Meu corpo, ainda não estava em um completo estado de consciência, era como se o sonho do qual eu estive fazendo parte, não quisesse acabar. Eu forçava meus olhos a abrir, para que eu pudesse encarar minha Clarissa, mas eles estavam pesados de mais...

           Fui reconhecendo as formas, pelas quais meu corpo era tocado. A cabeça de Clarissa pousava em meu peito; uma de suas mãos em minha barriga e uma das pernas encolhida, sobre meu quadril. Seus cabelos, embora curtos, tocavam meu peito de forma carinhosa. Era este o paraíso? 

Enfim, meus olhos se renderam e abriram-se, me mostrando a face terna de minha amada. Acariciei suas bochechas, sentindo o seu cheiro impregnar todo o meu ser. Seus lábios se curvaram de forma delicada, formando um pequeno sorriso. Aquele sorriso que me encantava, mas fora quando ela abriu os olhos – de uma vez só, arregalando-os – que eu me perdi!

-Já anoiteceu?- Ela exclamou assustada, me jogando com força na realidade.

-E o que têm?- Ela se sentou, cobrindo os seios com o lençol.

-Leah! O que ela vai pensar?- Clarissa disse envergonhada.

-Olha, não é como se eu quisesse, mas todos vão saber. - Falei constrangido. Ela me olhou assustada. -O lance de ler as mentes, lembra? As águias não têm isso não? - Ela encolheu os ombros, como se estivesse se lembrando. 

-Até o Embry?- Ela falou manhosa.

-Por que o Embry?- Perguntei enciumado.

-Ele vai fazer piada! - Ela fez biquinho, me levando a gargalhar.

-Prometo me esforçar, para não pensar em nada. - Ela sorriu, beijando-me levemente e levantando-se.

-Droga!- Ela exclamou encarando os lençóis. Assustei-me, sentando-me e vendo as pequenas - quase invisíveis - manchas de sangue. 

-Eu te machuquei?- Perguntei assustado, não era para isso ter acontecido! Não com ela não sendo mais virgem.

-Não... -Ela negou, arrancando o lençol da cama. -Só tinha acontecido uma vez... - Ela apertou os olhos, como se fugisse das lembranças - É normal, meu corpo ainda não estava acostumado.- Ela sorriu de lado, animando-me. 

-Olha, se eu fiz qualquer coisa errada, me desculpe?-Pedi levantando-me e ficando ajoelhado na cama, de frente para ela. 

-Shii... Não teve nada de errado. -Ela me beijou outra vez, virando de costas em seguida; e pegando umas peças de roupas, já indo tomar banho. 

Enquanto ela tomava banho, ajeitei o quarto, e fui esperar ela terminar. Ela era rápida, e logo era eu quem estava tomando banho, enquanto ela lavava o lençol. Assim que deixei o chuveiro, senti o cheiro de Embry. Coloquei a bermuda correndo e sai do banheiro, antes que ele chegasse até a área e visse Clarissa. Cheguei à sala, deparando-me com ele segurando a camisa de Clarissa, em uma das mãos, e a minha, na outra mão. Ele riu maleficamente. 

-Acho que as coisas esquentaram aqui. - Peguei minha roupa de sua mão, bruscamente rápido. 

-Não é da sua conta. - Falei sério.

-Não acredito! Você não é mais virgem? O menino está crescendo!- Embry tentou bagunçar meu cabelo, mas eu revidei, socando-o na barriga. 

-Ow! Que foi?-Ele massageava o abdômen. 

-Fica na sua!- Falei sério, ele então deu os ombros.

-Embry?-Clarissa chegou, sorrindo timidamente.

-Oi!- Ele acenou, sorrindo.

Começamos a conversar, sobre coisas banais, e com tudo o Embry ria do nada, mas evitou comentar qualquer coisa, pelo próprio bem dele. Depois do jantar, eu e Clarissa fomos deitar cedo, estávamos realmente cansados. Eu desejava tocá-la novamente, mas me controlei, ela devia estar cansada. Acomodamo-nos um ao lado do outro, sentindo o calor que vinha de nossos corpos.

