Mudando o Jeito de Viver escrita por Mayara Paes


Capítulo 12
11 - Tudo pode piorar. (Bell)




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Ninguém estava preparado para o que estava acontecendo.

Foi tudo rápido demais, ninguém em sã consciência seria capaz de imaginar isso. Que algo tão desastroso pudesse acontecer. Algo que poderia estragar nossa tarde, estragar nossas vidas.

Estavam certos aqueles que disseram que uma vida pode acabar á qualquer momento. Você nem percebe. Uma hora você está bem, sorrindo. Em outra, num piscar de olhos, você já está á sete palmos abaixo da terra.

Isso é estranho e... Frustrante.

Como se pode deixar de viver assim? Do nada? Você constrói uma vida inteira, anos e anos de suor, esforço e dedicação para acabar sem absolutamente nada.

Isso não parecia certo, não era justo.

Em um minuto estávamos rindo, brincando, em outro vemos luzes fortes vindo em nossa direção. Uma enorme carreta iria colidir de frente com nosso carro.

Só ouvimos á gritaria:

–EMMETT, OLHA PARA FRENTE! VAMOS BATER! – gritou Edward repentinamente desesperado.

À única coisa que fiz, foi fechar os olhos e senti ser envolvida por braços fortes. Edward.

OH MEU DEUS! O Edward não, por favor! Não deixe nada lhe acontecer! Salve-o.

Abracei lhe fortemente, tentando inutilmente protegê-lo.

Gritamos em uníssono esperando pelo impacto, mas esse não veio. O que sentimos, foi um forte solavanco, o que teria feito minha cabeça bater contra o vidro, se não fosse os braços de Edward ao meu redor. Uma virada brusca, uma buzina estridente e extremamente alta, e o carro dando voltas pela estrada.

Gritei em pânico sentindo o vento forte bater violento em meu rosto.

Mais um solavanco e o carro parou fazendo-me bater a cabeça contra o banco do motorista.

Resmunguei pelo impacto.

A gritaria cessou. Respirações ofegantes eram audíveis.

Silêncio.

Levanto lentamente meu rosto, enxergando parcialmente o ambiente. Os olhos marejados e a fumaça fedorenta não facilitavam em nada.

Olhei Edward, esse tinha os olhos fechados e balbuciava palavras baixas como:

–Não deixe nada acontecer á ela! Nada! Leve á mim, não ela! Eu não viveria sem ela! Proteja-a! Salve-a!

Acariciei levemente seu rosto, sentindo dificuldades para respirar.

Abriu seus brilhantes olhos verdes, esses ainda estavam assustados, mas aliviados.

Surpreendendo-me, deu-me um leve beijo nos lábios e suspirou.

Meu coração palpitou forte no peito, a falta de ar se intensificou. Meu pulmão já clamava por oxigênio e esse parecia escasso.

–Morremos? – questionou Emmett. – Por favor, se alguém estiver morto avise!

Em outra ocasião eu teria rido desse momento.

–Só você mesmo para fazer brincadeiras nessas horas. – comentou Jasper ainda encolhido sobre Alice, essa tinha os olhos tão arregalados que pareciam prestes á saltar das orbitas.

Sua careta era cômica.

–Que brincadeira? Estou falando serio! – disse Emmett. – Queria que apenas avisassem, é pedir muito?

Algumas risadas foram permitidas. Rose revirou os olhos sorrindo.

Nesse momento, a falta de respiração ficou insuportável. Chegando á níveis alarmantes. O oxigênio não chegava á meus pulmões, ficava preso em minha garganta, nada passava.

Não! Esse não era o momento oportuno para ter uma de minhas crises!

Sentindo uma forte vertigem, rapidamente desvencilhei-me dos braços de Edward, abri a porta do carro com certa urgência e brutalidade e corri para a estrada deserta á procura de ar.

Minha cabeça girava de tal forma que mal conseguia ficar de pé. Segurei-a entre minhas mãos, tentando inutilmente fazê-la parar de rodar.

–Bell? – escutei uma voz, mas estava muito distante.

Cambaleei até o acostamento, apoiando-me em uma das árvores presentes ali.

–Bell? Você está bem? – alguém perguntou.

Ouvi ao longe portas baterem e passos apressados se aproximarem.

Minhas tentativas de respiração eram falhas. Ofegante, esses faziam barulhos estranhos, parecendo estrangulados.

–Bell, fale comigo! O que está acontecendo? Oh Meu Deus! Veja o rosto dela Alice, ela está muito pálida. – desesperou-se alguém. – Veja os lábios, estão roxos.

–Al...ic...e? – chamei em um sussurrou inaudível.

Meu corpo estava prestes a desfalecer.

–EDWARD, CORRE, ELA VAI DESMAIAR! – essa voz eu reconheci, Rose.

Segundos depois, braços circularam minha cintura mantendo-me de pé.

–Fale comigo pelo amor de Deus, Bell? – sua voz estava estrangulada em meu ouvido. – O que está acontecendo? Diz algo, por favor!

Minhas pernas trêmulas, fraquejaram, fazendo-me escapar do abraço de Edward e cair de joelhos.

