Katherine Diaries escrita por LucasHotDog


Capítulo 2
Capítulo 02: O Médico




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O médico era um homem de meia idade. Tinha os cabelos escuros, e usava óculos. Exatamente igual aos médicos que eu conhecia, todos usavam óculos. Mas esse médico tinha algo de diferente. Sua pele era pálida, e, por baixo dos óculos, seus olhos eram negros como a noite. Parecia ser uma pessoa boa e carinhosa, mas olhando melhor, podia-se até sentir medo.

Acho que a doença já não mais me deixava pensar. Não se podia ter medo do médico, ele salvava vidas. E eu esperava que ele salvasse a minha.

- Olá, fräuleinchen. – Fräuleinchen significava mocinha. Era em alemão, vivíamos em uma pequena vila na Alemanha. Ele provavelmente era de outra pequena vila, pois tinha um sotaque um pouco diferente, com um acento mais ‘puxado’.

- Bom dia, doutor. – forcei minha voz para que eu parecesse pior do que eu estava. Sim, eu estava mal, mas queria parecer pior. Gostava de ver as pessoas se preocupando comigo. Preocupação eu gostava, mas pena era totalmente diferente. Eu não suportava pessoas sentindo pena de mim, não suportava pessoas me desprezando.

Ele pediu licença ao meu pai, que o havia acompanhado até meu quarto, e ficamos a sós no cômodo. O médico olhou para mim com um sorriso, me controlei para não tremer as mãos mais do que elas já tremiam por causa da doença. Estava com medo. Morrendo de medo.

- Você é perfeita, minha fräuleinchen. Linda como ninguém, mesmo com uma doença que irá matá-la em menos de duas semanas. Minha vila havia sido atacada por essa doença, e eu consegui me salvar. Mas em compensação, para eu me salvar, todos na vila morreram. Toda a minha família morreu. Não que eu ligasse. – piscou para mim.

Não me segurei, forcei um grito. Eu não ia ser atendida por um médico psicopata! Ele com certeza tinha segundas intenções comigo, e ainda ia me matar! Preferia morrer com essa maldita doença do que pelas mãos desse monstro. Logo notei que era isso mesmo o que ele era. Um monstro por trás desses óculos e da roupa de médico.

Mesmo sabendo que meu grito não ia ser muito alto por causa da minha fraqueza, ele cobriu minha boca com sua mão. Como era gelada!

- Não tenha medo – ele disse para mim. Ou melhor, ordenou. Com seus olhos penetrantes e já sem os óculos, fui forçada a obedecer. De repente todo o medo havia desaparecido.

- O que você fez? – perguntei. – O que você vai fazer comigo?

- Vou lhe contar uma história. Uma história de amor e terror. A história da minha vida, minha fräuleinchen.

- Não me chame assim. Não sou sua. – repliquei. Definitivamente não gostava desse médico.

- Ainda não é. Mas em breve será. – foi a única coisa que ele disse, antes de começar sua história. – Eu vivia numa pequena vila muito parecida com essa, mas muito longe daqui. Todos viviam felizes, e eu havia recém me casado. Não estudei. Nem mesmo sou um médico. – essa revelação comprovou minhas suspeitas. Ele era um psicopata, isso sim! – Mas isso não vem ao caso agora. De um dia para outro, eu fiquei com essa mesma doença que você está. O médico da vila disse que não havia cura. E estranhos ataques estavam acontecendo na vila. Logo desconfiei do médico, assim como você está desconfiando de mim. Ele me matou. Mas como estou aqui a sua frente, se estou morto?

Não respondi a sua pergunta, apenas respirei fundo. O medo não vinha de jeito nenhum, eu apenas escutava calada a sua história.

- Sou um vampiro. – sorriu. – O médico havia me transformado em um vampiro. Era a única escapatória para eu sobreviver. A morte batia a minha porta, literalmente. Ele era a morte. – ele deu uma pausa, mas prosseguiu – Tão rápido quanto ela veio, me curei da doença, a um preço terrível. Tornei-me um vampiro. O médico viveu na vila por algum tempo, nós dois toda noite caçando para sobreviver. Não podíamos sair de dia, o sol nos feria. Mas em compensação, a noite era nossa. Matávamos quem quiséssemos, e logo a vila toda morreu. Porém, a primeira coisa que me fez perder o rumo foi a minha primeira refeição como vampiro. Minha família. Minha esposa. A minha primeira vítima foi a minha esposa, Cornélia, e logo depois de deixar seu corpo largado na cama explorei o resto da casa, acabando com a minha família um por um. Mas como disse antes, não me importei. Eu precisava disso para sobreviver. Precisava de sangue.

- Já sou isso há mais de vinte anos, sou jovem, podemos dizer. Aprendi tão bem com meu professor que logo o matei. Ele não me era mais necessário. Só me atrapalhava, e já havia me ensinado tudo possível. Não me arrependo de nada que fiz até hoje. – ele parecia ser como eu, apesar de ser um psicopata. Ou melhor, um vampiro. – Viajo de vila em vila em busca de uma parceira, e não consigo encontrar a perfeita. Mas você é perfeita. Seu sangue parece ser mais doce de todos os humanos que já provei. Vou tirar a prova disso e ver se é mesmo.

Ele veio em minha direção, e nada pude fazer para detê-lo. Ele beijava meu pescoço. Até que era bom, mas logo veio uma dor, a dor da mordida. E depois, ficou bom. No fundo de toda aquela dor, havia algo doce. Relaxei e deixei ele beber de meu sangue.


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Notas finais do capítulo

Gente, dêem reviews, quero saber se tem alguém mais lendo e gostando! Obrigado pelos do capítulo anterior, e espero que gostem do capítulo 2 de Katherine's Diaries... :)