Inglaterra escrita por Anna


Capítulo 30
O Incidente Parte Final




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Minha cabeça não estava funcionando bem, eu deveria estar parada ali há um bom tempo e havia uma grande chance de Edward nunca mais querer olhar pra minha cara, mas eu simplesmente não sabia por onde começar, se Edward tivesse mencionado, Bryan teria dito o lugar onde ele estava, mas não disse. Tudo o que eu sabia é que eu deveria estar em um encontro com Edward às oito horas, e a julgar pelos funcionários que saiam pelo portão principal já era quase oito e meia...

Sua burra, pense, pense, onde ele pode estar? Onde... Droga, droga, droga... Minha cabeça borbulhava, estava prestes a explodir quando a moto de Riley passou pelo portão e veio lentamente em minha direção. Assim que parou ao meu lado, puxou o descanso da moto, retirou o capacete e sorriu descaradamente.

– Pensei que você fosse mais pontual com seus compromissos... – ele disse. Olhou no relógio de pulso – Oito e vinte e cinco... que pena, o Jamie’s Italian é meio longe daqui, não acha? - e minha boca se abriu rapidamente, eu gritaria com ele, mas toda a minha força desceu pros meus pulsos enquanto eu o empurrava da moto.

Eu batia nele com toda minha força, sua mão direita se soltou e depois à esquerda, ele as usou como um escudo pra sua cabeça, apesar de eu estar empurrando sua lateral. O pior é que ele não gritava, e sim dava risada, como se não sentisse nada e então eu parei.

– O que foi, cansou? – ele baixou a guarda, descansou as mãos nas coxas.

– O que você acha? – perguntei ofegante e com toda a minha força o empurrei, fazendo com que ele caísse do outro lado da moto.

Enquanto ele tentava se levantar agarrei o capacete que havia caído e montei na moto rapidamente. Eu já tinha tido algumas aulas com Jacob, e apesar da moto de Riley ser muito melhor que a dele, de qualquer maneira ela me levaria aonde eu precisava ir. Eu havia estado no Jamie’s Italian apenas uma vez, e não sabia exatamente o caminho, mas eu sabia chegar a Trafalgar Square. Acelerei a moto e assim que me afastei o bastante de Riley parei e coloquei o capacete. Ouvi a voz de Bryan gritar “Eu cuido dele...” e me sentindo um pouco mais aliviada massageei os pulsos ainda pesados e acelerei novamente.


O restaurante nunca pareceu tão longe, era como se eu nunca fosse chegar, como se cada segundo em cima daquela moto fossem horas. As luzes da cidade começavam a me deixar tonta, mas eu fazia o possível pra me manter sóbria até chegar no restaurante.


Meus pensamentos estavam todos em Edward, por que essas coisas aconteciam com ele? Comigo? Com a gente? Será que era tão difícil assim viver uma vida pacata em uma cidade antiga, com pessoas normais, longe de casa... Nada estava funcionando do jeito que eu havia planejado antes de vir pra cá, e de uma certa maneira eu gostava, mas os imprevistos estavam me matando...

Eu podia enxergar a iluminada Trafalgar Square de longe, e quanto mais perto eu chegava mais deslumbrada ficava por tantas luzes. Se concentre Bella, desça da moto... Deixei a moto perto de um casal que pareceu estranhar meu ato, com certeza era proibido estacionar ali, mas que se dane, é a moto de Riley, que se dane Riley, que se dane Riley e sua moto.

Joguei o capacete do lado enquanto tentava respirar corretamente e me localizar.

– Tudo bem, tente se lembrar... – corri para o exato lugar em que estava antes de irmos até o restaurante naquele dia. – Certo, direita... – andei reconhecendo a localização dos bancos, certo, eu não estava perdida e se estivesse certa, ao atravessar a rua estaria indo direto para o Jamie’s Italian.

Abri bem os olhos tentando captar toda a paisagem e assim que avistei o restaurante respirei aliviada, se é que eu já podia fazer isso a uma hora dessas. Assim que entrei minha cabeça girava, tentava localizar Edward, mas a distribuição das mesas me confundiam. Um senhor se aproximou de mim, tocando levemente meu braço.