Mãos seguraram meu rosto, obrigando-me a fita-lo. Alice, essa tinha olhos preocupados enquanto me observava ajoelhada á minha frente.

–Bell, preste á atenção! – pediu com a voz firme. – Preciso que me diga o que está sentindo, precisa me dizer o que é.

–E...u nã...o con...s...i...go r...esp...irar! M...e aj...ud... – pedi incapacitada de ir adiante.

–Tudo bem, entendi. – disse. – Agora quero que olhe dentro de meus olhos e respire fundo e calmamente!

Tentei acalmar-me, em vão.

–Hei, você consegue, vamos lá! – incentivou. – Respira, inspira.

Olhando suas esmeraldas, respirei o fundo.

–Isso, mais uma vez. – incentivou sorrindo.

Respirei e inspirei lentamente.

Aos poucos, minha respiração voltada ao normal e a vertigem cedia gradativamente.

–Mais uma vez! – pediu. – Pronto, sente-se melhor?

Assenti um pouco mais composta.

Alice sorriu abertamente e se jogou em meus braços, apertando-me contra seu pequenino corpo.

–Esse não era o lugar certo para você ter uma crise Bellzinha. – sussurrou em meu ouvido. – Tem muitas pessoas que não sabem observando atentamente.

Concordei um pouco assustada, imaginando se minha crise fosse adiante.

Iria ser um desastre.

–Você me deixou muito preocupada! – disse Alice elevando seu tom de voz. – Nunca mais faça isso, entendeu? Nunca mais!

–Estou bem agora Alice, nada vai acontecer! – respondi com a voz rouca.

Pigarreei baixo.

Deu-me um beijo no rosto e levantou-se, puxando-me junto.

Jasper, Emmett, Rosalie e Edward, continuavam calados, observando tudo com expressões especulativas. Mas Edward estava diferente. Seus olhos preocupados avaliavam-me dos pés á cabeça, seus lábios estavam em uma linha reta, mostrando sua irritação, o ceio franzido denunciava o quanto estava assustado. Tudo isso acompanhava uma expressão desconfiada. E isso era o que mais me amedrontava.

–Nos assustou Bellota! Você está bem? – Emmett foi o primeiro a quebrar o silencio.

–Estou bem Emmett, não precisa se preocupar.

–Que bom, assim fico mais tranqüilo. – sorriu mostrando suas covinhas.

–Nossa, pensei que você iria desmaiar. – comentou Rose. – Estava muito pálida.

–Só senti um pouco de falta de ar, nada muito complexo. – disse. – Acontece muito.

–É, precisa ver isso Bell, pode ser algo grave e... – Rose foi brutalmente interrompida.

–Tudo bem, tudo bem, JÁ CHEGA! – gritou Edward raivoso. – Eu quero saber o que está acontecendo e quero saber agora!

Engoli em seco.

–Do que está falando Edward? – questionou Alice fingindo confusão.

–Não se faça de DESENTENDIDA Alice! Você sabe de muita coisa e não conta á ninguém. Sempre que eu te pergunto você desconversa, finge, muito mal por sinal, que não sabe de nada! – dizia. – Para mim já chega! Estou farto de ENIGMAS, estou cansado de ser enganado, sei que vocês estão escondendo algo e eu exijo que me contem imediatamente.

Nunca poderia imaginar que Edward estivesse tão certo de que eu escondo algo dele.

Ele era irredutível, estava realmente disposto a descobrir sobre a doença.

–Edward, já disse que você está imaginando coisas e...

–Se é somente minha imaginação FÉRTIL correndo solta, você poderia me explicar o que aconteceu com a Bell hoje? Porque isso, com toda certeza, não é coisa da minha CABEÇA muito menos NORMAL! – disse irritadiço.

Olhei Alice suplicante, buscando desesperadamente ajuda e encontrando... Nada? Oh Meu Deus! Estávamos encurraladas.

E agora?

–Então, não vão me responder? – perguntou cruzando os braços.

Pensa rápido, pensa rápido!

–Edward... eu... é... bom, eu... – nada me vinha á mente deixando-me cada vez mais desesperada. – O motivo da falta de ar foi... hã... foi....

–O susto. – interferiu Rose calmamente. – Deve ter sido muito grande. Isso pode acontecer quando a pessoa fica muito assustada. Bell dever ter ficado quase em pânico para acontecer uma falta de ar tão intensa.

Mal sabia ela que estava me acobertando.

–É isso Bell? – questionou Edward não muito convencido.

–Hã? Sim, foi isso que aconteceu. – respondi rapidamente. – Assim que o carro começou a girar pela estrada fiquei sem ar. Ainda gritei, devo ter perdido todo meu fôlego.

–Sei. – franziu o ceio ainda desconfiado.

Suspirei um pouco mais aliviada.

–Bom, acho que é melhor irmos embora. – declarou Jasper, falando pela primeira vez. – Já basta o quase acidente e ainda precisamos levar Bell ao hospital. Chega de confusões por hoje.

–Não, eu não preciso de hospital, estou muito bem.

–Tem certeza? Podemos te levar em um rapidamente. – insistiu Jasper.

