Prólogo

A mordaça estava apertada em volta de sua boca. Queria tentar soltar, mas aí lembrou- se das mãos algemadas.

_Grande merda_ praguejou baixinho em inglês, ganhando olhares estranhos dos homens ao seu lado.

Ser traída pelo seu próprio país sem dúvida era uma das situações que estavam em sua lista em improváveis. Ela sempre vivera para ele e fora criada para trazê-lo para sua grande Era, e ganhar um título convincente de heroína. Era seu destino não?

Mas tudo tinha mudado há alguns meses. Quando ele aparecera na sua vida e fizera questão de bagunçar tudo. Porém, Annabeth não podia deixar de notar que também que Percy encaixara muitas peças do quebra-cabeça perdido em que viveu.

Fora criada para proteger sua Pátria e trazer a Rússia para bons tempos. Era sua grande arma e se orgulhava disso. Todos a temiam. Ela era invencível, e se considerava como tal. Nunca tivera pais e família, e sempre achou grandes idiotas frágeis os que tinham. Pra ela, na vida era cada um por si. E esse pensamento a levara aqui agora?

Porque se não fosse aquele norte-americano cretino se intrometendo em seu território, talvez estivesse fazendo o certo, o programado para ela. Não o contrário.

E tinha que admitir, sua situação era crítica. Era sentença de morte na certa. Poderia, sem dúvida alguma, escapar daqueles agentes de meia-tigela da secreta KGB. O negócio era se queria prosseguir sua vida ou não.

A decisão teria que ser rápida. Está na hora de se decidir Annabeth Chase, e não é agora que vai molengar!

Foi com esse pensamento que deu uma cabeçada no homem à sua esquerda e empurrou o da direito com ambas as mãos em direção ao vidro. Antes que o motorista pudesse olhar para trás, prendeu o pescoço no banco com as algemas, o impedindo de respirar.

5, 4, 3, 2, e 1. Morto. Foi para o lugar que estava sentado o homem que acabara de matar estava sentado, freando o carro impedindo a viatura de levar uma tremenda colisão. Não precisava de um acidente de carro agora, já eram problemas demais na sua cabeça.

Por um momento, permitiu a respiração descompassada retornar ao ritmo normal. Logo depois, pôs-se a procurar as chaves das algemas do porta-luvas.

Fácil. Pegou com ambas as mãos e encaixou com certa de dificuldade na fechadura. Desamarrou a mordaça e apertou o volante até parecer que a circulação ia parar.

Agora vinha a parte mais difícil. Ir atrás dele. O Alvo indo atrás do atirador.

Pisou com força no acelerador, temendo o que mais o destino lhe reservara.