Coração Satélite escrita por Ayelee


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Olá queridos leitores, tudo bem?

Sei que estou demorando muito para postar os capítulos de Coração Satélite, sinto muito por isso. Não desinteresse e nem desisti da história, apesar de minha vida ter estado bastante tumultuada ultimamente. Eu poderia escrever uma história de 300 capítulos explicando os porquês, mas isso não importa no final das contas.

Enfim, quero garantir para vocês que não vou desistir da história, já tenho toda ela pronta na minha cabeça, o difícil mesmo é colocar no papel. Então agradeço muito a paciência e apoio de vocês. Ver o número de leitores aumentando e comentários tão carinhosos me reafirmam que vale a pena lutar e seguir escrevendo, tentando me aprimorar e oferecer o melhor que posso a vocês!
Grande beijo, espero que gostem deste capítulo.

Boa Leitura!

Alê



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Roger PDV

Londres

A presença de Cathy constantemente ao meu lado nos últimos dias tem sido uma bênção e uma maldição. Estou feliz em ter minha namorada por perto depois de um mês sem vê-la. Poder me divertir com ela fazendo nossos programas favoritos – coisas simples domésticas, como ver filme de pijamas o dia inteiro ou tocar e compor junto com ela, jantares românticos, reuniões com amigos e com minha família... e sexo, sexo, sexo. Não posso negar, essa é uma parte fundamental em nosso relacionamento, sem a qual o restante não funcionaria muito bem.

A parte ruim é a falta de liberdade. Tê-la na minha cola o tempo inteiro, tentando compensar o tempo em que ficamos longe. Eventualmente nosso tempo juntos é interrompido por algum compromisso profissional meu ou de Cathy, o que para mim, de certa forma é um alívio. Fora isso, ela fica ao meu lado durante boa parte dos dias.  E isso significa ter um punhado de paparazzi nos perseguindo cada vez que colocamos os pés fora de casa ou do hotel. É um saco, apesar de eu já ter me conformado com a invasão desses vermes, não consigo me acostumar.

Meu relacionamento com Cathy é longo o suficiente para não sentirmos a urgência impaciente de estar na presença um do outro freqüentemente, como os casais recentes que se jogam nas paixões como se fossem viver os últimos dias de suas vidas. Cathy é uma mulher independente e segura de si. Até mesmo quando sente ciúmes de mim, não é necessariamente insegurança que desperta esse sentimento. É o instinto de posse. Cathy não aceita perder, por isso uma traição para ela é simplesmente inadmissível, pois em sua cabeça, ninguém é melhor do que ela para ser minha namorada. Em geral, ela está sempre muito ocupada pensando em si própria e sempre coloca suas necessidades em primeiro lugar.

É algo que admiro nela e que, talvez, por ser positivamente conveniente para mim como ator, que não tenho tempo para desperdiçar construindo a auto-estima de uma namorada insegura enquanto poderíamos estar desfrutando as coisas boas de um relacionamento.

Talvez seja essa a fórmula que mantenha nossa relação equilibrada. Tudo bem que nunca houve uma profunda afetividade entre nós. A atração física e o companheirismo são o ponto forte do nosso namoro e é a cola que nos mantém ligados um ao outro.

Esta manhã, ao folhear o jornal durante o café da manhã, fui surpreendido por uma notícia que arruinou meu humor pelas próximas décadas, para falar o mínimo. Quase engasguei e derramei o café com leite sobre o jornal quando vi uma foto minha com Cathy na porta da casa dos meus pais ao lado de uma manchete em letras garrafais:

Que rufem os tambores! O casal sensação de Hollywood finalmente dá mais um passo decisivo em sua vida fora das telonas: CatSey e R-Peter estão noivos!

A bela atriz americana exibe seu gigantesco anel de brilhantes enquanto os pombinhos deixam a residência do clã Peterson em sua recente visita à família do ator. Que nora adorável, deixou seu país para passar os festejos de fim de ano ao lado do amado e sua família.”

What the fuck??? NOIVOS? De onde esse jornal tirou essa notícia absurda? Anel? Que anel? Eu nunca dei um anel de compromisso para Cathy. Aliás, nunca dei nenhum tipo de anel para ela. Nunca precisamos desse tipo de afirmação em nosso relacionamento.

