Amor Cigano Cap 6

A festa se arrastava noite adentro. Aceitei uma caneca de vinho que Esme me oferecia. Sentia-me leve e feliz. Edward também estava mais solto, rindo e conversando animado com os convidados. E quando ele olhava para mim, era com tanto amor que eu precisava fazer um grande esforço para não me atirar nos braços dele. Ainda não tinha pensado sobre essa nossa paixão tão avassaladora. Era como se o amasse a muito tempo. Alice uma vez me dissera que quando a gente encontra a nossa alma gêmea, o coração é o primeiro a reconhecer. Ela tinha razão. Meu coração bateu mais forte no primeiro instante que coloquei os olhos em Edward. E o mesmo acontecera com ele. Era romântico imaginar que nossas almas se pertenciam e que se reencontraram.

Estava tomando um gole de vinho e quase engasguei quando vi Tânia se pendurando no braço de Edward toda derretida para ele. Arfei indignada, mas, vi Edward retirar calmamente a mão dela do seu braço e falar com ela com expressão séria no rosto. Ela falava exaltada com ele e virou a cabeça em minha direção, me olhando com ódio. Ficou evidente que ela discutia com ele. Fiquei tensa. Ela saiu enfurecida e ele olhou preocupado para mim, o corpo expressando a tensão por causa da discussão.

Sinalizei que estava indo dormir e fui para a carroça da Esme.

Quando estava quase chegando ouvi a sua voz me chamando.

- Bella, espere, por favor. Quero falar com você. – disse a voz ainda tensa.

Virei-me e fiquei esperando ele começar a falar.

- Eu tive um relacionamento com a Tânia, a um tempo atrás Bella. Mas, já acabou. Desde antes de você chegar tinha acabado. Eu nunca a enganei. Ela sempre soube que eu não a amava e que não queria compromisso. Mas, agora ela age como quem tem direito sobre mim ou de me fazer cobrança. A discussão que presenciou foi porque esclareci que ela não tem. Disse que ela sempre poderia me procurar como amigo, mas, que não me procurasse como homem. Eu não disse nada sobre você, conforme é o seu desejo, mas, ela de alguma forma, adivinhou. Ela não fará nada contra você, mas, se ela te perturbar, quero que você fale para mim. Está bem? – perguntou para mim.

- Você não precisa justificar os seus antigos relacionamentos para mim. Só me prometa manter distância desse tipo de mulher de hoje em diante. Porque a próxima vez que eu ver uma mulher pendurada em você, cigana ou não, eu vou dar uma surra nela. Fui suficientemente clara? – perguntei fingindo estar brava e ele caiu na gargalhada.

- Você é surpreendente, Bella. – disse me abraçando e puxei-o para dento da carroça beijando-o com paixão.

O beijo foi possessivo. Ele era meu e ia mostrar isso para ele. Aconcheguei-me em seus braços e mordi levemente o seu lábio inferior fazendo-o gemer. As mãos dele me pressionaram contra o seu corpo e os seus lábios abandonaram os meus para descerem pelo meu pescoço numa caricia muito intima. Eu ofegava fortemente.

- Edward – chamei arfando

- Hum? – respondeu com voz rouca

- O que está fazendo? – perguntei lânguida.

Ele encostou a testa dele na minha e suspirou

- Neste exato momento, um esforço sobre-humano para não fazer amor com você antes do tempo. – ele confessou

Fiquei arrepiada com a idéia. Agradava-me muito, mas, eu queria esperar o casamento, então, era melhor eu colaborar.

- Esme pode chegar a qualquer momento – disse me afastando

- Tudo bem... Tenho que voltar para a festa e ficar mais um pouco. – disse e beijou de leve os meus lábios. – Até amanhã, meu amor. – disse baixinho

- Até amanhã, Edward.

Quando ele saiu tirei a roupa e fui deitar pisando em nuvens. Quando dormi, tive um sono tranqüilo sem sonhos ou pesadelos como a muito tempo eu não tinha.

Na manhã seguinte acordei toda falando e Esme ria da minha empolgação.

Tínhamos que ir a cidade comprar provisões e alimentos tínhamos mais dois dias e duas noites de festas. Fomos em 10 mulheres e dois homens. O vilarejo não era tão pequeno assim e fizemos boas compras. Estávamos voltando para a caravana quando ouvi uma voz masculina chamando pelo meu nome.

- Bella... É você mesmo? – o dono da voz era um jovem rapaz loiro de olhos azuis e vestia-se como um nobre. Ele olhava para a minha figura vestida de cigana, incrédulo.

- Meu Deus!...Bella!- ele caindo em si. O rapaz veio em minha direção e me abraçou.

- Me solte! Quem é você? – disse assustada e ele me soltou quando os ciganos se aproximaram olhando ameaçadoramente.

- Eu sou Mike. O seu noivo. – disse me olhando confuso.

As palavras dele foram penetrando no meu cérebro e uma luz se acendeu. De repente todas as informações que eu buscava voltaram de uma só vez. Olhei para ele e repeti debilmente – Mike! – e depois desabei desmaiada aos pés do meu atônito noivo.

PDV ESME

Quando Bella desmaiou o caos se instalou. Nossos homens vieram para cima do rapaz, eu segurava Bella ao mesmo tempo em que tentava equilibrar as compras e esclarecer para os homens que o rapaz não fizera nada. Por fim pedi calma a todos, entreguei Bella para que os homens a levassem e convidei “o noivo” para que nos acompanhasse até a caravana para esclarecimentos.

Quando chegamos a caravana Edward nos viu e veio apressado ao nosso encontro.