-Eu te amo. -Clarissa sorriu, beijando-me delicadamente.

-Para sempre!- Sorri maravilhado, com o rosto sereno dela. Ficamos assim, por um bom tempo, até que o sono chegasse e adormecêssemos.

Acordei com o som das panelas na cozinha; a cama vazia denunciava que era Clarissa que estava fazendo o café. Desajeitado, levantei-me, passando no banheiro antes de ir vê-la. Ela balançava o quadril delicadamente enquanto mexia os ovos no fogão. Caminhei cautelosamente, abraçando-a por trás. Ela sorriu e virou a face, me beijado de forma delicada.

-Bom dia! – Ela sussurrou entre o beijo. 

-Bom dia! – Falei abobalhado, de tanta paixão.

-Bom dia!-Leah imitou minha voz, fazendo graça.

-Já estou terminando os ovos. -Clarissa se justificou, voltando a mexer os ovos, enquanto eu e Leah sentávamo-nos à mesa.

-Tudo bem? - Leah me perguntou, sorrindo. Mas não era seu sorriso comum, era o travesso. Ela já sabia! - Estou com um pressentimento ruim. -Leah falou me encarando. Não consegui decifrar se era uma piada ou se ela falava sério.

-Eu quero ir ver meu pai. -Clarissa falou em seguida, como se quisesse cortar o assunto anterior.

-Assim que acabarmos te levarei. -Ela sorriu, sentando ao meu lado.

Leah, como sempre, acabou de tomar seu café e foi trabalhar, enquanto eu e Clarissa cuidávamos da louça. Trocamos-nos e começamos a caminhar de mãos dadas, em direção a casa de Billy. Nós riamos de tudo, sentindo uma grande alegria interior, mas eu deixava todos meus instintos ligados, já que o cheiro do Chacal estava espalhado por toda parte. Quando já estávamos na porta da casa do Billy, vi uma das enormes águias pairando sobre as árvores. Não quis assustar Clarissa ou a seu pai, mas eu teria que fazer alguma coisa.

-Entre, vou dar uma volta. - Falei calmamente, beijando-a delicadamente.

-Não vai vir?-Ela me olhou temerosa.

-Já estou indo. - Esperei ela entrar antes de dar meia volta e adentrar na floresta, dessa vez, eu não seria tolo de permanecer em forma humana. Amarrei minha bermuda em minha perna e deixei o lobo tomar conta de mim, aguçando ainda mais os meus sentidos. As grandes patas tocaram o chão; minhas orelhas giraram buscando a origem do som de asas batendo, meus músculos se preparavam para serem levados ao máximo. Este era eu, o lobo.

Iniciei minha corrida, em direção ao cheiro deles. Um vulto passou na minha frente, fazendo-me tropeçar e derrapar na terra úmida por cerca de dez metros, até minhas costas atingirem uma árvore.

Seth!- Quil gritou em minha cabeça, mostrando que já fazia algum tempo que ele estava me chamando.

Ele escutou! - Collin comemorou.

O está acontecendo? - Quil estava preocupado. Ergui-me, balançando a cabeça e procurando quem estava por trás disso, meus olhos voaram para o alto das copas das árvores e um Chacal estava me encarando, em forma humana. 

Seth agüenta firme que estamos indo para ai. - Quil via pelos meus olhos o que estava acontecendo.

Chame o Jake. - Pedi.

Deixa que eu vou! - Collin mudou de direção com velocidade, indo para casa dos Cullen.

Paul está comigo. - Quil avisou, e eu me desprendi dos pensamentos. Queria resolver isso logo, com Chacal.

-Só vim avisar, que estou levando o que é meu! – Afirmou rindo.

Tentei falar, mas um rosnado ecoou pela floresta, fazendo as aves alçarem voo. Ele gargalhou, apontando para a clareira, onde encontrei Clarissa. No mesmo instante, em que as outras duas águias pousaram; uma com Clarissa presa nas garras e a outra com o seu pai. Ela me olhou, e um grito alto escapou de seus lábios.

