“On the first page of our story

            the future seemed so bright

            then this thing turned out so evil

            I don’t know why I’m still surprised”

            Julie PDV

            Às vezes sentada no meu quarto, das muitas tardes de verão nas quais eu tentava voltar a dançar balé, eu me perguntava o que era o amor.

           Uma pequena palavra de quatro letras, com significados tão grandiosos.

            Amor a si mesmo.

            Amor a vida.

            Amor a sua família.

            Amor a um companheiro.

            Sim eu já tinha provado todos os três primeiros quesitos, mas o último, bom nesse eu nem ao menos tinha passado perto uma vez se quer.

            Mas é incrível como uma decisão pode mudar todo um curso de uma historia, e não, eu não digo a decisão do papai de casar outra vez, eu estava errada em minhas colocações, tudo mudou por uma escolha minha mesma, naquela tarde de novembro, era outono e as folhas caiam, era dia 23, sexta feira, eu estava animada ao sair da escola antecipadamente às 11:10, afinal eu provavelmente iria pra detenção depois de ter cabulado a prova de história, fui até a secretaria e disse que estava morrendo de cólica, e então obriguei a mamãe a sair do trabalho mais cedo pra vir me buscar.

            E então meu destino mudou drasticamente.

            “ – Julie está bem querida, já estou indo!”

            Mamãe falou afobada no telefone, nem ao menos respondi e ela já desligou na minha cara.

            Suspirei me encostando a bancada e me encolhendo, o inverno estava chegando, e Washington não era lá o estado mais apropriado pra usar um short jeans e uma T-shirt divertida.

            Aquele dia tinha tudo pra dar certo, bom...tinha, o que nem eu, e muito menos a mamãe, podíamos imaginar é que de um grande congestionamento começava a se formar na avenida principal ao grande colégio, e que de uma hora pra outra uma forte chuva de granizo começasse a cair, ela tinha me pedido pra esperar ela na secretaria, mas decidi ver o que estava acontecendo na rua, coloquei meu caderno na cabeça e corri pra rua, sorri um tanto maravilhada com a paisagem estranhamente bonita, pessoas corriam na rua pra tentar fugir da chuva de pedras, corri até o ponto de taxi não me importando nas pedras que caiam em mim, vi a grande caminhonete prata da mamãe virando a esquina, sorri acenando pra ela, mamãe se distraiu sorrindo pra mim e não viu a grande pedra que havia caído a frente do carro, tentou desviar rapidamente freando, mas o carro derrapou pelo chão molhado virando com tudo e capotando várias vezes na entrada do estacionamento do colégio, vi o vidro da frente se espatifar e mamãe praticamente voar pra fora do carro, meu mundo parou naquele segundo.

            Que droga eu tinha feito?

            Tudo então virou um grande borrão preto, e assim aconteceu nos dias seguintes ao acidente, eu ficava trancada no meu quarto, encarando a janela do quarto, falando a mim mesma o quanto eu era estúpida.

            E se alguém ali tinha culpa, era eu, somente eu, me repudiei tanto por ter acabado com o que eu mais amava, e mais uma vez estava eu aqui, cometendo os mesmos erros.

            Minha capacidade em transformar o que tenho com as pessoas em coisas ruins é incrível.

            E cá estava eu, terminando com o único garoto que fez meu coração acelerar, o único garoto que me trouxe a vida de novo, que me fez rir, chorar, que me fez se apaixonar, que me fez amar pela primeira vez.

            - C-como é? Você não pode ta falando sério.

            Ele falou colocando as mãos na cabeça e caminhando de um lado pro outro, segurei as lágrimas.

            - Desculpe Justin, é melhor acabar agora do que continuarmos juntos e nos machucarmos mais ainda, eu não sou boa o suficiente pra você, eu nunca serei, não combinamos.

            - Mas Julie, para de idiotice, ninguém pode nos separar, eu te amo, sempre vou te amar, e isso é bastante pra nós!

            Falou colocando as mãos no meus ombros, ele parecia determinado a me convencer, tomei fôlego tentando ter coragem, eu teria de mentir, só assim ele se libertaria de mim.

            - Eu não quero estar com você Justin, acabou, sinto muito.

            E então me virei saindo dali, com o coração dilacerado, eu era uma idiota mesmo.

            [...]

            Eu devia me bater.

            Não, devia me espancar.

            Melhor ainda, devia me atirar de uma ponte logo.

            Que garota no mundo inteiro não queria ter essa oportunidade? Seja lá os motivos.

            Justin era um garoto perfeito em todas suas imperfeições, era doce, gentil, carinhoso, chato e às vezes safado de mais.

