Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 8
Orgulho e Preconceito




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– Você o que? – ele me olhava pasmo.

– Eu dei um soco nela sim... Por que a surpresa? – eu havia falado pra ele sobre Jéssica.

– Você é uma garota... Quer dizer, você...

– Seu machista! Até você apanharia de mim... – gargalhei.

– Não mesmo...

– Não duvide de mim. – formei um punho em minha mão e ele balançou as mãos em sinal de negação.

– Não, não... Tudo bem... – ele sorriu torto.

Edward pegou a chave no bolso e abriu a porta, ele ainda estava esperando o soco e ao entrar eu estava gargalhando tanto pela expressão amedrontada dele que nem percebi a movimentação na sala.

– Boa noite... – Edward disse com um tom estranho na voz.

Quando consegui parar de rir me foquei nas pessoas na sala. Carlisle e Esme Cullen estavam sentados um do lado do outro no sofá com uma expressão brava, eles nos olhavam fixamente. No outro sofá estava à loira de quem Edward fugia pela manhã ao lado de Alice que abriu um lindo sorriso ao nos ver entrando. Depois de alguns segundos pude ver Emmett na porta da cozinha segurando o riso e espanto ao mesmo tempo. Com certeza estávamos encrencados...


POV. Edward

Era óbvio que para as pessoas sem sorte como eu nada termina bem depois que você quebra as regras. Eu só nunca havia as quebrado antes então eu não poderia saber como era, o que acontecia, e na verdade eu nem queria saber. Só de ver os castigos que Emmett ganhava por chegar um pouco mais tarde ou perder a hora do chá em família, e as broncas que Alice ganhava por levantar a voz pra Carlisle, teimosa como sempre, eu os via e não queria aquilo pra mim, mas desta vez...

Foi muito estranha a sensação de adrenalina que me subiu ao ver meus pais me olhando daquela maneira, e o pior ainda era ver Tanya sentada ali, o que ela queria desta vez? Já não bastava passar o tempo todo me seguindo pela escola, ela teria que fazê-lo em minha própria casa também? Emmett estava rindo como sempre, mas dessa vez ele também estava surpreso por eu estar levando a bronca pela primeira vez, e não ele.

Isabella segurou levemente em meu braço e aquela sensação estranha passara por meu corpo outra vez.

– Edward Cullen, você já deve saber por que todos nós estamos aqui, certo? – Carlisle começou.

– Suponho que sim. – murmurei – Me perdoem por não estar aqui durante a tarde, mas eu e Isabella...

– Sim, sim. Nós já sabemos que cabularam todas as aulas do dia e ainda passaram a tarde fora... Tanya nos informou do acontecido – O que? – Nós só queríamos saber, o porquê filho? Você nunca fez isso antes...

– Eu...

– Senhor e senhora Cullen, fui eu quem fez Edward fazer tudo isso, quer dizer, ele não faria nada destas coisas se não fosse eu... – Isabella pronunciou parando frente a mim.

– Suponho que não... Edward, nós estávamos muito preocupados. – Tanya levantou-se vindo em minha direção.

Eu queria perguntar o porquê Bella estava fazendo aquilo, afinal ela havia me feito fazer aquilo, e eu aceitei, a culpa não era toda dela, mas Tanya me agarrou em um abraço apertado.

– Ah... Eu vou aceitar qualquer castigo... – Isabella murmurou e subiu as escadas rapidamente.

– Espere... – empurrei Tanya gentilmente – Eu... Pai, mãe, me perdoem por isso, eu sei que foi errado e inconseqüente, mas não foi só culpa de Isabella... – afirmei confiante.

Todos me fitaram surpresos e Emmett soltou uma gargalhada alta.

– Isso é novo... – ele disse ainda rindo – Edward está se revelando. E eu que pensei que isso nunca ia acontecer...

– Emmett pare, seu irmão está tentando ser justo. – Esme disse – Edward, o que fizeram foi muito errado, e assim como você eu acho que os dois merecem uma punição.

– Certo. – Carlisle disse ainda sério – Eu e sua mãe vamos pensar e, amanhã conversamos...

– Edward por que está fazendo isso? – Tanya perguntou indignada – Eu sei que você nunca faria nada de errado... Foi aquela garota.