O sangue subia para minha cabeça, latejando em minhas têmporas e ardendo em meus olhos. De repente uma súbita vontade de chorar tomou conta de mim, lamentando a situação em que eu me encontrava. Como é possível para um ser humano permitir que se invente todo tipo de mentira a seu respeito sem ao menos ter o direito de se revoltar com isso? Eu sabia que qualquer iniciativa que eu tomasse no sentido de desmentir essas alegações falsas poderia ser usada contra mim e afetar minha imagem pública. E ter que me submeter a esse jogo sórdido da mídia era a coisa que eu mais lamentava desde que ingressei no mundo do showbiz.

A raiva cresceu em mim quando passou pela minha cabeça a idéia de que Cathy estivesse de alguma forma envolvida com isso. Fosse usando esse falso anel de compromisso propositalmente, ou sendo negligente ao se esquivar dos paparazzi, desrespeitando o que eu havia pedido inúmeras vezes a ela.

Bati com o punho na mesa e bufei exasperado, passando as duas mãos nos cabelos copiosamente. Meu pai que me assistia atentamente, permaneceu em silêncio por alguns momentos até que eu resolvesse desabafar de uma vez:

- Você viu isso? – Vociferei com a voz embargada.

- A notícia sobre seu ‘noivado’? – Ronald perguntou timidamente, me olhando com olhos tranqüilizadores. – Eu me perguntei se seria verdade, mas pela sua reação já sei a resposta.

- Esse... esse tipo de coisa é que me mata! – Murmurei derrotado. – O pior que não posso fazer nada.

Ronald continuou em silêncio, esperando que eu me acalmasse.

- É nessas horas que penso em jogar tudo pro alto. Essa coisa de fama. Eu não nasci para isso. Eu só queria poder fazer meu trabalho. Não queria ser obrigado a aceitar isso.

- Filho você não precisa aceitar. Basta ignorar. Você conhece sua verdade, nós conhecemos sua verdade. As pessoas que importam em sua vida sabem a verdade. Então que se dane o que esses jornais inventam.

-Mas eu tenho medo... da pressão que isso gera. Não estou com Cathy porque o público da Trilogia acha bonitinho o casal dos filmes ser um casal também na vida real. Nós estamos juntos porque até agora nos entendemos muito bem, apreciamos a companhia um do outro.

- Eu sei disso. Você tem dúvidas sobre Cathy? Tenho certeza que ela também sabe. – Meu pai afirmou sério.

- Não tenho dúvidas sobre o que Cathy sente e pensa... mas já pensou se algum dia nosso relacionamento acabar? A pressão que a mídia e os fãs colocarão sobre nós...

- Você não precisa ficar fazendo conjecturas em cima de coisas que não aconteceram. – Ronald falou recostando-se sobre o espaldar da cadeira. Depois de alguns segundos em silêncio, continuou. – Você pretende conversar com Cathy?

- Sim, ela me deve uma explicação. Tenho certeza que ela está envolvida de alguma forma nesse mal-entendido.

Ronald hesitou por alguns minutos, estudando minha expressão enquanto tamborilava os dedos sobre a madeira da mesa, e então ergueu-se com um ar otimista, e com seu sorriso terno me encorajou, dando um tapinha de leve em meu ombro:

- Muito bem. Espere para conversar com ela quando estiver com a cabeça fria. Catherine é uma boa garota. De vez em quando ela comete algumas bobagens, mas quem somos nós para julgá-la?

Fiquei sentado na cozinha, com os cotovelos apoiados sobre a mesa e as mãos massageando nervosamente a raiz dos meus cabelos, tentando dissipar a irritabilidade que tomou lugar do meu bom humor matinal. Ao invés de correr até o hotel de Cathy para exigir alguma explicação, decidi encontrar-me com a única pessoa que poderia me distrair em momentos de raiva. Tirei o telefone do bolso e liguei para Jim avisando que estava a caminho de seu apartamento.

Para minha sorte dessa vez conseguimos conciliar nossos horários, poderemos conversar em paz. Mais do que isso, terei um momento exclusivo de amigos. Coisa de homem. Aqueles assuntos masculinos que envolvem palavrões demais e pudor de menos. Mas um assunto em especial consta no topo da minha lista de prioridades para o dia: a garota do envelope azul.

