A tarde demorou a chegar! Fiquei assistindo tv para passar o tempo, o que não adiantou muito!

-TOM! –eu gritei quando ele chegou.

-E aí Bill? –ele me disse.

-Onde você foi? Sabia que demorou muito? –me levantei do sofá e o encarei.

-Hum... –ele disse, se virando e subindo a escada.

-Eu estou pronto! –falei antes que me arrependesse.

-Pronto pra que? –ele parou de subir e me olhou.

 -Para ter a aula! –levantei uma sobrancelha. –Você esqueceu?

-Não, é claro que eu não esqueci! Só não pensei que você se lembraria disso! –ele continuou a subir, sem olhar para trás.

-Mas eu me lembrei! –comecei a subir atrás dele. –E você vai me ensinar, não vai?

-O que eu ganho com isso?

-Hãm... –pensei em algo que poderia fazê-lo querer me ajudar, mas se tratando do Tom, tudo é difícil! –Aff Tom! É um favor! Eu só estou aqui porque aquela garota deve gostar de mim e eu posso perdê-la, sabia?

 -E o que eu tenho a ver com isso? –ele entrou no quarto dele.

-Você podia me ajudar! –fiz biquinho. –Por favor!

-Tá! –ele me empurrou na cama dele e eu cai sentado. Depois ele fechou aporta do quarto, como se o que estivéssemos fazendo fosse errado.

-Como eu já te disse, existem 10 lições que todos os garotos têm que saber para conquistar uma gatinha! Até ai você sacou? –ele me olhou. Sinceramente, eu até não podia entender muito sobre como conquistar uma garota, mas eu não sou trouxa!

-OK! –eu respondi.

-Então essa é a lição um! –ele sorriu.

-Hãm? –eu perguntei. –Só isso?

 -Não, né demente! –ele me deu um peteleco na testa.

-Ai Tom! –eu disse esfregando a testa com a palma da mão.

Ele se levantou e foi até o banheiro.

-Isso não é hora dele evacuar! –falei para mim mesmo.

-Disse alguma coisa? –ele voltou com um espelho na mão.

-Não! Eu não disse nada! –sorriu falsamente, para disfarçar.

-Bom... Isso daqui é um espelho.

-Jura? –eu o interrompi.

-Dá para parar com as gracinhas? –ele me olhou sério.

-Desculpa... –abaixei a cabeça.

-Continuando... A lição número um diz a respeito de auto-estima! Se você tem a sua auto-estima baixa, nenhuma garota gosta de você! Entendeu?

 -Sim, mas eu não sei onde o espelho entra nisso!

-Ele entra na hora de você melhorar sua auto-estima! –ele me entregou o espelho. –Diga a ele que você é bonito!

-A ele quem? –eu olhei em volta pra ver se tinha alguma pessoa aqui além de nós dois.

-Para o espelho Bill! Pelo amor de Deus, acorda! –ele chacoalhou o objeto que estava em minhas mãos.

-Eu sou bonito? –eu não sabia como fazer isso dar certo!

-Não é uma pergunta! Você tem que afirmar! Sai, deixa que eu faço! –ele me empurrou e tomou o espelho da minha mão. –Eu sou lindo, fabuloso, gostoso, tudo de bom, sem igual, um príncipe encantado, um colírio para os olhos, um...

-TÁ BOM TOM! –eu gritei. –Pelo amor de Deus! Era só para você me ensinar, e não para você se exibir para o espelho! –tomei o objeto das mãos dele.

-Pessoas sem auto-estima são assim mesmo! IN-VE-JO-SAS! –ele me disse.

-Invejar o que eu de você? Dai-me uma razão para viver Tom! Eu não queria ter nada do que você tem! –mostrei a língua para ele.

-Invejoso! –ele repetiu.

-Metido! –eu retruquei.

-Metido NÃO! Apenas realista! –ele disse sorrindo. Se o sorriso dele não fosse tão bonito, eu juro que eu já tinha mandado a mão na cara dele!

-Aff... –olhei para o espelho que refletia a minha imagem. –Eu sou bonito! –eu disse e esperei a reação do espelho. Preparei-me para caso ele quebrasse ou algo do tipo.

-Eu sei. Eu sei! Esse espelho é bom! Suportou a sua feiúra! –O Tom riu da minha cara.

-Se ele suporta a sua todo dia, a das outros é fichinha! –eu disse e ele parou de rir.

-O que? –ele me fuzilou com os olhos.

-Isso mesmo que você ouviu! –eu não ia dar para traz! A lição não era sobre auto estima? Então! A minha tinha que estar acima da dele!

-Você é ridículo! –ele me tomou o espelho.

-Você é mais! –respondi de novo. Normalmente eu não sou de responder, mas ver ele se achando já estava me enchendo à paciência.

-Então não venha mais me pedir para te ajudar! –ele cruzou os braços sob o peito.

-Quem disse que eu pedi a sua ajuda? Você é que é oferecido! –mostrei a língua pra ele.

-Bobo! –ele me mostrou a língua também!

-Idiota! –eu respondi.

Ficamos em silêncio por um tempo, cada uma me um canto do quarto. Ele, sentado na cadeira do computador e eu sentado na cama dele. Ai o Tom quebrou nosso silêncio com uma de suas risadas forçadas.

-Que isso Tom? Embestou de vez? –eu perguntei.

-Você passou no teste! –ele me olhou. –A sua auto-estima esta excelente! O teste era para ver se você conseguia manter a sua palavra sem dar para trás! E você conseguiu! Se a Sara quiser discutir com você... –ele fez um sinal negativo com a cabeça, - Ela vai perder feio!

Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo aqui!

Primeiro nós brigamos e depois ele diz que foi só um teste?

-E aí? Como se sente? –ele se levantou e colocou o braço entorno do meu pescoço.

 -Bem... Eu acho! Sinto-me como você! –respondi sorrindo.

-Então você esta com a melhor sensação do mundo! –modesto ele, heim?

-OK, Tom! Agora eu estou pronto para a próxima lição! –levantei da cama.

-Pra que a presa? –ele se jogou na cama - Por um acaso a sua Sara vai fugir? –ele riu da própria piada.

-Não Tom, ela não vai fugir! –respondi saindo do quarto dele.

Se eu ficasse ali mais 5 minutos, juro que eu tinha acertado aquele espelho nele!