– Olha Tanya, eu realmente não sei por que eu fiz isso, mas eu fiz... – afirmei confuso – Até amanhã. – afirmei e me virei em direção a Esme e Carlisle – Eu vou pro meu quarto ler um pouco...

– Não pode ao menos levar Tanya até a porta Edward? – Alice perguntou, havia um brilho estranho em seus olhos.

– Ela sabe ir sozinha, eu tenho certeza. – afirmei, e Alice parecia conter o riso.

Me virei e subi as escadas. Depois de ter contado tudo pra eles e ainda julgar Isabella sem saber era o mínimo de ignorância que ela merecia...

“Eu estou impaciente, e continuo tremendo

Todos me assistem enquanto eu caio

Em um sentimento que está me dominando

Eu finalmente parei, parei de fazer sentido”

(Run, Don’t Walk)

POV. Bella

– Isabella eu pensei que pelo menos em outro país você se comportaria pelo menos um pouquinho... – Charlie gritava no telefone.

– Pai, você realmente pensou isso? – sorri – Certo, certo. Eles vão me castigar e pronto... Eu senti sua falta. – murmurei.

– Não mude de assunto assim tão rápido... Mas, eu senti sua falta também. – ele se rendeu.

– Falo com você amanhã quando eu souber meu castigo. Te amo pai...

– Também te amo Bells. Se comporte... – desliguei.

Suspirei. Eu ainda me perguntava o porquê de ter assumido toda a culpa, isso não era da minha natureza, mas o impulso que me levou a aquilo foi bem maior, mas aquilo era o de menos.

– Ah... posso entrar? – Edward sussurrou e bateu de leve na porta.

– Entra. – arrumei minha blusa rapidamente e sentei-me na cama – Então – comecei assim que ele entrou – qual vai ser meu castigo? – perguntei tentando soar engraçada. Ele riu.

– Nosso castigo, você quer dizer...

– Não, mas eu

– Isabella... – ele me interrompeu – A culpa foi minha também.

– Ei você nem sabe ser castigado... E eu já me acostumei. – ele se sentou ao meu lado.

– Posso aprender... Mas não vou me acostumar com isso, e quase morri do coração hoje de manhã... Como você consegue?

– Como você disse, é uma questão de se acostumar... – gargalhei.

– Não sei se consigo... – ele gargalhou e parou me fitando por um segundo – É melhor eu ir pro meu quarto, sabe como é, não é certo ficar no quarto de uma dama... Er, garota... Ah, tudo bem, tchau... – ele saiu batendo os pés rapidamente parecendo perturbado.


POV. Edward

Depois do maldito sonho eu não poderia deixar de pensar besteiras ao olhar pra Isabella, muito menos estando no quarto sozinho com ela. Pelo jeito aquele sonho estúpido não me abandonaria tão cedo. Desci bem cuidadoso, talvez Tanya ainda estivesse ali e eu não queria vê-la tão cedo. Rumei à biblioteca, eu precisava de algum livro pra me distrair e pensar em outra coisa e O Morro dos Ventos Uivantes já estava me chateando.

Depois de escolher o conhecido Orgulho e preconceito, que eu já havia começado a ler há dois anos e não terminara, sentei-me na poltrona grande ao lado das prateleiras e comecei a ler novamente. Eu não me lembrava da história corretamente, mas pelo título eu não pensei que tivessem partes quentes o suficiente pra me fazer relembrar do sonho, mas eu sabia que era uma história de amor.

A história foi me cativando e eu não conseguia encontrar um ponto final pra parar, até achar a frase que me despertou algo estranho de repente.

"Em vão tenho lutado comigo mesmo; nada consegui. Meus sentimentos não podem ser reprimidos e preciso que me permita dizer-lhe que eu a admiro e amo ardentemente."

Fechei o livro rapidamente e respirei fundo, claro como se eu precisasse de mais besteiras pra pensar...

– Ei Ed... Alice me chamou enquanto eu saia da biblioteca.

– O que Alice? – perguntei mal humorado.

– Foi bem legal o que fez pela Bella hoje... – ela sorriu maliciosa.

– Ah... Certo. O que você quer?

