Só Pode Ter Alguma Coisa na água! escrita por Lily_May


Capítulo 3
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/96293/chapter/3

POV CARLISLE

Carlisle observava os alunos do penúltimo ano entrando em sua sala, sem nem se mexer. Era uma turma pequena. Olhou para cada rosto assustado que tomava seu lugar. Quando todos estavam sentados, ele começou a sua aula.
Falou pouco antes que começasse a dar a matéria, mesmo sendo a primeira aula do ano para os ali presente. Ele não era tão assustador e ríspido como seu antigo professor, mas era bastante frio.
Falava sobre os reagentes de uma fórmula, enquanto andava pela sala. Quem olhasse de fora, veria que ele olhava freqüentemente para a mesa de Rosalie e Lauren, interpretando que ele estivesse preocupado com sua filha.
Mas a realidade era um pouco diferente. Desde o verão, quando Lauren freqüentava a mansão para falar com sua filha, algo despertara dentro dele. Apesar de adulto, casado e muito bem estabilizado, Carlisle não conseguia entender aquele interesse pela amiga de sua filha, que claramente o vinha provocando, admitindo que algo ficava diferente quando a garota estava por perto.
Quando a a aula terminou, fez um sinal para que Rose ficasse, enquanto o resto da turma se retirava.´

Quando os dois ficaram a sós, a menina se aproximou da mesa do pai.
- Algum problema?
Ele soltou um longo suspiro antes de responder:
- Pude notar sua dificuldade com o preparo da fórmula, Rose... E não fico nada contente com isso.
Ela encolheu os ombros, abaixando a cabeça. Era difícil ter um pai professor de ciências, quando essa era a matéria que menos se dava bem.
- Eu tentei, papai..
- Professor. Aqui na Forks, sou seu professor, não se esqueça. E não quero ver minha aluna prejudicada nas provas por causa da matéria que eu ensino, como não posso alterar suas notas.
Rosalie levantou a cabeça, fitando os olhos da mesma cor dos seus.
- E o que pretende?
- Ainda hoje vou falar com meu melhor aluno em poções. Vc terá aulas extras.
Rose abriu a boca para reclamar. Achava aquilo um absurdo, não precisava da ajuda de ninguém! Mas o olhar que o homem lançou fez com que se calasse, concordasse e se retirasse da sala, bastante contrariada.

POV DO EMMETT

O sinal tocou, indicando o fim da aula de poções da turma do último ano.
Emmett começou a recolher seu material. Ia sair quando o professor Cullen, pai de Rosalie e Edward, o chamou.
Não sabia o que o homem poderia querer com ele. O seu desempenho era impecável, herdara da mãe o talento para química, e, graças a Deus, a não ser por um curto período em seu primeiro ano, ele nunca fora descontado em pontos naquela matéria.
- Sim, professor, o que deseja?
- Eu gostaria de lhe fazer uma proposta, Swan.
- Sim, o que é?
- Eu gostaria que você desse aulas extras de poção para a srta. Cullen.
Emmett estava atônito. Srta. Cullen? Qual era o problema em dizer, "minha filha"? Tudo bem, que naquele ambiente a formalidade era maior, mas mesmo assim... e por que, justo ele, fora escolhido para dar aulas para a srta. Rosalie "tenho tudo o que eu quero e sou superior a vc" Cullen?

- Ahn... senhor... é que este é ano de SAT (exame único de vestibular pros EUA inteiro)... e eu realmente vou ter de estudar muito, além de que ainda tem a temporada de futebol...
- Eu sei de tudo isso, Swan. E também sei, que vc gosta de ter o currículo impecável, mas tem certa dificuldade em História...
- Com toda a licença, senhor... é meio difícil alguém não ter...
Carlisle riu, internamente... o professor Black não era nada fácil mesmo... ele parecia não ter noção do horário e costumava estendê-las mais que o necessário.
- Você, meu jovem, deveria saber uma das regras da Forks... se vc for um aluno que presta serviço comunitário de qualquer tipo que beneficie outros alunos do colégio, o professor responsável pela supervisão desse serviço tem total autonomia para interferir no seu desempenho na aula em que vc mais precisar e já houveram casos de a disciplina deixar de ser obrigatória para o aluno em questão...
Emmett pensou bem... não seria nada mal uma ajudinha nesse impasse que era seu desempenho em História. E, afinal, não estaria fazendo nada ilegal...
O único senão seria ter de aguentar aquela garota. Rosalie Cullen dava nos nervos dele. Quase não dormira naquela noite. Tiver pesadelos no qual ele era o recheio de um grande chocolate que ela devorava em pedacinhos, mordendo vagarosamente cada um deles...
Se não tomasse cuidado, sentia que essa menina iria bagunçar a sua vida e deixá-la de pernas pro ar...
- Então, se é assim, professor, eu aceito. Quando começam as aulas?
- Faça o horário que vc preferir, que for mais conveniente pra vc. Pode usar essa mesma sala, nos horários vagos.
E estendeu a mão para Emmett, que a apertou em um cumprimento e se retirou da sala.

