Nothing Lasts Forever escrita por Cherrie


Capítulo 20
Vivendo Novamente


Notas iniciais do capítulo

Olá coisas queridas do meu coração.
¬¬

Bom, eu não vou mais ficar falando da música aqui, vocês sabem que quando tiver alguma música vai estar ali no comecinho do capítulo né?
Então, quando tem alguma música para ouvir ali, é só p vocês entrarem no clima mesmo. Agora, quando tem os pedaços da músico escritos no meio do capítulo é por que o capítulo só existe por causa daquela música. É, eu preciso ter a inspiração jogada na minha cara pars poder escrever. Assim como o capítulo de hoje é baseado na música que tem ali.

E já vou avisando que o capítulo de hoje é GIGANTE, me desculpem por isso, eu ainda tentei diminuir, mas pelo menos compensa o outro né?

Vou parar de falar agora,
Ao capítulo.



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Learning To Breathe - Switchfoot

  Meu celular despertou no horário habitual me fazendo acordar rapidamente e desligá-lo antes que Bill acordasse também. Sentei-me na cama, tampando a boca instintivamente para evitar que os líquidos rotineiros saíssem pela mesma. Porém, para meu espanto, não havia nenhum 'mar revolto' dentro do meu estômago. Tirei a mão da boca e fui voltando a deitar lentamente. Virei-me para o lado para poder contemplar melhor a perfeição que se encontrava a minha frente. Sem que eu percebesse já estava sorrindo, sentindo perfeitamente cada batida do meu coração.

  A pulsação em minha cabeça me fez lembrar o porquê de o meu celular estar programado para me acordar a esta hora. Beijei o pescoço de marfim do meu namorado algumas vezes e bem a contragosto me levantei da cama.

  Fui ao banheiro, lavei meu rosto e fiz um bochecho com enxaguante bucal. Atravessei o quarto novamente, fechei as cortinas para que a claridade do sol não o acordasse e fui até a porta, abrindo-a e olhando cuidadosamente dos dois lados do corredor. Sem sombras ou barulhos de nenhum dos lados. Ótimo, eu estava segura.

  Desci as escadas e fui até a cozinha, vendo Benjamin espremendo laranjas na ilha no centro da cozinha de paredes alaranjadas, e a cozinheira lavando a louça embaixo da janela.

  - Bom dia. – disse bocejando e sentei de frente para Benjamin, no banco alto colado ao balcão. Passava atentamente os dedos na borda do balcão alternando minha expressão de alegria a desespero conforme o meu estado de espírito. Ele olhou para mim rindo e balançando a cabeça negativamente. – O que eu posso fazer se o que está me matando é o que me faz viver? – fitei Benji, interrogando-o seriamente. Ele olhou para mim pelo canto do olho, semicerrando as pálpebras. – Acordei inspirada. – expliquei-me.

  - Percebe-se. – olhou-me novamente como se dissesse “medo de você” e voltou a espremer as laranjas naquele aparelho barulhento.

  A cozinheira veio e me entregou um copo de água e os três comprimidos que eu tinha de tomar. – A senhorita vai querer o quê de café da manhã? Bolo de chocolate, pão de queijo, lasanha... – ela sorriu mostrando os dentes já um pouco amarelados, mas perfeitamente alinhados enquanto mencionava os meus pedidos anteriores.

  Apenas a menção que ela fez destas coisas fez meu estômago embrulhar. – Acho que só o suco do Benji, obrigada. – disse e engoli os três comprimidos de uma vez só, sorvendo todo o líquido do copo e fiz uma careta pelo gosto amargo que o analgésico havia deixado em minha boca.

  - O que foi? – Bill perguntou sentando-se ao meu lado e olhando interrogativamente para a minha careta.

  Peguei o vidrinho do remédio e sacudi na frente dele. – As drogas. – dei um selinho nele – Por que você acordou tão cedo?

  - Por que... – olhou para mim com os olhos meio arregalados e o cenho franzido, olhando de relance para o meu irmão. – Por que eu dormi cedo ontem.

  - É bom mesmo. – Benjamin se meteu na conversa. Olhou com cara de assassino para o Bill e logo depois riu da cara de assustado que ele fez. Colocou o copo de suco na minha frente, eu peguei e sem muita vontade comecei a beber.

  - Onde estão as pessoas dessa casa? – perguntei enquanto forçava o suco a descer pela minha garganta e agarrava a mão de Bill por baixo do balcão.

  - Os que dizem que trabalham já saíram. – deu a volta e se sentou ao lado de Bill, trazendo consigo o sanduíche que a cozinheira preparara. – O pai está se arrumando, e o Christopher...

  - Dormindo. – completei sem precisar nem pensar sobre isso.

  - Falando em pai. – Sir William entrou na cozinha, já de paletó e gravata e colocou a pasta sobre o balcão para arrumar uns documentos. Nós ficamos o fitando, esperando que ele concluísse, mas nada.

  - Falando em pai... – Benji incentivou.

  - Não sei. – ele nos olhou e tirou alguns documentos da pasta, observando-os atentamente.

  - Problemas demais no trabalho? – perguntei e ele suspirou, afirmando com a cabeça. – Bem feito, quem mandou me demitir?