            Ainda assim meu perfeito garoto defeituoso, do qual estava longe há dez minutos, dez minutos que pareciam uma eternidade, dez minutos que me matavam por dentro lenta e dolorosamente.

            - Qual é Julie, bola pra frente, a vida continua, além do mais pensa pelo lado positivo, agora você pode fazer aulas particulares de natação com o gostosão, se bem que perdeu um astro do pop, famoso, riso, bonito, engraçado, carinhoso... aaaai sua malvada!

            Anny gritou com careta de dor alisando o braço roxo, da queda feia da sala da detenção, no qual eu acabara de dar um soco, soltei um riso sem graça pelo nariz.

            - Você não sabe animar alguém, acredite.

            - É eu sei.

            Falou suspirando se sentando ao meu lado.

            - Por que a gente não enche a cara em um boteco e depois se joga no mar às duas da manhã?

            - Por que, primeiro: não temos idade pra beber em botecos, segundo: isso seria idiotice já que mal sabemos nadar, ainda mais bêbadas, e terceiro: você é a mais sensata da dupla, não pode pedir essas coisas.

            Falou fazendo careta e revirando os olhos, bufei cruzando os braços e olhando o sol se pôr, Anny e eu estávamos sentadas ao capô do carro vendo o pôr do sol ao topo e um morro qualquer de Atlanta, tinha uma linda campina com várias árvores e flores, o visual era simplesmente incrível.

            - Você podia lembrar as duas aulas de piano que teve e criar uma peça triste de balé do que aconteceu, tipo: “O fantástico mundo de Julie”, você seria a principal claro, a Cinderela, Justin seria o homem de lata sem coração, Jasmine seria a bruxa da Branca de Neve, eu seria a Matilda claro, e o Chris o Bambi, sempre achei que ele tinha recaídas, cara ta quente aqui, sabe acho que tinha alguma coisa nesse remédio da tia da secretaria, estou sentindo uma leveza, hahaha, esquece...

            Franzi a testa pra idiotice que ela tinha falado, mas foi então que me deu um estralo na cabeça e eu dei um pulo.

            - VOCÊ É UM GÊNIO!

            Falei dando um abraço na Anny que me olhou como se eu fosse retardada.

            - Ih acho que quem cheirou coisas estranhas foi você...

            - Não sua tonta, eu estou falando que, se lembra de hoje de manhã, quando você me ligou?

            - Sim, o que tem?

            - Vou fazer o teste de balé Anny, vou treinar todos os dias, vou dar tudo de mim e passar, então eles vão me contratar e eu vou embora daqui e nunca mais vou ouvir falar nele, é isso que vou fazer!
            Falei determinada correndo pro meu carro, Anny me encarou surpresa, ignorei seu grito e parti rapidamente dali, enquanto dirigia em direção da escola peguei meu celular ligando pra uma velha conhecida.

            - Alô, quem fala?

            - Danna? Danna, você ainda trabalha aí, no estúdio de balé?

            - Desculpa, mas quem é?

            - Julie...Julie Brooks.

            Ouvi um suspiro de surpresa e então quase pude ver seu sorriso, senti meu coração acelerar, eu ia esquecê-lo, e dessa vez era pra sempre.

            Anny PDV

            - “Let me see you shake it, shake it, I want to see you mooooove your body...”

            Me assustei com o celular tocando, atendi ainda meio desnorteada com o que a Julie disse, MEU A RETARDADA IA MESMO FAZER ESSA LOUCURA?      

            - Que é demônio!?

            Perguntei com toda minha delicadeza caminhando pela estrada, Julie era bem filha da mãe mesmo, me deixou a pé, em um morro, a quilômetros de casa!

            - Nossa, oi pra você também, sim estou muito bem, não precisa ser tão carinhosa!

            - Não introza Zac Efron, fala logo o que é!

            Falei de mal humor, por que ele era tão molenga, tinha vontade de gritar: MEU, PEGA TUA MINA, SACOMÉ, MOSTRA QUEM MANDA NO BARRACO, SOLTA ESSE TEU NEGÃO INTERIOR, BOTA O LOGAN LERMAN PARAGUAIO(Drake) COMER CAPIM PELA RAÍZ, MOROW?

            Mas não, de acordo com mommy, garotas de família devem ser delicadas e principalmente: Não se meter no problema dos outros!

            Mas quem disse que eu sou uma garota de família? Amém santa Lady Gaga! ONE TIME FREE BITCHES, DARLING, ALWAYS FREE BITCHES! WE BORN THIS WAY, BABY!

