—As sete o que? – pergunta Kari enquanto todos se encaminhavam para fora do parque.

—As Sete Congregações de Revelação – respondi Alden docemente.

—Em outras palavras, - intromete-se Ivor - As sete Igrejas do Apocalipse.

—Pensei que isso fosse abobrinha – comenta Killian arrumando novamente seu casaco.

—Que nada – replica Ethel – As igrejas existem sim, quer dizer, o que restou delas.

—Não existem mais? – indaga Kari o encarando

—Já existiram no começo do primeiro século dessa época – explica ele rapidamente – Agora não me digam que vamos até elas?

—Por que iríamos visitar ruínas? – pergunta Destiny retórica – Elas estão na Turquia, não me lembro das localizações exatas, além do que mais não teriam sequer qualquer serventia para nós.

—Errou feio, deusa – discorda Etzel cruzando os braços – Se vamos cravar mesmo o Apocalipse, seria sensato darmos asas à imaginação dos humanos.

—Você quer dizer fazê-los acreditar que o Apocalipse verdadeiro está acontecendo é isso? – indaga Egil deixando um sorriso de satisfação brotar em seus lábios.

—Isso vai ser um mar de sadismo incrível – resmunga Alden passando a mão em seu longo cabelo.

—Não se preocupe, anjo – conforta Etzel – Estarei do seu lado impedindo que você cause mal á alguém.

Victorine inclina sua cabeça para trás afim de olhá-los. Sua mente trabalhava numa velocidade impressionante, precisava achar um método em que usa-se de todos os meios que podiam se fazer uso.

—Quais são as igrejas mesmo? – pergunta ela voltando-se para os anjos

—Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodicéia – respondi Abel deixando suas palavras povoarem a mente da bruxa.

—Sete – refleti Killian deixando seu olhar opaco

—O que disse? – pergunta Kari ao seu lado

—Sete igrejas, sete selos, sete trombetas – respondi ele rapidamente – e entre outros. Tudo nele trata-se em sete.

—Isso parece estranho – comenta Etzel sentindo um arrepio correr por sua espinha.

—Talvez – diz dando de ombros o loiro

Victorine coloca a mão no queixo enquanto pensa sobre o que poderiam fazer para começar.

—Alguém tem algum ponto de partida? – indaga Ivor curioso – Pois as igrejas desceram pelo ralo.

—Não – discorda a bruxa autoritária enquanto seu olhar volta-se para todos – Vamos fazer o que a Etzel quer.

—Seja lá o que foi que eu disse – diz a ninfa – Estou me achando um gênio.

A morena limita-se a sorrir sem humor enquanto Kane cruza os braços.

—Quer que façamos com que os humanos acreditem naquela ladainha bíblica? – pergunta ele estreitando as sobrancelhas com descrença

—Necessariamente faremos isso sim. – respondi ela convicta – Vamos cuidar dessa parte primeiro, as sete igrejas, os sete selos, as sete trombetas...

—Os sete selos acho que todo mundo aqui sabe que se refere as sete etapas da ira de Pai – relembra Ethel – Conquista, guerra, fome, pestilência, lamento dos mártires, terremotos e julgamentos e para arrebatar de vez o silencio do céu e o incenso.

—Acho que isso pode passar direto – comenta Killian deixando um sorriso sem humor morrer em seus lábios.

—Tudo passa – replica Kari – Acho que os anjos podem nos esclarecer o que ocorre com as sete trombetas.

—Trata-se do segundo julgamento que o Pai aplica no tempo da Tribulação – explica Abel numa voz sussurrante – São as sete trombetas criam o mais puro caos na terra.

—Manda os nome delas – pedi Egil bocejando.

—Deveria ir pra cama, Egil – sugeri Etzel – Se está com tanto sono assim.

O demônio limita-se apenas a revirar os olhos, antes de se voltar para Abel.

—Vai ou não dizer que trombetas são essas? – indaga ele com rispidez

—Primeira: chuva de granizo misturado com fogo e sangue – começa o anjo solene – segunda: uma montanha de fogo, que João quisera dizer, um cometa cair no mar e matará um terço da vida marinha, transformará um terço da água em sangue e destruirá milhares de embarcações.

—Tudo se reduz á terços, sangue e destruição – comenta Kari o interrompendo.

Abel.

O anjo assenti enquanto desvia de um poste. Os demais se mantinham atentos ao que dizia, pois alguns fatos lhe eram desconhecidos, menos os demônios que se mantinham alheios à explicação.

—Continue – incentiva Kari curiosa enquanto passa seu braço ao redor do de Abel.

Ele a olha alarmado, mas deixa ela ficar perto de si.

—A terceira trombeta – retoma ele – Trata-se da estrela Absinto, onde tornara um terço das águas amargas e venenosas. A quarta por sua vez são as Trevas que acredito dispensar esclarecimentos.

—A escuridão recai sobre a Terra – refleti Killian rapidamente – Me lembro disso.

—A quinta? – indaga Etzel – Sei bem qual é, a única pelo menos, trata-se do Ataque dos gafanhotos de Apoliom.

—O primeiro dos três “Ais” da primeira metade da Tribulação – reforça Ethel – Segundo vez a sexta trombeta onde os quatro anjos presos no Eufrates são libertados para liderar o exercito de 200 milhões de demônios que mataram um terço da humanidade adivinhem com o que?

—Não se precisa adivinhar para saber que é com fogo, fumaça e enxofre – replica Destiny – Típico de demônios.

—Tem dois aqui se não notou ainda – diz Etzel os indicando com seu dedo indicador.

Ambos ao mesmo tempo a olham reprovativos, ela sorri e mostra a língua.

—E a ultima trombeta? – indaga Kari olhando nos olhos de Abel

—As grandes vozes no céu, trata-se da introdução aos novos julgamentos – explica ele levemente.

—Isso é tão excêntrico – comenta Etzel dando ênfase na ultima palavra.

—Ainda existem as sete taças – frisa Destiny

—Tal como as sete pragas também – complementa Ivor passando a mão no seu cabelo.

—Estou cansada de ver tanto setes! – irrita-se Kari fazendo um beicinho – Será que não pensam em outra coisa não?

—Na verdade não existe apenas isso – intromete-se Victorine na conversa – Existem as bestas, mensagens... Nada disso vamos usar.

—O que quer dizer? – pergunta Egil curioso enquanto espreguiça-se.

—Estamos em pleno século XXI, fazer uso disso já é ser algo muito entediantes – respondi ela – Faremos as coisas de forma moderna.

—Estou começando a gostar da idéia – comenta Destiny com um razoável sorriso

—É pra ser assim – diz a bruxa passando uma mecha de seu cabelo para orelha – Temos que fazer tudo de forma diferente e moderna fui clara?

—Totalmente – diz Killian com um sorriso.

O céu já demonstrava o começo da manhã ensolarada que estava por vir.

A deusa olha para cima com serenidade.

—Alguém sabe me dizer que dia é hoje? – indaga ela passando a língua em seus lábios ressecados.

—21 de dezembro de 2012 – diz solene Kane.

A loira sorri acompanhada dos demônios.

—Então acho que uma manhã ensolarada não é perfeita para hoje – diz ela seria com seus olhos ficando completamente negros.

Ao mesmo tempo o céu começa a ficar nublado enquanto um forte vento passa por eles levantando as folhas secas e os cabelos esvoaçando.

Enfim o Apocalipse ou Juízo Final como quiser chamar está começando.