 

POV BELLA

Logo após o almoço, Bella fez um sinal para Alice, que estava terminando de comer a sobremesa, indicando que iria para o jardim.
Lá chegando, sentou ao pé de uma árvore, encostando-se ao tronco e abriu um caderno, onde começou a rabiscar algumas poucas linhas, tentando descrever a Robert como fora o final de suas férias e sua chegada ao colégio.
Perto dali, um grupo de rapazes se preparava para treinar futebol. Entre eles, pode divisar Edward Cullen. Não suportava aquele tipo de cara que achava que podia ter qualquer garota que quisesse a hora que bem entendesse. Ele devia certamente se olhar todo dia no espelho e ficar lá meia hora, só se admirando e lançando olhares apaixonados a si mesmo. Ele até era mesmo bonito, lindo até, ela admitia. Mas se envolver com um cara desse tipo só poderia trazer problemas a uma garota.
- Oi!
- Oi, Alice! - virou-se, falando com a nova amiga. - E aí, como foi a sua primeira noite embaixo do teto da Forks?
E a menina foi falando sobre como era tudo diferente da França, e em como sentira falta de conversar com as amigas da antiga escola, como sempre fazia a cada início de ano letivo.
- E os alunos do seu dormitório? Como te receberam?
- Na verdade, conversar mesmo, eu só conversei com uma. Uma tal de Cullen que veio com um papo esquisito de "vc não deveria andar com a escória da escola"... aliás... o que eles tem contra o Jasper, levando em conta a implicância mesmo ele não sendo bolsista?
- Ih, essa história é folclórica... o Jazz é filho de dois ex-alunos do colégio. O pai era o mais atrapalhado da época e a mãe era a esquisita doidona. São pessoas maravilhosas. Hoje, o pai é um dos botânicos mais competentes do país, e a mãe, uma jornalista respeitada. Mas os esnobes nunca levam isso em conta...
E ficaram conversando até que soasse o chamado para as aulas da tarde.

 

POV ALICE

O sinal já tocara há algum tempo, e Alice corria para chegar a tempo de assistir a aula de História. Tinha se informado com Bella sobre a localização da sala. Era no quarto andar, perto da sala de Literatura. Mas afinal, onde era a bendita sala de Literatura? Era uma porta grande de madeira avermelhada... Onde estava essa porta?!
Parecia até zoação. Primeiro, só porque tinha visto Emmett de longe e havia resolvido segui-lo para achar a sala, o perdeu no primeiro corredor, repleto de portas e, pra piorar, com escadas subindo e descendo. Ele havia se enfiado em alguma sala ou usado as escadas? Depois deu um tropeção e quase caiu, sorte que não havia ninguém olhando...
- Je ne mérite pas ça! Desse jeito, eu nunca vou chegar a essa aula... – reclamou, desanimada quando chegou ao quarto andar.
Nesse momento ouviu barulho de passos que vinha do corredor a sua direita. Já estava atrasada, não estava? Então porque não descobrir de onde vinha esse ruído? Seguiu lentamente pelo corredor, até se deparar a uma porta muito parecida com...
- A de Literatura! Isso!- vibrou a francesinha.
Pôde ouvir o rangido de uma dobradiça enferrujada, olhou para o outro lado do corredor e se deparou com Emmett entrando no que deveria ser a sala de História. Adiantou-se até lá e conseguiu segurar a porta antes que essa fechasse.
Olhou para dentro e sentiu o seu sangue gelar; só tinha dois lugares vagos. Um do lado do Jasper e outro na mesa de um cara que ela não conhecia. Seu desespero aumentou quando viu Emmett seguir para o lado do Hale.
- Zut- xingou a garota baixinho.
- Sim, srta?- interrompendo a sua reflexão, perguntou um professor. Era alto, entre os cinquenta e os sessenta anos aproximadamente, cabelos negros, pele puxada para o moreno avermelhado, com certeza tinha parte do sangue indígena. Só esperava que ele não fosse tão severo quanto o olhar denotava. Parecia que aquele ali levava o ofício a sério demais...