Cheguei ao apartamento de Jim e encontrei a porta destrancada. Entrei percorrendo o espaço da sala com o olhar, à procura de sua figura. O sol brando da manhã de início de inverno penetrava pelas amplas janelas do apartamento, desenhando raios bem definidos no ar frio e seco dentro do ambiente. Ouvi a melodia de alguns acordes de violão vindo pelo corredor, então segui para o quarto que ficava ao final da passagem. Jim estava sentado confortavelmente sobre sua cama, com as pernas cruzadas e seu violão no colo, dedilhando distraidamente uma canção desconhecida.

- Hey brother, você não deveria deixar a porta aberta. – Cumprimentei.

- Eu sabia que era você, por isso deixei aberta. Além do mais, não há nada aqui que alguém queira roubar além desse violão. E para levá-lo, só passando por cima do meu cadáver.

Sorri da hipótese absurda, sabendo que ele era perfeitamente capaz de fazer o que ameaçou. Jim era como um irmão que eu nunca tive. Nos entendíamos sem precisar de muitas palavras e raramente discutíamos seriamente. Respeitávamos muito o jeito um do outro, nos conhecíamos tão ridiculamente bem que ele nem precisou levantar a cabeça e olhar para mim para perceber que algo errado estava acontecendo.

- Que tá pegando brother? – Interrompeu seus acordes e levantou a vista para me fitar, estudando a expressão aborrecida em meu rosto.

- Nada. – Joguei-me sobre a poltrona que ficava no canto em seu quarto, peguei um roteiro que estava no chão ao lado da poltrona e passei a vista sobre ele por alguns segundos, folheei as primeira páginas e continuei. – Você viu o jornal de hoje?

- Mano você sabe que não leio essas besteiras. – Respondeu sem tirar os olhos do violão. – O que estão dizendo agora? Que Cathy traiu você com o Jude Law ou algo do tipo?

- Vai se ferrar.  – Sorri exasperado. - Não, não foi isso. Mas foi algo tão grave quanto.

- Que você traiu ela com a Sienna Miller? Cara, não seria tão ruim assim... A Sienna é uma gata. E é das nossas, pelo menos. – Ergueu a cabeça pensativo, olhando para o teto imaginando a situação.

- Não sei por que dou ouvidos a você, seu puto! – Joguei o roteiro nele e dei uma gargalhada. – É, se eu fosse o tipo de cara que trai namoradas, com certeza a Sienna estaria no topo da minha lista. Ela é muito gostosa.

- É, e você estaria no topo da lista de ‘persona non grata’ de Jude Law.

Soltei uma gargalhada maliciosa jogando a cabeça para trás, em seguida Jim continuou:

- Mas então, o que aconteceu?

Sacudi a cabeça lembrando a notícia que havia arruinado meu dia, passei a mão no cabelo e soltei:

-CatSey e R-Peter estão noivos! – Murmurei com voz pequena, imitando mulheres quando fofocam.

- Esses apelidinhos são ridículos. – Jim suspirou balançando a cabeça.

- Meu irmão foco, por favor? Você não ouviu o que eu disse? – Arregalei os olhos, um pouco magoado por meu amigo não levar a sério meu problema.

- Foi mal cara. Mas é ridículo mesmo... Quer dizer que tenho que encomendar meu traje de padrinho? – Deu um sorriso de canto de boca e continuou compenetrado, colocando o violão de lado – Por que está preocupado com isso? Você não sabe que é mentira?

- Estou preocupado com as conseqüências disso. Você não vê? As pessoas vão acreditar! Cathy pode começar a levar isso a sério e ficar cheia de idéias na cabeça.

- E...?  - Olhou para mim esperando que eu continuasse meu raciocínio.

- E se ela resolver me pressionar para casar? – Vociferei impaciente.

- Vocês estão juntos há algum tempo agora, não é isso que as garotas esperam depois de um tempo de relacionamento?

Gelei ao ouvir as palavras de Jim. Ele falava com conhecimento de causa, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. Como se todas as garotas pensassem da mesma forma. Isso só me deixou mais inquieto. Achei que ele fosse me consolar. Me ajudar a resolver essa confusão, mas esse puto está só está me deixando mais angustiado.

- Meu qual é a sua? Você está querendo me deixar mais desesperado? – Murmurei pensativo, esfregando as pequenas rugas que se formavam em minha testa.

- Não. A cabeça das mulheres funciona assim. Você pode não ter pensado nisso nenhuma vez até agora, mas pode ter certeza que Cathy já sabe onde vocês vão morar, quantos filhos terão, e até já escolheu os nomes deles. Não estou querendo assustar você, mas você deveria saber.