–Tenho, claro que tenho. – neguei. – Outro dia posso me consultar com o pai de Alice.

–Tudo bem, mas se mudar de ideia, avise. – pediu.

Assenti.

–Então vamos, quero ir para casa. – disse Alice. – O dia está acabado.

Voltávamos ao carro quando Emmett arregalou os olhos e começou a tatear os bolsos.

–Droga! – resmungou.

–O que foi?

–Esqueci as chaves dentro do carro. – respondeu verificando os bolsos.

–O quê? Tem certeza? – questionou Edward.

–Absoluta. – respondeu. – Na hora do desespero, esqueci-me de pega-las na ignição.

–Mas você não trancou o carro, então não tem problema. – disse Jasper. – As portas estão abertas.

–Então, é aí que está o problema, quando batemos á porta, elas fecham automaticamente e ativam o alarme. – disse Emmett coçando a cabeça. – As portas e janelas estão fechadas com a chave dentro.

–Merda! Mil vezes merda! – esbravejou Edward. – Deus, o que mais pode acontecer hoje?

–Edward, pare de se lamuriar, não vai adiantar em nada ficar resmungando. – advertiu Alice.

–Verifiquem seus celulares, podemos ligar para alguém vir nos buscar. – sugeri pegando o celular do bolso.

Olhei o visor e suspirei.

Sem rede.

–O meu está fora de área. – informei.

–O meu também.

–Nenhum funciona. – disse Edward. – Estamos no meio da estrada. Não tem rede telefônica.

–E agora, o que vamos fazer?

–Já sei! – disse Rose. – Podemos quebrar o vidro do carro, assim poderemos pegar a chave.

Todos concordaram menos Emmett.

–Bom, é que...

–O que foi dessa vez? Está com pena de quebrar o vidro? Depois levaremos o carro ao eletricista. Ficará como novo. – disse Edward.

–Não é isso, é que os vidros são blindados, nada os quebra. – informou sorrindo amarelo.

–EU NÃO ACREDITO! – esbravejou Edward. – Me reponde por que motivo você tem blindagem?

–Ah, meus pais são protetores. – disse Emmett ultrajado. – Eles evitam, literalmente, que qualquer mal me aconteça.

Edward bufou.

–E a chave reserva? Você a guarda em alguma parte da lataria do carro? – questionou Alice.

–Eu a guardo dentro do próprio carro.

Edward jogou os braços para o ar exasperado e sentou-se no acostamento.

Enquanto Alice, Jasper, Rosalie e Emmett discutiam o que fazer, caminhei até ele, agachando-me a sua frente.

–Hei, se acalme, não precisa ficar assim. – tentei aquietá-lo. - Coisas acontecem, é normal.

–Desastres acontecerem respectivamente não é normal. – disse-me elevando um pouco a voz.

–Não precisa ficar irritado e ... – fui interrompida.

–Irritado? Você acha que eu estou irritado? – questionava ironicamente.

Resolvi ignorar sua ironia.

–Sim, você está um pouco nervoso com toda essa situação e...

–Não estou nervoso, estou NORMAL! Nunca estive melhor na minha vida! – disse sarcástico.

–Tudo bem, já chega Edward, não está mais aqui quem falou. – levantei-me um pouco magoada com sua grosseria.

Afastei-me deixando-o sozinho, até o mesmo segurar meu braço.

–Bell, me desculpe. – desculpou-se parando á minha frente. – Desculpe se fui rude, é que eu ainda estou preocupado com você e tudo está conspirando contra mim hoje, entende? Não quero que se magoe por minha causa.

Suspirei.

–Tudo bem, eu te entendo, não se preocupe!

–Vem, dê-me um abraço. – pediu abrindo os braços, aos quais não resisto.

Abraçou-me apertado como se tivesse tentando me impedir de partir.

–Meu lindo, não vou fugir. – brinquei sorrindo.

–Eu sei. – sorriu levemente.

Olhei em seus olhos e vi algo diferente. Algo parecido com medo.

Medo? Medo de quê?

–Edward, o que foi? – questionei preocupada.

–Não foi nada. – respondeu-me simplesmente, tentado se esquivar.

–Sabe que pode me dizer tudo, não sabe?

–Sei, só que... Sei lá, estou um pouco amedrontado. – revelou franzindo o ceio. – Ultimamente venho sentindo algo estranho. Sempre com os mesmos pensamentos de que ainda vou perder alguém importante. Não sei, parece-me mais um aviso.

Franzi o ceio confusa.

–Um aviso? Como assim? – questionei um pouco assustada. – Está insinuando que você está sendo avisado que alguém vai embora?Que vai partir da cidade?

–Não, não dessa forma. – negou olhando-me. – Um pressentimento ruim, de que a pessoa vai morrer.

Estremeci levemente.

–Acho que você está ficando um pouco paranóico. – comentei.

–É, também tive essa conclusão, mas sabe, nada me faz tirar essa idéia da cabeça. Isso vem me atormentando, me tirando o sono desde o sonho que tive.

–Aquele sonho que me contou? O pesadelo de que eu havia... – limpei a garganta. – morrido?

