Edward p.d.v

Durante todo o nosso percurso, da saída da fazenda até o aeroporto, a entrada no avião e agora nossa viagem para Seattle, Bella permaneceu calada ouvindo musicas em seu ipod. Na verdade, eu não tinha a mínima noção do porque da Bella estar tão chateada comigo ainda, tudo que ela me falou na noite passada tinha sido muito sem nexo como se por acaso ela se importasse que eu não gostasse dela, como amo a Tanya. Mas quando ela me mandou para fora do quarto eu senti um aperto tão grande, uma rajada de dor que espetava todos os sentidos do meu corpo, uma vontade enorme de ir lá naquele quarto, segurá-la em meus braços num abraço forte e não deixá-la sair nunca mais. Só que ela não falou comigo e aquilo parecia que não a importava, será que ela gosta de mim? Muito mais como um amigo? Não isso é idiotice, Bella nunca gostou assim de mim, e não deve gostar. Se antes minha cabeça era uma completa confusão agora eu não conseguia distinguir mais nenhum pensamento que não fosse confuso, a cena na cama com a Bella não saia da minha cabeça, a fusão dos nossos corpos, o beijo intenso, o desejo que aflorava de nós e porque eu fazia aquilo tudo pra ficar perto dela? Porque eu me fingi de go go boy, fingi que estava bêbado? Eu não conseguia entender, era tudo muito novo, tudo confuso, rápido demais. Eu não estava com sono, do contrário de Bella que já dormia profundamente, devagar sua cabeça foi tombando e encontrou meu ombro, se aninhando ali, por um momento hesitei, com medo de que ela acordasse e me desse um soco na cara pensando que fui eu que tinha feito aquilo, mas depois eu me deixei levar pela sensação de seu perfume entrando em minhas narinas e deslizei meus dedos pelos seus cabelos. Não demorou muito e ela percebeu que estava confortável demais e acordou, levantando rapidamente e encolhendo-se mais para a parede, mantendo o máximo de distancia entre nós dois.

  - Bella, por favor, pare com isso. Eu não entendo, diga pra mim o que está acontecendo, mas não faça isso comigo, está me torturando esse seu silêncio. – disse me aproximando dela.

Ela apertou os olhos como se forçasse a querer voltar a dormir, e virou o rosto para a janela do avião, me evitando mais uma vez, e o silêncio predominou até chegarmos em Seattle. Tentando não piorar a situação, olhei pela janela e percebi que estava chovendo muito forte, Bella sussurrou algo incompreensível e logo que a aeromoça informou que havíamos pousado descemos devagar do avião e ela começou a ir mais rápido em direção a saída.

  - Bella espera ai, de algum modo, vamos ter que ir no mesmo táxi.

Quando saímos do aeroporto tivemos uma surpresa, os táxi estavam em greve aproveitando o feriado e não havia mais nenhum transporte que poderia nos levar. 

  - Eu não acredito! O que eu faço agora? – ela passou as mãos pelo cabelo.

  - Bom mesmo você não querendo, vai ter que dormir essa noite lá em casa e ai depois você vai de táxi amanhã para casa ou eu te empresto um carro.

  - Vou ficar aqui, até amanhã.

  - Tenha dó Bella, você já está sendo exagerada, o que te custa ficar uma noite lá em casa?

Ela cruzou os braços e ficou um tempo me encarando, em alguns minutos seguimos para o carro do meu pai e fomos direto para casa. No caminho, meu pai ajudou a quebrar o silêncio, sempre perguntando coisas para Bella sobre o que ela tinha feito no tempo em que esteve sumida, meu pai e minha mãe gostavam muito dela, e também sentiram falta quando ela e Emmet desapareceram. Quando chegamos à mesma mansão um pouco mais distante da cidade, descemos todas as malas e minha mãe já nos esperava na sala de estar com o mesmo sorriso convidativo, fraternal e alegre, assim que me viu, correu para me abraçar.

  - Edward meu filho! – disse me dando vários beijos.

  - Oi mãe, que saudades.

  - Eu também senti tanta falta de você meu amor. E olha quem está aqui, Bella! Como você cresceu, está tão linda, como sempre. – deu um sorriso e a abraçou.

  - Oi sra. Cullen, muito tempo mesmo, você continua tão linda como da ultima vez que a vi. – Bella sorriu e retribuiu o abraço.

  - Ei sra. Cullen não, Esme. Que formalidade é essa agora hein Bells? – elas começaram a rir.

  - Sentíamos muita falta de você Bells, e de você também meu filho. – eles disseram nos juntando em um abraço em conjunto.

