-Ainda acho que isso não vai dar certo. –Sarae disse, entregando um pacote de farinha nas mãos de Alec.

-É, e você nem falou por que temos que trazer isso. –Idan entregou o pacote dele á Alec- Se minha mãe descobre que andei furtando a dispensa, ela me mata.

-Ah, gente. Relaxa. –Naehe tirava um pequeno pacote de farinha da mochila e deixava sobre a mesa de Alec- Confio na mente afetada do Alec.

Alec sorria gentilmente, pegando os pacotes de farinha e guardando numa bolsa.

-Confiem em mim, pessoal. –ele disse, fechando o zíper da bolsa- É só uma pegadinha, não vai machucar ninguém.

Ok, meu caro leitor, vou explicar o porquê desses sacos de farinha - não, o Alec não vai fazer um bolo gigante. Depois da aula de português de dois dias atrás, Alec havia pedido para os amigos trazerem pacotes de farinha para uma pegadinha que aprontaria com o professor.

-Isso para ele aprender a não mexer com o meu povo! –Alec sorriu glorioso.

-‘Meu povo’? –Idan riu- Ok, você vai virar presidente algum dia.

-Obrigado –Alec deu um sorrisinho- Agora saiam que eu vou arrumar a sala.

-Que isso? Despachando seus amigos? –Naehe protestou.

-Isso mesmo. –Alec disse, empurrando Naehe para fora com o resto.

Os quatro ficaram do lado de fora por um tempo. As outras pessoas da sala foram chegando aos poucos e, em pouco tempo, a turma toda já estava esperando na porta. O professor de português chegou empurrando todo mundo e chegando até os quatro.

-O que é isto? –ele perguntou.

-Uma porta, professor. –Naehe.

Alguns alunos riram e o professor suspirou.

-Sem brincadeiras, 23¹. Abra a porta.

Naehe hesitou, mas acabou abrindo a porta. Os quatro suspiraram aliviados ao ver a sala arrumada como sempre e Alec sentado na mesa dele, olhando a janela. Olhou para a porta e acenou.

-Podia ter avisado que tinha acabado. –Daren sussurrou, ao passar perto de Alec.

-Desculpe. –ele sorriu de volta.

Todos se sentaram e o professor começou a aula. Alec levantou o braço e chamou o professor.

-Sim, 02²? –Franco perguntou.

-Está quente, você poderia ligar o ventilador? –Alec disse, abanando-se com uma apostila.

-Claro.

Assim que os ventiladores começaram a rodar, começou a voar farinha de cima destes para todo lado. Os alunos começaram a rir e jogar a farinha que caia uns nos outros. Meyr não se conteve e riu também. Alec tirou um gorro de papai Noel da mochila, colocou e começou a cantar cantigas de Natal. Por fim esticou os braços e gritou ‘Feliz Natal!’.

-Estamos em março, idiota! –um aluno do fundo disse rindo e jogando uma bola de farinha nele.

O professor começou a dar um chilique. Foi uma bagunça total: todos ficaram sujos de farinha, uma professora da outra sala veio pedir silêncio, mas acabou escorregando, caindo no chão e torcendo a mão direita, mas nada grave. A sala ficou lotada de montinhos brancos e alunos fazendo anjos de farinha no chão.

Bateu o sinal para a próxima aula e ali estavam Daren, Alec, Idan, Naehe e Sarae sentados nas cadeiras da diretoria, todos sujos de farinha. Os cabelos de Alec estavam quase brancos e ele fazia um lençol de farinha no chão enquanto sacudia a cabeça e fazia aquele pó branco cair no chão.

A diretora olhou para eles e suspirou, balançando negativamente a cabeça. Os cinco sorriram amarelo e acompanharam ela para receberem as advertências.

¹: número de chamada de Naehe

²:número de chamada de Alec