Warning escrita por leth


Capítulo 3
Capítulo 3 Anos depois. Reencontrando Markus.




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Haviam se passado cinco anos desde aquele dia. Susan estava com planos de voltar para a cidade onde morava anos anteriores. Dimas iria ficar com os avós. Ela iria para lá para fazer alguns estágios em jornais e revistas. Assim que chegou á Nova York, foi tomar um café na sua cafeteria favorita. Nossa, como tinha sentido falta disso.

Avistou de longe cabelos avermelhados. Se aproximou aos poucos, e teve certeza de quem era.

— Oi. – ela disse, cutucando o rapaz de cabelos avermelhados.

— Susan? – ele perguntou, perplexo. - Oi. – ele disse, e a abraçou calorosamente. – Nossa, quanto tempo... como você está?

— Eu to bem, Markus. Agora eu to bem... e você? Como vai? – ela disse, tentando forçar um sorriso.

— Eu to ótimo... – ele dizia , tentando conter a felicidade em ver Susan novamente. – Você me abandonou. – ele disse, dessa vez seu rosto feliz tinha se tornado uma face amargurada.

— Eu... não te abandonei, Markus. Eu estava meio... depressiva. Sinto muito. – ela dizia, tentando se redimir.

— Eu te mandei duzentas e cinqüenta cartas, Susan. Foram uns quinhentos e-mails, fora as ligações que você não atendia, as mensagens que você não respondia. – ele dizia, baixo, porém nervoso.

— Eu sinto muito mesmo Markus, me deixe explicar. Eu iria te mandar uma carta... eu juro. Mas eu não consegui, Markus, eu estava muito confusa. Será que podemos conversar sobre isso... civilizadamente?

— Eu estou sendo civilizado. Eu só não consigo entender o porque de você ter feito isso comigo, sabe... foram cinco anos correndo atrás de você, preocupado. Eu não sei como eu não peguei um avião para China para ir te encontrar.

— E porque não fez isso? – Susan perguntou

— Porque você estava me evitando, isso estava bem nítido.

— Será que poderíamos sentar e conversar? Prometo tentar te explicar tudo. – Susan sugeria.

  Eu não tenho o dia todo, espero que você seja breve. – Ele dizia, arrogante.

  Ok... eu serei. – Ela dizia, enquanto se sentava na mesinha ali perto.

 

Susan contou á Markus tudo que lhe ocorreu desde o dia em que foi levar á carta ao correio. Disse que depois que aquele homem apareceu, ela não sabe o que aconteceu, mas jogou a carta no lixo e foi para casa. Nunca mais teve coragem de escrever cartas para Markus. Não queria mais fazer nada a não ser dormir. Estava se sentindo acabada, triste, derrotada. E explicou que por mais que ela quisesse muito ele lá com ela, ela simplesmente não conseguia. Ela não queria se aproximar ainda mais dele pois tinha medo de algo acontecer com ele e ela perder ele também. Ela não suportaria isso. E sua vida na China foi sendo levada assim. Ela ia pra escola, não falava com ninguém e não tinha amigos. A única pessoa com quem ela conversava era uma outra estrangeira da escola que também era meio “excluída e deprimida” mas elas nunca criaram um elo de amizade muito forte. E depois da escola ia para casa e passava o dia todo fazendo os deveres, estudando ou lendo um livro. Mas a cada milésimo de segundo que passava, ela sentia um forte impulso de ligar para ele, ou mandar um e-mail, uma carta... mas não conseguia. Ela simplesmente se sentia impossibilitada.

—... Sinto muito. Acho que você não vai me entender, mais pelo menos eu tentei... – Encerrava Susan

— Eu... bem... sei que foi difícil pra você, porém você poderia ter contado comigo. Eu estaria lá num piscar de olhos se você quisesse. Você sabia disso... – respondeu Markus. – Você sabe disso. – Completou, baixinho.