- Excuse professeur – pigarreou - Desculpe, professor. É que eu sou nova e me perdi pelo colégio...
- Ah... A srta. deve ser a aluna nova. Srta. Doré, correto?- perguntou encarando. Aquele olhar parecia poder ler sua alma...
-Sim.
- Sou o professor Black. Pode entrar. Sente-se ali – indicou com a cabeça o banco perto de um rapaz com cabelos cor de cobre.
- Obrigada.
Seguiu em silêncio para o local que o professor indicara, sentou sem ao menos olhar para a pessoa que estava ao seu lado.
- Eu achava que os franceses tivessem etiqueta. -implicou o rapaz- Primeiro chega atrasada, depois não cumprimenta o colega ao seu lado...
- Olá. Alice Lion Doré. Prazer.
- Edwart Anthony Masen Cullen - respondeu com um sorriso galante. “Deve ser do tipo que dá em cima de tudo que use saia... Coitadinhos dos escosses”, pensou divertida.
- Peraí... Você disse Cullen?
- Disse.
- Mon Dieu! QuantosCullens tem nesse colégio? – perguntou, exasperada.
- De alunos, somente eu e minha irmã, Rosalie. Nosso pai é professor de ciências.
- Você é irmão dela?
- Sou, por quê?
- Nada –desconversou.
- Aquela pirralha já falou com você, não? –riu-se.
- Já e falou mal dos meus amigos, o que fez com que ela despencasse no meu conceito.
- Relaxa... A Rose é assim mesmo...
- Não estou aqui para aturar pirralha mimada!
- Uou! Que agressividade. Sabia que você fica uma gracinha irritada – ele não conseguiu resistir, soltou a piadinha, por mais que não se interessasse pela garota, já era costume.
- E sabia que você fica muito melhor calado? – ela deu um sorriso de viés.
- Você não é a primeira que diz isso- respondeu ele, divertido.
- E pelo visto não vou ser a última. – sorriu.
- Definitivamente não... – o rapaz devolveu o sorriso.
“Pára tudo! Eu sorri sem estar tentando conquistar a garota? Que está acontecendo comigo...”, refletiu Ed enquanto se virava para assistir a aula.
Depois de dois longos tempos, o professor liberou a turma. Próxima parada: biologia botânica, nas estufas.

Correu pra alcançar Emmett e Jasper, mais à frente. Os dois pareciam entretidos em uma conversa.
- Não sei, Jasper. Eu realmente não sei qual é a dela... aqueles risinhos durante a aula... e logo com quem? – Emmett falava quando ela os puxou pelos ombros.
- Não vão falar comigo, não?
- A.. Oi Alice...
- O que foi, Jasper? Parece que viu um fantasma... – riu.
- Não, não foi nada... Só estou cansado, estava comentando isso com o Emmett agorinha mesmo. Né, Emm?- deu um pisão no pé do amigo.
- É... É claro...
- Poxa... Vocês me deixaram sozinha! Isolada! Eu não conheço ninguém nesse colégio a não ser vocês...
- Pelo visto estava se dando muito bem com o Cullen... – respondeu Jazz, ríspido.
A francesa não teve tempo para responder, Edward chegou, interrompendo a conversa.
- Então, Doré? Vai sentar comigo de novo na aula de botânica?
- Me dá um bom motivo para isso? – ela perguntou levantando a sobrancelha.
- Você não conhece mais ninguém do seu ano e esses dois parece que estão querendo te ver pelas costas – sorriu vitorioso, talvez durante essa aula conseguisse perguntar a ela sobre a amiga misteriosa, a garota baixinha do dia anterior.
Como resposta, a garota bufou e virou a cabeça para encarar os amigos que deram de ombros, como se estivessem pouco ligando pra com quem ela andava ou não. Pensou mais um pouco... Talvez fosse melhor sentar com o Cullen mesmo. Afinal, ela não conhecia ninguém, e ele não lhe dera nenhum motivo para antipatia, até fora uma companhia agradável durante a última aula.
- Está bem, Edward.
- Eu sabia que você ia concordar...
Alice virou-se para os outros dois e se despediu, seguindo com Edward para a estufa.
- É, Jazz... Ela foi com o Cullen...
- É... mas viu como ela relutou?
- Sei não, hein... Talvez ela mostre o seu lado superior e arrogante como alguns pagantes...
- Talvez, mas eu espero que não...
POV BELLA