–Exatamente esse, depois dele, não consigo pensar em outra coisa! – reclamou. – E isso já está realmente me assustando.

Oh Deus, isso era realmente um aviso? Um aviso de que meus dias estavam se acabando?

Mas porque Edward estava tendo esses sonhos e não á mim? Seria algum tipo de preparo? Algum tipo de previa para a dor ser menos intensa?

Talvez sim.

Foi retirada de meus devaneios quando meu nome foi chamado:

–BELL, EDWARD, venham. – chamou Jasper um pouco mais afastado de nós.

Caminhamos de mãos entrelaçadas até eles. Alice olhou sugestivamente para mim. Eu apenas dei de ombros.

–Então, decidiram o que vamos fazer? – questionou Edward.

–A única solução é caminhar até o posto mais próximo. – informou Jasper. – Não deve estar distante, apenas alguns quilômetros daqui.

–Ótimo, o que mais poderia acontecer?

Quase que imediatamente, o céu foi iluminado por um trovão e seguido por uma forte chuva que nos pegou desprevenidos.

–Edward, sem brincadeiras, cale essa boca, pelo amor de Deus! – pediu Emmett. – Não quero que um raio caía em nossas cabeças.

Rimos em meio á desgraça.

A chuva caia pesada sobre nós, deixando-nos cada vez mais encharcados.

–Vamos, não quero pegar um resfriado. – comentou Alice.

E começamos a caminhar apressadamente pela estrada que parecia infinita e deserta.

X-X

Já fazia um tempo que corríamos pela estrada escorregadia á procura de um posto. Alice e Rosálie estavam em desvantagem, ainda usavam seus saltos, ignorando nossos conselhos de que elas correriam mais rápido sem eles.

–Tudo bem, cansei! – desistiu Rose retirando brutalmente seus sapatos.

Alice agora era a única distante de nós.

–Vamos Alice, deixe de ser teimosa, tire esses sapatos. – pediu Jasper.

–Meu querido, eu nunca desço do salto. – assim que acabou de falar, escutamos um estalo.

CRECK.

–AH MEU DEUS, MEU SAPATO QUEBROU, MEU SALTO QUEBROU! – Alice berrava histericamente.

–Só assim para ela tira-los. – informou Edward sorrindo.

–Eu não quero sujar meus lindos pés de lama! – avisou Alice cruzando os braços.

–Já sei o que fazer. – disse Emmett pegando o par intacto dos sapatos e quebrando o outro salto.

–SEU MALUCO, MEU SCARPIN! – choramingou Alice.

–Vamos Allie, já está perto, depois você compra outro e... – disse eu voltando a caminhar, quando meu tênis derrapa na estrada e caio de bunda ao chão.

Era só o que faltava.

X-X

Depois de incontáveis horas caminhando, finalmente achamos um posto e um guincho para buscar o carro de Emmett. Voltamos para a casa de carona, todos nós exprimidos no banco traseiro de uma caminhonete velha e enferrujada. Corríamos risco de pegarmos tétano, tamanha era a precariedade do veículo.

Assim que pusemos nossos pés lamacentos dentro da casa de Alice e Edward, corremos cada um para um banheiro. Necessitávamos de um bom banho quente.

Agora, já limpos e satisfeitos, riamos de nossas desgraças.

Era certa a frase: “Depois que passa, agente ri!”

–Toda desgraça foi pouca! Tudo graças á enorme boca de Edward! – acusou Emmett risonho.

–Minha culpa?

–Isso mesmo, era só você falar: “O que mais poderia acontecer?” que algo realmente acontecia. – disse.

–É, tenho que concordar. – disse Edward risonho.

Ele estava tão lindo, o preto de sua camiseta contrastava com sua pela clara e ainda realçava seus olhos verdes. Seus sorrisos calorosos eram de tirar o fôlego.

–E então, o que vamos fazer agora? – questionou Rose.

–Bom, não sei vocês, mas eu vou dormir. – disse Alice levantando-se do sofá.

–Eu vou te acompanhar, dormimos muito tarde ontem. – disse Rose.

–Oferece-me o quarto de hospedes? Também quero descansar. – pediu Emmett bocejando.

–Claro! – concordou Alice. – E você Jasper, o que fará?

–Não tenho escolha á não ser dormir também. – disse. – Não quero ficar segurando a vela do casal ali. – apontou para nós.

Gargalhei jogando lhe uma almofada.

–Tudo bem, vamos então. – declarou Alice subindo as escadas e sendo acompanhada pelos demais.

Silêncio.

–Então, o que vamos fazer? – questionou.

Sorri.

–Bom, quero te mostrar um lugar e a tarde está propicia a isso, aceita ir?

–Claro, podemos fazer o que você quiser, menos andar, tudo menos isso. – disse levantando-se e puxando-me junto.

–Não se preocupe, andaremos pouco mais de dez quilômetros, nada demais. – brinquei gargalhando com sua careta.

Edward gemeu em desgosto.

–Você só pode estar de brincadeira. – reclamou.

Iriamos á um lugar especial, meu refúgio. O penhasco.