- Bella! – chamou aflito – depois se virando para mim perguntou – O que aconteceu?

- Ela lembrou – respondi indicando o rapaz com a cabeça – Este é o noivo dela - Esme esclareceu.

- Sir Michel Williansom, noivo de Lady Isabella Swan. – Se apresentou pomposo. Edward ficou branco. Vi que ele apertava os punhos tentando se controlar.

- Edward Mansen. – Ele respondeu

- Posso saber o que esta acontecendo aqui? – o noivo questionou. - Minha noiva desapareceu a alguns dias e tenho procurado por ela como um louco e de repente a encontro passeando toda feliz com um bando de ciganos e pior, vestida como uma! – disse exaltado.

- Peço que se acalme, vou explicar o que aconteceu – Edward falou e começou a contar para o estarrecido noivo sobre o assalto, a perda de memória, e a escolha dela em ficar lá até recuperar a memória.

- Mas, vocês não se deram nem ao trabalho de investigar se havia queixa de uma nobre desaparecida? – perguntou.

- Não sabíamos se ela era nobre. Não sabíamos de nada exceto o nome Bella. Tem que concordar que era informação insuficiente para uma investigação. – disse Edward já ficando irritado.

Nesse instante Bella começou a voltar a si. Mike foi até ela e passou os braços sobre os seus ombros para ampará-la. Vi Edward encara-lo com expressão fechada.

PDV BELLA

- Bella, como se sente? – perguntou Mike. Não posso acreditar que você ficou esses dias todos vivendo como cigana! – falou chocado.

- Mike! – repreendi. - Foram eles que salvaram a minha vida, cuidaram dos meus ferimentos, me deram abrigo e comida! Você deveria no mínimo ser agradecido a eles. – disse aborrecida. Depois olhei para todos e foquei em Edward.

- Poderiam, por favor, nos deixar um minuto a sós? Preciso conversar com o Mike. – pedi olhando nos olhos de Edward.

Todos saíram e Edward ficou por último.

- Tem certeza? Posso ficar se quiser. – disse Edward

- Não. Eu devo isso a ele. Por favor, Edward. - pedi e ele concordou contrariado.

- Estarei aqui fora caso precise de mim. – disse e saiu.

Mike virou-se para mim.

- O que está acontecendo, Bella?

- o que você já sabe? – quis saber e ele me contou o que Edward dissera a ele.

- Foi isso mesmo, Mike. - confirmei para ele – Eu estava indo ao seu encontro para casar com você, mas, o destino mudou os planos. A Bella que saiu de casa não é mais a mesma pessoa que você encontrou hoje. – disse a ele

- Não importa Bella. Volte comigo. Ninguém precisa saber que viveu entre ciganos. – falou meio desesperado

- Mike. Pelo amor de Deus! Você não entendeu nada? Eu não estou com vergonha de ter vivido entre essa gente generosa e feliz. Eu quero continuar vivendo aqui para sempre. Eu nunca fui tão feliz em toda minha vida, Mike.

- Bella, você não sabe o que esta dizendo. E nós? E o nosso casamento? – perguntou indignado.

- Estou 100% segura do segura da minha escolha. Eu sempre te amei e amarei... Como irmão. Seria um erro esse casamento. Você merece encontrar alguém que o ame de verdade e te faça feliz. Estou liberando você do nosso compromisso, Mike. - falei com voz firme.

Ele levantou e olhou para mim com um sorriso triste.

- Se você está decidida, então seja feliz também. Adeus, Bella. – disse saindo

- Adeus, Mike. – respondi aliviada por tudo terminar bem.

No minuto seguinte a saída do Mike, Edward entrou na carroça com um sorriso no rosto.

- Pude ouvir de fora o que você falou. Precisamos conversar. - Disse ele sentando-se ao meu lado. - Está na hora das apresentações não é Lady Isabella Swan? - perguntou com um sorriso eu concordei e contei a minha história para ele. A minha infância difícil com a morte precoce da minha mãe, meu pai que vivia em estado vegetativo desde a sua morte e que fora criada pelos empregados da casa que tinham sido meus verdadeiros pais.

- Quero que conheça Mary e George. – disse sorrindo.

- Será um prazer. Mas antes quero falar de mim também.

Meus pais morreram cedo, por ocasião da guerra. Eu era apenas um garoto quando isso aconteceu. Juntei tudo o que tinha e vim morar com a minha tia Rose que havia se casado com Igor, o chefe desta caravana. Eles me adotaram e criaram como um filho e, antes de morrer, Igor me pediu que assumisse e administrasse essa caravana que eu já amava. – disse ele.

Eu fiz isso até hoje e se continuarei aqui vai depender da sua decisão.

Você sabe o meu nome completo Bella? – quis saber

- Edward Mansen?- eu perguntei

- Sir Edward Mansen Cullen. – disse ele e parei de respirar.

- Você é um nobre! – exclamei surpresa!

- Sim e muito rico. Vivo de maneira simples com essa gente que aprendi a amar. Nunca nos faltou nada. Mas, se você quiser viver como nobre Bella, abandonarei a caravana por você. – disse sério e me joguei nos seus braços.

- Acho que não seria a mulher da sua vida se te pedisse isso. Eu também me apaixonei por essa gente, Edward. E meu lugar é ao seu lado, onde quer que você decida estar. – disse oferecendo os meus lábios para ele beijar o que ele prontamente fez.

- Só tenho mais uma pergunta para te fazer? Ele depois que o beijo terminou

- Pergunte. – eu incentivei.

- Já podemos anunciar o nosso noivado? – perguntou rindo.

- Sim, sim, sim! – respondi feliz enchendo ele de beijos