Don't Need a Love Potion escrita por Katherine Henderson


Capítulo 2
Introducing Me


Notas iniciais do capítulo

Pra quem estava esperando a história, já estou postando os primeiros capítulos (meio demorados, óbvio), e me desculpem se esse episódio tá tão curtinho, mas prometo compensar no próximo, ok?



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/99689/chapter/2

Orfanato e Colégio Interno Santa María de Guadalupe, Caracas, Venezuela.
Até a alguns meses eu achava que aquele era o pior lugar pelo qual eu passaria, mas eu estava mortalmente enganada.
Meu nome é Isabella Pasquali e por muito tempo, fiquei confinada nesse orfanato, mas nem sempre eu fui orfã. Até os 9 anos eu tinha um pai, que pagava horrores pra eu estudar nesse colégio interno (até hoje o colégio funciona dentro do orfanato). Mas minha condição no colégio mudou de "garota do internato" para "garota do orfanato" quando meu pai sofreu um acidente de carro. Aquele dia foi muito triste pra mim. Fiquei 48 horas em claro, chorando.
E desde então, eu fico aqui, morando no orfanato e estudando no colégio, mas a situação só fica cada vez complicada pra mim. Ok, eu explico: estou com 17 anos e, pelas regras do orfanato, só posso ficar confinada aqui até completar 18 anos ou até terminar os estudos no colégio. Essa segunda opção, geralmente, é pra quem vive repetindo de ano, o que pode ser o meu caso, já que sou disléxica e tenho transtorno de déficit de atenção, o que faz de mim uma verdadeira loser nos estudos. Em comparação, sou a mais ágil na aula de educação física, coisa que a maioria dos internos têm dificuldade, exceto por mim e mais uma galera no colégio. E por falar no inferno...

-Isabella, anda logo... -Irmã Marie, a responsável pelas orfãs adolescentes, me chamava na porta do meu quarto- Se arrume depressa, você tem uma prova de espanhol hoje, não vá se atrasar.

Ah, que ótimo. Espanhol. Justo a matéria que eu mais fracasso. Gemi inquieta enquanto colocava o uniforme.
O bom do Colégio Santa María (adorava o nome do colégio, mesmo eu não conseguindo ler o letreiro por culpa da dislexia, sempre ficava parada feito uma parva de frente para o portão do colégio e tentava ler) era que o corpo estudantil era misto, garotos e garotas juntos (o orfanato era exclusivo para garotas) e tinha gente também que não era do orfanato e frequentava o colégio. Por isso, sempre que acontecia algo estranho comigo no orfanato (o que era muito comum, era quase rotina) me mordia de vontade de ver meus amigos e contar. Com certeza era duas vezes melhor do que consultar um psicanalista. E tinha um bônus: era grátis. E já que toquei no assunto de amizade, acho que já está na hora de apresentar meus amigos.
Quem são eles? Eu explico: os meus três melhores amigos (e os únicos que eu tenho) tinham chegado ao Santa María há um ano pelo programa de intercâmbio (eles são americanos). Um ano se passou e eles continuam estudando aqui. São eles: Annabeth Chase, minha colega em matemática e história, maluca por arquitetura antiga; Thalia Grace, parceira do laboratório de ciências e da aula de física, meio explosiva, mas depois que a conhece melhor, ela é um doce; e Percy Jackson, meu colega em educação física e espanhol, corre 100 vezes a quadra sem se cansar, já bateu o recorde de ficar submerso na piscina do colégio (7 minutos e 21 segundos cronometrados, mas me parecia que ele podia aguentar um pouco mais), mas assim como eu, é um desastre em espanhol. E nós quatro, apesar de sermos tão diferentes, temos uma coisa em comum: a dislexia e o déficit de atenção. Acho que isso acabou nos unindo, quer dizer, todos nós passamos por coisas parecidas com nossos "problemas", era algo com o que poderíamos nos solidarizar. E, confesso, ás vezes também era divertido.

