- Ai meus pés! Meus pés estão doendo! – Talvez se aquela pedra no meio do caminho não estivesse lá, isso não teria acontecido.

 Já numa pequena vila a alguns quilômetros dali, em uma cabana, Sara olhava o dedão infeccionado de Phillares.

 - Ta feio ein... – Ela olhava e cutucava aquela bolota.

 - AI! Não piora as coisas! – Phillares segurava um longo lençol branco. Uma ponta em cada mão, e o meio, mordia. Quase rasgou.

 - Pronto menininho! – Sara guardou as faixas, os remédios e umas outras coisas que Phillares não reconhecia em sua bolsa caseira de couro. Phillares em nenhum momento da viajem havia notado aquela bolsa.

 - Bolsa bonita. – Disse caindo na rede.

 - A. Era do meu pai. Ele conseguiu matar um dragão de fogo, e do couro fez esta bolsa. Ele também arrancou os dentes deles e os vendeu. Exceto para min. – Ela olhou para baixo e tirou de dentro da camiseta um pingente preso a um colar rodeando seu pescoço. Era um dente, pelo jeito muito afiado, e muito branco.

 - Nossa! E seu avô? Ele trabalha no que? – Phillares pergunta ajeitando sua perna enfaixada.

 Não foi a coisa certa a se fazer.

 - Não trabalha. Ele está morto. – Sara esconde o dente dentro de sua blusa de pele de algum animal.

 - Se não for inconveniente... Do que ele morreu? – Sara olhou para ele com algum tipo de raiva nos olhos, e Phillares achou que a pergunta havia ofendido ela. Mas a raiva em seus olhos era a morte de seu avô. E delicadamente, ela fala.

 - Meu irmão o matou. – Sara deitou em sua rede e virou o rosto para uma visão bem longe de Phillares, e dormiu. Ou pelo menos fingiu estar dormindo.

 Viu que já era perguntas demais por um dia, fechou os olhos para recapitular tudo, se não passa de um simples sonho. Mas o cansaço o dominou e ele caiu no cochilo, antes de lembrar o próprio nome.

 Neste sonho Phillares estava em uma mesa redonda, com duas cadeiras ao redor dela. Na outra cadeiras estava o profeta.

 - Phillares. Hoje quando você for no bar, veja se você não se mete em nenhuma encrenca, O.K.? – O Profeta cruza as mãos apoiadas na mesa.

 - Cara! Eu não bebo! Para que eu iria em um bar? Assim que eu e Sara pegarmos comida e comermos o café da manhã nós já vamos ir! – Protestou.

 - Então confio em você. – O profeta fala mexendo as mãos, e quando para de falar, o sonho se desfaz em uma nevoa, até ele acordar.

 - Bom dia! O café esta na mesa! – Phillares se espreguiça e se levanta e sente um aroma delicioso. Olha a mesa farta, e coloca tudo para dentro.

 - Não quero perder mais tempo. Vamos passar em alguma loja e re... – Sara o interrompeu.

 - Já comprei tudo o que precisamos ontem a noite. Só você se arrumar e botar o pé na estrada.

 Enquanto passam pelo centro da vila, Phillares vê um bar.

 - Ei, dá tempo de ir ao banheiro? – Phillares olha ansioso para Sara.

 - Vá logo. Não vou nem sair do lugar. – Sara se vira para ver Phillares, mas a única coisa que consegue ver é um borrão entrando no bar.

Quando Phillares estava saindo, ele esbarra em um homem robusto, super musculoso.

 O bar inteiro para o que estão fazendo para ver o que aconteceu. Ou melhor, o que vai acontecer.

 - Posso ajudá-lo? – O homem pega Phillares pelas pernas e o jogo para fora do bar, quebrando a porta. Para o bem de Phillares, a porta estava velha e cedeu facilmente.

 O homem vem até Phillares calmamente. Sem pensar, ele se levanta e corre na direção de Sara que olhava para a cena.

 - Corre! – Phillares correu, seguindo ele, Sara e o homem. Mas ele se cansou fácil, e Phillares e Sara já estavam bem longe dele, e perto do profeta.

 Sara tira um frasco do bolso e toma metade, e ofegando da a outra metade para Phillares. Sem pensar duas vezes, ele toma e joga o frasco mata a dentro.

 Sem sentir mais nenhuma dor, Sara diz.

 - Está me devendo um frasco de cristal. – Ela para e olha ao seu redor. Observa a trilha que estavam seguindo, as árvores.

 - Estamos perto do profeta. Mais uma meia hora. Conheço esse lugar de longe! –

 - Espero que esteja certa. –

 Após andarem cerca de 20 minutos, chegam a uma nova vila.

 - Siga-me. – Sara começa andar por entre as casas de folhas bambu até chegar na aparente mais humilde.

 Sara fica parada em frente a casa, e faz sinal com a mão para Phillares entrar. Ele abre a porta e entra. A casa tinha apenas um cômodo. Quarto, cozinha e algumas outras coisas tudo ali, apertado.

 O corvo estava na barra da cadeira. Imediatamente reconhece a mesa e as duas cadeiras do seu sonho. O corvo vai até o chão, e começa a se transformar num velho.

 - Você parece mais jovem pessoalmente. – Diz Phillares.

 - Obrigado meu jovem! Está ficando cada vez mais difícil conservar este corpo de 198 anos. – Ele ri.

 - Sente-se, temos muito o que conversar. –

* * *

 - Então... Você vai me conceder seus últimos poderes para eu construir uma vila, um reino, ou seja la o que for, para eu criar um exército, vencer Kranius e tomar o poder? Aceito. –

- Basta você ler este pergaminho. – O profeta tira do bolso um tubo e o entrega para Phillares.

 Ele o abre e começa a ler.

 - Eu, Phillares, prometo que vou cumprir com meu dever e derrotar Kranius. Aceito a oferta de Bonente e a partir de agora, meu destino esta determinado. – Phillares coloca o pergaminho sobre a mesa.

 - E agora? –

 - Agora vem a melhor a parte.  A parte em que sua aventura começa! Preste atenção Phillares. Previ que Kranius irá mandar tropas para essa região. Se ele chegar aqui nesta situação, toda vida num raio de cinco quilômetros será extinta. Exceto algumas que serão feitas de escravos. O único jeito de impedir isso é você se preparando e criar um exército. – O profeta parece dizer isto sem o mínimo de preocupação.

 - Hãm... Impressão minha ou tem algum erro ai? Tipo, se essa invasão for hoje, como eu vou criar um exército? – O tom em sua voz era de desconfiança.

 - Ei! Quem disse que vai ser HOJE? HAHA. Muleque, Kranius te mataria com apenas uma mão! – Ele riu.