            Mas voltando ao assunto...

            - Você sabe onde a Julie está? Ela simplesmente sumiu, precisamos conversar, aliás, você precisa me ajudar a mostrar a ela o quanto isso é idiota, que a gente se ama acima de tudo!

            - Blá, blá, blá, draminha básico de novela mexicana, se liga Jusdiota, para de ser um mané molenga E REAJA HOMEM, AFINAL VOCÊ É UM HOMEM OU UM RATO!? FAÇA ALGO, POIS VOCÊ ACHA QUE EU TENHO CARA DAQUELAS TIAZONAS MACUMBEIRAS QUE JUNTAM CASAIS?

            - Bom...

            - NÃO RESPONDA! AGORA FAÇA ALGUMA COISA, NÃO DEIXE A GAROTA DA SUA VIDA ESCAPAR ENTRE SEUS DEDOS, QUANDO VER PODE SER TARDE DEMAIS, AÍ SIM: GAME OVER, BÉÉÉM!
            - Você ta bem? Sabe...está um pouco err...alterada/animada, sabe como é, preciso da minha audição intacta pra seguir como cantor.

            - Não, acho que estou de TPM e tomei café demais, mas isso não vem ao caso, agora seja um bom “ex-cunhado emprestado” e venha me buscar aqui na campina!

            - Ta, que seja...

            Falou bufando, E O CRETINO AINDA DESLIGOU NA MINHA CARA! VIADO DE UMA FIGA!

            É acho que estou de TPM mesmo, fuuu.

            Julie PDV

            Eu tinha falado com Danna, ela dançava balé com minha mãe, e ela conseguiu uma audição pra mim nessa companhia de Paris.

            Era isso, amanhã eu começava a fazer aulas de dança aqui em Atlanta, e então tudo definitivamente iria mudar.

            Assim que cheguei em casa já estava noite, tinha ficado caminhando pelos parques vazios tentando me dispersar de tudo,  quando cheguei em casa Anny fez questão de me ligar me xingando, e durante o jantar...bom eu tentei o máximo não encarar Justin e o tratar com antes eu o tratava, pois eu sabia que se olhasse em seus olhos eu não poderia mentir, eu amava aquele garoto, mais que a mim mesma as vezes.

            Assim que acabei de jantar subi indo tomar meu banho, me sentei ao lado de um das caixas da mudança, uma caixa que à dois anos eu não mexia, assoprei tirando a poeira dali e então abri a caixa, alguns brilinhos voaram na minha cara, mas ignorei pegando o que realmente importava, prendi minha respiração ao pegar as sapatilhas na mão, não posso negar que me senti um tanto estranha colocando o collant  preto e a saia rosa, parecia tão...desapropriado pra mim, me sentia uma estranha.

            Balancei a cabeça indo ligar o rádio, esperava lembrar ao menos os passos básicos.

            Justin PDV

            Eu estava mal, totalmente perdido.

            Eu nunca amei uma garota como amo Julie, tudo nela me atrai, seus sorrisos e até mesmo nossas brigas.

            Suspirei indo pro meu quarto, ao passar pela porta de Julie ouvi uma música calma e alta, franzi a testa parando na fresta da porta, Julie estava dançando com uma roupa de balé, ela errava alguns passos e caía no chão, bufando e dando socos na cama, eu não sabia que ela tinha voltado a dançar.

            - Mas que droga!!

            A ouvi gritar se deitando no chão, as lágrimas escorrendo pelos seus olhos, senti meu coração apertar, com eu queria abraçá-la, reconfortá-la.

            Foi então que eu tive a idéia mais louca: eu iria ajudá-la com o balé e recuperar a garota da minha vida.

            Anny PDV

            Atende logo retardado!

            Bufei caminhando de um lado pro outro do quarto.

            - Alô?

            Chris falou com uma voz de sono, revirei os olhos.

            - Dormindo essa hora? Qual é!

            - Preciso descansar ok, e oi pra você também!

            - Que seja, precisamos nos encontrar!

            Falei estralando os dedos e sentando na minha cama.

            - Finalmente admitiu que me ama e não vive sem mim!

            Affs, esse garoto anda demais com o Justin-esquilo-Bieber!

            - Cala a boca Chris, precisamos juntar a Julie e o Justin!

            - E o que você tem em mente?

            - Se prepare, pois agora começa o plano AJED!

            - AJED?

            - Aniquilar Jasmine E Drake! MUAHAHAHAHAHA!          

            Falei dando minha risada maligna, sou um gênio mesmo!
            - Medo.