-Seth!- Meu nome foi gritado tremulo e banhado de medo. O ódio, mais uma vez tomou conta de mim, e me atirei contra árvore em que Chacal estava; fazendo-a tremer e ele ser lançado ao chão. Alguns metros antes de atingir o solo, ele se transformou.

Comecei a correr em direção á Clarissa, mas antes que eu pudesse alcançá-la, senti as garras de Chacal rasgar minha pele das costas, me atirando para longe. Tentei bocá-lo, mas ele subia para o céu. Essa seria uma luta injusta! Rosnei, sentindo minha pele se juntar novamente, mas ele só voava em círculos, preparando para atacar-me. Busquei Quil na minha cabeça novamente.

Já estou chegando, agüenta ai. - Eles estavam apouco mais de um minuto, distantes de mim.

Seth! - Jake se transformou.

Eu não sei como acertá-los!-Confessei.

Canse-os. -Jake ordenou. Voltei a tentar atacar a águia, mas ela dava um jeito de escapar. Começamos uma dança sem ritmo; onde ele mergulhava tentando me acertar, e eu apenas corria, não tinha mais nada que eu pudesse fazer. Os voos começaram a ser mais devagar; ele estava se cansando, mas eu também. Olhei para Clarissa, e a vi chorando desesperada.

Chacal pousou sobre um dos galhos da árvore, sob a qual Clarissa estava, e no momento seguinte ele veio ao chão, junto com o cheiro do Edward. Ele, Jake, Bella e Emmett invadiram a Clareira. Esperava que eles pudessem me ajudar. Quando Chacal se levantou, alçando voo novamente, ele gritou, como se chamasse os outros dois, que largaram Clarissa e Estefan, ganhando o céu em seguida. Bella correu até lá, acudindo minha Clarissa.

-Hora da festa! -Emmett gargalhou, socando uma mão na outra, o que provocou o som de pedras se chocando. Collin foi montar guarda ao lado da Bella, enquanto Quil e Paul adentravam a clareira também. Agora estava formada uma boa briga. Estávamos em um número maior, mas eles ainda tinham o céu. Senti Emmett agarrando-me, não entendi o que ele ia fazer até que vi o meu corpo ser lançado no ar, em direção ao Chacal. Estava desajeitado, mas chegando perto. Consegui agarrar uma de suas asas, fazendo com que nós dois caíssemos.  Enquanto nós caiamos, consegui ver que Quil já estava desacordado, e Paul mancando. Eu nunca fui o mais rápido, ou o mais forte. Mas algo me motivava a não desistir, a persistir até o final. Mesmo que isso custasse minha vida, eu não desistiria. Senti meu corpo acertar o chão, fazendo com que rolasse, eu não soltaria essa asa, nem por um decreto. Uma forte dor atingiu meu pescoço, abri a boca em um grito forçado, sendo obrigado a soltar a asa. Seu bico havia aberto meu pescoço, e o sangue manchava meu pelo areia. Tentei levantar-me, mas não consegui. Minha cabeça estava rodando e a dor era forte de mais. Clarissa tentou correr até mim, mas Bella  impediu-a, segurando- a com força contra o peito.

As vozes estavam misturadas em minha cabeça, e eu tentava me erguer. Pelo canto dos olhos, consegui ver Emmett e Paul conseguindo imobilizar uma das outras águias, enquanto Jake e Edward tentavam encurralar a outra. Escutei o zumbindo de asas cortando o ar, olhei para o céu a tempo de ver Chacal descendo a toda velocidade para me atacar, meu pescoço ainda estava aberto, o que ainda estava impedindo-me de me mexer. Esse seria o meu fim? Encarei os olhos banhados de ódio da águia, esperando que o seu golpe chegasse. Não vi de onde, mas uma águia ainda maior foi de encontro a ele, iniciando uma batalha no céu.