Pouco tempo depois os lobos se aproximavam da minha casa. Desta vez não era só Jacob. Havia Sam, Paul, Jared, Leah e Seth, vindos para conversar. Eu não queria me afastar de Bella naquele momento, eu sabia não ser útil para ela, mas estar ao seu lado era o que fazia eu não enlouquecer. Vendo minha agitação Carlisle perguntou.

- O que há de errado?

- Os lobos vieram aqui para falar conosco. Repactuar as diferenças do nosso acordo. Agora os parâmetros são outros. – Eu disse irritado, sabendo os motivos através disso.

- Meu filho, as coisas acontecem da maneira que tem que acontecer. Não adianta você não aceitar isso, meu filho. Isso é algo que você não pode controlar.

Eu bufei, era melhor não responder nada ao meu pai.

Me aproximei do leito onde Bella se encontrava, depositei um beijo nos lábios inertes de meu anjo. E me virei em direção a porta, para conversar com os lobos.

Assim que chegamos a varanda Emmett e Jasper nos ladeando. Ninguém poderia dizer que não seria tenso aquele encontro.

- Rapazes. Como vão?- Disse meu pai em tom amigável.

- Bem obrigada. – Diz Sam, mas na verdade, querendo dispensar as formalidades. Ele detestava a aproximação conosco. Ele odiava ter que está perto da nossa vida, daquilo que ele considerava uma aberração. Como se fosse muito natural se transformar em lobisomens...

- Jacob já me passou todo ocorrido, não só a questão do impriting, mas também a concordância dele em abrir uma exceção a transformação de Bella Swan. Nós não iremos colocar nenhum tipo de empecilho também. Não há sentido. A escolha foi dela. Respeitaremos. Mas espero, que vocês não queiram transformar mais ninguém.

- Não há nenhuma intenção em transformar mais quem quer que seja, Sam. Nossa família está completa. – Eu disse tentado inutilmente fazer Sam entender que nós éramos uma família. E que Bella vinha para complementá-la. Para me tornar completo.

- Ok. Então não tomaremos mais o tempo de vocês. As regras anteriormente vigentes continuam valendo. Respeitaremos o espaço de vocês e vocês o nosso.

- Isso é exatamente o que queríamos. Nós respeitaremos esse acordo.

Quando foram embora, ficamos ali, pensando que se houvesse algum benefício nessa história do imprintig é que Reneesme estaria bem. Saudável. Ela seria protegida não só por nós mas por Jacob também, o que eu não podia deixar de ser um alívio e também algo extremamente difícil de lidar na minha cabeça. Como lidar com isso? Eu ainda não tinha resposta.

Voltamos a sala de estar onde Rose brincava com Reneesme. Linda, minha menina. Tão parecida com a mãe. Assim que me viu, minha menina esticou os braços em minha direção. A peguei nos meus braços. Quente, macia e corada. Tão parecida com a mãe e ainda tão parecido comigo mesmo. O que parecia fazer meu peito explodir de felicidade e orgulho. Existe algo mais divino do que se reconhecer em outra pessoa? Saber que aquele ser ali, tão perfeito e tão lindo e fruto do seu amor pela outra pessoa que você mais ama no mundo? Até mais – muito mais – do que a si próprio?

Eu olhava para Reneesme ali e mal acreditava que eu pudesse ser tão afortunado. Eu não sabia ao certo o que tinha feito para merecer hoje a felicidade imensa de ser pai, mas sim eu era. E mais uma vez eu me via desesperado para poder agradecer a mulher que me dera tanto. A Bella. Que estava lá em cima passando por uma mudança que ela pedira por tanto tempo. E eu lá no fundo apesar de tudo isso que passamos, ficava com medo de que ela pudesse se arrepender. Eu no fundo achava que Bella não podia ter a dimensão exata do que era se tornar como nós. Eu achava que ela não podia exatamente saber o que era a todo tempo lidar com todas as limitações do meu mundo. Do que era estar preso a uma vida tediosa e sem mudanças na qual tudo que ela reviveria. A rotina de estudante de ensino médio ano após ano e sendo somente assim é que poderíamos viver uma vida quase normal, quase humana.

Isso sem mencionar a absoluta, irrevogável e invencível luta contra a sede. Por mais que nós lutássemos contra ela ainda existia. E de maneira definitiva sempre existiria. Será que ela saberia lidar com essa faceta particularmente brutal do meu mundo. Sem falar nos primeiros anos da nova vida. Bella sendo alguém tão boa quanto ela. Como seria se ela escorregasse. A vida de uma luta integral contra sede. E todos os outros impulsos que eu não sabia nem nomear...

Saí de minhas distrações quando minha pequena se mexeu em meu colo para capturar minha atenção. E conseguiu. Tudo que eu podia pensar no momento era ela, minha princesa.

