Julie PDV

Estavamos agora sentados em uma mesa de madeira rodeados de comida, Justin estava meu lado, enquanto a nossa frente estavam os três filhos de Travis, Earl me encarava o tempo inteiro com uma cara de idiota, a mesma cara que a tal Moon olhava pro Justin, QUAL É ELA TEM 14 ANOS E CARA DE RATO, e não é do jeito bonitinho(tipo o amigo do Justin, o Chris, o que? Eu acho ele fofo tá!?)! Ainda por cima estava com uma camiseta dele por baixo da camisa caipira, e o garotinho também nos encarava sorrindo, do outro lado da mesa nossos pais estavam tão peixe fora d’água quanto nós, conversando com Travis e Mary Jane.

- Então onde vocês moram?

Travis perguntou sorrindo.

- Em Washington, estamos somente viajando, e vocês?

- Nós vivemos na estrada, trailer é nossa casa, não é amor?

Travis disse sorrindo e dando um beijo na mulher, revirei os olhos.

- Verdade.

- Mas como vocês ganham a vida?

Pattie perguntou com uma sobrancelha erguida.

- Eu trabalho em casa.

Mary disse sorrindo.

- É o que? Prostituta?

Papai falou com uma risadinha nervosa, eu e Justin arregalamos os olhos não crendo no que ele disse, o silêncio se instalou, vi papai engolindo em seco e fiz o mesmo apavorada, jurei que o tal Trevis iria voar no papai, mas de repente ele quebrou o silencio com uma estrondosa gargalhada.

- Você é engraçado, não, ela é consultora.

O cara disse sorrindo, todos rimos sem graça, decidi parar de prestar atenção na conversa, antes que eu tivesse um AVC.

- Então você tem namorado?

Perguntou Earl pra mim, arregalei os olhos.

- Err...na verdade eu...eu estou noiva.

Menti descaradamente com um sorrisinho, Justin me olhou apavorado, com cara “ você é retardada?”.

- Duvido.

Falou TENTANDO dar um sorriso sexy, valha-me Cristo.

- É verdade, não é Justin?É que...ele...ele é meu namorado, né amor.

Falei puxando Justin pra perto com um sorriso, Justin me encarou com cara de “o que você ta fazendo??” dei um chute na canela dele ainda sorrindo.

- Filha da pu...

- Não é, amor?

Falei entre dentes, ele sorriu amarelo esfregando a perna.

- É sim, amor.

Ele falou colocando o braço em volta do meu ombro, a tal de Moon bufou.

- Como assim? Vocês são irmãos!

- Não somos não!

Falamos juntos e bravos, nos encaramos e depois viramos pra eles.

- Meu pai somente se casou com a mãe dele, NÃO SOMOS IRMÃOS!

Eu nunca seria irmã dessa coisa!

- É verdade.

Justin falou agora se afastando, os dois ainda nos encaravam.

- Aqui mocinha, pra você.

Disse um cara colocando um prato na minha frente.

- Desculpa mas eu não como carne.

Eu falei empurrando o prato, agora todos prestavam atenção na conversa.

- Mas aí não tem carne.

O cara falou sorrindo, sorri fraco pegando uma colherada e colocando na boca.

- Aí são só os orgãos.

Arregalei os olhos, me segurando pra não guspir ali.

- O...o...orgãos?

- É, atropelamos um veado hoje de manhã, guardamos a carne mas os orgãos iriam estragar, então pegamos o fígado, rim e coração e colocamos tudo na panela.

Ele falou sorrindo, senti o café da manhã subindo.

- Banheiro...banheiro!

Falei e saí correndo pra dentro do trailer.

- Hey espera mocinha...

Ouvi o cara me chamar, não deixei ele terminar e abri a porta do fim do corredorzinho, arregalei os olhos engolindo a gororoba na minha boca, O QUARTO ESTAVA CHEIO DE CARNE!!!

- Ai porra.

Sussurrei colocando a mão na boca, tudo ficou escuro.

-Julie!? JULIE!?

