando ouvi o ofegar baixo dele no meu ouvido.

-O que foi, Isa?
-N-nada não...

Tinha certeza que eu estava vermelha. O que estava acontecendo entre mim e Alex era totalmente errado. Eu deveria me sentir assim, eu não deveria ter a ousadia de tocá-lo, meu coração não deveria estar sobressaltado, como se tivesse tomado um choque de desfibrilador.
E eu não deveria, não deveria mesmo, ter essa vontade maluca de beijá-lo.

-AAAAHHHH!!! -O grito da Thalia me acordou do transe que prendia a mim e a Alex. A esfinge dera uma patada no braço direito dela e agora Thalia estava fora de combate. Ou era o que parecia até ela pegar no bolso da calça um pedacinho de ambrosia (possivelmente o pedacinho que Annabeth partira), e ela já estava curada, mas agora, além do escudo, ela portava uma espada no lugar do arco.

No colo de Alex, tentei prestar atenção na batalha. A esfinge estava toda retalhada pela espada de Percy, jorrando sangue por toda a sala e o olho esquerdo tinha duas flechas fincadas. Já não me preocupava tanto com Percy, me parecia que ele tinha bastante experiência em combate, mas Thalia e Annabeth pareciam tão pequenas diante daquela esfinge. Não queria perder minhas amigas daquela maneira. A cada golpe que a esfinge dava, agora cada vez mais desesperada, eu trincava os dentes, tentando não gritar, e me abraçava a Alex, escondendo o rosto no peito dele sempre que um dos meus amigos estava em risco de morrer.
Eu sabia que a batalha estava quase ganha, só mais alguns golpes e a esfinge iria desabar. A monstrenga, ainda desesperada, tentou dar uma patada em Percy, mas a pata dela subiu alto demais e atingiu os sprinklers de incêndio, enchendo a sala de água. Senti que o que sobrava de sangue no meu cabelo se dissolvia com a água e corria pelo meu rosto. E antes que eu pudesse reclamar por estar encharcada, olhei novamente para a batalha quase acabada, mas olhei principalmente para Percy.
A água dos sprinklers caía nele e os arranhões que recheavam o rosto dele se fechavam, embora (eu tinha certeza disso) ele não tinha comido a ambrosia de Anna. Era como se a água estivesse trazendo força pra ele. Ainda empunhando a Contracorrente, Percy avançou na esfinge que estava distraída com Thalia no flanco esquerdo, e com um golpe, a cabeça da esfinge se esvaia em fumaça vermelha, assim como o resto do corpo.
Eu ainda olhava em choque meus amigos. Eles não pareciam as mesmas pessoas que conheci há 1 ano atrás. Thalia estava suja de sangue: o sangue dela e o da esfinge misturados, e com alguns arranhões no braço, mas tirando isso, ela estava bem. Percy estava mais do que bem. Era como se ele nunca tivesse lutado com uma professora-esfinge, mas os cortes sujos de sangue no uniforme dele diziam o contrário. Mas não conseguia achar Annabeth. Onde é que ela estava?

-Cadê... Cadê a Annabeth?
-Você tá bem, Isa? -Percy pegou a tampa da caneta e colocou na espada, voltando a ser só uma caneta esferográfica.
-Tô sim, Percy, mas e a Anna?
-O que tem eu?
-AAAAHHHH!!!

Me assustei. Annabeth apareceu na nossa frente do nada, novamente com o boné azul marinho nas mãos. Percebi um minuto atrasada que ela estava invisível o tempo todo.

-Me desculpe o susto. Você tá bem?
-Que pergunta. Como você estaria e estivesse vendo seus amigos lutando contra um monstro daqueles? -Percy riu baixinho, com Thalia fazendo coro.
-Alex? -A pergunta de Annabeth me fez cair a ficha que eu ainda estava sentada no colo dele. Sobressaltada, pulei do colo do Alex e fiquei bem afastada dele.
-Eu tô bem. Um pouco chocado, mas acho que vou sobreviver.
-Vocês três têm umas coisinhas a esclarecer pra nós... -Meus olhos se apertaram, lembrando o que eu tinha dito a mim mesma.
-Eu sei, Isa, mas aqui não tem como explicar tudo... -Percy pegou a mochila dele entre os destroços de reboco e madeira- Não é seguro...

Eu ia falar o que mais poderia acontecer, mas depois daquela esfinge ter quase nos matado, desisti na mesma hora de perguntar. Não queria ter que encarar outro monstro daqueles.

-Ok, vamos para o aeroporto. A gente tem que levar vocês dois para Nova York. -Thalia pegou o arco e a espada e colocou na mochila dela. Saiu andando pela sala procurando alguma coisa entre os destroços e encontrou a minha mochila e a mochila do Alex.
-Ahn, Thalia... -Percy ficou tenso, como se ainda tivesse outro monstro disfarçada de professora na sala.
-Não se preocupe, Cabeça de Alga. Zeus não vai querer matar a filha dele, não é?
-Espera aí um segundo. -Alex se levantou normalmente, como se nunca tido um corte feio na perna- Quer dizer... Thalia, você é filha de Zeus?
-Pois é, que novidade, não é? -Thalia franziu os lábios, tentando não rir.
-Gente, é sério, temos que correr. -Annabeth abriu a porta da sala de detenção e já estava lá fora- Vamos logo para o aeroporto antes que as autoridades cheguem.
-Eu vou, mas vocês têm que me prometer contarem toda essa história de semideuses direitinho. -Me levantei do chão com a ajuda de Thalia enquanto ela colocava a minha mochila nas minhas costas.
-Ok, nós juramos pelo rio Estige que contaremos tudo, mas vamos sair depressa! -Annabeth colocou seu boné e desapareceu. Meu olhar ainda estava surpreso enquanto Percy me puxava pra fora da sala de detenção. Thalia estava atrás de nós, junto com Alex. Eu esperava que ele estivesse mais em choque do que eu, mas ele estava muito relaxado, rindo e tudo mais.

-Quem diria que isso um dia aconteceria com a gente, hein, Isa? -Olhei pra trás e Alex estava sorrindo, arrumando a mochila nas costas e piscando pra mim- Nós dois sendo atacados por uma esfinge!
-Você quer calar a boca Alex? -Revirei os olhos enquanto andava pelos corredores do colégio.
-Eu gosto dele, sabe? -Olhei incrédula para Percy- Ele é o tipo de semideus que ama rir da cara do perigo.
-Isso no meu dicionário significa "idiotice"... -Ouvi o riso de Annabeth correndo invisível pelos corredores e as risadas de Thalia e Percy. De Alex, eu só ouvi um bufar meio irritado. Legal, ele me ouviu.

Logo estávamos perto do portão do colégio que estava completamente deserto. Anna tirou o boné e já vasculhava a mochila procurando alguma coisa. Eu reconheci um maço de dólares na mão dela antes de corrermos de novo a caminho do Aeroporto de Caracas. Olhei para o letreiro do colégio com jeito de despedida. Até àquela hora, eu não sabia que nunca mais voltaria ao Santa María.
E eu não devia estar tão feliz com isso.


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Notas finais do capítulo

Reviews, reviews, reviews!!!



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