X-X

Edward ainda estava maravilhado com a vista que o penhasco nos proporcionava. Seus olhos brilhavam olhando o infinito mar azul á nossa frente. O vento franco balançava levemente seus cabelos, fazendo algumas mechas caírem sobre seus olhos.

Afastei delicadamente uma mecha, pondo-a para trás.

Olhou-me e sorriu.

–Então, aqui é seu lugar preferido? – questionou risonho.

–Sim, sempre venho aqui quando quero pensar, essa vista me ajuda bastante.

–E está me mostrando seu refúgio por quê? – perguntou abraçando-me.

–Ah, ninguém sabe desse lugar a não ser minha mãe, achei o momento oportuno para te trazer aqui. – revelei. – Eu confio em você, sei que não contará á ninguém sobre esse lugar.

Sorriu.

–Sabe, é tão bom ficar assim com você! Gosto muito de sua companhia, não a troco por de mais ninguém. – revelou beijando minhas bochechas.

Ri.

–Também gosto de estar ao seu lado. – declarei para logo depois seus doces lábios cobrirem os meus.

Enlacei seu pescoço com os braços e acariciei sua nuca, pondo minhas mãos dentro de sua camisa.

Mordeu levemente me lábio inferior, fazendo-me quase desfalecer em seus braços.

Começávamos a nos empolgar quando minha mão se enrosca em algo.

Interrompo o beijo e olho.

–O que é isso? – perguntei olhando o cordão prata em seu pescoço.

–Isso? Ah, é um cordão de família. – respondeu-me pondo-o para fora de sua camiseta. – Minha avó materna me presenteou com essa corrente quando eu tinha apenas cinco anos de idade.

–Nossa, é lindo! – comentei olhando a cruz prateada com uma pequena esmeralda verde encrustada no centro.

–Minha vó dizia que sempre que eu sentisse medo, segurasse essa cruz com toda minha força que ela me protegeria de qualquer mal. – sorriu. – Ela dizia que essa esmeralda é da cor dos meus olhos.

Olhei-o, maravilhada.

Sorri.

–Ela tinha razão. – concordei abraçando-o.

–Sabe o que mais ela tinha razão? – perguntou olhando em meus olhos intensamente.

–O quê?

–Ela disse que eu amaria á garota mais linda desse mundo. – revelou sorrindo. – E acredite, ela estava completamente certa.

Não pude deixar de beija-lo depois de suas palavras.

A felicidade me dominava e esse sentimento estava longe de passar.

Nada estragaria esse momento! Nada!

X-X

–Não quer mesmo que eu te acompanhe? Podemos passar no seu armário e vamos juntos para a quadra. – sugeriu Edward abraçado á minha cintura.

–Tenho meu lindo, vai na frente. – neguei enlaçando seu pescoço. – Vou apenas guardar alguns livros e te encontro lá. – sorri. – Guarde um lugar para mim.

–Pode deixar. – concordou sorrindo, para logo depois me beijar.

Já havia se passado três dias desde nossa saída desastrosa. Faltava apenas dois dias para o aniversário de Edward e hoje era o dia da entrega dos convites. Praticamente toda a escola havia sido convidada, para desespero de Edward. Mas claro, com exceção de alguns.

Edward e eu ficamos encarregados de entregá-los, o que desencadeou uma euforia coletiva. Mas nem sempre essa alegria é prazerosa.

–Isso já está começando a me irritar! – comentou Edward de repente.

–O quê?

–Tânia Denali não para de nós observar. – respondeu-me ele indicando discretamente o canto mais afastado de refeitório.

Olhei de rabo de olho e vi, Tânia nos encarava com olhos mortais, ou me encarava mais precisamente.

–O que será que deu nela? – questionei confusa.

–Não sei, só sei que já está ficando uma situação incomoda. – reclamou. – Desde segunda feira é esse tomento. Nunca podemos ir a um lugar sem que ela esteja nos observando com sua descrição impressionante. – comentou ironicamente.

–Esquece isso, daqui á pouco ela nos deixa em paz.

–Que assim seja, só espero que ela não faça nada contra nós. – disse seriamente.

–O que ela fará afinal? Nunca demos motivos para nada. – dei de ombros.

–É, mas vai dizer isso á ela.

Rimos.

O sinal soou.

–Bom, vai indo para a quadra que eu te encontro lá. – disse ajustando minha mochila.

–Tudo bem, mas não demora. – pediu dando-me um beijo rápido.

–Pode deixar, em um minutinho estou lá.

Sorriu afastando-se.

Vire-me e olhei em direção a Tânia, ela ainda estava lá, no mesmo lugar, olhando-me como se eu fosse à pessoa mais odiosa do mundo.

Suspirei.

O que será que ela queria afinal?

Dei de ombros e segui em direção ao meu armário.

Os corredores estavam desertos, todos os alunos á essa hora deviam estar na quadra da escola para uma palestra sobre biodiversidade.

Guardava meus livros rapidamente, tentando ser ágil e rápida o suficiente para voltar o mais cedo possível para Edward.