Reneesme revivia os últimos - e até então os únicos momentos que compartilhou com sua mãe. Eu estremeci com a lembrança brutal. Eu sempre sofreria com aquele momento, com aquela lembrança dolorosa. Ela queria ver a mãe. Queria estar com ela. Eu olhei para minha pequena com um sorriso no rosto. Ao observá-la pela primeira vez então notei as óbvias e significativas mudanças. Ele estava crescida, diferente. Seu desenvolvimento comparado com o que ela era quando nasceu era bem óbvio agora que eu prestava atenção. Eu estava tão em choque não reparara naquilo que era gritante a minha frente. O crescimento de Reneesme era incomumente rápido. Passara pouco mais do que 24 horas de seu nascimento e as mudanças eram claras. Como seria seu desenvolvimento?

- Carlisle. – Chamei meu pai a medida que eu ficava cada vez mais tenso. – Olhe ela. O que faremos?

Ele entendeu minha preocupação antes que eu dissesse qualquer outra coisa.

- Eu não sei meu filho... Notei as mudanças nela quando você ainda estava com Bella lá em cima. Teremos que pesquisar, mas tudo pelo momento o que podemos fazer é tentar ver o quanto o ela se desenvolve em qual medida de tempo. É só que podemos fazer.

Vi o rosto do meu pai se revestir em tensão, como poucas vezes. E ao pude pensar em como tudo na vida tinha de afetar exatamente as pessoas que eu amava.

Sentindo minha tensão, Jasper se aproximou dizendo em sua mente, que tudo daria certo e que não adiantaria de nenhum jeito tentar o controlar o que não tem controle. Isso só o deixará louco. Concluiu em pensamentos. Suas ondas de calma me encheram de uma paz momentânea, que eu não podia deixar de me sentir grato, eu tinha uma família muito melhor do que eu merecia.

Eu teria que acreditar no melhor e eu sabia que teria o apoio de todos. Eu podia ver de maneira tão determinante como todos ali estariam para me apoiar no que eu precisasse. Carlisle então que fora para a cozinha trouxe para Reneesme uma mamadeira com uma espécie de mingau para bebês.. Argh... Coisa nojenta.

- Então pequena o vovô trouxe uma coisa para você experimentar. Você precisa só tentar ok?

Eu vi Reneesme com os sentidos tão apurados como o de qualquer outro vampiro naquela sala, sentir o cheiro daquela gosma branca e torcer o narizinho... Eca!

Minha filha não quis beber aquilo. Eu meio que me diverti com a situação. Ela era tão linda. Deus, eu mimaria tanto minha filha...

- Edward, - meu pai me repreendeu. – Ela é meio humana precisa se alimentar como tal. Não podemos achar que ela não precisa de todas as substancias que uma criança da idade dela.

Eu vi que ele tinha razão. Mas não dava pra evitar.

- Ok pai, você tem razão. Mas vamos deixar isso para frente. No momento agora eu e minha menina iremos ver a mamãe.

Minha filha absolutamente consciente do assunto que tratávamos me olhou em sua cabeça ela fez a conexão. Ela sabia que falávamos de Bella. Ansiosamente ela se esticou para vir ao meu colo. Iríamos matar as saudades da mulher mais importantes de nossas vidas. Que em breve estará ao nosso lado pela eternidade.

Ao entrarmos na biblioteca onde Bella estava, Deitada como se tivesse dormindo na maca. Reneesme absorvia tudo que podia daquele lugar. Sua me memória tão vívida se lembrava com detalhes do momento em que ela veio a esse mundo. Ela se lembrava da primeira vez que me viu. Sorriu me encarando com os olhos grandes e marrons cópias tão exatas da minha Bella. Ela viu sua mãe. Na sua mente, ela não entendia o porque dela não esta ali conosco. Ela queria esta com aquela pessoa que de uma maneira muito clara ela amava e sentia falta dela.

- Baby, a mamãe não pode falar com você agora. Ela ainda não pode está com a gente. Mas em breve vamos estar juntos, eu você e a mamãe.

Me sentei no piano com minha menina no colo. Comecei a dedilhar uma nova canção, uma suave melodia composta pela minha alma. Era tão doce, havia tanta ternura naquela música, era um sentimento de paz que eu sentia. Mas só faltava uma única peça: Bella.

Eventualmente eu vi Jacob voltar para babar mas um pouco pelo meu bebê. Eu vi Rose se irritar com ele e vi os dois brigarem como duas crianças. Não acho que eu não podia me irritar mais com eles, mas também eu não conseguia evitar. Eles eram tão irritantes como duas crianças mimadas e briguentas. Em algum momento Reneesme ficou aos cuidados de Emmett o que me desesperou e divertiu ao mesmo tempo. Eu vi aquela criatura gigante se derreter todo com minha menina nos braços. Não podia deixar de ser engraçado. Vi Jasper mesmo mantendo a distancia dela também se apaixonar todo por ela. Ela era irresistível. Eu sabia disso e toda a família estava nas mãozinhas de Reneesme.

