Como Poderia Ter Sido... escrita por MissBlackWolfie


Capítulo 1
Meu amado vazio.


Notas iniciais do capítulo

~~Bella percebe que algo está faltando enquanto se arruma para casar com Edward.



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Eu acordei ainda assustada com mais um pesadelo que rodeava os meus sonhos, cada dia mais apavorantes e assustadores. Desde dia que Ele foi embora não tenho mais paz nem dentro da minha mente, que o tempo todo me lembra de cada detalhe dele, como ele faz falta na minha vida. Meus pesadelos sempre mostram o quanto sofro sem Ele ao meu lado ou como será sem nunca mais o ver, como será a escuridão da minha vida sem meu sol.

 

Ainda deitada, olhando para o teto, tentando acalmar toda aquela aflição, já corriqueira para mim, desde dia que me despedi Dele. Mas havia mais do que aquela inquietação dentro de mim, havia uma falta. Uma peça importante estava longe, deixando um espaço vazio aqui dentro do meu peito. Contudo hoje não era dia de pensar nisso, ou permitir essa sensação, que era constante, me paralisar, como algumas vezes conseguia.

 

Hoje era o dia de selar minha união com Edward, a minha escolha, a minha eternidade ali decidida. Fechei os olhos para forçar a minha mente e meu coração aceitarem a minha decisão, pois eles pareciam trabalhar contra essa minha certeza. Embolando dentro de mim meus sentimentos e memórias, trazendo angustia imensa.

 

Quando levantei da minha cama meus pés tocaram o chão frio, isso me fez sentir o vazio dentro de mim se expandir. Era inevitável não pensar Nele, como poderia me aquecer somente com um toque, seu abraço me aquecendo por inteira. Sacudi a cabeça, precisava de foco, hoje era o dia do meu casamento... com Edward.

 

Vesti minha roupa e fiz minha higiene sem ao menos pensar nos movimentos, era como se constantemente eu vivesse num estado de automático, nada parecia prender minha atenção suficiente. Acho que esse buraco dentro de mim consumia qualquer energia minha, deixando-me inútil para o restante.

 

Desci as escadas calmamente, vi Charlie com uma cara de poucos amigos na cozinha sentado tomando seu café da manhã, isso era comum desde dia que ele soube que me casaria com Edward e piorou muito depois que ele soube do desaparecimento "Dele". Não consigo sequer pensar nome, enfim tenho medo desse vazio dentro de mim crescer, me sugar e nunca poder voltar a tona novamente. Porque agora estou sem meu porto seguro, sem aquele que me salvou quando eu precisei de luz para sair da escuridão que existia dentro de mim.

 

Fechei meus olhos para buscar novamente foco, tentar, sei que inutilmente dele, lembrar da felicidade que deveria estar sentindo por casar com a minha escolha. Charlie me olhava com desconfiança, sempre com a cara fechada, lembrando a carranca que alguém carregava quando estava aborrecido. Bella foco, ordenei a mim mesma. Então tentei quebrar a atmosfera de tensão, e falei.

 

- Você pegará o Sr. Weber à três horas. - eu o lembrei passando por ele e caminhando até a geladeira.

- Eu não tenho muito que fazer hoje, além de pegar o padre, Bells. Não vou esquecer minha única obrigação. - Charlie me respondeu de maneira ríspida, ele estava incomodado com toda aquela situação. Vi seus olhos revirando demonstrando o quanto “satisfeito” ele estava aquele dia.

 

Por causa do meu matrimonio ele pegou uma folga para o dia inteiro por causa do casamento, definitivamente isso o aborrecia, pois não teria como fugir daquela festa indesejada por ele. Era nítido o quanto aquilo o incomodava, sem duvida ausência Dele agravava mais o humor do Charlie. Não poderia me preocupar com aquilo, bem que gostaria de conversar com alguém o quanto a Falta dele me angustia, mas tenho que manter o foco, para não me perder em meio aos meus sentimentos perturbados.

 

- Essa não é a sua única obrigação.- eu falei sentando na frente de Charlie com um copo de leite nas mãos. Beberiquei e continuei com falso bom humor. - Você também tem que estar vestido e apresentável.

 

Não sei como fosse possível ele fechou o rosto, encarando sua tigela de cereais, e murmurou as palavras “terno de macaco” em voz baixa.

 

Houve uma pancada rápida na porta da frente. Uma esperança infantil, que sempre me acometia ultimamente, quando escutava um toc toc na porta, porém sei o quanto é impossível que fosse Ele, afinal tinha partido somente com o seu lobo e nada mais.

 

Meu cérebro recordou que dia era hoje, olhei para o relógio na parede, juntei com animação naquele bater na porta, sem duvida era minha cunhada e irmã: Alice.