Equilibrava alguns livros e papeis nos braços quando sou bruscamente empurrada para dentro do armário e trancada lá.

–O mundo está se fechando para você esquisitona! – gargalhou uma voz que eu pude reconhecer. Tânia Denali.

O desespero dominou-me.

–TÂNIA ME TIRA DAQUI, POR FAVOR! – gritei á beira da histeria. – EU TENHO CLAUSTROFOBIA! TÂNIA? PELO AMOR DE DEUS, ME TIRA DAQUI!

Só pude ouvir sua estrondosa gargalhada e seus passos se distanciando.

Rapidamente lagrimas escorreram por minha face e minha respiração ficou ofegante.

Imediatamente o local ficou pequeno demais, parecia se fechar ao meu redor, o que me deixou cada vez mais desesperada.

Tudo estava escuro, só alguns raios de luz entravam pela pequena abertura.

Chorando desesperadamente, comecei a chutar e socar a porta de metal, fazendo um enorme estrondo e posso jurar que ficaram as marcas de meus pés, tamanha era a força que eu depositava ali.

–ALGUÉM ME TIRA DAQUI, POR FAVOR! – berrei com a voz esganiçada. – EDWARD, ME TIRA DAQUI, PELO AMOR DE DEUS!

Eu podia gritar o quanto quisesse, ninguém me escutava.

E agora?

– PDV desconhecido.

Ninguém me obrigaria a escutar cerca de duas horas de uma palestra super entediante. Sorrateiramente, retire-me da quadra onde todos os alunos, professores e diretores se encontravam. Não sentiriam minha falta, afinal, era como procurar agulha em um palheiro.

Sorri vitorioso quando finalmente sai daquele inferno.

Nunca imaginei algo tão chato!

Caminhava pelos corredores desertos quando ouço á gritaria:

–TÂNIA ME TIRA DAQUI, POR FAVOR! – berrava alguém desesperadamente. – EU TENHO CLAUSTROFOBIA! TÂNIA? PELO AMOR DE DEUS, ME TIRA DAQUI!

Olhei á tempo de ver Tânia Denali fechando um armário enquanto gargalhava.

Deus, ela estava trancando alguém ali?

Observei mais atentamente enquanto Tânia se distanciava do local.

Andei até estar em frente ao armário que era chutado e socado com uma força exorbitante.

Podia ouvir além dos socos e gritos, soluços assustados e estrangulados.

E agora? O que eu faço?

Sem pensar duas vezes, corri o mais rápido que pude de volta á quadra, onde irrompi com um barulho estrondoso ao qual chamou a atenção de todos.

Pouco me importei com os olharem cravados em mim, apenas corri gritando:

–DIRETOR, DIRETOR!

–O que houve? – questionou-me assustado.

–TEM UMA PESSOA PRESA DENTRO DO ARMÁRIO, TRANCADA DENTRO DO ARMARIO.

–Como isso aconteceu?

–Trancaram propositalmente alguém lá.

Pude ver de relance, cinco pessoas saírem apressadas e correrem pelos corredores. Reconheci alguns, eram Alice e Edward.

O que eles estavam fazendo?

–Vamos, acompanhem-me. – pediu o diretor saindo apressado. – E você também garoto.

Rapidamente voltamos ao local e as cinco pessoas que saíram da quadra antes de nós estavam lá enquanto a pessoa ainda se esgoelava dentro do armário.

– Fim PDV desconhecido.

Será que ninguém conseguia escutar meus berros?

Minhas mãos tremiam, enquanto minha garganta ardia de tantos gritos que dei.

Um soluço, uma tosse.

Algo escorria por meu nariz e boca, enquanto eu tossia descontroladamente.

–ALGUÉM ME TIRA DAQUI, POR FAVOR! EU SUPLICO, ME TIREM DAQUI! – chutei a porta, enquanto eu engasgava.

–Bell? – ouvi alguém chamar. Edward.

–EDWARD, ME TIRA DAQUI, PELO AMOR DE DEUS, EU NÃO ESTOU AGUENTANDO MAIS! – implorei sentindo meu corpo mole.

–Bell, já vamos tirar você daí, não se preocupe! – garantiu-me.

Um soluço.

–Senhorita Swan, se acalme, já estamos providenciando os instrumentos para abrir a porta. – reconheci a voz do diretor.

Alguns minutos depois, ouço um estrondo e a porta é retirada das dobradiças.

A primeira coisa que fiz foi correr dali e abraçar Edward.

–Shiii, se acalme, está tudo bem, está tudo bem. – sussurrava em meu ouvido.

O choro e os soluços persistiam, nada ma acalmava.

–Edward, o nariz dela está sangrando! – avisou Alice ao nosso lado.

–Sangrando? – questionou olhando-me.

–Agora não é hora para perguntas, apenas pegue sua blusa e limpe o rosto dela. – sugeriu Alice afagando meus cabelos.

Edward retirou uma sobre blusa cinza e limpou meu rosto delicadamente.

–O que fizeram com você? Hã? – perguntava preocupado.

–Senhorita Swan, sei esse não é o momento oportuno, mas quem a prendeu no armário? – questionou o diretor.

