- Puta que pariu! Apaga logo a luz porra! – diz Dercy.

          É meus queridos leitores, depois de quatro capítulos, eu David, estou aqui novamente, sendo o narrador dessa maravilhosa história, mas agora, doze anos depois da incrível loucura.

          Estamos agora em 28 julho de 1957 na capital do Brasil, Rio de Janeiro, enquanto o mundo está agora se preparando para uma grande guerra contra o socialismo, estou aqui, comemorando meu aniversário de 33 anos, em uma casa na rua do Ouvidor.

                  - Seu viado assopra logo essa porra! – grita Dercy apontando para vela do bolo.

           Vejo todos me olhando, pego a faca para cortar o bolo, acredito que terei mais sorte daqui para frente, tomo coragem e começo o famoso discurso.

                   - Gente, por favor, eu quero dizer algumas palavras: Há doze anos, eu estava em uma terrível guerra que durou seis longos anos. Em batalha conheci muitas pessoas, pessoas que hoje estão aqui, pessoas que hoje não estão mais entre nós, como nosso querido amigo, João Caio Pires Esquerdo Jacinto Pinto Aquino Rego, sua história sempre vai ser lembrada por aqueles que o amavam...

                - Porra, puta que pariu! Então ninguém vai ficar sabendo, vamos parar com essa viadagem e corta logo a merda desse bolo, se não vou meter a mão na sua cara escrota, bora! – grita Dercy e dá um sorriso.

                   Contarmos o bolo e sentamos para comer, logo nós conversamos e conversamos.

                - Não acho que isso vai para frente não Roberto. – diz Dercy para Roberto Marinho.

               - Claro que vai funcionar, já tem até nome. – com o estalar das duas mãos Roberto logo diz. 

                - “Rede Globo”, pois vai dominar o mundo com a informação, vamos nascer forte como o rádio.

                - “Globo”?! Porra! Isso parece nome de biscoito, que merda de nome, eu lembro da invenção da lâmpada, puta que pariu! Que porra mágica é a lâmpada! Até hoje eu me impressiono, não vi coisa mais legal. – comenta Dercy.

                - Olha Roberto, eu acho essa idéia ótima, vai ganhar muito dinheiro com isso, ainda mais que a televisão está na moda, não escute a Dercy, por causa dela que Eva comeu a maça, Dercy disse; “Ah! Vai chupar um canavial de rola e come logo essa porra! E mata essa cobra que dizem que a carne é muito gostosa”. – fala David e Roberto pega suas coisas e diz que já esta de saída.

                - Obrigado meu jovem.

         As horas passaram rapidamente, e logo Dercy já estava de saída, ele iria começar de novo sua vida no teatro, e precisava disso para alimentar sua pequena filha, estava fazendo diversas peças e ganhando um bom trocado.

                - David, puta que pariu, meu coração até dói quando vou embora, e nem sei quando vou te ver de novo seu viado.

                - Não fica assim não Dercy, ainda nos veremos, sim veremos. – Fala David muito triste.

                - Porra, não acredito, você ta chorando David?

                - Não consigo evitar, estou doente Dercy, e não sei se vou poder te ver de novo.

                - Você esta com o que meu filho?

                - Tuberculose.

         O rosto de Dercy ficou pálido, ela sabia que as chances de eu sobreviver eram mínimas, ele já tinha perdido uma pessoa querida com essa doença, não poderia fazer nada pra me ajudar, a não ser rezar.

         Fui levado para um tipo de internato onde foi feito meu tratamento, que quem pagou foi Dercy, ela chorava toda vez que ela me visitava, contava que estavam achando a cura e que eu iria melhorar, mas a cada dia eu estava pior. No dia 21 de dezembro eu iria fazer uma cirurgia e por isso que comecei a escrever, o “Dia Ruim” e agora não posso terminar, esse história foi feito com minhas “memórias de morte”, mas para meus fãs quero que lembre sempre de mim como um herói, um homem que lutou para um mundo melhor.

      Espero que de tudo certo depois de 21.

       Em memória à Dercy Gonçalves, David Santos e Dona Moema, que paz e amor os façam eternos nos nossos corações.