I – Fingidos

Mahrxon

- Como assim Lana se casou? – a mulher encarava o mordomo de cima a baixo.

- Senhora por favor, olhe isto – o mordomo entregava a senhora um jornal onde continha tal fato repentino.- Acho que pode ser de seu interesse.

Estava claro como a água, tão claro que incomodava Elizabete ao extremo. A mulher jogou o corpo para frente deixando este apoiado a mármore da mesa. Seus dedos passavam lentamente pelo anuncio estrondoso. Ah como ela queria estar ao lado dele, só para acolhê-lo em seus braços... Como o seu pequeno reagiria a tal noticia? Na verdade Elizabete sabia desde o inicio que Lana não era a mulher certa.
Ele nunca a escutou.

- Ligue a TV Sebastian – ordenou Elizabete. Um frio percorreu todo o corpo da mulher ruiva; era como ela sentisse que alguma coisa iria acontecer...Só não sabia o que.

- Claro senhora – Sebastian ligeiramente estava fazendo o que sua madame o havia pedido. E lá estava New York Times anunciando o casamento surpresa de Lana e Troy...

Tudo começou na filmagem do filme Breatboom, mega lançamento do começo desde ano, que bateu incrivelmente vários recordes e conquistou sete estatuetas do Oscar, incluindo melhor filme. Mesmo o publico achando que o romance entre Lana e Troy era só na ficção, ontem foi provado que os pombinhos se casaram em segredo.

- Desligue – a mulher disse ríspida. – Por favor, Sebastian traga o telefone. Preciso ligar para meu filho imediatamente...

- Claro madame – o homem de terno caminhou em direção a uma ampla sala, passando por um extenso corredor. Logo ele aparecera novamente com um telefone em sua posse entregando este a Elizabete.

- Obrigada – Elizabete sorriu em agradecimento – Com licença – com toda a calma a pequena mulher ruiva, saiu em direção ao seu quarto. Já adentrando o local; ela já podia ter total privacidade. Passou os dedos brancos e longos pelos números e discou.

- Atenda – murmurou Elizabete ao ouvir o som de chamada -, atenda, atenda sim...

A secretaria eletrônica de Mir atendeu “Oi. Não estamos em casa, mas deixe seu recado e logo retornaremos... Tchau.”.

Elizabete lamentou o uso de “nos” na frase da secretaria eletrônica, mas mesmo assim fez questão de usar o melhor tom de voz que podia naquela ocasião.

- Bang, querido... É a mamãe. Sebastian me informou o ocorrido... Você já sabia que eu tinha razão – Elizabete pensou no que podia dizer ao menino – Lana não era a melhor garota, digo você é novo vai encontrar uma menina que te faça feliz – a mulher caminhou ate a sacada da janela – Ela era mais velha que você... Não confie em mulheres mais velhas para um relacionamento. – Elizabete queria falar poucas e boas ao telefone, mas conhecia seu filho muito bem; para saber que este se sentiria ainda pior do que já estava – Bom, estou tentando fazer meu papel...Seu pai também faria se estivesse aqui – Elizabete soltou um longo suspiro, só de pensar em sei marido... Se ele estivesse aqui; com certeza seria tudo mais fácil – Por favor, pequeno ligue para mamãe; estou morrendo de saudades – e lá estava ela pensando novamente no que dizer – Ligue esta bem? Beijos.

Encerrou a ligação apertando fundo o botão vermelho, passou os longos braços por si mesma; dando um grande abraço em seu pequeno corpo.
Elizabete sabia que Bang era teimoso demais para admitir que no fundo ela esteve certa. Mas isso não importava, de fato ela queria saber onde o menino podia estar naquele momento; e o pior com quem.

--x

- Não vai adiantar ficar deitado o dia todo – SeungHo caminha tranquilamente pelo quarto, indo em direção as grandes janelas; e abrindo estas logo em seguida – Chega de sofrimento Mir.

- Meu nome não é esse – o menor rolava na cama em protesto. A luz entrava lentamente pelo grande quarto.

- Então qual é o seu nome? - SeungHo não ligava nem um pouco em ver aquela cena – cômica – do menino tentando inutilmente se ver livre da luz. Ate porque do jeito que ele conhecia o menor, saberia que este não gostava de acordar cedo... E principalmente naquele dia maldito dia.

- Corno – a voz do garoto era abafada pelo cobertor que ainda cobria boa parte do seu rosto; apenas deixando suas sobrancelhas a vista.

- Não. Seu nome não é corno – SeungHo mantinha a voz manhosa. Uma sensação estranha percorreu seu corpo. Impotente. Sim era impotente, não conseguia fazer nada para ajudar o menino a sua frente; sentia uma dor grande em ver o menor daquele estado triste; e por alguém que nunca o fez feliz- Seu nome é Bang, o melhor escritor que eu já vi... Claro depois James Cameron, Titanic é um clássico... Mas o seu filme é um grande triunfo de espirito.
 

O menino que antes estava todo coberto, se alevantou numa rapidez descontrolada; deixando todo seu corpo visível, pois seus cobertores já não se encontravam mais na cama; e sim no chão. O que era mesmo triunfo de espirito? Nada. Mir sabia muito bem que seu filme tinha rendido vários Oscar; mas do que adiantava todo aquele alvoroço se
aquele mesmo filme – triunfo de espirito – estava lhe dando tanta dor de cabeça. E claro a culpa era totalmente dele; exclusivamente só dele.

- SeungHo – Mir agora estava sentado na cama. Seu olhar era penetrante; e estava focado em um só local. TV. Se a noticia tinha se espalhado tanto assim, era mais que obvio que estaria em todos os canais de fofocas dos Estados Unidos.