Ouvi uma voz ao longe me chamar.

- Tem um jeito dela acordar, da espaço!

Uma outra voz disse, um silêncio se instalou no lugar e então...PAAAAAFT!

- AAAAAAAAAAAH!

Gritei me levantando, esfreguei meu rosto onde aquela rata retardada chamada Moon deu um tapa.

- Viu? Eu disse que funcionava!

Falou sorrindo convencida, bufei me levantando do sofá onde estava sentada.

- Você ta bem?

Papai perguntou me encarando.

- Sim, só por favor vamos embora!

- SIM!!

Justin e Pattie praticamente gritaram nos empurrando pra fora do trailer.

- Olha pai é nossa música!

O garotinho falou aumentando o volume do rádio.

- Sim, hey esperem, vamos cantar essa música pra vocês.

O cara falou pegando o violão e começou a tocar uma música caipira, enquanto a mulher cantava e os filhos faziam um coro e uma dancinha muito tensa, nós os encaravamos com os olhos arregalados e um sorriso forçado.

- Uhuuu!

Gritaram ao fim da música.

- Então né, nós já vamos indo...

- Venham tomar café com a gente amanhã uai!

Traviz falou sorridente.

- Nós acordamos muito cedo.

- Nós também uai, 6 da manhã ta bom pra ocês?

- O que? Puft, nessa hora estaremos lonje, obrigado, a gente se vê tchau!

Pattie disse puxando todo mundo, tropeçamos em algumas coisas e praticamente corremos pro trailer.

Tomei um banho rápido, coloquei meu pijama e fui um pouco lá fora, todos no acampamento dormiam, fiquei ali em pé olhando as estrelas.

- Oi “namorada”.

Justin disse no meu ouvido me fazendo arrepiar, me virei brava pra ele.

- Você é tão insuportável garoto!

- E você não consegue ficar longe de mim não é? Mentiu que eramos namorados! - Ele disse com aquele maldito sorriso.

- Foi só pro garoto parar de me encher.

- Uhum, sei que você não esqueceu aquele dia, como eu também não.

Falou muito perto de mim, foi então que vi que minhas costas batiam no trailer e ele tinha uma mão de cada lado do meu corpo me prendendo ali, nossos narizes quase se tocando, foi então que mais uma vez eu me lembrei daquele dia, um dia que por muitas noites povoa meus sonhos.

FLASHBACK ON

[...] - Me devolve!

Gritei pulando e tentando pegar meu CD do Paramore que Justin segurava no alto, ele gargalhou mais ainda.

- Pula!

Falou rindo, começei a estapear ele e correr pela casa.

- VOLTA AQUI!!

Gritei correndo atrás dele que ria indo em direção da piscina, quando estava na bera da mesma bufei empurrando ele com força, mas o idiota segurou meu braço e levando pra dentro da piscina com ela.

- Aaaaaah!

Gritei toda molha assim como o idiota, com a vista turva de ódio começei a ir na direção dele, mas o mesmo saíu correndo da piscina, mas idiota que é acabou resbalando mas antes de cair fez questão de me levar junto, o idiota amorteceu minha queda dando de costas no chão, ele gemeu baixinho de dor eu começei a rir, ele não aguentou e logo me seguiu, logo nóis dois estavamos gargalhando feito dois idiotas, eu podia estar toda molhada e noite estar totalmente fria, mas seu corpo era estremamente quente sob o meu, de repente paramos de rir e ficamos nos encarando, foi então que meu coração disparou de repente, e minha respiração ficou irregular, em um movimento rápido Justin nos inverteu ficando por cima de mim, ele respirava descompassadamente como eu, nossos rostos a centímetros de distância, senti seu hálito fresco bater no meu rosto, foi então que sentimentos e sensações desconhecidas tomaram conta de mim, meu estômago se revirou, e de repente eu senti uma louca vontade de sentir seus lábios nos meus, sim eu estava ficando louca, ele me deixava louca, mas eu não conseguia segurar meus sentimentos, foi então que nossos lábios se tocaram, um explosão de sentimentos brotou em mim de repente, tudo de repente desapareceu, nossos brigas, diferenças, pralavrões, nosso ódio, tudo desapareceu em nossa volta, sua lingua pediu passagem e eu prontamente cedi, e nosso beijo começou calmo mas logo se tornou voraz, cheio de pressa e sentimentos descontrolados, agarrei seus cabelos molhados e ele envolveu minha cintura com seus braços, nossas linguas faziam uma dança completamente perfeita, o ar estava faltando, mas nenhum de nós dois estava disposto a parar, ainda que a parte racional da minha conciencia gritasse desesperadamente “PARA SUA LOUCA, ELE É O JUSTIN, VOCÊ ODEIA O JUSTIN!” mas eu simplesmente fiz questão se ignorá-la puxando ele pra mais perto, se é que isso era possível.