Agora ela esta no colo de Jacob. Eu provavelmente não conseguia entender o que se passava na minha mente quando eu via aquela cena. Um pensamento inapropriado e eu arrancaria a cabeça dele... Mas eu não tinha com o que me preocupar, não naquele momento de qualquer forma. Em seus pensamentos, Jacob ecoava os pensamentos de admiração e carinho de minha família. Eu não tinha nenhuma desculpa para cortar a cabeça dele... Que pena...

Alice então em algum momento subiu até a biblioteca me pedindo para acompanhá-la. Eu não queria sair dali, mas com Alice agente não tem nem chance de discutir.

"Só vai levar um minuto" Pensava ela enquanto me olhava com aquela carinha difícil de resistir.

Andamos rapidamente em direção ao rio. Eu não tava entendendo o porque de Alice me afastar de casa naquele momento. Eu logo sentir o cheiro de Esme vindo logo atrás. Paramos em frente a um chalé. Ele lembrava as casas dos contos fadas.

- O que é?

- Jura que você nem faz idéia? Prazer, Edward, isso é uma casa.

- Revelador, Alice, eu jamais poderia ter pensado nisso sozinho.

- Essa é sua casa, meu filho. Uma casa nova para você e sua família. Esse é um presente de casamento para você e para Bella. – Disse Esme.

- Vamos conhecê-la? Perguntou Alice.

- Bella vai pirar, quando souber que esse é o presente de vocês.

- Agente tentou fazer tudo de uma maneira mais 'Bella' possível. Eu espero que ela goste. – Disse minha mãe.

- Tenho certeza que ela vai adorar, eu adorei. Obrigada mãe, por tudo. Alias obrigada você também, Ali. Por tudo.

Ao entrarmos na casa, estávamos na sala de estar. O chão estava todo recoberto de um piso de pedras macio. O teto baixo tinha muita luz exposta; A lareira no cantinho me lembrava fogo piscando. Tinha madeira flutuante queimando nela – as chamas baixas estavam azuis e verdes do sal. Estava mobiliada com peças ecléticas, não uma delas combinando, mas igualmente harmoniosas. Uma cadeira parecia vagamente medieval, enquanto uma baixa poltrona perto do fogo era mais contemporânea, e a estocada estante de livros contra a janela mais longe me lembrou de filmes passados na Itália. Tinham alguns quadros na parede que eu reconheci – alguns dos meus favoritos da casa grande e alguns favoritos de Bella também. Os originais são impagáveis, sem dúvidas, mas eles pareciam pertencer aqui também, como todo o resto. Era linda.

Passamos em direção aos quartos. Um que ainda estava em reforma pois seria da minha filhinha. Não tivemos tempo para terminar. Pensou minha mãe envergonhada por não conseguir terminar o trabalho como ela gostaria. Sempre a mania de perfeição das mães...

- Aqui está o quarto seu e da Bella. Eu tentei trazer um pouco das suas memórias da ilha aqui para vocês. Eu imaginei que vocês quisessem se lembrar. – Eu apenas assenti, emocionado com o carinho da minha mãe comigo e com Bella.

A cama era enorme e branca, com nuvens de fios de teia de aranha flutuante que ia do dossel até o chão. O pálido chão de madeira pálido combinou com outra sala, e agora compreendi que era precisamente a cor de uma praia primitiva. As paredes eram quase-branco-azul brilhante de um dia ensolarado, e a parede traseira tinha grandes portas de vidro que se abriram em um pequeno jardim escondido. Trepadeira rosa e um pequeno lago redondo, lisa como um espelho e com pedras afiadas brilhantes. Um oceano muito pequeno, calmo para nós.

- E aqui vai meu presente. – Anunciou Alice, eufórica. Eu não previa o futuro mas eu já sabia o que estava vindo. Roupas para mim e para Bella. Disso eu não tinha certeza se Bella ia gostar. – Ah Edward por favor vai dizer que você não gosta quando eu visto Bella. Seja razoável.

Eu ri. Ser razoável. A última coisa que Alice era em se tratando de roupas era razoável. De qualquer forma eu achei melhor não discutir.

- Obrigado, minha querida. Mas não se trata do que eu gosto e sim do que Bella gosta de usar.

Alice ficou emburrada. – Bella não tem o menor senso do que é se vestir adequadamente.

Elas me mostraram alguns outros detalhes da casa. Que estava agradeci mais uma vez mas agora eu precisava voltar para a outra casa. E aguardar até que Bella estivesse conosco.