— Sinto muito, de verdade. E eu espero que você acredite... – Susan dizia, meio cabisbaixa.  – Mas eu estou tão feliz em ver você... você está tão alto... e forte. – Susan não percebeu o que disse, até ver o  sorrisinho de canto de Markus. Aquele sorrisinho que indicava que alguém estava flertando com ele ou ele com alguém, e corou. – Digo... você cresceu. – tentou arrumar, mas já era meio tarde.

— Susan, eu preciso ir... eu estou trabalhando na Feers... sabe, aquela loja de discos que você adorava?

— Sim, como esquecer... nossa, que legal... posso ir com você? – Susan dizia, entusiasmada até demais.

— Claro, seria bem legal.

 

Os dois saíram da cafeteria e foram caminhando lado a lado até a Feers. Susan podia notar certas diferenças em Markus. Ele já tinha vinte anos... não era de se esperar que já estivesse com um rosto e idéias maduras. É. Ela teria que se acostumar com aquilo. Mas era diferente... infelizmente, ela não teve vontade de participar dessa evolução de Markus ao decorrer dos anos, o que fez com que eles ficassem distantes.

 

 

 

 

Chegaram à Feers, e Susan ficou passando as mãos por alguns CDs. Sentiu saudades. E como. Ficou um bom tempo olhando Markus trabalhar... Depois foi conversar com ele.

 

— Você me perdoa? De verdade? – Susan perguntou, tentando se redimir, mais uma vez. A culpa dentro de si a corroia.

— Olha Susan... – Markus começava a falar, enquanto enfileirava alguns CDs nas prateleiras que ficavam na parte de trás da loja – É bem difícil... Sabe, eu era apaixonado por você. Queria lhe dar o mundo, as estrelas. E você me abandonou, não só quando mudou de país, mas quando não me respondia, quando ficava fechada no seu próprio “mundinho”... Sinto muito, Susan, mas não dá para te perdoar assim, facilmente. – Markus falou e depois, finalmente parou para respirar. Ao fitar o rosto de Susan, não pode deixar de sentir certa pena. – Mas eu prometo pensar. – Ele disse, por fim.

Susan tentou sorrir, mas não conseguiu. Apenas engoliu em seco as lágrimas e saiu da loja. Começou a caminhar pelas ruas, até que, depois de andar muito, chegou numa rua onde não tinha ninguém. “Estranho”, pensou. Mas continuou a caminhar. As folhas secas voavam enquanto o vento ecoava. Susan começou a ouvir murmúrios, e se virou para ver o que era. Nada. Mas ao virar novamente, viu um homem parado, á sua frente, a olhando como se ela fosse a coisa mais linda do mundo. Era ele. Ela sabia quem era.

— Espere, eu te conheço... Quero dizer, já te vi antes! – Susan dizia, apontando para o rapaz.

— Sim. Eu estava no funeral... De seu pai. – o homem respondia. Mas ao contrário do que estava aquele dia. Ele estava elegante. Seus olhos continuavam aqueles negros intensos e brilhantes, mas seu sorriso era mais jovial e sua pele estava mais morena. Seus cabelos caiam por sob os olhos, e sua voz dava calafrios.

— E por acaso você era um conhecido do meu pai? – Susan perguntou, amedrontada. Não queria deixar transparecer seu medo, mas estava suando frio.

— Não. Sou seu conhecido. – A voz rouca e perturbada tornou a dizer.

— Como assim, meu conhecido? Desculpe... Não te conheço senhor. – Susan dizia, agora seu coração estava mais acelerado e parecia que a qualquer momento ela desmaiaria.

  Sinto muito, não quis lhe confundir. Você não me conhece, mas eu te conheço. E lhe trouxe uma mensagem... Sinto muito novamente, mas não posso demorar-me e tenho muitas coisas importantes para lhe falar, portanto, só vou te dar um aviso hoje. Cuidado! Mantenha os olhos abertos, nem todo mundo é o que parece ser. Não deixe que ela volte, Susan. Não deixe!

 

O rapaz misterioso disse isso, e uma fumaça ecoou por ali. Susan fechou os olhos para que as poeiras não lhe irritassem, e quando tornou a abri-los, o rapaz já não estava mais lá.

 


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