–Foi... Foi... – eu não conseguia falar.

–Tânia Denali. – respondeu o menino que estava afastado de nós. – Eu a vi trancando Isabella.

–Aquela... Desgraçada! Como ela pode fazer isso? – esbravejou Edward. – Eu disse, tinha certeza que ela faria alguma coisa contra nós.

–Vou chamá-la agora mesmo! – avisou o diretor.

–Não, deixe que eu mesmo busco! – disse Alice já se distanciando de nós com Rose em seu encalço.

Dentro de poucos minutos, só ouvimos a gritaria:

–ME SOLTEM SUAS LOUCAS! – Tânia berrava enquanto Alice arrastava-a pelo cabelo e Rose segurava seus braços, impedindo-a de fugir.

–Deixe meninas que daqui eu assumo. – disse o diretor quando elas pararam á nossa frente. – Na minha sala AGORA, Denali.

–Mas, por quê? O que eu fiz? – questionava fazendo-se de desentendida.

–Como você ainda tem o desplante de fingir que não fez nada? – disse Alice. – Seja mulher e assuma suas ações, sua idiota!

–Eu não fiz nada! – disse. – Eu estava na quadra e...

–Eu vi Tânia, não tente negar. – disse o garoto.

–Não acredite nele diretor, ele está junto deles, é uma corja contra mim.

–A única mentirosa que vejo aqui é a senhorita. – disse o diretor olhando-a friamente. – Porque fez isso? A troco de quê? Não pensou no que causaria á essa menina? Não mediu as CONSEQUENCIAS do seu ato?

Tânia assumiu uma postura fria e diabólica.

–Não fiz nada demais, apenas quis dar uma lição de moral na Isabella “queridinha” Swan. – disse com desprezo meu nome.

–Quem é você para dar lição de moral em alguém? Você inveja a felicidade alheia, nunca foi e nunca será capaz de ter suas próprias coisas. Por que é isso que você é, apenas uma invejosa digna de pena. – dizia Alice com repulsa.

–Quem você pensa que é para falar assim comigo? – questionou Tânia.

–Posso até não ser quase ninguém, mas te garanto que melhor que você, com toda certeza eu sou! – sorriu provocante.

–Escuta aqui sua... – Tânia partiria para cima de Alice se Jasper não segurasse em seu braço.

–Nela você não toca. – garantiu olhando-a desafiadoramente.

–Vocês são um bando de idiotas, é isso que são! – soltou bruscamente seu braço. – Acreditam tolamente nessa criatura que se finge de santa, mas por debaixo da pele de cordeiro existe um lobo prestes a dar o bote. E vocês são as vitimas. As burras vitimas.

–Se enxerga Tânia, olhe-se no espelho antes de falar das pessoas. Você não se compara á ninguém, alias, você não é ninguém. É apenas uma invejosa carente de atenção, nada mais. – disse Edward.

–Nossa, o defensor da esquisitinha voltou! Viva! – murmurou acidamente. – Você é o pior deles e o mais cego também. Não enxerga o que está debaixo de seu próprio nariz.

–E o que está debaixo do meu nariz? – questionou Edward.

–Pessoas melhores que essa aí! – apontou para mim.

–E quem são essas pessoas? Você? – gargalhou falsamente quando a mesma assentiu. – Faça me rir Tânia, não existe pessoa pior que você, que passa por cima de tudo e de todos por um simples capricho. Vocês são as mais repugnantes, isso sim!

–Escuta aqui seu... – foi interrompida.

–Já CHEGA Denali! Você já fez demais, não acha? – disse o diretor com a voz autoritária. – Vamos imediatamente para minha sala, seus pais já estão á caminho.

–O quê? – perguntou assustada. – Meus pais?

–Isso mesmo, agora vamos! – puxou-a pelo braço e arrastou-a dali, mas não sem antes lançar-me um olhar de puro ódio.

–Deus, o que eu fiz para ela? – questionei.

–Você não fez nada Bell, Tânia apenas quer o que ela própria não tem. – disse Rose.

–Mas...

–Nós não acreditamos em nenhuma das palavras daquela cobra, se é isso que está pensando. – disse Alice.

Sorri.

–Obrigado!

Edward beijou minha bochecha, confortando-me.

–Só fico me perguntando: Onde Tânia queria chegar fazendo aquilo? – questionou-se Jasper.

–Eu não sei, só sei que ela conseguiu. – respondi.

E era verdade, ela fez eu mesma questionar meu próprio caráter.

X-X

Naquele momento, sentada diante do enorme penhasco acompanhada de Edward, escutava o mesmo tocar uma música em meu violão.

Ele tocava muito bem, parecia profissional. Seus dedos tocavam com maestria as cordas. Mas nada se comparava ao piano. Nele, Edward com toda certeza se superava. Era impressionante o quão habilidoso ele era com o instrumento.

Ele me ensinava a tocar, mas eu nunca chegaria aos seus pés.

Nossas aulas de piano vêm sendo bastante... produtivas. Eu aprendo com facilidade e com sua paciência, tudo se torna fácil. Espero tocar pelo menos á metade do que ele toca.