Poucas horas depois, eu ainda estava em vigília esperando a hora que finalmente essa transformação dela acabasse. Carlisle entrou no quarto preocupado com as constantes e irritantes brigas entre Rose e Jacob. Eu tinha nomeado Emmett a pessoa responsável por manter a paz na casa naquele sentido. Eu não agüentava mais pedir para que dois parassem de agir com idiotas. Para que Emmett aceitasse a "missão" eu tive que apostar com ele que nós – eu e Bella, não derribaríamos a casa construída por Esme, eu ainda tive que agüentar ele dizer que eu não daria conta de uma recém criada. Que Bella seria muita areia pro meu caminhão. Preferi não responder.

Carlisle pensou. Acho melhor você ir lá embaixo e intervir. Se não teremos uma terceira guerra mundial lá embaixo.

- Não, eu vou continuar aqui – Eu suspirei, respondendo ao pensamento. - Eles vão

entender.

- Uma situação interessante - Carlisle respondeu. - E eu pensei que já tinha visto de tudo.

- Eu vou ver isso depois. Nós vamos lidar com isso. – Eu apertei a mão de Bella, que saberia lidar melhor com a situação. Eu suspirei de novo a ansiedade estava me matando. - Eu não sei de qual lado ficar. Eu gostaria de bate em ambos. Bom, mais

tarde.

- Eu me pergunto o que Bella vai pensar - de qual lado ela vai ficar - Carlisle meditou.

Uma baixa, forte risada escapou de mim. - Eu tenho certeza que ela vai me surpreender. Ela sempre me surpreende.

Carlisle saiu de novo do quarto me dando privacidade. Algum tempo depois quem veio fazer-me companhia era Alice.

- Quanto tempo mais?

- Não vai demorar muito agora - Alice me disse. - Está vendo quão clara ela está ficando? Eu consigo vê-la bem melhor. - Ela suspirou.

Alice ainda estava irritada por não consegui ver os Lobos e principalmente Nessie, ( o apelido irritante de Jacob já tinha virado regra) - Ainda sentindo um pouco irritada?

- Sim, obrigada por me lembrar disso - ela resmungou. - Você ficaria mortificado também, se você percebesse o que está preso por sua própria natureza. Eu vejo melhor os vampiros, porque eu sou uma; eu vejo bem os humanos, porque eu fui uma. Mas eu não vejo esses estranhos mestiços porque eles não são nada que eu já tenha vivenciado. Bah!

- Foco, Alice.

- Certo. Bella é quase fácil de ver agora.

Então se concentrado, Alice viu aquilo que me fez suspirar de Alívio faltava pouco. Muito pouco. - Ela realmente vai ficar bem – eu disse silenciosamente quase não acreditando.

- Claro que vai.

- Você não estava tão otimista há dois dias atrás. – Eu impliquei.

- Eu não podia ver direito a dois dias atrás. Mas agora que ela está livre de pontos cegos, é muito fácil.

- Pode ser mais precisa pra mim? No relógio - me dê uma estimativa. – Eu implorei.

Alice suspirou. - Tão impaciente. Bom. Me dê um segundo –

Eu suspirei audivelmente. Ela pensou: Apenas mais 2 horas, pouco menos que isso. Fique tranqüilo.

- Obrigado, Alice. - A voz dele estava radiante.

- Ela vai ficar deslumbrante.

Eu grunhi. Existiu algum momento em que ela não fosse? Eu disconhecia. - Ela sempre foi.

Alice bufou. - Você sabe o que eu quis dizer. Olhe pra ela.

Eu não tinha feito nada além disso desde que eu a conheci.

Lá embaixo, Emmett estava assistindo um jogo de baseball. Os Marines estavam ganhando por duas corridas. Ele agora coordenava quem seguraria Nessie no colo.

- É minha vez - Eu ouvi Rosalie resmungar pra Jacob que bufou em resposta.

- Hei, vocês - Emmett chamou a atenção.

Rose silvou.

Então dentro do prazo dito por Alice o coração de Bella já rápido acelerou impossivelmente. Era agora.

- Carlisle. – Eu chamei. Que entrou no quanto com Alice ao lado. – Escute.

- Ah - Carlisle disse. - Está quase acabando

- Logo - Alice concordou rapidamente. - Eu vou chamar os outros. Eu deveria falar com a Rosalie...?

- Sim - mantenha o bebê longe. – Eu disse enquanto notava seus dedos se mexerem nervosamente.

- Bella? Bella, amor?

Eu queria que ela respondesse. Gritasse ou movimentasse de novo as mãos. Mas nada.

- Eu vou subir com eles - Alice disse, uma urgência em seu tom.

Então o coração de Bella mais rápido ficou e mais rápido. E enfaticamente bateu uma ultima vez, deixando saber que havia terminado.

Não havia som. Nem respiração. Por um momento, tudo que eu pude perceber era ela que eu encarava maravilhado.