Os garotos foram muito legais, Henri, o garoto que me derrubou, até me ensinou a andar de skate (sim isso foi às 5 da manhã). Quando eu cheguei em casa, minha mãe quase me matou, mas eu estava tão feliz e cansada, que nem dei bola pra ela e fui dormir. Eu acordei às 2 da tarde, mal deu tempo de respirar e eu já tive que sair para o bar (domingo é dia de bingo e eu que me fodo arrumando tudo), além do que eu ia receber. Quando eu cheguei ao bar a Jess já estava lá e o clima estava muito estranho.

A: O que está acontecendo?

D: Ah que bom que você chegou, aqui está o seu pagamento do mês e um adiantamento.

A: Ã?! Por que um adiantamento?

D: Você está despedida

A: Como assim?

J: Se serve de consolo, eu estou na mesma situação que você.

D: Bom, digamos que eu esteja falindo e eu não estou mais conseguindo sustentar tantas garçonetes.

A: Mas nós estamos aqui a um mês!

D: Por isso eu estou despedindo vocês, são as menos experientes, menores de idade e as que mais dão problema.

A: Eu entendo por mim, mas a Jess ta sempre na hora e faz tudo por essa espelunca.

J: Deixa quieto An.

A: Não, a gente vem se ferrando aqui para nada. Ah quer saber que se foda.

D: Eu sinto muito.

A: Nem te falo o que você faz com o seu sentimento – eu sai do bar muito irritada, aquele desgraçado não podia fazer aquilo, sem contar que eu não tinha todo o dinheiro do show.

A Jess veio atrás de mim preocupada porque eu tenho Cefaléia, ainda bem que ela me acalmou porque eu estava tendo um ataque. Eu tive que ir para o hospital e fiquei lá um longo e interminável dia. A única coisa boa foi que minha mãe nem me encheu por causa do emprego.

Quando eu já estava melhor, eu contei para ela do resultado do concurso. Ela ficou muito feliz e saiu gritando para meu pai, que estava tocando bateria, a nova noticia. Como forma de me “animar” ainda mais ele disse que eu só ia tocar se o show fosse aqui (da para ver que eu não tenho nenhum momento de total felicidade), pelo menos ele me deu uma graninha, que era bem pouca mesmo, mais todo dinheiro era bem vindo, falando em dinheiro, eu tive que voltar ao “plano inicial” de juntar latas ¬¬’.

A semana estava uma droga pra variar, até que na sexta-feira (ultimo dia de aula antes das férias), meu celular tocou no meio da aula de história, o professor nem é chato, mas o diretor estava dando um recado nesse momento e, além disso, é mais que proibido celular na escola, resultado: fui suspensa. Eu fiquei feliz por sair da aula, mas depois eu lembrei que meus pais iam ter que assinar a suspensão e eu já estava até imaginando que meu pai ia querer suspender até meu oxigênio. Eu peguei o celular puta da vida e liguei para o ser que acabara de fazer eu me fude feio.

A: Alô, quem ta falando? Ah nem me importo, o que você queria?

H: Calma! Eu liguei para perguntar se você quer sair mais tarde.

A: E porque eu sairia, você acabou de me fazer ser suspensa.

H: Foi mal, mas você é que deixou o celular ligado.

A: Você vai ficar tirando com a minha cara? E você não respondeu QUEM TA FALANDO

H: Não quero te zuar mas foi você que disse que não interessava quem era, a propósito sou eu, o Henri – não sei porque mas eu gelei nesse momento (claro que não foi de medo) – você ainda está ai?

A: É... eu...estou. – acho que minha vergonha estava na cara – Ah desculpa por gritar com você.

H: Tudo bem.

A: Você deve querer uma explicação né.

H: Você pode explicar hoje à noite, você vai?

A: Ok. Mas em que lugar e que horas?

H: Ás 7, no shopping. Ah fala para a Jess que o Lucas a chamou para ir junto.

A: Tah, eu falo para ela. Tchau até mais tarde

H: Tchau.

Eu mal desliguei o celular e a Jess apareceu me interrogando

J: Com quem você estava falando?

A: Ai, você me assustou... eu liguei para o ser que me ligou na aula.

J: Ah é e quem era?

A: Era o Henri.

H: E o que ele queria?

A: Me chamar para sair – ela fez uma cara tipo “alguém ta apaixonada” – ei que cara é essa?

J: Você ta gostando dele né.

A: Nada a vê, eu o conheço a menos de uma semana.

J: Sei e aonde vocês vão?

A: Vocês não, nós.

J: Como assim?

A: O Lucas te chamou para ir junto – ela fez uma expressão de felicidade – ficou toda alegrinha né – ela concordou com a cabeça, mas discordou com as palavras.

J: Eu não sei do que você está falando.

A: Ta legal... mas você vai?

J: Obvio.

A: Então ta, eu passo na sua casa às 18h30min, agora eu tenho que ir, é o ultimo dia de aula e eu vou ter q cumprir suspensão, ninguém merece.

J: Boa sorte então, espera como você vai hoje?

A: Eu só vou falar para minha mãe da suspensão amanhã. Tchau

J: Você só se mete em encrencas... Tchau.

Eu cheguei em casa e não tinha ninguém lá, a única coisa que eu encontrei foi um bilhete dizendo “Fomos para uma reunião, aqui tem dinheiro para uma pizza, beijos, mãe e pai”. Como eu sabia que eles iam demorar, eu tomei banho, peguei o dinheiro e sai para a casa da Jess. Nós chegamos ao shopping quase 19h e ficamos andando até encontrarmos os garotos.

L: Oi garotas.

J: Oi

A: Oi para vocês

H: E ai, prontos para jogarem?

A: E o que a gente vai jogar?

L: Boliche.

J: To ferrada.

A: Somos duas

H: Não se preocupe, eu jogo com você e nós vamos ganhar.

L: Quero só ver

Nós jogamos por uma hora e eu e o Henri acabamos perdendo, mas tudo bem porque eu nem estava prestando muita atenção no jogo.

H: Bom jogo né

A: Hum... Ah é, ótimo – eu estava desligada do mundo – hei cadê a Jess e o Lucas?

H: Eles foram comprar sorvete, você não viu?

A: Não eu estava distraída... olha os dois aí – eu não fiquei muito feliz, não sei porque.

J: An, você quer?

A: Não, obrigada, hei vem no banheiro comigo?

J: Mas eu to comendo

A: Cala a boca e vem logo – nós só nos afastamos dos garotos

J: Hei, aqui não é o banheiro!

A: Sério?! Eu quero te falar uma coisa

J: O que?

A: Eu acho que estou apaixonada.