  - Já começaram os abraços em conjunto e não me esperaram?

A mesma voz conhecida de 5 anos, meu irmão saiu da sala de tv e veio com um sorriso no rosto, mas paralisou assim que encontrou Bella, estranho como as coisas não mudaram, ele sempre foi apaixonado por ela. 

  - E ae Mike?

  - Eu não acredito... Bella?

  - É, sou eu Mike. – ela sorriu. 

  - Deus! Você continua tão linda como antes, e... que saudades, você sumiu.

Ele deu aquele sorriso do estilo conquistador e eu forcei para controlar uma risada, e a abraçou, no começo ela pareceu sem graça, mas logo retribuiu o abraço.

  - Ei, o irmão aqui?

  - Ah Eddie, vem cá. – nós nos abraçamos e ele deu um tapa nas minhas costas tentando parecer forte.

  - Você continua o mesmo fracote de sempre.

  - Você ta mentindo, certeza que ta ai segurando um grito de dor.

  - Coitado de você Mike, não me vence nunca, calma quem sabe um dia isso mude?

  - Duvido que me vença no videogame hein?

  - Há estava com saudades de ganhar de você nisso também.

 ***

Depois de ganhar do Mike por várias vezes, cansei e quando voltei à sala de estar minha mãe tinha dito que Bella havia subido para meu quarto. Dirigi para lá e a encontrei do mesmo jeito que há encontrava nos tempos passados, olhando pela minha janela com os olhos perdidos na paisagem, suas malas estavam no chão e ela ouvia Claire de Lune e de repente era como se eu estivesse voltado ao tempo, vendo-a exatamente a 5 anos atrás.

  - Pelo menos isso não mudou nada, parece que esse continua sendo o seu espaço preferido do quarto.

Eu sorri e comecei a me aproximar dela, mas ela cruzou os braços e se afastou de mim.

  - Bella, por favor, eu não agüento mais esse tratamento de silêncio, não te peço nada, só para falar comigo, sei que não fiz certo e que te devo todas as desculpas do mundo, mas é só uma noite, pode fazer esse sacrifício? – eu disse sem me preocupar se meu tom saiu mais como uma suplica do que como um pedido.

  - Eu estava com saudade de tudo isso. – ela disse olhando para mim.

Respirei aliviado, pelo menos naquela noite, as coisas não voltariam ao normal, mas ela trocaria uma ou duas palavras comigo, foi como se o aperto que estivesse em meu coração ficasse menor facilitando a respiração.

  - Você pode tomar banho e dormir aqui esta noite, eu divido o quarto com Mike.

  - Não Edward, o quarto é seu, eu fico no quarto de hóspedes.

  - Está em reforma. – eu dei um sorriso sem graça.

Ela levantou uma sobrancelha e se virou para o corredor olhando a porta do quarto que estava intacta, mas se ela visse a bagunça que estava dentro do quarto, compreenderia.

  - Não vou tomar seu quarto Edward.

  - Não precisa, divide o quarto comigo. – Mike parou na porta sorridente.

  - De todo jeito eu estaria tomando o quarto de alguém Mike, obrigada.

Ele fez uma cara de conquistador e tentou jogar o cabelo para o lado e acabou batendo a testa na porta, mas para sua sorte Bella havia virado para a janela, chamei sua atenção e fiz o que ele pretendia imitar, joguei o cabelo para o lado com perfeição e dei meu sorriso torto, em troca ele fez uma careta.

  - Então, você pode dormir em um colchão no chão, que tal? – Mike riu.

  - Tem certeza? Eu não quero atrapalhar.

  - Mas se é pra dormir em um colchão no chão, ela pode fazer isso aqui, no meu quarto. – eu fitei Mike.

  - Eu tive a ideia primeiro maninho.

  - Calma ai, eu fico onde for melhor, tanto faz.

  - E isso quer dizer que é no meu quarto! – ele disse exaltado.

  - Não! É no meu quarto! – eu retruquei.

Bella olhou para nós dois e começou a rir, com certeza pensando em quanto estávamos sendo infantis com aquela discussão idiota, era preciso resolver de forma madura, de homem para... frangote.

  - Vamos resolver numa queda de braço. – falamos juntos.

  - Ei que palhaçada é essa? Eu achava que a situação não podia ficar mais infantil, porém vocês conseguiram! Eu fico aqui mesmo, fazer o que? Minhas malas estão pesadas, eu estou cansada, durmo naquele sofá do Edward, tudo bem.