Bella ajeitava seu material para sair da aula de botânica. Céus! Como aquelas aulas eram cansativas!
Achava que já estava mais do que na hora da prof. Willians se aposentar. Até que a velhinha era legal, mas ultimamente ela já nem ouvia direito e gritava muito achando que os outros tb não ouviam...
Graças aos céus não havia mais aula para ela naquela tarde, então resolveu que iria dar uma volta nos terrenos em volta da escola. Gostava de andar ao longo da grade que margeava o local, e comprar balas de canela com uma velha senhora que tinha uma banquinha de doces ali perto.
Saiu pela porta da estufa, quase dando de cara com Alice, que vinha acompanhada de...
Deus! Ela vinha acompanhada justo daquele tratante do Edward Cullen! Será que era mais uma que caíra na lábia dele?
Deu um sorriso, e o rapaz sorriu de volta, convencido, achando que era pra ele.
- Oi, Alice!
A menina a cumprimentou e disse:
- Edward, pode ir na frente. Eu vou falar um instantinho com a minha amiga.
O rapaz levantou uma sobrancelha intrigado, mas entrou na estufa, não sem antes dar uma boa olhada em Bella novamente.
- Menina, o que vc está fazendo com o Cullen?
Alice explicou o que acontecera na aula de História.
- Não creio... ele não tentou dar em cima de você?
- Nom... nem um pouquinho... mas acho que os meninos não gostaram muito que eu tivesse travado conhecimento com ele. Aliás, ele é irmão daquela menina esnobe, sabe? Aquela que eu te falei.
- Tudo em família... a esnobe e o metido!
- Mas pq vc fala assim dele?
- Na vinda pra cá, nós nos esbarramos no trem e ele ficou tirando sarro do livro que eu estava lendo, sem querer me devolver. Ele riu da minha cara e me deu um beijo no canto da boca, aquele verme!
- Ops... ele não deveria ter feito isso, não é mesmo? Mas convenhamos, amiga... se um verme com uma aparência daquelas quisesse algo comigo, eu não recusaria não!
- Mas será que até vc?
- Ah, ele é bonito sim, mas eu estava brincando... prefirro um outrro estilo. Gosto dos mais tímidos!
- Então o Jazz seria perfeito pra vc... ele é um doce!
Notou que Alice ficou meio sem graça, e resolveu não complicar mais ainda pra ela.
- Mas bom... vai pra sua aula, senão vai chegar atrasada e vai levar advertência... e as detenções aqui não são nada divertidas!
Dez minutos depois estava sentada na grama, encostada à grade da escola, saboreando uma bala de canela, a sua favorita.
- Psiu... psiu...
Havia alguém chamando. Assustada, olhou em volta e viu uma senhora vestida com roupas ciganas.
- Venha cá, moça bonita, deixe-me ler os caminhos da sua vida na palma da sua mão...
Ela sorriu. Não acreditava nisso, mas também não tinha medo.
- Desculpe-me, mas não tenho dinheiro... gastei meu último comprando as balas. A senhora quer uma? - ela se aproximou.
- Oferecendo de coração, eu aceito. Não vou lhe cobrar criança. Sua aura é muito iluminada.
Num ímpeto, ela pegou a mão de Bella, começando a deslizar o dedo pela palma.
- Você é romântica, no entanto nunca amou um rapaz de verdade, mas está bem perto disso. O homem da sua vida está bem perto de você e em breve, vc vai reconhecê-lo. Mas não será um caminho fácil. Ele não acredita no amor. Haverá muita dor, uma traição, ele é imaturo ainda, vc precisará perdê-lo, abrir mão dele, para tê-lo de volta. Mas lembre-se... uma vez conquistado, vc sempre será a mais importante, e a única no coração desse rapaz.
Mesmo sem acreditar nessas coisas, Bella sentiu um arrepio na espinha. De repente a cigana soltou sua mão e inclinou a cabeça, se despedindo, sumindo na neblina que se formava naquele fim de tarde...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Taí, mais um capítulo. Clarinha, obrigada pelas reviews!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Só Pode Ter Alguma Coisa na água!" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.