 

- Se você acha que se deu mal, - eu disse, fazendo uma careta enquanto me levantava. - Alice vai trabalhar em mim o dia todo.

 

Charlie balançou a cabeça concordando, concedendo que realmente ele ficara com o menor problema. Abaixei-me para beijá-lo na testa enquanto eu passava — ele corou e limpou a garganta — e fui abrir a porta para a minha melhor amiga e em breve irmã.

 

Ela me arrastou com facilidade pra fora de casa com um “Oi Charlie” por cima do ombro. Alice me avaliou quando entrei em seu Porsche, na verdade eu desabei, pois meu corpo sempre estava com essa sensação pesada nele.

 

- Oh, droga, olhe seus olhos! - ela fez um tsk em reprovação. - O que você fez? Ficou acordada a noite toda?

- Quase. – ela não sabia que meus pesadelos me perturbavam tanto que eu tenho receio de voltar a dormir. Ela me olhou feio e desconfiada, voltou a falar com sua voz de fada.

- Eu só tenho tempo suficiente pra te deixar deslumbrante. Bella, você deveria ter tomado conta da minha matéria-prima.- Enquanto ela falava seu carro já estava em movimento.

 

Suas palavras pareciam outra língua para mim, não ouvia quase nada o que ela falava agitada ao meu lado. Infelizmente eu estava com pensamento em outro lugar, em outro momento do meu passado, mas parte da minha atenção, aquela que vive no automático, estava ligada no que Alice dizia, e assim pude respondê-la.

 

- Ninguém espera que eu esteja deslumbrante. – Resmunguei inaudível para um ser humano normal, contudo quem estava ao meu lado não teria nenhuma dificuldade para distinguir o que foi dito por mim. Além que eu gostaria que quem me visse deslumbrante fosse "ele". Sei que não acontecerá isso.

 

O vazio aumentou e começou a pulsar no meu peito, me fazendo arfar. Respirei fundo e lembrei-me do dia de hoje, não posso me entregar essa dor, não era justo com Edward e nem com os Cullen. Concentrei-me com os olhos baixos no painel do carro e continuei:

 

-Acho que o maior risco é que eu durma durante a cerimônia e não consiga dizer o 'eu aceito' na hora certa, e então Edward fuja. – Tentei dar um sorriso fraco, com algum possivel tipo de humor, mas soou muito falso.

 

Meu inconsciente adoraria que Edward fizesse isso, meu coração teimoso e saudoso sugeriu. Balancei a cabeça dissipando esse pensamento. Edward não merecia isso, depois de tudo que construímos juntos, todos os planos para eternidade. Essa palavra fazia uma memória voltar, com a voz rouca que tanto amo a falar: “Você sempre terá opção.”

 

Hoje seria difícil controlar minha saudade, mas faria eu um esforço sobre-humano para controlar a minha loucura, minha escolha já tinha sido feita, não tinha mais volta.

 

Passei o restante do caminho da casa dos Cullens em meio aos meus pensamentos de como eu deveria esquecer Ele, me concentrar no meu escolhido, em toda nossa historia e em todo nosso amor, todavia sempre a imagem do meu sol surgia do nada sobrepujando minha tentativa em manter Edward me meu pensamento. Eram pedaços dele: hora seu sorriso, seu olhar para mim, e o nosso beijo. Isso em especial fazia meu corpo responder um arrepio e um pensamento: Como poderia ter sido...

 

Foram meses tentando esquecer todas aquelas lindas e doces tardes naquela garagem, onde havia somente eu e Ele, sem nenhum problema sequer, sem nenhum mundo sobre natural para nos atrapalhar. Soltei o ar pesadamente, enquanto o meu vazio ia crescendo, tornando tudo muito mais difícil para eu seguir aquele dia importante em paz, como deveria ser.

 

Escutei Alice comentar sobre as minhas malas estarem prontas para minha viagem de lua de mel, eu dei um sorriso tímido, tentado mostrar a minha felicidade, bem, o que eu lembrava ser ela.

 

Na verdade eu estava era enlouquecendo internamente, a medida que o momento se aproximava de dizer sim, o vazio me sufocava. Eu juro que há algo crescendo dentro de mim, posso sentir, contudo nada importa, hoje era o dia do meu casamento, essa era certeza que eu tenho que ter em mente.

 

Chegando a mansão dos Cullen não vi ninguém, talvez eu até tenha visto, mas não tenha guardado afinal eu estava alheia a tudo, o bom que eu tinha como álibi minha falta de sono na noite anterior. Alice me levou até seu quarto, onde tinha uma infinidade de coisas para tentar me deixa apresentável para todos. Sentei na cadeira e ela começou a me arrumar. As horas passaram para mim num piscar de olhos.