-Ah, oi Isabella... -Annabeth me viu chegando e foi a primeira a me cumprimentar. De toda a nossa galera, Anna era a única que me chamava pelo meu nome verdadeiro. E apesar de corrigí-la milhares de vezes, dizendo que é "Isa" e não "Isabella", ela não se corrige.
-E aí, Annabeth, tudo bem? Percy, Thalia?
-Achei que ia vir mais cedo por causa da prova de espanhol. -Percy me deu um sorriso solidário e torturado. Nós dois sabíamos que essa prova iria acabar com a gente.
-Por mim, eu ficaria enterrada no meu cobertor o dia inteiro, só pra não ter que encarar a aula de espanhol. Eu simplesmente odeio essa matéria.
-E essa raiva toda não é por causa da dislexia, não é? -Thalia riu alto. Ela adorava criar algum tipo de piada que envolvia nosso problema coletivo. Claro que, em qualquer hora, eu até poderia rir, mas com uma prova de espanhol prestes a me atacar no fim do dia, me senti meio enjoada.
-Ok, sem sarcasmo, hoje, Thalia. -Annabeth se virou séria pra ela- Nesse momento, a última coisa que Percy e Isabella precisam é piadinhas...
-Ok, Annabeth, eu já entendi... -Thalia emburrou de brincadeira, pegou os fones de ouvido (que estavam em volume alto, devo acrescentar) e colocou-os de volta. Reconheci imediatamente o som que explodia pelos fones pequeninos: Boulevard of Broken Dreams, do Green Day, a música favorita de Thalia.
-Valeu, Annabeth, mas sabe que não precisa brigar com a Thally... -Percy cochichou pra Anna, mas ainda consegui ouvir.
-"Thally"?
-Ah, não me diga que está com ciúme? -Logo depois de Percy ter perguntado isso, o rosto de Annabeth estava pegando fogo... Percy e Anna se davam bem até demais, mas sempre diziam que eram só amigos, uma coisa que eu duvidava e muito.
-Não é nada disso, não!!! Essa, não, Isabella... -O vermelho de Annabeth sumiu, dando lugar a uma expressão confusa que eu já conhecia- Ele já chegou... -Olhei pra trás, na direção do olhar de Anna, e como sempre, desejei do fundo da minha alma estar cega.

Lá estava ele, com o uniforme básico do colégio: blazer azul marinho, quase preto, e gravata vermelha brilhante. Claro que as regras do colégio não diziam nada sobre o estilo do cabelo, então lá vinha ele com o cabelo terminando no meio da nuca. As garotas o achavam sexy, mas eu nem queria saber dele. Meu pesadelo particular no colégio tinha nome e sobrenome: Alex Ruíz.
Eu vou explicar por que eu odeio ele: nós nos conhecemos desde a primeira série. Seria uma amizade promissora, ele sempre sentava do meu lado nas aulinhas de desenho, mas desde que ele liderou um ataque as garotas na segunda série e colou chiclete no meu cabelo, simplesmente desisti dele. Claro, ele é o típico garoto bonito e popular (por que será que isso parece meio óbvio?), mas decididamente eu não o suporto. E como se o destino estivesse fazendo uma piada de muito mal gosto comigo, nós dois temos algumas coisas em comum (infelizmente): temos a mesma amiga —Thalia, com quem ele sempre conversa sobre bandas de rock—, estamos juntos nas aulas de ciências e educação física e compartilhávamos do mesmo mal da dislexia e do déficit de atenção. E claro, especialmente hoje, mais uma coisa tinha que ser adicionada em "coisas em comum entre nós".

-Oi Isa, tudo bem?
-Ah, desculpa, tá falando comigo? -Desculpe eu ter parecido meio grosseira, mas ele merece, você vai ver...
-Escuta, sei que deve ser uma má hora pra te lembrar, mas você vai na detenção hoje?

É, é isso aí que você leu certo: detenção. Claro que nós todos éramos bons alunos (aparte os nossos probleminhas), mas sempre existia alguma encrenca que nos colocava na detenção. Alex e Percy estavam acostumados àquilo: antes mesmo de vir ao Santa María, Percy tinha problemas no colégio anterior que o faziam ficar mais tempo na sala de detenção. Já Alex, bom, ele podia ser popular, mas isso não o impedia de se envolver em encrencas na escola. E eu e as garotas reclamávamos de vez em quando quando éramos empurradas para a escura e mofada sala de detenção, mas tínhamos que ir como se não tivéssemos escolha.

-Claro que vou. A Sra. Gonzáles disse que era pra compensar o que aconteceu no laboratório de química...

O que aconteceu lá foi o seguinte:  mais ou menos uma semana atrás teve uma explosão no laboratório de química, no mesmo período que eu, Thalia e Alex estudávamos juntos. Claro que a Sra. Gonzáles deu um jeito de culpar nós três pela explosão e pra completar, colocou Percy e Annabeth na berlinda como nossos cúmplices. Resultado: uma semana na detenção, sem direito de assistir as aulas do 1° período.

-Bom, eu ainda sinto muito pelo que aconteceu. -Alex me olhou com cara de cachorro caído do caminhão da mudança- Eu queria poder tirar você e a Thalia dessa encrenca, mas...
-Ah, me poupe, Alex! -Saí da frente dele e puxei Anna pra me acompanhar até a sala de detenção, seguida de Percy, Thalia e Alex. Eu estava um pouco longe da Thally, mas ainda pude ouvi-la conversando com Alex.
-Não esquenta não. Você pegou ela em um dia ruim. Ela tá preocupada com a prova de espanhol...
-E quem não está? -Alex sussurrou cheio de sarcasmo. Sinceramente, era superirritante saber que, no fundo, Alex tinha razão.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ok, finalmente postei!!!
Ufa, consegui...
Então, mereço reviews???
Próximo episódio (vai ser mais longo, eu prometo) vai mexer com os nervos (e a mente poluída) de vocês, meu leitores fofos!!!!
Kissies da Kitty
^^