  - Eu posso te dar um colchão, é tão mais confortável. – Mike fez um pequeno beicinho.

  - Obrigada Mike, de verdade, quem sabe amanhã a gente não toma um sorvete? – ela disse deslizando a mão pelo rosto dele.

  - As dez que tal? – ele falou sorridente.

  - Pode ser.

Ele pegou a mão dela que descia pelo seu rosto e a pegou, dando um beijo logo depois, e saiu correndo para o quarto dele.

  - Às vezes é preciso dizer essas coisas para ele ficar quieto, acha que esqueci? – ela riu.

Bella sempre soube que ele era apaixonado nela, e às vezes eles saiam, mas nunca aconteceu nada sério, para a infelicidade de Mike. Em alguns dias, que por algum milagre nós nos suportávamos, ele me contava o que sentia por ela e desabafava, e se eu estivesse de bom humor o ajudava, se não saia correndo para meu quarto pra dar uma gargalhada. Sorri para Bella e ela ficou quieta em seu lugar, virando-se para a estante e começou a olhar os CDS, a musica havia parado então ela foi procurar outra para colocar.

  - Olha pode dormir na minha cama, eu fico com o sofá e eu gosto ok? Não está me incomodando. – falei antes que ela tentasse argumentar contra.

  - Tudo bem – ela deu de ombros – Vou tomar banho.

Ela ficou longos minutos escolhendo o que vestir, e pelas caretas que fazia, as roupas não estavam muito ao gosto dela. Ela enrolou a sua escolha na toalha e logo depois foi para o banheiro, depois de um tempo procurei fazer o mesmo.

Assim que terminei o banho, enrolei a toalha na cintura e fui devagar até meu quarto, querendo que Bella não tivesse voltado do banho dela. Quando cheguei à porta ela estava encolhida em minha cama, olhando para a janela e com as bochechas extremamente vermelhas e então fui perceber a roupa que ela vestia, uma camisola rosa claro mostrando sua lingerie branca com rendas, e então eu fui pensar qual era a intenção dela vestindo aquela roupa. Aquele calor típico que a Bella me proporcionava começou a tomar conta, ardia muito me fazendo esquecer de respirar, era como se eu estivesse andando a dias no deserto sendo que havia acabado de sair do banho. Logo ela percebeu que eu havia chegado e encolheu mais um pouco contra a parede, os braços envolvendo seus joelhos.

  - Eu sinto muito por essa roupa, fique tranqüilo, eu matarei a Alice quando chegar em New York. – ela falou em um fio de voz.

Eu sorri e sentei na beirada da cama, deslizei meus dedos pelo seu braço e a senti arrepiar.

  - Está tudo bem Bells, eu prometo nem olhar.

  - E você? Costuma dormir assim? – ela apontou para minha toalha.

Sai correndo para o banheiro e vesti a roupa de baixo e uma camiseta, pra que ela não ficasse mais constrangida do que já estava, assim que cheguei no quarto tampei meus olhos com as mãos e fui jogando a mão para a frente pra tentar me guiar. Então ela riu e segurou minha mão me puxando para o sofá, eu podia ouvir o barulho que a seda fazia em contato com seu corpo, um arrepio percorreu todo meu corpo devido ao toque dela e eu podia sentir o calor que existia ali entre nós dois.

  - Pode abrir os olhos Edward, não precisa disso. – ela continuou rindo e me sentou no sofá.

  - Promessas são pra serem cumpridas – eu sorri.

  - É só dormir logo e nem vai precisar ver.

*** 

Quando acordei, Bella já havia ido embora, pois não havia mais malas ali, desci as escadas e encontrei toda a minha família tomando café da manhã, sorri ao ver Mike se afundando na mesma tigela de cereais coloridos.

  - Bom dia meu filho – minha mãe disse sorrindo.

Sentei na cadeira que ainda sobrava e encontrei um prato com ovos e bacon, minha barriga roncou e eu percebi que não havia comido desde o casamento.

  - E então como foi o casamento do Riley? – meu pai perguntou.

  - Foi muito bom pai, tranqüilo, vocês poderiam ter ido.

  - Não teve como mesmo filho, seu pai teve que fazer plantão ontem.

Meu pai é médico de um hospital bem conceituado daqui de Seattle, ele faz isso desde que nasci, e adora a profissão que exerce, foi nele que me espelhei, procurar fazer sempre o melhor, mas não segui muito o conselho dele, nunca quis ser empresário, sou porque não tive escolha.

  - Vejo que as coisas não mudaram muito aqui – eu disse olhando para o Mike.

