Capítulo 9- Resultados Surpreendentes

Acho que os seres humanos gostam de assistir a uma destruiçãozinha.

Markus Zusak, A menina que roubava livros.

Já se passara uma semana e Percy Jackson ainda não mandara o maldito relatório. Aquele, que deveria descrever Annabeht Chase em todos os sentidos, detalhe por detalhe.

Ficar somente naquela maldita sede da CIA lhe dava nos nervos. Queria a emoção, o conflito e poder assistir tudo de perto. Não ficar como um velho barrigudo e beberrão dando ordens diretamente do outro lado do mundo. Não era Dionísio.

Já se passava mais de uma semana que ele estava ali, e até agora, nada. A falta de progresso irritava Percy até a raiz dos cabelos. Ele odiava com todas as forças Annabeth Chase, embora gostasse dela mais ainda.

Parecia carregar um magnetismo que lhe atraía. Senão fosse o dizer “Mantenha os amigos próximos e os inimigos mais ainda” poderia declarar-se completamente perdido.

Porém, pensar nela, por outro lado, até poderia ser agradável. Mais do que em Rachel, sem nenhuma sombra de dúvida.

Rachel.

Não estava intacto depois da morte dela, isso era um fato. Não que ainda sentisse o amor que já teve por ela, mas de alguma maneira, a garota ainda fazia parte da sua vida. Esteve com ele durante tudo o que passou, desde o início de sua jornada.

Até demais. Hora errada, local errado. A teimosia de Rachel E. Dare era irritante até mesmo depois de morta.

Morta.

Percy poderia continuar de lamentando, senão fosse o grande susto ao abrir as portas duplas da arena de esgrima.

E Annabeth estava lá, com o cabelo loiro suado e a respiração descompassada, lutando incansavelmente com um boneco geralmente usado para treinamento.

Dava golpes absurdamente estúpidos para alguém de seu nível. Mas tudo tinha uma explicação, e a do momento era a raiva.

Raiva essa, que reluzia nos olhos cinza iguais há dias nublados. Tão belos...

E então, ela parou. Estudou o boneco estraçalhado a sua frente,e rapidamente o decapitou, fazendo com que a espuma que lhe constituía o pescoço caísse no chão, como sangue.

Como o sangue de Rachel.

_Às vezes tenho vontade de fazer isso com você_ Disse Annabeth, ainda de costas, enquanto guardava o florete.

_Por quê?_ ele perguntou, encarando suas costas.

_Você me irrita._ respondeu-lhe, sentando-se na beirada da arquibancada, estudando atentamente o carpete vermelho que cobria o piso.

_Obrigado pela parte que me toca_e sentou- se ao seu lado, pegando seu rosto fazendo os olhos se encontrarem.

E só aí Annabeth viu o estado em que ele se encontrava. Seus olhos cor do mar estavam abalados e distantes. Aqueles, que eram o espelho de sua alma. Foi inundada com uma súbita compreensão, que não costumava sentir.

_Olha, se você quiser falar eu...

I know that the bridges that I've burned Along the way Have left me with these walls and these scars That won't go away And opening up has always been the hardest thing Until you came

Ele levantou a mão, impedindo-a de falar mais qualquer coisa. Aquilo era doloroso. E não se tratava mais de Rachel.

Sua vítima tentava lhe consolar. A mesma que sorria compreensivamente para Percy, com olhos cinzentos que estudavam seu interior.

So lay here beside me just hold me and don't let go This feelin' I'm feelin' Is somethin' I've never known And I just can't take my eyes off you And I just can't take my eyes off you

E finalmente desviou o olhar, levantando-se e andando na direção do florete que Annabeth havia guardado, dominando a arma com extrema habilidade.

_Só é deprimente ver alguém lutar tão mal._ disse analisando a lâmina afiada, um sorriso torto brotando nos lábios. Cretino.

Ela também se levantou, pegando outro florete e se pondo a sua frente. E a luta começava.

Ambos atacavam com precisão, embora fosse claro quem era o melhor a mim. Mesmo assim, Annabeth não desistia, lutando como pela própria vida ali. Ou orgulho, se preferir.

Poderiam continuar assim por um bom tempo. Não só porque o duelo estava realmente bom, mas sim por a companhia um do outro ser tão agradável.

Mas o cansaço também estava presente, e não deixou as coisas durarem muito. Logo a arma de Percy encostava-se ao pescoço fino de Annabeth. Ele tremia.

Jogou o florete no chão e deu um passo. Esta não recuou.

Os rostos se aproximavam rapidamente, e as respirações se misturavam. Percy pousou a mão sobre a cintura da menina, enquanto esta enroscou as mãos nos cabelos negros do rapaz. E eles ainda se olhavam.

Iriam beijar-se, caso não tivessem sido interrompidos por uma Christie em pânico. _____________________________________________________________________________

Estava feito. Thalia atirara na pobre menina.

E por incrível que pareça, o que ela menos esperava era depois de ter feito, chamasse Silena Beauregard de pobre.

Esperava que fosse sentir de tudo um pouco. A sensação de triunfo se apoderando do seu corpo, mais forte, e que realmente era demais. Mas não. Sentia pena. Além de uma dolorosa e confusa raiva de si mesma.

Eu fiz o certo? Eu a matei na foi? Mas por quê?

Ser uma jogadora ativa desse jogo era devastador.