De repente, passamos num quebra-mola e o carro deu uma sacudida.

Levei um susto, lembrando da turbulência, das sacudidas do avião, do carrinho de bebidas acertando minha mãe em cheio e da queda de 30 metros que matou meu pai.

-Justin, Justin...

Comecei a tremer, Scooter parou o carro, foi até o lado em que eu estava e abriu a porta, dizendo:

-Justin! Justin, responda!- Ele ficou repetindo isto até eu apertar os olhos e dizer:

-Pane... T-tubulência... Pai...- Ele entrou em desespero e tentou me acordar dizendo meu nome bem alto, em vão.

Vendo que não adiantaria, ele pegou uma garrafa d'água que estava sei lá onde e jogou na minha cara. Saí do transe na hora, e reclamei, tossindo:

-Por quê você fez isso?!

-Dizem que água tira do choque...

-Quê?!

-Esquece.

-Han? ...

-O bom é que você não está louco.

-Eu posso jurar que estou...

-Quê?

-Nada!- Me virei novamente e Scooter entrou de novo no carro, e deu a partida. Continuei lembrando daqueles momentos:

"Você já deveria estar dormindo!"

"I love you..."

"Seja forte..."

Pensando nisso, fui mais além, e me lembrei das inúmeras noites de quando eu era pequeno que eu acordava mais cedo que a minha mãe e a acordava pulando na cama dela.

Ou de quando meu pai acordou e me flagrou com a boca na botija "assaltando a geladeira",  como ele dizia, ás oito da manhã.

Lágrimas foram escorrendo dos meus olhos e eu comecei a soluçar. Scooter só olhou para mim e voltou a dirigir, comovido.

-Chegamos...- Ele disse, cortando o silêncio que estava, uma hora depois. Abri a porta, soltei o cinto e saí do carro. Scooter abriu o porta malas e tirou uma mala pequena e uma mochila, e o fechou.

Depois, eu peguei a mochila e olhei para a casa.

-Bem vindo...- Ele disse.- Não parecia a casa que eu tinha visto há alguns meses... Parecia que tinha sido reformada...

Scooter abriu a porta e me ofereceu a passagem.

-Já fiz um quarto pra você. Gosta de basquete, né?

-Até parece que não me conhece...

-Vou tomar como elogio.