– Você realmente não me conhece... – ela fez beicinho.

– Se não quer nada então eu vou subir...

– Não! – ela segurou em meu braço – Eu queria te perguntar uma coisinha...

– Pergunte Alice... – bufei.

– Você... Ah, gosta da Bella? – ela sorriu maliciosa outra vez – Quer dizer, gosta mesmo sabe...

– O QUE? Ah, Alice que coisa mais... – gargalhei nervosamente – Você é mesmo doida por pensar isso...

Por que eu gargalhava tão alto? Aquilo não era engraçado, soava até ridículo... Pra piorar minha situação, Emmett estava parado na porta do meu quarto e entrou logo atrás de mim fechando a porta. Ele bateu palma, aquilo foi estridente.

– Edward, você fez pelo menos uma coisa não-gay na sua vida hoje... Merece palmas... – ele riu.

– Ah, obrigado? – fiz uma cara pra ele.

– É sim, eu falo sério... Cara, você matou aula, - ah claro não era só Isabella que “matava” as coisas – e ainda levou uma gata pra comer em uma lanchonete... Eu nem sabia que você gostava de frituras...

– Quem te disse que fomos a uma lanchonete?

– Tanya disse pra todo mundo...

– Oh aquela garota... Eu não agüento mais ela...

– Que seja! Agora – ele bateu palma outra vez me seguindo pelo quarto enquanto eu arrumava algumas coisas – me diz, você beijou a Bella? Já estão de rolo?

– OH MEU DEUS! Olha, eu não a beijei e nem enrolei nada nela... Não mesmo!

– Estava bom demais pra ser verdade... Por que não? – ele perguntou como se fosse uma pergunta óbvia.

– Porque ela não é minha namorada... Der. Aliás, o que eu enrolaria nela afinal?

– Meu pequeno e bobo Edward, você tem tanto o que aprender comigo... – ele sorriu e passou seu braço em volta do meu pescoço.

– Com certeza não...

– Tem sim. E eu vou te ensinar tudo, agora que tem uma garota...

– Eu tenho?

– Na verdade não, mas ainda vai ter, afinal eu não posso ser conhecido como o cara que tem um irmão boiola...

– Oh claro que não pode... – ironizei me soltando do seu abraço – Deixe-me em paz Emmett. – apontei pra porta.

– Claro, descanse por hoje, teve muitas emoções... Mas amanhã, vamos começar seu “treinamento” – ele desenhou as aspas com os dedos.

– Idiota... - murmurei indo em direção ao banheiro.

Como eles podiam pensar que eu poderia gostar de uma louca “matadora-de-aula” que corre feito doida no trânsito e come frituras? Não aquilo realmente não estava nos meus planos.


POV. Bella

– O QUE? – perguntei a Alice incrédula com a pergunta que ela havia formulado.

– FOI ISSO O QUE ELE DISSE! – ela riu – Você gosta dele não é?

– Alice, eu acabei de conhecer o seu irmão será que pode parar de dizer besteiras? E, aliás, ele não faz o meu tipo, eu gosto mais dos que não pensam só em livros e prudência... Sabe como é! – ironizei.

– Como você sabe que eu sei?

– Como é? Eu sei?

– Ah NÃO! – ela disse rapidamente como se escondesse algo, eu a fitei curiosa - Oh claro, quer saber, não admitam... Bobões... – ela saiu do quarto mostrando a língua.

Alice era estranha e imprevisível como Edward, só não se pareciam nos olhos, os dela sempre brilhantes e escuros, reluzindo felicidade e coisas estranhas e os dele... Num verde feito esmeralda brilhavam as vezes tristemente e outras vezes, eu não conseguia decifrar, mas eram lindos e... OH PARE, PARE JÁ DE PENSAR ASNEIRAS BELLA! Gritei internamente e segui para o banheiro, eu precisava parar de pensar, aquilo me desgastava.

“Eu venho perdendo tanto tempo pensando em você

Eu não sei o quê fazer,

Eu acho que estou me apaixonando por você

Eu venho esperando por toda a minha vida

E agora que te encontrei eu não sei o que fazer

Eu acho que estou me apaixonando por você...”

(Fallin’ For You)


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