“Às vezes o aluno supera o mestre!”

Essa frase não se cabia a mim.

Olhei mais uma vez o relógio. 00h00min. Meia noite, hora da surpresa!

–PARABÉNS MEU LINDO! – gritei abraçando-o.

–O quê? Ainda não é meu aniversario Bell! – disse risonho.

–Com toda certeza é, olhe, já são meia-noite! – declarei levantando-me. – Hora da surpresa!

–Que surpresa? – questionou enquanto eu pegava uma longa fita e amarrava em seus olhos. – O que está fazendo?

–Fique quieto, eu já volto! – avisei me distanciando. – E não trapaceie, não tente olhar através da fita.

–Espera, aonde vai? – perguntou.

–EU JÁ VOLTO! – gritei enquanto corria de volta ao meu carro e pegava o enorme embrulho vermelho e um bolo confeitado.

Voltei calmamente para não derrubar nada.

Olhei Edward e esse balançava as pernas em um sinal claro de impaciência e ansiedade.

Sorri.

–Voltei – avisei parando a sua frente.

–Finalmente, estava começando a achar que havia se perdido. – brincou.

–Eu conheço esse lugar como a palma de minha mão, então não se preocupe!

Pus o bolo em sua frente e acendi as dezoito velas presentes em cima. Eu sei, exagero!

–Dezoito anos, não é pouca coisa não! - comentei enquanto ajustava o embrulho. – Está ficando velho! Hora de tomar decisões. Já pensou no futuro?

–Prefiro pensar no presente, o futuro para mim ainda é incerto. – respondeu-me.

–Qual seu maior desejo? – perguntei sentando-me á sua frente.

–Ser feliz, é a única coisa que peço!

Assenti sorrindo.

–Então, ainda não posso ver a surpresa? – questionou-me impaciente.

–Daqui a pouco. – respondi. – Agora, ponha os braços nas costas. – pedi e o mesmo obedeceu.

–Esse é o momento que você me mata? – brincou.

–Ah, engraçadinho. – disse pondo o grande embrulho em seu colo.

Estiquei-me para tirar a fita.

–Pronto?

–Eu nasci pronto! – respondeu-me risonho.

Gargalhei tirando a venda.

–Tcharam! SURPRESA! – gritei animada.

–Nossa, o que é isso? – perguntou apontando o embrulho em seu colo.

–Se você não abrir, nunca vai descobrir!

Com uma calma que não sentia, Edward lentamente abria o presente. Quando finalmente estava desembrulhado, olhava o objeto de olhos arregalados. Nada disse.

–Então, gostou? – questionei receosa.

–Não, eu não gostei! – olhou-me seriamente. – Eu amei, obrigado Bell! – sorriu dando-me um leve beijo.

Suspirei aliviada.

–Quando consegui tirar tantas fotos? – perguntou-me analisando o enorme mural com diversas fotos nossas.

–Não achou estranho que de uns tempos para cá a câmera era minha mais nova companheira?

–Não, pensei que você tirava-as de diversão. Mas vejo que me enganei. – sorriu.

–Olhe... – pedi chegando mais perto e apontando a foto em que eu estava sobre suas costas. – Essa é uma de minhas preferidas.

–Eu gostei mais dessa. – disse ele mostrando-me uma em que só estavam nossos rostos. Sorriamos, nosso olhos brilhavam. O verde e o chocolate estavam intensos.

–Também gostei dessa, tenho todas as copias. – avisei. – Esta está em um porta-retrato na minha mesa de cabeceira. – apontei uma em que ele me abraçava e beijava minha bochecha.

–Não tenho nem palavras. – disse-me sorrindo. – Eu simplesmente adorei, Obrigado, foi o melhor presente que eu já recebi.

–Não acha que os outros ficaram com ciúmes?

–Eles superaram! – respondeu-me dando-me um demorado beijo. – Então, tem algum significado esse presente?

–Não, é apenas para você não se esquecer de mim. Uma pequena lembrança para você se lembrar.

–Eu não preciso disso para lembrar-me de você! – disse-me. – Você está presente em todos os meus pensamentos.

Sorri.

–Hora de cortar o bolo! – avisei.

–Nossa, tinha me esquecido que tinha bolo também. – comentou.

–Ah, as velas apagaram – reclamei olhando o que restou delas.

–Também, pudera! Dezoito velas não é brincadeira não!

–Não fale assim, demorou muito para consegui acende-las. – reclamei cruzando os braços.

–Não fique assim, nós improvisamos uma, olhe! – pegou um fósforo e acendeu-o, pondo-o exatamente no centro.

–Perfeito! Vamos cantar parabéns! – pedi.

Cantamos em sincronia a música conhecida, em meio a risadas e beijos.

–Faça um pedido!

–Ok. – fechou os olhos e suspirou.

–O que desejou? – perguntei quando Edward abriu os olhos.

–Seu eu contar, o desejo nunca irá se realizar!

–Abra uma exceção, conte-me. – implorei.

–Tudo bem. – concordou. – Eu pedi que você ficasse comigo para sempre.

Sorri tristemente.

É, esse desejo nunca se realizará.


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