One In a Million escrita por Neline


Capítulo 5
Cursed Destination


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas está ai ;*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96644/chapter/5

A chuva torrencial do lado de fora chegava a assustar. Chuck bufava constantemente, mais irritado do que de costume, buzinando e esbravejando contra tudo.

- Viu só? Não está contente por eu ter te trazido? - Ele falou, sério, apontando para os raios.

- Na verdade não. - Ele bufou.

- Você poderia morrer antes de chegar em casa. Poderia escorregar no meio fio e acabar na frente de um ônibus. - Revirei os olhos, mesmo sabendo que pela minha sorte isso poderia acontecer.

- Por que você se importa? - Rugi, mas ele sequer me olhou. Fez uma curva brusca, indo para a esquerda sem nenhuma calma. - Onde está indo? - Eu definitivamente não conhecia a cidade, mas sabia que a casa ficava para o outro lado.

- Apenas pegando um desvio para escapar do transito. - Era uma estrada de terra, pequena e deserta. Olhei para ele, com o cenho franzido.

- Você tem certeza disso? Parece  um lugar meio... assustador. - Ele me olhou, visivelmente segurando o riso.

- Assustador Blair? Por favor. - Ele falou revirando os olhos e decidi  não falar que assustadora era a presença dele.  O carro foi diminuindo de velocidade aos poucos, até parar completamente. Bufei, olhando para o Chuck.

- O que aconteceu? - Eu falei, me virando completamente para o banco do motorista.

- Acho que atolamos. - Ele disse em um tom desconfortável.

- Ótimo. Saia do carro e empurre. - Chuck me olhoou, como se eu fosse maluca.

- Você acha que eu vou sair do carro com esse temporal, para empurrar o carro no meio da lama? Uhum. - Ele falou, tentando em vão acelerar. 

- Ligue para alguém, então! - Eu falei agitada, tirando o cinto de segurança. Ele pegou o celular, e bufou.

- Não está pegando. - Eu me joguei para trás. 

- Estamos presos no carro? - Eu falei e ele se calou, desligando o carro. - Perfeito.

Já era de noite. As luzes distantes da cidade ficavam cada vezes mais intensas, e o silêncio do lugar deixava as coisas nada agradáveis.

- O que você mais gosta no Brasil? - A voz do Chuck soou estranha.

- Os lugares. - Eu falei, automaticamente, vendo ele unir as sobrancelhas, mesmo no escuro.

- Explique.

- Desde as paisagens intocadas até as cidades construídas, tem algo que nenhum lugar tem. É difícil explicar. Algo entre o tamanho das montanhas e o azul do mar. Não existe em nenhum outro lugar do planeta. - Suspirei, lembrando de tudo aquilo. 

- Deve ser realmente lindo. - Ele falou, sério, olhando para baixo. Eu o encarei, curiosa.

- Por que você foi para o Canadá? - Ele me olhou com calma, e eu percebi naquele momento que havia feito a pergunta errada.

- Pela minha noiva. - Eu olhei para o chão. As palavras sairam com triste, pesar. O fato dele ter uma noiva me encomodava.

- E por que voltou, então? Ela deve sentir sua falta. - Falei no tom mais calmo que consegui.

- Ela faleceu há uns três anos. - Eu o encarei. Sua face vazia não deixava tranparecer absolutamente nada.

- Eu sinto muito. - Quase sorri, segurando um pouco minha vontade de abraçá-lo.

- Como você conheceu seu namorado? - Ele me pediu, com uma voz mais amena.

- Para ser sincera, eu não lembro. - Ele começou a gargalhar. Um som doce, alto e imponente. Fazia bem para meu cérebro. Ele me encarava, sorrindo, mas o olhar intenso e pesado parecia querer dissecar minha alma. - O que houve? - Ele balançou a cabeça, sorrindo.

- Você é fascinante. - Foi minha vez de gargalhar.

- Fascinante? - Perguntei, completamente incrédula.

- É. A garota prepotente, irônica que não que viver na sombra da mãe. A pequena virgem puritana que nem ao menos lembra como conheceu seu namorado. A futura advogada bipolar. A mulher que grita comigo de depois olha para o chão com o rosto vermelho. Você é um mistério pra mim. É definitivamente uma das pessoas mais fascinantes que eu já conheci. - Ele me encarava a cada palavra dita. Eu estava impressionada. Sempre achei que ele não ouvisse tudo que eu falava, mas ele simplesmente guardava na memória e analisava. Sustentei o olhar.

- E você? O brilhante estudante de direito , orgulho da familia, partidor de corações enquanto o próprio está partido. O idiota sádico e sarcástico que me confunde com suas perguntas sem sentido e cheias de curiosidade. Que mente com sinceridade. Que é simplesmente tudo que eu abomino em um homem e que me impressiona a cada piscar de olhos. Você é definitivamente a pessoa mais fascinante que já cruzou meu caminho. -  Engoli seco ao perceber que havia falado mais do que deveria. Seus olhos tinham um pouco de dor, um pouco de surpresa, e por isso o sorriso no seu rosto era grande, porém nulo para mim.

- Veja só, nós somos igualmente sádicos e narcisistas. - Ele gargalhou novamente, desviando os olhos de mim. 

- Maldito destino que fez nós nos cruzarmos, não é? - Ele me olhou, o rosto cada vez mais próximo do meu, até nossos lábios se roçarem.

- Maldito destino que não fez nós nos cruzarmos antes. - Ele falou antes de tomar meu lábios suavemente, em um beijo calmo, doce. E ao mesmo tempo, entorpecedor, antes que eu caísse, apagada em seus braços. O que conteceu? Talvez seja vergonhoso demais para confessar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Reviews, plz

XOXO. Neli ;*