– Tudo bem senhorita? – ele tinha um sotaque levemente acentuado.

– Eu estou procurando uma pessoa... ele devia estar esperando por mim, por aqui, eu... – girei a cabeça mais algumas vezes. – Alto, cabelos bagunçados, olhos verdes... – comecei a imaginar Edward em minha frente, uma saudade me encobriu.

– Bom, o rapaz de sua descrição acabou de deixar o restaurante... – ele apontou pra porta, com certeza devia estar pensando que eu estava drogada ou algo assim, até eu pensaria isso.

Sai sem nem mesmo agradecer, era tarde demais pra ser educada. Olhei pro lado esquerdo da calçada por alguns instantes e fui girando a cabeça lentamente até enxergar meu lado direito, engoli seco.

– Edward! – gritei ao avistá-lo parado quase na esquina, me observando, com as mãos no bolso da jaqueta de couro. – Edward, espera! – corri pra ele, mas ele não se moveu, continuava me observando.

Parei meio sem fôlego, esperando alguma reação e sem resposta comecei a falar desenfreiadamente.

– Eu juro, eu nunca faria isso com você, você sabe, quer dizer, eu, Edward, não fui eu, foi Riley... Ele me confessou... Eu sei o que aconteceu há alguns anos atrás, eu nunca iria querer que acontecesse outra vez, Edward, eu não iria... – respirei e ele retirou as mãos do bolso, estavam em punhos. – O que...? – seus olhos estavam mais verdes que nunca, ele abriu as mãos revelando um pedaço de papel em cada uma.

Peguei um deles e comecei a ler, o maldito bilhete de Riley marcando o encontro e logo depois peguei o outro, a marcação de pontos do meu jogo com Riley, eu havia escrito nossos nomes com o meu garrancho e alguns risquinhos indicando que ele vencia todas as rodadas...

– Riley tem uma letra bonita perto da sua... – Edward murmurou.

– Você comparou isso? Eu... – apenas não sabia o que falar, nem sabia o que aquele momento significava só estava certa de que ele sabia o que havia acontecido e nada mais importava.

– Por que você veio? Não fez nada... foi ele. – Edward falou rapidamente e eu o enxerguei como o Edward desajeitado de sempre, não o cara metido em roupas de mauricinho.

– Edward se ele foi capaz de fazer isso outra vez, será que da pra você acreditar em mim agora, droga? – falei rapidamente também, havia um nó gigante na minha garganta, mas eu não podia dar uma de chorona bem agora, engoli.

Ele não respondia, dava pra ver que tentava manter a pose de durão que Emmett havia inventado pra ele, colocou uma das mãos no bolso outra vez e endureceu a mandíbula.

– Eu fiz o que eu deveria ter feito, então é isso... – dei meia volta e comecei a andar na direção contrária a ele mesmo que todas as partes do meu corpo me implorassem pra fazer o contrário. Eu não iria ficar ali parada, implorando igual uma idiota, já tinha passado por um bocado de coisas em uma hora que nunca tinha passado em anos...

– Isabella. – senti sua voz tão perto e uma de suas mãos em meu bolso de trás da calça jeans me puxou com força me fazendo voltar pra ele. Edward me enlaçou rapidamente em um abraço tão apertado e assim que tomei consciência daquele momento retribui, tentando apertá-lo o mais forte possível, fazer com que ele ficasse ali.

– E se eu não quiser mais te soltar? – perguntei, o nó se desatando aos pouquinhos.

– Tudo bem pra mim. – ele sussurrou. – Eu não me importo se você me ama ou não, isso não diminui o que eu sinto... – disse ainda baixinho em meu ouvido.

Essa era uma boa hora pra dizer aquilo que eu já deveria ter dito há um bom tempo mas ai o nó se desatou completamente, as lágrimas rolaram e os soluços embaralharam minhas palavras, a única coisa que eu consegui dizer foi “senti sua falta” de um jeito estranho, mas sabia que ele havia entendido porque respondeu “e eu a sua Isabella, e eu a sua...”

Assim que consegui quebrar meu voto e soltá-lo, começamos a andar lado a lado pela calçada, as luzes do Trafalgar Square iluminavam os olhos dele ainda mais.