- Não está me ajudando Jim... – choraminguei desanimado.

- Ok. Desculpe. É que estou vendo a situação de uma forma mais analítica. Se você não tem a menor intenção de casar com ela no futuro próximo, entenda-se nos próximos 12 meses, é melhor conversar com ela e deixar isso claro. Essa notícia pode realmente dar vazão aos sonhos matrimoniais que ela deve nutrir em relação a você. E se você tem planos de algum dia casar com ela, ignore esses rumores e deixe bem claro para ela que pretende sim casar-se, mas não agora.

Desde quando Jim virou um expert em relacionamentos? Será que perdi alguma coisa? Que espírito adulto foi esse que se apoderou dele? Desconfiei da atitude atípica do meu amigo.

- Cara você andou lendo algum livro de auto-ajuda? Você está falando umas coisas estranhas, estou preocupado. - Zombei quebrando o clima sério da conversa.

- Você que pediu para eu falar sério ora bolas. – Jim retrucou magoado.

- Tudo bem. – Mudei de posição na poltrona, dobrando a perna sobre o assento e sentando-me sobre ela. – E se eu quiser continuar com Cathy, mas sem falar em casamento? Essa opção está completamente fora dos meus planos.

- Acho que isso pode não funcionar. Mais cedo ou mais tarde ela vai exigir isso.

- Pode ser. Mas enquanto isso, não sou obrigado a tocar no assunto, não é verdade?

- Hum... você está em negação. – Balançou a cabeça de um lado para o outro, apertando os lábios em um sorriso.

- Vamos parar com essa filosofia de bar? – Exigi sério.

- É que estou treinando para um personagem. Ele é meio metido a psicólogo, mas não tem a menor vocação.

- Ah então você está indo muito bem, quase me convenceu. – Recostei-me sobre o encosto da poltrona.

- E então, o que você queria me contar sobre a garota do envelope azul? – Jim mudou de assunto subitamente, e eu quase lhe agradeci por isso. Todo esse papo sobre casamento não estava indo a lugar nenhum e só estava me deixando mais irritado.

Abri um sorriso e relaxei na cadeira.

- Descobri o nome dela. – Meus olhos brilharam e isso refletiu de alguma forma em Jim, que espelhou meu sorriso, relaxando também sobre sua cama.

- Hum, você me contou no dia do show do Mark. Isso é bom... não é? – Questionou.

- Claro que é bom! Pelo menos ela não é um cara, como eu temia. – Fiz uma careta repudiando a idéia.

- E o que mais você descobriu? Ela mandou outra foto maluca? – De repente Jim estava interessado em minha conversa, cruzando as pernas em cima da cama, aproximando os joelhos do queixo.

- Ela mora em uma cidade que fica no litoral Nordeste do Brasil. Nunca ouvi falar daquele lugar. Fortaleza é o nome da cidade.

- Ela disse tudo isso?

- Não... err... Ela disse o nome da cidade e eu procurei no Google maps. – Confessei desconcertado.

- E ela revelou mais alguma coisa interessante?

- Ela disse que nos conhecemos aqui em Londres.

Os olhos de Jim abriram-se em curiosidade na expectativa de que eu revelasse mais alguma coisa da minha descoberta. Ele parecia espectador de novela vendo as cenas do próximo capítulo.

- Mas ela não disse em que circunstâncias nem quando nos encontramos. Minha cabeça está em parafuso tentando decifrar esse enigma. Ela esteve aqui em Londres cara, dá para acreditar? Será que eu falei com ela? Será que você a conheceu também?

Jim recostou-se na cabeceira da cama, juntando as mãos atrás da cabeça, abriu um sorriso que eu conhecia. Ele estava zombando da minha cara. Alguma coisa que ele percebeu em mim causou essa reação.

- No entanto, tem uma coisa me incomodando: e se isso for algum tipo de cilada? Alguém tentando envolver meu nome em um escândalo?

Jim encolheu os ombros e franziu o cenho, refletindo sobre a hipótese que eu acabara de levantar.

- Por que alguém viajaria até uma cidade no litoral nordeste do Brasil para lhe enviar uma carta comprometedora?

Ergui meu torso na poltrona, colocando os cotovelos sobre os joelhos, considerando o que Jim acabara de sugerir. Ele tem razão, não faz sentido que alguém se dê ao trabalho de enviar correspondências de uma região não tão conhecida do Brasil, só para me prejudicar. Eu nunca tive inimigos, nem sou o tipo de pessoa que gera conflitos com os outros, ao contrário, procuro ser o mais amigável possível por onde passo.

