Na Casa do Chapéu escrita por Yuna Aikawa, Nai-chan


Capítulo 8
Pode tirar o cavalinho da chuva, seu puxa-saco!




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                Recentemente tenho recebido mensagens de “admiradores secretos”. É incrível a falta de criatividade para elogios! “Ó, seus olhos são lindos, sua boca é maravilhosa”. Bem, podem ir tirando o cavalinho da chuva se acham que eu vou cair nesse papinho de puxa-saco!

                Alias, nada é mais gratificante do que chamar alguém de puxa-saco, não é mesmo? Talvez por ser um adjetivo composto, ai dá um ar mais intelectual para o xingador – talvez não. Ah, mas vamos explorar essa expressão mesmo assim, afinal, acho-a um dos mais divertidos e interessantes vícios de linguagem do mundo!

                Vamos para a surpresa do dia: a expressão é, originalmente, uma gíria militar! Os puxa-sacos eram os caras que carregavam os sacos de roupa dos oficiais em viagem, ou seja, tipo escravos mesmo. Como esses homens de baixa patente queriam subir na vida, eram bajuladores oficiais dos donos dos sacos.

                Não foi difícil associar puxa-saco com bajulador barato, não? A propósito, bajulador vem do latim bajulare, que quer dizer levar nos braços ou às costas. Logo, puxa-sacos e bajuladores têm tudo em comum: são carregadores e aduladores.

            Mas pode ir tirando o cavalinho da chuva se você acha que esses bajuladores baratos subiam mesmo de cargo. Até os cavalos valiam mais do que eles.

            Bem, como todos devem saber, no interior o meio de transporte mais usado é o cavalo. Além de não enguiçar, não parar por falta de combustível e nem precisar trocar as peças, o cavalo tem a super vantagem de deixar clara a intenção do visitante na chegada.

            “Como assim, Jô?”

            Se ele amarra o bicho na frente da casa, sinal de será uma visita curta, melhor até fazer um cafezinho básico para despachar logo. Agora, se levasse para um lugar protegido da chuva ou do sol, meu amor, o café vai precisar de pão, bolo, manteiga... Ah, melhor já fazer o jantar para a visita, porque o negócio iria demorar.

            Okay, acontecia algumas vezes que o anfitrião gostava da companhia da visita. Quando a pessoa largava seu cafezinho e se levantava para partir, o dono da casa dizia: “pode tirar o cavalo da chuva”, ou seja, “pode sentar a bunda nesse sofá que se depender de mim, você fica, lazarento!”

            Depois o sentido expandiu seus horizontes, significando desistir de um propósito qualquer – e para muitos, o cavalo ganhou um diminutivo irônico, o cavalinho. 


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