– A gente não consegue ficar junto e muito menos separados... Por que será? – perguntei e ele levou a mão a minha bochecha e limpou uma lágrima que escorria em meu rosto.

– Acho que complicamos demais as coisas... – ele disse e respirou fundo – Não tem que ser assim, sabe...

– Então como vai ser? – perguntei.

– Podemos tentar ser só amigos... – ele disse meio equivocado.

– Talvez funcione... Sem todo o compromisso e o ciúme e tudo isso, e quem sabe... – eu respirei fundo dessa vez.

– Quem sabe você admita que me ama de uma vez por todas... – ele sorriu e continuou andando calado.

Eu me calei também, só queria aproveitar a caminhada ao lado dele, sem ressentimentos e briga, só eu e ele e aquele momento extremamente clichê, extremamente Edward, mas não o Edward de Emmett, o meu Edward.


POV. Edward


– Resumindo, Riley não tem mais moto, capacete ou dignidade? – perguntei e Isabella riu, seus olhos se reviraram como se estivesse revendo toda a cena.

– Precisava ter visto ele caindo. – ela respirou satisfeita – Eu me surpreendo com meu soco de direita...

– A tal Jessica de Forks que o diga, não! – ela riu mais ainda.

– Jessica, ugh! - mostrou a língua e fez cara de nojo.

– Então você sabe sobre o que aconteceu... – engoli seco – Quer dizer, todo mundo sabe né...

Andávamos banhados pelas luzes da Trafalgar Square, Isabela apertava os lábios com raiva do vento que fazia seus cabelos esvoaçarem, mas eu gostava. Era bom poder estar com ela normalmente, mesmo que como amigos. Ela andava desajeitada e eu tentando manter a pose, mas acho que todo o personagem que Emmett criara estava se desfazendo aos poucos.

É claro que ela nunca teria me deixado naquele restaurante, na verdade acho que ela nunca teria marcado um encontro comigo, então não foi difícil descobrir a armação, um tanto repetitiva de Riley Biers. Mas eu nunca imaginei que ela apareceria ali, desesperada, só pra não me ver mal... Talvez Isabela nem precisasse confessar o que sentia por mim.

– E todo mundo tem raiva do Riley também... – ela disse tentando jogar o cabelo todo pra um lado só.

– Talvez esse seja o motivo de Esme não ser uma das suas maiores fãs... Ela tenta me proteger de tudo o que é desconhecido, pra evitar admiradoras secretas, sabe... – eu ri um pouco.

– Deve ser... – ela também riu – Por que nunca me contou antes?

– Sei lá... Passei tanto tempo tentando esquecer o que aconteceu que não falar sobre isso virou costume. – respirei fundo.

Na verdade, não tinha adiantado nada tentar esquecer, mas eu não precisava mencionar isso.

– Não vi nenhum dos Cullen no Hotel hoje... – ela mudou de assunto de repente, percebendo meu constrangimento sobre aquilo. Estávamos indo bem.

– Estão atrás das coisas pro coquetel de amanhã... – falei rapidamente.

A casa estava movimentada e barulhenta, Alice e Emmett não saiam do telefone, Alice até eu entendia, mas Emmett com certeza estava ganhando alguma coisa com isso tudo pra estar tão empenhado. Já Esme e Carlisle...

– Oh eu ouvi Alice falando sobre isso... – Isabella respirou fundo.

– Eles com certeza vão usar o hotel... A lista de convidados está descendo as escadas... – ri pra ela.

– E pra que um coquetel agora? – ela fez uma cara engraçada.

– Puro capricho de uma mulher satisfeita sexualmente... – falei e Isabella deu uma gargalhada...

Era bom ouvir aquele som novamente. Ri comigo mesmo e continuamos andando em silêncio. Nossos olhos se encontravam de vez em quando, eu queria poder falar qualquer coisa, mas tudo parecia derreter na ponta da minha língua. De repente um carro parou no lado da calçada em que estávamos, meu carro, aliás.

– Será que vocês dois podem entrar no carro, por favor? – a voz de uma Alice nervosa gritou depois que o vidro estava inteiramente aberto.

– O que houve? – Isabella perguntou assustada.

– Envolve Riley Biers e policiais... – ela disse abrindo a porta do carro.


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