  - Ah cala boca Edward, foi isso que me fez crescer ta legal? – ele disse de boca cheia.

  - Você devia parar então, não está tendo resultado nenhum. – eu comecei a rir.

  - Eddie, pare de perturbar seu irmão, você também gostava desse cereal – dona Esme falou séria.

  - Quando eu tinha 10 anos mãe! 

  - Está com inveja só porque tenho um encontro com a Bells hoje.

  - Viu Eddie? Seu irmão está seguindo meu exemplo, a Bella mal chegou e ele já ta buscando oportunidades – meu pai disse.

  - Seu exemplo? Então você era “pegador” Carlisle? – minha mãe falou cruzando os braços.

  - Antes de te encontrar, claro meu amor – meu pai sorriu sem graça.

  - Nem é um encontro Mike, a Bella fala aquilo pra você parar de encher o saco. – eu disse colocando um bacon na boca.

  - Mentira sua ta legal? Agora dá licença que eu vou me preparar.

  - Quer que eu suba pra te dar umas dicas? Esse seu pijama de picachu não ta muito legal.

  - Eddie, o profissional aqui sou eu, sem dicas ta legal? – ele piscou pra mim e subiu as escadas.

  - Você e a Bella ontem, estavam meio brigados, parece, aconteceu alguma coisa na viagem meu bem? – minha mãe perguntou, preocupada.

  - Não ocorreu nada demais mãe – disse ainda comendo.

  - Meu amor, você sabe que pode contar tudo pra mim não é? Você se casou, mas isso não quer dizer nada. – minha mãe olhou para meu pai.

  - Ok, já estou indo. – meu pai dobrou o jornal e logo depois saiu em direção à garagem.

Contei a ela toda a história de ontem à noite, disse sobre a nossa discussão, sobre a confusão que eu estava sentindo desde a primeira vez que a vi na cama com a Tanya, e as minhas tentativas de beijá-la, enfim contei exatamente tudo e no final minha mãe me olhava com uma expressão indecifrável, logo depois me olhou com um sorriso confortador e fez um carinho em minhas mãos.

  - Meu filho, sei que eu vou te dar o conselho mais clichê e que você vai pensar que é idiota, mas no fim é uma verdade universal. Sabe por que vou te dizer só isso? Sua história é tão confusa que até eu fiquei um pouco confusa e eu penso o que deve estar se passando ai dentro, o quanto deve ser difícil pra você, então é o seguinte: siga seu coração, tente ouvir o que ele tem a te dizer, e faça isso.

Apenas sorri e preferi não dizer nada e nem pensar sobre o que ela havia acabado de me dizer, eu faria isso depois. Então logo Mike desceu as escadas e antes que ele pudesse sair eu o chamei.

  - Ei Mike, calma ai, vou com você.

  - Como é que é? Claro que não vai.

  - Ah que isso maninho, antes toda vez que você queria sair eu te levava comigo.

  - Não levava não!

  - Você devia me agradecer por ter mostrado umas gatinhas pra você, nós saímos muito, lembra aquela vez do cinema hein? Que você ficou com a Jéssica?

  - Você só me levou no cinema porque era pra comemorar seu aniversário! Te agradecer porque?

  - Espera cinco minutos, eu vou me vestir e você vai me esperar, né mamãe?

  - Seja legal com ele Mike, seu irmão vem tão pouco.

  - Af que chato, vai logo!

 ***

Eu e Mike seguimos pela rua em silêncio, ele arrumava a roupa constantemente, e dava alguns sorrisos e piscadelas para o nada, enquanto eu sozinho dava algumas risadas. Chegamos a sorveteria e encontramos Bella conversando com um cara na mesa, nós paramos para observar e eu pude ver que era Erick Newton e continuava dando em cima dela, como se nada tivesse mudado, aliás desde que cheguei aqui as coisas não parecem ter mudado muito mesmo.

  - Eu não acredito! Ele nem esperou eu chegar! – Mike falou irritado.

  - Newton... ele não tem vergonha na cara não? – eu falei.

  - Ah! Eu já sei o que vamos fazer! Siga o mestre – ele sorriu triunfante.

Seguimos devagar até a mesa, puxamos duas cadeiras e sentamos, superficialmente relaxados, ao lado dele. Mike bateu em seu ombro e deu uma risadinha.

  - Ei Erick! Quanto tempo a gente não se vê cara.

  - A gente conversou antes de ontem Mike.

- É mesmo? Há, esqueci completamente – meu irmão falou cínico.

