Sem Calor escrita por Elisabeth Ronchesi


Capítulo 7
Recaídas




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  Na bilheteria, a mulher de cabelos louros a olhava de tempos, não acreditando que a mesma veio comprar mais passagens. Será que o acidente não a afetou?

- Aqui está - disse, passando-lhe o troco por meio de uma abertura no vidro.

- Obrigada.

  Seus passos largos curvaram-na pela bilheteria em direção à entrada das aeronaves, onde 2 homens estavam posicionados nas laterais. Um deles esticou a mão antes mesmo de Vivian estar próxima.

- Seu passaporte, por favor.

  Com o documento já em mãos, Vivian lhe passara, e segundos depois o homem o devolveu, autorizando sua passagem com um simples gesto das mãos.

  Caminhando agora por um vasto corredor coberto, Vivian já sentia a excitação de poder chegar logo. O nascer do Sol que era visto sob as paredes transparentes seria substituído por flocos gelados. É como se sentir livre, dizia Bárbara num programa de mensagens instantâneas pela internet. Porém tanta ansiedade assim, Vivian chegara a ser comparada a uma criança. Muitos lhe davam opniões, para que ela se socializasse de maneira mais adulta. Que se dane os outros. Eu quero sentir a neve e ponto.

   Ao tocar o carpete macio do avião, sentiu-se como se estivesse percorrido a metade do caminho. A poltrona 120 marcada no papel verde ficava à esqueda, já a localizando. Indo até ela, logo avistou quem seria seus companheiros de viagem. Uma mulher com um bebê no colo e um idoso adormecido. Cumprimentou gentilmente a mulher e sentou-se.

- O acidente de ontem foi horrível - dizia a mesma, olhando para o filho que quase dormia.

  Vivian desviou o olhar e percebeu que a mulher falara contigo.

- Iria embarcar naquele avião?

  A mulher apenas balançou a cabeça. Ficara imaginando o motivo da mesma não ter embarcado, ou se estivesse, mas saindo ilesa. Deixou os pensamentos vagando. Vivian apenas se concentrou no ruído do motor que havia ligado. Em pouco tempo estaria em Nova Iorque.

 


  O lápis riscava fino o papel branco. Aos poucos frases estavam a se formar. Frases que preenchiam um espaço razoável do papel. "Será que ela vai gostar?" Terminando o simples trabalho, ele rasgava a folha e colocando-a no bolso dentro do manto. Desviou o olhar para cima em busca de uma opnião do Pai. Não havia tempo. Estava trabalhando.

 

 

  As nuvens passavam rapidamente pelo vidro redondo. Não fazia a menor ideia de onde estava sobrevoando agora, mas as casas e prédios lá embaixo diziam que estava cada vez mais próxima de Nova Iorque. O avião rasgava o céu azul rumo ao seu destino.

  Quarenta e sete minutos depois o avião pousara, e uma jovem aeromoça apressou-se em avisar a chegada. Vivian respirara fundo antes de se levantar pela sua poltrona. Deixou com que quase todos passassem por sua frente, dando espaço para a mulher com o bebê e para o idoso, que agora já estava acordado. E desceu.

  Ao tocar o chão, sentiu uma áurea subir pelo corpo, satisfeita. Chegou a andar por alguns minutos até localizar Bárbara, que havia avisado que iria pegá-la no aeroporto. Sua prima veio correndo até si, lhe dando um abraço apertado.

- Como vai? - A alegria na voz de Bárbara era notável.

- Bem melhor.

  Bárbara sorriu e logo dirigiu-se com Vivian para um carro prata. Sabia que era de sua prima por fotos que havia visto enquanto checava seus e-mails. Aproximaram-se, jogando as malas no banco de trás do veículo, fechando a porta em seguida. Adentrando o veículo, Bárbara pisara fundo no acelerador. Sorte não ter quase nenhum carro nas ruas, justamente por ser 6:13hrs.

- No dia da véspera, irá apenas uma tia nossa, Carla - Bárbara dizia, ao ajustar o retrovisor.

- Por mim, tudo bem.

  Da janela do carro, um vento gelado bagunçava seu cabelo. Nem havia notado o frio que fazia lá fora. Como um meio para se aquecer, esfregara as mãos.

- Me sinto estranha.

  A mulher lançou-lhe um olhar preocupada.

- Estava ansiosa para vir pra cá, mas parece que perdi o ânimo.

  Sua prima nada respondeu, apenas continuou a dirigir. Algum tempo depois haviam chegado. Uma casa grande com gramado em volta tomava um pequeno espaço do longo quarteirão. Vivian saiu do carro, sorrindo ao ver a bonita casa. Entretanto o sorriso durou pouco. A casa de embaçou e o céu era visto segundos antes de sumir completamente.

 

 


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