Fiquei mais aliviado do que esperava ao constatar que minha desconfiança era completamente infundada e confessei para Jim:

- Na verdade, Ally que se mostrou desconfiada, achando que alguém estava se passando por mim só para fazê-la de boba. Ela até exigiu uma comprovação de que eu sou eu mesmo.

- Hum, finalmente o nome foi revelado! – Jim sorriu torto, visivelmente satisfeito. – Ally, certo? Bonito nome.

- Isso, Ally. – Sorri pensativo, apreciando a sensação agradável daquele nome deslizando por entre meus lábios. - Ela parece ser uma garota de personalidade bem marcante.

- Por que você diz isso? – Perguntou curioso.

- Você acredita que ela pediu para eu parar de fumar?

Jim deu uma risada, e eu sorri ao lembrar da foto com o bilhetinho escrito com caneta azul claro. Balancei a cabeça de um lado para outro.

- Hum, já chegou fazendo exigências. E você vai parar de fumar? – Provocou erguendo uma sobrancelha.

- Qual é cara, o que você está pensando?

- Eu? Não estou pensando nada... – Desviou o olhar com um sorriso no canto da boca. – E o que você pretende fazer daqui para frente? O que vai fazer para provar que é você?

- Eu já fiz. Tirei uma foto e escrevi umas coisas, não lembro direito, estava meio bêbado.

Jim continuava sorrindo para mim, e eu não entendi bem por que, mas segui contando os detalhes da minha carta resposta para Ally.

- Eu também exigi minhas garantias. – Levantei-me e caminhei até a cozinha, peguei duas cervejas na geladeira e voltei para o quarto. Joguei uma garrafa para Jim, que a apanhou no ar, como um jogador de beisebol, abri minha garrafa, dei um gole e estudei sua expressão enquanto ele questionava.

- Que tipo de garantia você pode exigir de uma pessoa que você nem conhece? – Deu um longo gole em sua cerveja e me fitou esperando uma resposta.

- Pedi o email dela.  – Sorri orgulhoso de minha idéia – Estamos na era da comunicação, carta é uma coisa muito obsoleta. Por email poderei arrancar informações mais rápido dela e acabar logo com essa brincadeira.

- Muito esperto. – Jim pontuou. –E você quer acabar com essa brincadeira?

Eu não tinha pensado isso. Ele tinha razão. Será que eu queria mesmo acabar com a brincadeira? Acho que não. De toda a loucura que cerca minha vida, meu trabalho, relacionamento, vida social, essa correspondência é uma das coisas mais reais que está acontecendo comigo atualmente. É uma das poucas coisas que me faz sentir um cara comum. Por que acabar com isso?

- Acho que não... – Respondi pensativo, baixando a vista para meus pés. – Mas acho que por email posso ter respostas mais imediatas. Essa curiosidade está me consumindo.

- Eu sei... E você já enviou a carta?

- Como? Com Cathy na minha cola o tempo inteiro? E agora nessa época de festas natalinas, não paro de sair para fazer compras com ela e com minha mãe, irmãs, avó...

- Cara você é um pingüim mesmo...

- Pingüim?  - Franzi o cenho sem entender a brincadeira.

- É, barriga branca. As mulheres mandam e desmandam em você.

- O que posso fazer? Elas são maioria!  – Sorri ironicamente. – Voltando ao assunto. Eu preciso de um favor.

Retirei o envelope azul de dentro do casaco e estendi a mão para entregá-lo.

- Azul?

- É...  – pigarreei – Uma espécie de ‘padrão’. – Balbuciei desconcertado.

- Sei, padrão. – Respondeu revirando os olhos, segurando o riso.

- Ah, deixa pra lá, me devolve isso.

- Não, deixa comigo. Eu posto para você. Fique frio.

- Tudo bem. Sem mais perguntas. – Juntei as sobrancelhas, sério.

-Certo, sem perguntas.


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Notas finais do capítulo

O que acharam dos questionamentos de Roger? Parece que ele anda meio acomodado nesse relacionamento com Cathy, não é verdade? Será que eles irão conseguir superar a invasão constante da mídia?
Deixem suas opiniões, ok?

Beijão

[Não percam o próximo capítulo. Garanto que tem muuuitas emoções!]