  - E ai Newton – eu disse.

  - Edward, quanto tempo.

  - É pois é, to de volta! – falei animado.

Olhei pelo canto do olho para Bella que confusa nos olhava enquanto Erick estava visivelmente sem graça entre eu e Mike.

  - Eu fiquei sabendo da sua separação com a Ângela.

  - É pois é, eu também. – eu menti.

  - Parece que você a traiu não é?

  - Como é que é? – Bella perguntou.

  - Não! Não! Nada a ver. Não foi isso que aconteceu.

  - Não? Porque é isso que estão dizendo por ai. Disseram que você nem teve a decência de escolher mulheres melhores, ficou com as do colégio mesmo, até a Jéssica?

  - Você teve a coragem de trair a Ângela? Eu não acredito Erick!

Bella começou a ficar nervosa. Elas eram amigas no tempo de colégio, uma das poucas amigas que Bella tinha. Olhei para Mike e sorri, orgulhoso, por finalmente ele ter pensado e feito algo que tenha dado sucesso.

  - Não Bella, você sabe... esse povo fala demais – Erick falou sem graça. 

  - Não sei não hein? Eu realmente acho que é verdade, vocês até estão em casa separadas – Mike argumentou.

  - Que horror – eu falei segurando uma gargalhada.

  - Bella eu tenho que ir agora, a gente se vê ok? Tchau.

Ele praticamente saiu correndo da sorveteria, eu e Mike empurramos a cadeira dele e chegamos mais para frente, ficando mais perto de Bella.

  - Nossa eu não acredito que o Erick seria capaz disso, ele parecia gostar tanto da Ângela – ela disse indignada.

  - É pra você ver Bells... Às vezes a gente não conhece muito bem as pessoas – falou Mike.

  - Realmente – ela respondeu olhando para mim.

- E então, eu vou ali pedir o nosso sorvete – eu disse dando um pigarro.

  - Não! Porque você?

  - Porque eu sei o sabor preferido da Bella.

  - Ah é, sabe? E qual é? – Mike desafiou.

  - É morango, é claro! – respondi confiante.

  - Claro que não seu idiota, é chocolate!

  - Não! Não é nenhum dos dois! – Bella falou irritada.

Nós dois olhamos sem graça para ela que esta levantou e foi até o balcão, pediu educadamente um sabor para o atendente e em minutos sentou-se na mesa.

 ***

  - E então Bells, você pretende voltar pra cá? – falou Mike colocando uma colherada de sorvete na boca.

Olhei para Bella que levantou os olhos até se encontrarem com os meus e fiquei observando-a.

  - Eu não sei Mike, acho que não. Tenho um trabalho em New York e aqui...

  - Que isso, meu pai disse que com o sucesso que você faz pode conseguir qualquer emprego em qualquer empresa daqui.

  - Sucesso? Eu não faço sucesso em New York – ela sorriu sem graça.

  - É só questão de tempo – eu sorri.

  - Eu vou ao banheiro ta? Já venho – Mike falou apressado.

Ele terminou de tomar o sorvete rapidamente e saiu correndo para os fundos da sorveteria.

  - Falei pra ele não tomar muito refrigerante – eu disse olhando para o lugar onde Mike tinha ido.

  - É.

  - Você ainda está com raiva Bella? Eu pensei que nós tínhamos superado isso ontem.

  - Como se o que você fez desse pra superar em um dia. Você me pediu ontem e eu cumpri, aliás, esse encontro era meu e do Mike, porque você veio?

  - Bella, por favor, me diz o que eu fiz? Quero saber concretamente o que te machucou, não consigo entender.

  - Fica tão claro. Você nem ao menos se importa. Porque se importasse teria compreendido.

Ficamos em silêncio por um tempo, eu não tinha nada a dizer, não entendia o que a incomodava, só queria que ela me dissesse.

  - Aliás eu vim a esse “encontro” porque... – engoli em seco – não queria que ficasse a sós com Mike.

  - Ficou com ciúmes? – ela perguntou, assustada.

  - Ciúmes? Não, não é bem isso. Uma espécie de curiosidade – tentei contornar.

  - É claro que não sentiria ciúmes, ainda mais por mim. Você não sente sentimentos algum por mim.

  - Bella não é verdade, eu me importo com você, é minha melhor amiga.

Ela riu sem humor.

  - Isso não soa convincente – ela tomou mais uma colherada do sorvete.

Logo, Mike chegou impedindo a nossa conversa e começando outra menos interessante, porém mantive meu pensamento distante durante todo o momento.