- JULIE? JUSTIN? ESTÃO AÍ?

Papai gritou nos trazendo de volta a realidade, nos afastamos rápidamente e nos encaramos apavorados e arfantes.

FLASHBACK OFF

Depois daquele dia nenhum de nós tocou outra vez no assunto, continuamos a nos odiar como sempre, mas a lembrança me atormentava sempre, eu não podia negar, eu tinha gostado, mais do que podia imaginar, mais o que eu aguentava pensar, mas eu nunca admitiria isso pra ele, pisquei os olhos tentando voltar a realidade.

- S..sai garoto.

Falei ainda meio atordoada, ele sorriu torto tirando um braço, achei que ele iria me deixar saír, mas ele fez algo que eu não esperava, e que talvez no fundo eu realmente queria que ele fizesse.

Ele me beijou.

E bom, eu deixei.

Foi então que aquelas mesmas sensações voltaram dez vezes mais fortes, e não tinha como irgnorá-las ou conte-las, elas simplesmente vinham poderesosas como um onda gigante no oceano, não tinhamos o que fazer contra ela.

Agarrei seus cabelos com minhas mãos e trazendo pra mais perto, ele fez o mesmo com minha cintura, não sei se ficamos ali segundos, minutos ou horas, mas minha conciencia me acordou pra realidade, o beijo era voraz, intenso cheio de desejo e pressa.

DROGA JULIE! É O JUSTIN! O J-U-S-T-I-N! VOCÊ ODEIA ELE!

Foi então que o empurrei pra longe.

- Idiota!

Falei irritada e com o coração ainda acelerado, corri de volta pro trailer indo me deitar, antes de fechar os olhos o vi sorrindo, suspirei me virando pra ir dormir.

MAS O QUE ESTAVA ACONTECENDO COMIGO AFINAL?

...

- Vamos crianças!

Acordei com Pattie e papai gritando e arrumando as coisas apressadamente.

- Por que estão nos acordando 5 da manhã?

Justin perguntou esfregando os olhos ainda grogue.

- Gorkickes!

Falaram juntos, arregalamos os olhos, levantei rápido e todos fomos arrumar as coisas.

- Ela ta se movimentando, alerta vermelho!

Falei vendo Mary andando no trailer deles.

- Rápido! Rápido!

Pattie disse correndo pro banco.

- DROGA ELA TA VINDO, VAI, VAI, VAAAI!!!

Gritei empurrando Justin pro sofá, coloquei o cinto enquanto papai corria com o café na mão até o banco do motorista, ele arrancou com tudo, Mary ficou acenando e pulando no meio da estrada, mas passamos reto nela.

- Ufa.

Dissemos juntos relaxando na poltrona.

- Estou com fome.

Eu disse ouvindo minha barriga roncar.

- Assim que chegarmos no lugar que eu quero que vocês conheçam nós tomamos café.

Papai disse, suspirei me afundando na poltrona, definitivamente eram as piores férias da minha vida.

...

- O que você ta encarando garoto?

Perguntei rude enquanto Justin não parava de me encarar, estavamos em um zoológio do fim do mundo, que por acaso fedia, enquanto Pattie e o papai conversavam com o instrutor do lugar nos sentamos em uma grande pedra do lado da ponte de um rio que eu desconfiava ter jacarés.

