O Destino de Cada Coração Iii escrita por By Mandora


Capítulo 5
O Sentimento De Meu Pai




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Setsuna abriu lentamente os olhos. Sesshoumaru parecia dormir. Com a cabeça recostada no peito dele, ela podia escutar as batidas de seu coração. “Da primeira vez que te vi, teu coração não batia, pois estavas lacrado pelas flechas de Kagome...”. Ela afastou-se um pouco, cuidadosamente, para não acordá-lo e ficou observando as estrelas.

– Vai sair novamente? – Ele abriu os olhos.

– Não... Só não queria perturbar teu sono...

– Eu não estava dormindo.

Setsuna aproximou seu rosto do dele, fazendo-o corar.

– Não tens sono, meu senhor?

Sesshoumaru desviou o olhar e sorriu discretamente.

– Por que continua me tratando com tanta formalidade, Setsuna?

– Foi assim que fui criada. – Sorriu também. – Era assim que minha mãe tratava meu pai...
Ele sentiu um arrepio percorrer-lhe a espinha, pois ao dizer aquelas palavras, ela aproximou ainda mais seu corpo do dele. Seus lábios agora estavam a poucos centímetros de distância. Lábios que ele tanto desejava provar novamente. Tanto que mal se deu conta quando começou a acariciá-los com seus dedos. O poder que aquela jovem exercia sobre ele era arrasador. Nunca se sentira tão perdido e confuso. “Estou perdendo o controle de mim mesmo...”. Resolveu mudar de assunto.

– Você não me disse aonde foi, mas eu sei que esteve com aquele fedelho...

– Inu-Yasha? Estais com ciúmes de teu próprio irmão?

– Não seja ridícula...

Tentou disfarçar o sentimento que estava corroendo sua alma, virando o rosto. A afastou um pouco de si e se levantou, sem conseguir olhar nos olhos dela. Ela também se levantou e colocou sua mão sobre o ombro dele e, aproximando-se um pouco mais, afastou-lhe os longos cabelos prateados das costas e sussurrou em sua nuca.

– Sesshoumaru...

Aquele gesto fez o sangue dele ferver. Seu corpo brilhou por um instante, como se pulsasse, e seus olhos tornaram-se vermelhos. Ele virou-se e a empurrou contra aquela árvore e, com seu punho cerrado, esmurrou o tronco, fazendo com que algumas folhas caíssem sobre ambos. Apesar da reação dele, ela se mostrava calma, como se ele apenas tivesse estalado os dedos.

– Que droga, Setsuna! – O doce e calmo olhar dela era desconcertante. Ele desviou o olhar para o chão e tentou recuperar um pouco o fôlego. – Não brinque assim comigo... Não sabe como posso ser perigoso quando perco o controle...

Ela segurou o queixo dele e o trouxe para perto de seu rosto, sussurrando em seus lábios.

– Sei que o que realmente desejas não é me ferir...

Ele rendeu-se aos seus instintos e beijou-a apaixonadamente. Ambos se perderam naquele beijo, não se sabe por quanto tempo. Só cessaram aquele beijo para recobrar o fôlego e iniciar outro ainda mais intenso. Ele se perdia cada vez mais naqueles lábios. Mas apesar de seu desejo, algo dentro de seu coração de youkai o martirizava. Ele que tanto havia menosprezado seu irmão Inu-Yasha pelo seu lado humano. Que havia maldito seu pai, pois ele acabara sendo morto pela paixão que o cegou. Ele, o príncipe das trevas, que tantos humanos exterminou sem ter qualquer compaixão, agora estava ali, aos pés de uma humana. Mas alguma coisa também o fazia duvidar de que ela realmente fosse humana, talvez por isso, ela o atraísse tanto. Não, não era isso, estava enganando a si mesmo. Lembrou-se das palavras de Naraku. “...Se você não conseguiu percebe-los, então é porque a paixão o cegou! Que pena... Você parecia tão forte e olhe só para você agora... Cego de amores por uma humana...”. Interrompeu o beijo e se afastou, dando alguns passos para trás. “Eu não sou um fraco!”. Mas não podia negar o sentimento dentro de seu coração. Ela o olhou confusa, mas compreendia o que se passava com ele.

– O que...

– Quieta... – Sentou-se na grama, olhando para o chão.

Setsuna sentou-se diante dele e acabou colocando a mão sobre a perna dele.

– Eu sou humana, sim... E não és um fraco por me amar...

Sesshoumaru a encarou e afastou a mão dela de seu corpo.

– Não quero que leia meus pensamentos. E eu não amo você...

Ela sorriu e retirou a fita que prendia seus longos cabelos. Ele a ficou observando curiosamente, enquanto ela arrumava aquelas ruivas madeixas.

– O que está fazendo?

– Sei que preferes meu cabelo solto, mas também sei que me deste esta fita para combinar com meus olhos.

– Às vezes penso que você é uma bruxa ou coisa do gênero. Hoje mais cedo, Rin a chamou de deusa...

– Mas nenhum dos dois está certo...

– Eu não tenho mais certeza de nada...

– Então me permita guiar-te pelas minhas certezas... – Ela tentou aproximar-se dele para beijá-lo, mas ele recuou a cabeça.

– Foi alguém como eu que planejou a sua morte e a de sua família... Poderia lidar com essa idéia?

Setsuna parou e respirou profundamente.

– Tal idéia nunca passou pela minha cabeça. – Colocou a fita de cabelo na mão dele. – Não és um fraco por me amar, mas és um covarde por fugir... – Levantou-se e começou a caminhar na direção do acampamento. Seu caminho acabou sendo interrompido por Sesshoumaru, que se colocou na frente dela rapidamente. – És cheio de truques, meu senhor...

Ele ergueu sua mão e mostrou a fita. O vento soprava e balançava não só aquela delicada fita azul, mas como também os cabelos de ambos. O silêncio entre eles parecia eterno, até Sesshoumaru quebrá-lo.

– Tem razão de me chamar de covarde porque estive fugindo de você. Mas não vou fugir mais.

Sua cauda, que normalmente ficava enrolada em seu ombro direito, desenrolou-se e envolveu Setsuna pela cintura, puxando-a contra o corpo dele. Ele afagou-lhe o rosto, ainda com a fita em sua mão e a beijou. Mas apesar do desejo, dessa vez não havia tanto desespero. Havia certeza. Para falar a verdade, a única certeza de que ele tinha era a de tê-la para si.

Por mais que não admitisse, ele queria estar com ela. Não só aquela noite, mas todas as noites enquanto vivesse. Enquanto se amavam, ele começou a compreender o sentimento que seu pai tanto defendera enquanto vivo e que acabou por lhe custar a vida. E valia a pena morrer por ele. Ele a envolveu com sua cauda para protegê-la do frio da noite. Acabaram adormecendo assim, nos braços um do outro.

Quando o sol começou a sair Sesshoumaru acordou e, a princípio, assustou-se ao perceber que Setsuna não estava mais consigo. Mas logo se acalmou ao vê-la de pé, já vestida, segurando aquela fita azul e olhando na direção do acampamento. Ela percebeu quando ele se levantou e vestiu-se, mas não se virou. Ele caminhou até ela e parou ao seu lado, observando a mesma direção que ela.

– Também podes sentir? – Perguntou ela, com uma certa preocupação em sua voz.

– Sim... – Olhou para ela. – E também sinto o cheiro do sangue de Rin...

Setsuna nada disse, apenas acenou com a cabeça e seguiu caminhando. Ela baixou um pouco o rosto, mas não antes que ele percebesse a lágrima que ela deixara cair.


-x- Continua no próximo cap -x-


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