 

Na verdade eu fiquei o tempo todo com eles fechados para memorizar todos os momentos com ele. Cada hora que ia aproximando para cerimônia eu pensava: "Bella chega. Você tem q se concentrar." Mas meu vazio dizia: "Mais um pouquinho, eu quero lembrar-se de tudo e aguardar dentro de mim." Assim permitia minha mente vagar nas lembranças com meu sol.

 

Alice falava o tempo todo, vangloriando-se como estava esplendida a decoração, como eu ficaria linda e deslumbrante. Nada disso me fazia voltar para terra, para cadeira onde sentada eu me encontrava. Eu estava longe dali, meu todo estava em La Push, junto com o sol. Da minha boca só saía alguns "hum" e "sim", para deixar Alice entretida e fingir certo interesse naquilo que estava acontecendo a minha volta. Quando eu soltei um "Claro claro", lembrei "Dele" falando, sua voz rouca, quando não queria discutir comigo, isso me fez suspirar.

 

Nem a presença de Rosálie no recinto me fez sair da onde eu estava. Ela estava empenhada auxiliar Alice, acredito que a matéria-prima, no caso eu e minha beleza comum, não estava ajudando a sua obra final.

 

Alice me fez ficar em pé, para poder colocar o vestido pela minha cabeça, por cima do cabelo e da maquiagem. Meus joelhos tremiam tanto, pois o momento estava chegando, a minha escolha não poderia ser desfeita. Enquanto ela prendia os botões de pérola nas minhas costas que o cetim tremeu em pequenas ondas na direção do chão. "Esta chegando a hora", minha mente gritava pra mim, e meu corpo respondia com tremores involuntários, implorando para eu ir embora dali. Eu tinha que voltar, sair das minhas lembranças com ele. Tinha que me afastar do sol, mas ele é tão aconchegante. Eu tinha que retornar para minha escolha, do homem Perfeito, que sempre me amaria, Edward.

 

Ouvi Alice dizer que ia se arrumar. Meu deus, ficarei sozinha com o meu enlouquecer dentro de mim, tenho medo que falta dela me faça esquecer meu propósito de estar ali naquela casa. Então segurei sua mão gélida enquanto ela ia saindo.

 

-Não quero ficar sozinha. - Meus olhos marejaram.

-Calma. – ela se assustou com meu desespero. - Vai estragar a maquiagem não chora. - Ela começou a passar os lenço nos meus olhos.- Por que isso? - Ela me olhou desconfiada.

-Eu estou muito nervosa. - Menti olhando para chão.

 

De repente vi Alice em transe, minha respiração ficou suspensa por alguns segundos. Será que ela estava vendo algo diferente no casamento? Minhas pernas que já tremiam agora, estavam quase desabando. Então ela olhou para mim e disse:

 

-Sua mãe já esta subindo e ficará com você. Ok?

 

Assenti com a cabeça. E consegui respirar novamente, nesse segundo entrou Renne no quarto. Um suspiro de alivio cortou minha apreensão. Quando os olhos de minha mãe caíram sobre meu vestido vi, que eles se encheram de lagrimas acredito afinal que Alice fez um bom trabalho.

 

-Minha filha vc está um sonho!- sua voz estava embarcada de eomoção e encantamento. 

-Obrigada Renne. – Falou Alice vitoriosa, piscou para mim e saiu do quarto.

-Obrigada mãe.- eu disse com o sorriso fraco, encarando o chão. Não queria ficar olhando muito para ela, afinal ela poderia desconfiar da bagunça que estava meus sentimentos.

 

Minha mãe deu uma volta no meu corpo, pegando a barra do vestido delicadamente, as vezes passando a mão de leve no tecido, acredito que ela estava fascinada com aquela obra de arte matrimonial, como disse Alice alguma hora enquanto me arrumava.

 

Obriguei minha mente ficar concentrada no movimento a minha volta, não posso me afundar novamente nas minhas recordações. Depois de alguns minutos Renne parou na minha frente, colocou os dedos no meu queixo o levantando, tentei recusar, mas ela insistiu:

 

-Bella, olha para mim, quero ver seu rosto. - Quando nossos olhares se encontraram ela parou por alguns segundos, os meus olhos já encheram de lagrimas, quando ela ia começar a falar, ouvi a porta se abrir.

 

Alice e Charlie entravam conversando animadamente. Somente ela conseguia tirar a carranca de mau humor do meu pai. Essa entrada deles suspendeu qualquer possibilidade de conversa entre eu e Renne. Mais uma vez respirei aliviada. Pelo menos para isso eu tinha sorte! Escapar de enfrentar meus sentimentos. Ali não era momento para isso. Na verdade já havia passado esse tempo. Pensei comigo mesma.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem...