O Lago dos Cisnes escrita por Vanna_Twilight, Ursinha


Capítulo 9
Cap. 8: O Colar


Notas iniciais do capítulo

Outro capítulo de explicações, mas de uma forma bem melhor!



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   -Bem, acho que agora temos que te explicar tudo aos detalhes, não é? – perguntou Liza

   Assenti. Eu não confiava de todo nela e nas crianças, mas ia aprender a fazer isso. Eles só queriam minha ajuda.

   Tudo bem. Eles queriam minha ajuda para as transformações pararem, mas eu não podia culpá-los. A dor delas era insuportável.

   -Muito bem, vou contar tudo com os detalhes dos quais me lembro. Por volta de 1600, já havia membros de sua família vivos e que usavam o sobrenome Swan, ou seja, ele vem da idade média.

   “A sua família, naquela época, era uma das poucas que tinha coragem de caçar bruxas, e muitas vezes era bem sucedida. Éramos gratos a eles por isso. Sem bruxas, nosso território ficava seguro, assim podíamos vagar por aí sem problemas.

   “Sua família era a única que sabia que existíamos, e por guardar nosso segredo, sempre os protegemos com magia, a nossa magia. Mas como não podíamos estar sempre com eles – quando caçavam, por exemplo -, fizemos um colar com um diamante encantado e o demos a suas ancestrais, que sempre o passou de geração a geração

   “Porém, como sabe, nem tudo é um mar de rosas. Um dia, enquanto iam atrás do bando de bruxas do sul, conseguiram exterminar todas as integrantes do grupo. Mas mesmo que tenha sido difícil, era assim que eles pensavam

   “Sem que ninguém percebesse, três delas conseguiram escapar. Quando os caçadores foram embora, elas voltaram para o lugar aonde tinha acontecido a chacina, e velaram pelas cinzas das companheiras, já que, como deve saber, na idade média as bruxas eram queimadas, estivessem vivas ou mortas

   “Elas só não esperavam que sua líder, uma bruxa mais velha, não me lembro o nome dela, aparecesse como um espírito para elas e lhes mandasse vingar todas as que morreram. Não seria tarefa fácil, mas também não era difícil, já que aquela bruxa mais velha lhes havia dado uma pista sobre como se vingarem, dizendo que era para usarem o sobrenome de seus ancestrais”

   Aquela altura reparei que seu rosto não estava mais terno, como no começo da história, estava frio, e sem uma gota de saudade. Todos os outros estavam a nossa volta, ouvindo tudo. Ainda estávamos na forma de animais, mas isso não os impedia de se sentirem confortáveis. Perguntei-me se um dia seria assim para mim. Não que eu quisesse ficar daquele jeito por muito tempo, mas ainda assim...

   “As três bruxas eram novas com bruxarias, o que dificultaria que fizessem tudo. Por isso a maldição teve de ser jogada para se realizar vinte gerações depois daquela época. Mas se você ver como aquilo aconteceu vai ser mais fácil entender”

   Ela colocou a mão na minha testa e retirou uma pena da minha asa, colocando - à na minha frente. A pena brilhou em um lindo azul degrade, e uma imagem começou a se materializar.

    Em uma floresta escura, onde nem os mais valentes caçadores e os mais ferozes animais ousavam ir, três feiticeiras que tinham rosto de anjo, misturavam ervas e poções.

    -Precisamos das penas, Duvessa - disse a com um vestido negro para a de vestido azul.

    -Estão aqui, Santini - disse Duvessa, que em uma prateleira de pedra pegou um pote cheio de penas de cisne branco e entregou a Santini, que o pegou e despejou as penas em um caldeirão fumegante.

    -Aqui está o sangue de cisne, Santini - disse outra mulher, de vestido roxo, chegando com três ou mais garrafas cheias de sangue.

   -Excelente Beatriz - disse Santini pegando as garrafas e despejando o sangue no mesmo caldeirão - Agora a poção está pronta! Os Swan pagarão por nos caçarem com o próprio nome!

    As três bruxas fizeram um circulo em volta do caldeirão, e dando as mãos recitaram em ritmos diferentes o feitiço: 

Caçadas nós fomos,Como pássaros no vôo. Agora nos vingaremos, Este feitiço lançaremos.

 Na vigésima geração Swan, A mais bela moça nascerá. E amada como ninguém, Mil admiradores terá.

Porém aos dezessete anos, Quando na floresta passear, O seu sobrenome, Seu fardo será!

   E, de súbito, a fumaça do caldeirão subiu e a clareira onde as três estavam começou a ser tomada por um feixe de luz. As feiticeiras se olharam, como um adeus silencioso, pois sua missão estava cumprida, e deixando tudo que lhes pertencia, desapareceram.

   Quando a imagem acabou, me assustei. Era exatamente como eu havia imaginado, mas vendo daquele modo, chegava a assustar

    -Foi assim que tudo aconteceu – explicou Liza – Outro motivo pelo qual fizeram o feitiço acontecer somente hoje é por que tinham esperança de que o colar se perdesse no tempo, então a maldição teria maior efeito sobre você. Digo, sobre nós.

   -Nós? – perguntei – Mas como? Vocês viram animais pelo mesmo motivo?

   -Mais ou menos. Entenda, não te contei tudo ainda. Mas essa é a parte banal da história, não precisa ouvir se não quiser.

   -Não existe parte banal numa história – retruquei. Ela sorriu

   -Tem razão. Deixe-me ver... – tentou forçar sua memória para se lembra, mas eu sabia que ela queria evitar me contar o reto – Há, sim, me lembrei. Antes de elas jogarem a maldição em você, jogaram uma em nós, já que zelávamos pelos Swan, e para que não pudéssemos ajudar você hoje. Elas achavam que, talvez, um caçador nos mataria, se a dor não fizesse o mesmo

   -Mas espera! – cortei – Se ela jogou a praga em você também, por que não se transformou ao nascer do sol como todos nós?

   -Lembra quando eu lhe disse que era rainha da floresta? – assenti – Então, meus poderes enfraqueceram o poder delas, mas infelizmente, só sobre mim. Posso virar pássaro quando bem quero e a transformação praticamente não dói. Mas não fiz isso tudo sozinha. Uma das bruxas enfraqueceu o poder do feitiço em mim.

   -Qual delas? E por quê?

    -A bruxa de cabelos de fogo que você viu foi quem fez isso. E fez por que é minha filha.

   -Sua o que? – gritei

   -Minha filha. Se você está se perguntando sobre por que ela fez isso, vou dizer. Ela estava com raiva de mim. Antes mesmo de entrar para as Bruxas do Sul, ela sentia que me odiava. Odiava por que não quis ensinar magia para ela. Não quis ensinar para que ela não se decepcionasse quando visse que seus poderes seriam muito limitados. Limitados por que o pai dela era um humano, tornando-a meio-humana.

   -Ela devia estar com muita raiva de você para fazer isso – comentei

   -E estava mesmo. Antes dela se juntar as bruxas, contei a ela por que ela não podia aprender magia. No começo ela ficou mais brava porque nunca deixei que conhecesse seu pai. Mas passou a me odiar quando viu o que podia fazer como bruxa.

   Considerei tudo por um momento, me pondo no lugar de Beatriz. Se aquilo acontecesse comigo, e as chances não eram poucas, eu ficaria com raiva de minha mãe, mas não a ponto de amaldiçoá-la desse modo. Mas Beatriz ainda devia ter amor a Elizabeth, se não que outro motivo teria para diminuir o efeito da praga sobre ela?

   -Bom agora você tem que saber que tudo depende apenas de você – disse Bree

   Espere aí, Bree?

   -Como você falou? Pensei que não pudessem falar na forma de animais! – disse

   -E não podíamos. Agora que você está aqui, podemos! – disse Makenna, toda feliz

   -Ta bem... E o que você disse que depende de mim, Bree?

   -Bem, o seu colar, quer dizer, o colar que você ganhou da sua mãe quando fez quinze anos, como Liza disse, tem poderes de proteção – ela viu minha cara de “não estou entendendo nada” e explicou – Se você usar o seu colar, a transformação de humano não só vai ser menos dolorosa pra você, como também vai ser para nós! – ela estava toda feliz, até que fez cara de assustada – você tem o colar, não tem?

   -Claro que tenho, está aqui comigo – coloquei a mão no pescoço. Não senti nada – Ou, ou...

   -Você perdeu? – Steve perguntou – Meu Deus, essa vai ser uma longa noite...

   -Não, eu não perdi o colar! – me defendi – Eu devo tê-lo deixado em casa. Eu não estava com ele no dia em que vim nadar aqui. Devo ter deixado ele na cidade!

   -Ela ta certa – Shelly ajudou – Quando ela esteve no lago não estava com ele. Com certeza o deixou lá!

   -É verdade! – falou Diego – Nós todos estávamos aqui!

   Todos começaram a dar seus depoimentos, e o único que não aceitava os fatos era Steve. Comecei a pensar. Se meu colar realmente havia ficado em casa, na de verdade, não na alugada, era meu dever ir lá procurar. Mas havia pontos negativos e positivos. Como: eu poderia ir lá a noite, quando fosse humana. Bom. Mas não teria como entrar. Mau. Eu podia pedir para meus pais abrirem. Bom. Eu teria que ficar lá. Mau. Eu poderia procura bem o colar. Bom. Amanheceria e eles me veriam me transformar em cisne. Mau.

   Então tive uma idéia

   -Eu já sei o que fazer! – todos me olharam – Liza, você disse que pode se transformar em pássaro quando quiser certo? – ela assentiu – Então você pode fazer isso, ir até a casa em que eu estava hospedada e pegar minha chave de casa?

   -Volto logo! – ela se despediu e se transformou. Era muito lindo. Em um segundo ela estava voando em direção a floresta. Percebi que ela faria qualquer coisa por nós.

   -O que você está planejando?– perguntou Shelly

   -Simples! – e expliquei tudo para eles – Se Liza pegar minha chave de casa, posso ir lá a noite sem minha família ver e pegar o colar! Super simples!

   Eles assentiram e pouco depois Liza chegou com a chave em mão. A peguei i ficamos esperando o sol se por. Eles até pediram para que eu cantasse a música do dia em que nadei no lago. Mais de duas vezes.

   Ficamos lá por várias horas até que o por do sol chegou. A dor foi mais insuportável que antes, mas assim que recuperei meu corpo humano, corri até a cidade. Áquila dor logo seria extinta...


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Notas finais do capítulo

Só posto o próximo capítulo com 18 reviews.