Na Casa do Chapéu escrita por Yuna Aikawa, Nai-chan


Capítulo 11
Uma cruz a sete chaves




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            Certo, agora é oficialmente a reta final da minha aposentadoria! Entrei até no INSS, então estamos entre a cruz e a caldeirinha aqui, meus amigos. Contar-lhe-ei um segredo que deve ser guardado a sete chaves: eu gosto muito de vocês.

            Assim como eu gosto de contar-lhes o que minhas expressões antiquadas significam! Você me acompanha em mais uma aula?

            Entre a Cruz e a Caldeirinha é uma expressão meio rara hoje em dia. Na verdade, faz realmente muitos anos que eu não a ouço.  Mas bem, a expressão significa estar num dilema, numa situação difícil, numa dúvida cruel. Também é conhecida como Entre a Cruz e a Espada.

            A expressão veio da Inquisição. O réu tinha direito a duas opções: converter-se ao catolicismo ou morrer – ah, era um julgamento justo. A cruz representa a conversão, a religião. Já a caldeirinha, bem...

            Era a caldeira de água fervente em que o réu era enfiado por livre e espontânea pressão quando escolhia ser rebelde e ficar com a segunda opção. Eu nunca achei essa explicação muito boa, na verdade... Tipo, por que “caldeirinha”, no diminutivo? A Inquisição só condenava anões por acaso?

            Não satisfeita, vamos para a segunda explicação da caldeirinha: representava a encomendação de um cadáver no caixão. Junto aos pés, o assistente do padre com a cruz erguida; junto à cabeça, o padre com a caldeirinha, que é o nome do recipiente para água benta.

            Nah, católico demais para mim, gosto mais da primeira explicação.

            E, é claro, o sexy, clássico e provocante: Sete Chaves. Guardar algo a sete chaves quer dizer que essa coisa está super dultra mega ultra master plaster plus protegida.

            Desde o Séc. XIII, em Portugal - claro, havia arcas de madeira com 4 fechaduras destinadas a guardar documentos, jóias, metais preciosos e outras riquezas nacionais. Cada chave ficava com um funcionário graduado, às vezes até com o rei. O cofre só se abria com a presença dos 4 – não!?

            O dito popular se preferiu a substituição do 4 pelo 7, por sua conotação cabalística, em mistério compatível com o segredo do bem guardado. Ou seja, pura viadagem dos numerólogos e místicos.

            Bem, vamos para a aula bônus, porque eu não posso me aposentar sem falar da minha expressão favorita: estar de ovo virado!

Imagine o sofrimento, a dor, a angustia de uma galinha ao por um ovo que não está com a parte pontuda virada na direção do... da saída natural. Cloaca? Acho que é isso. Bem, é uma coisa desagradável, não? Pois é... Estar de ovo virado, ou seja, ranzinza, mal humorado sem motivo, cretino, mocreio, mordendo todo mundo, atirando, veio daí, das galinhas!


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Notas finais do capítulo

Então, eu falo muito sério sobre me aposentar... O próximo capítulo é o último mesmo... A mamãe Joana aqui está cansada, velha demais...
Então, para vocês irem se acalmando, achei algumas expressões enquanto procurava uma imagem: http://laune.wordpress.com/2010/08/24/expressoes-populares/