- Não, pense nisso – Seungho disse firme. Dirigiu seu olhar ao ponto que Mir não parava de encarar. Sorriu ao ver a TV grande. - Não, melhor não.

- Ligue pelo amor de Deus – Mir ainda matinha seu olhar fixo ao aparelho. Seu corpo ia para frente e para trás; estava estasiado; era como algo pedisse mandasse – Por favor.

- Como eu odeio você, sabia? - o maior foi indireção ao aparelho, apertando firme o botão maior da lateral.

A imagem nítida apareceu logo em seguida. SeungHo agradeceu mentalmente, pela repórter não estar falando do alvoroço que fora o casamento surpresa da ex de Bang. Mas como já era esperado, a mulher de cabelos negros estava cogitando o quadro de fofocas, o que de fato não seria nada bom.

- Não pense. Em trocar de canal – a voz de Bang era ameaçadora. Como se ali não estivesse mais o menor e sim; um animal pronto para atacar sua pressa que desta vez era SeungHo – ou o controle que este possui em suas mãos-.

Sem pensar duas vezes SeungHo não teve escolha, se não deixar o menor ver o que todos estavam falando. “alguma hora ele iria ver isso” pensou o maior.

E a apresentadora do quadro de fofocas estava falando. Claro sobre o casamento surpresa de Lana e Troy. O que preocupava – e muito – SeungHo era como o menor iria reagir quando soubesse que todos os Estados Unidos estava falando de uma única coisa : Seu filme; que levou Lana e Troy a se apaixonarem.

- Não é bom você olhar estas coisas – SeungHo mantinha a voz calma. Mas se sua voz aparentava estar calma, seu interior estava explodindo. O sentimento que estava dentro de si era mais que claro. Indignação.

- Não faz sentido. - Bang parecia estar numa especie de transe com a imagem que aparecia na grande TV. Sua namorada com o outro... Não fazia sentido para ninguém. E por esse pequeno motivo; deixava Mir possessivo.

- Quem iria imaginar – SeungHo nem pediu permissão, e tampouco fazia questão. Apertou o botão do controle encerrando assim a visão e o transe de Mir.
 

- Maldita hora que eu fui escrever  Breatboom – Mir tinha a voz um pouco rouca; mas nada que SeungHo não conseguisse ouvir.

- Não culpe o filme – a voz feminina preencherá o local, junto com uma prevê risada -  Breatboom é um grande triunfo de espirito.

  A atenção de ambos rapazes, fora focalizada para uma figura ruiva que sorria. Encostada na porta Park Bom, mexia insistidamente numa de suas mechas ruivas.

- Ate parece que viram um fantasma – a garota caminhava em direção a uma grande poltrona de couro.

- Você sempre aparece assim – SeungHo disse firme. Uma das melhores coisas de ser agente de Mir era retrucar a prima deste. Era como uma necessidade grande em ver a ruivinha pegando fogo.

- Não sabia que empregados tem opiniões – a menina revirou os olhos e depois esposou um longo sorriso malicioso para o rapaz mais velho.

- Parem de brigar – Mir caminhava lentamente em direção ao banheiro e logo em seguida saindo deste com a escova de dentes na boca.

- Mas, ele provoca – Bom ainda mexia em seu cabelo. Era uma forma de se acalmar. Poucas vezes a menina se encontrava nervosa, mas essa era uma ocasião diferente. Toda sua família estava em conflito com a noticia de Lana... Mas isso não era a preocupação de fato e sim o pequeno.  

Na verdade, quando alguém da família era prejudicado ou estava com problemas, toda a família – não importava, qual parte dela – tentava, resolver o problema. Era sempre assim, desde que Mir e Bom eram pequenos; mesmo sendo uma família extremamente grande, eles sempre resolviam juntos.

- Foguete – SeungHo disse alegremente – Não estou te provocando – o maior olhava para a garota ao seu lado, com um olhar sapeca. Seu sorriso era maior agora, pois ele tinha conseguido deixar a menina encabulada.

- Escute aqui – a menina que antes estava sentada, agora se mantinha de pé encarando rapaz alto de cabelos pretos – Foguete é a sua...

- Com todo o respeito – Mir passava entre eles. O menino mal ligava para aquelas discussões; estava mais preocupado em procurar sua blusa rosa do que separar sua prima de seu amigo. - Eu estou com problemas sabia?

- Ah, priminho não fique assim... Aquela menina não o merecia – Bom ainda tinha os olhos fixos em SeungHo que sorria abobadamente para esta – Lhe digo que ela é coco da merda do cavalo.

- Isso não faz sentido – SeungHo disse ríspido. Seu olhar foi em direção a Bang que estava acocado em frente ao luxuoso guarda-roupa; tentando escolher qual dos tecidos e cores de rosa lhe cairia bem.

- O que não faz sentido? - Mir se virou. Com tal ato acabou caindo sentado no chão.

- Coco da merda do cavalo... Essa frase não faz nenhum sentido – SeungHo caminhou em direção ao guarda roupa do menor; pegando sutilmente um blusa cinca e dando a este.

Mir ate pensou em retrucar, dizendo que queria uma blusa rosa; mas pelo olhar que sua prima estava lançando a SeungHo, era melhor ele se calar. Pegou ligeiramente a blusa cinca de gola V. Sem vergonha alguma retirou a parte de cima do pijama e colocou a blusa que SeungHo escolhera para ele.

- Não vou discutir com você pessoinha – Bom apontava um dos dedos no peito de SeungHo. - Temos que pensar numa ideia. Pois você escreveu aquele filme, e foi você – a menina apontava para Bang que ainda estava sentado no chão – Que fez ela ficar famosa do dia pra noite... Também né Mir você deu a personagem principal para aquela estupida.