- Não estou te encarando.

Ele disse frio virando o rosto, fiz careta pra ele, foi quando senti um picada na minha perna.

- Ai!

Falei assim que senti mais picadas, me levantei rápidamente vendo que eu tinha sentado em um formigueiro e agora várias formigas estavam no meu corpo, Justin arregalou os olhos se levantando.

- AAAAAAAAAAAAH!

Berrei apavorada correndo com os braços pra cima, mas assim que fui atravessar a ponte acabei escorregando em um gosma verde no chão e caindo com tudo no riozinho.

- PORRA!

Gritei ao sentir meu corpo encontrar a água gelada.

- Julie você ta bem?

O Bieber perguntou parecendo preocupado, bufei irritada.

- Ótima, melhor impossivel, É CLARO QUE NÃO NÉ SEU IDIOTA!

Gritei revoltada.

- Nossa, você é osso duro de roer em garota!

Falou bufando, ele se inclinou na pontezinha me estendendo a mão, mas o idiota acabou escorregando também e caiu por cima de mim.

VOU MORRER ESMAGADA DESSE JEITO!

Justin se levantou rápidamente, agora todo molhado, e me ajudando a levantar colando nossos corpos molhados, e no momento seguir eu fiz a coisa mais insana que eu poderia fazer, não contendo o impulso louco coloquei minha mão em sua nuca o puxando pelos cabelos e colando nossos lábios.

Mas esse beijo foi diferente.

Não tinha pressa e nem receio, ele era calmo e intenso, como uma dança lenta, como se nossas bocas quisessem memorizar cada pedacinho do beijo, e de repente eu quis me bater pelo o que eu estava sentindo.

Eu estava gostando, até demais.

- JB?

Uma voz chamou ao longe, nos separamos ofegantes, e simplesmente nos encaramos totalmente confusos com o que tinha cabado de acontecer.

- O QUE?

Perguntamos juntos, ta aí outra coisa que me faz odiar o Justin, PORRA ELE PRECISAVA SER JB TAMBÉM? Justin Bieber e Julie Brooks.

Papai sempre me chamava assim quando eu era mais nova.

- Crianças onde vocês...UOU o que houve?

Papai perguntou nos encarando, suspirei.

- Nada, eu caí no lago e o Justin me ajudou.

Respondi enquanto saimos saíamos daquele lugar nojento.

- Olha vejo que estão se dando bem então.

Pattie disse sorrindo, eu e Justin somente nos encaramos por um segundo depois desviando o rosto.

- Podemos ir? Preciso tomar banho.

Falei cruzando os braços e olhando pro chão, meu coração ainda batia celerado.

DROGA!

- Claro, vamos querido.

Pattie disse pegando a mão do papai, suspirei, enquanto caminhávamos pro trailer eu me perguntava qual o real motivo disso, papai era “rico", Pattie agora também, e afinal estavamos com Justin Bieber, então por que estávamos andando em um trailer e passando por enrascadas?

Mas antes que eu pudesse realmente pensar a resposta veio em um estalo na minha mente.

“Viagem em família, vamos nos divertir muito, juntos.”

Lembrei das palavras do papai, e então me dei conta que ainda que brigássemos toda hora eu e Justin estávamos mais próximos, convivendo juntos, nos conhecendo, como uma família.

E então me perguntei se aquelas sensações do nosso beijo eram tão erradas quanto os motivos aparentes.

Mas no fim afinal de contas, ele não era exatamente nada meu, bom, além de um "quase inimigo em potencial".

E então mais perguntas vieram. O que eu sentia por ele? O que ele sentia por mim? Eramos inimigos? Amigos? Por que nos beijamos tantas vezes? E por que gostamos? Nos odiamos ou nos...nos...amamos?

Nos amamos...

Não, é realmente impossivel eu gostar dele, afinal não nos suportamos, né?

Não é?

E na real eu já não sabia de mais nada.