  - Eu não lhe demiti. Apenas dei uma licença por motivos médicos.

  - Licença esta que eu não queria. – resmunguei e voltei meu olhar para Bill que já estava comendo um sanduíche igual ao do meu irmão. Que bonitinho, eles estavam compartilhando o café da manhã.

  - Ah, – meu pai disse alto, levantando um dedo. – não se esqueça que você tem quimioterapia hoje. – revirei os olhos e me debrucei sobre o balcão como uma criança mimada. – Tenho que vir lhe buscar na hora do almoço?

  - Não, - Bill falou, fazendo-nos olhar para ele. – eu levo ela.

  - Ótimo. – ele respondeu enquanto pegava a pasta em uma mão e uma xícara de café na outra, virando o líquido quente todo de uma vez na boca. – E se necessário, obrigue-a a almoçar.

  - Pode deixar. – respondeu sorrindo e beliscando minha bochecha enquanto meu pai saía.

  - EU NÃO ESTOU INVÁLIDA. – reclamei alto para que o meu progenitor também me ouvisse. – TENHO TODAS AS CONDIÇÕES PARA FAZER AS COISAS SOZINHA!

  Levantei minha cabeça e vi os dois homens que restaram na cozinha conversando sobre algo que não entendi. Apoiei minha cabeça no punho e fiquei observando-os.

  - Que foi? – os dois perguntaram em uníssono quando me viram reparando na conversa deles.

  - Nada. – disse sorrindo e me levantei. – Eu vou tomar banho.

  Entrei no chuveiro sentindo uma paz que a muito eu não sentia. Era tão bom poder ter todos eles ali, e bem. Isto me fazia esquecer de qualquer dor ou problema. Eu sentia como se minha vida tivesse sido devolvida a mim, plena novamente.

Olá, bom dia, como você vai?

O que faz seu Sol nascente tão novo?

Eu poderia usar de um novo começo também,

Todos os meus arrependimentos não são nada novos.

Então este é o jeito que eu digo que preciso de ti

Este é o jeito

Este é o jeito que eu estou aprendendo a respirar

Aprendendo a engatinhar

Estou descobrindo que você e só você pode acabar com a minha queda.

Estou vivendo novamente, animado e vivo.

Estou morrendo pra respirar nesses céus abundantes

Olá, bom dia, como você esteve?

Ontem fez minha cabeça começar a pensar

Eu nunca, nunca pensei que

Eu cairia desse jeito

Nunca soube que eu poderia me ferir tão gravemente

Estou aprendendo a respirar

Aprendendo a engatinhar

Eu descobri que você e só você pode acabar com a minha queda

Estou vivendo novamente, animado e vivo

Estou morrendo pra respirar nesses céus abundantes

Nesses céus abundantes

Esse é o jeito que eu digo que eu preciso de você

Esse é o jeito que eu digo que te amo

Esse é o jeito que eu digo que sou teu

Esse é o jeito

Learning To Breathe - Switchfoot

 - Vamos, o último giro. – disse vendo pela parede de espelho todas as garotinhas de três a cinco anos darem giros atrapalhados em um pé só. – Muito bem. – bati palmas, sorrindo para elas. – Agora, quem quer ganhar uma estrelinha?

  Todas elas correram, pegaram os cartões com as mães e trouxeram até mim. Menos Sabine, que foi até onde Bill estava sentado e ficou falando um monte e puxando o cabelo dele. Ele ficou me olhando desconfortável enquanto a mãe da menina chamava a atenção dela e pedia desculpas a ele.

  - Sabine, você não quer uma estrela hoje? – a pequena, ao ouvir isso veio correndo com o seu cartão até mim. – Eu vou te dar duas, - colei os dois adesivos no cartão dela, já repleto de estrelas e corações – por que você foi muito bem hoje. – Ela fez sinal com a mão para que eu chegasse mais perto.

  - Ele é teu namorado? – falou com a mão em conchinha no meu ouvido e apontando com o polegar para Bill.

  - Sim, mas é segredo. – os olhos dela brilharam, não sei por que crianças gostam tanto de saber segredos.

  - Ele é bonito. – mordeu a mão, girando de um lado para o outro.

  - É né. Por que você não vai lá e dá um abraço bem grande nele? – ela saiu correndo e se agarrou ao pescoço de Bill, fazendo-o ficar com uma cara de assustado.

  - Sabine, venha cá, agora! – a mãe dela chamou e ela foi correndo. – Desculpa. – ela disse sem graça novamente a Bill enquanto saía.

  Ele levantou, alisando a roupa com as mãos e vindo em minha direção. – Crianças são tão estranhas.

  - Ela disse que você é bonito. – imitei a carinha que ela fez quando disse isso.

  - Ela sabe das coisas... – sorriu convencido.

  Troquei a sapatilha de meia ponta pelo tênis e vesti meu casaco. – Vamos?

  - Para onde agora?

  - Comer. – revirei os olhos e peguei minha mochila, mas Bill a tomou da minha mão.

  - Nem me lembro quando foi a última vez que eu almocei na hora do almoço. – eu abracei sua cintura e ele colocou o braço em volta do meu ombro enquanto saíamos do prédio onde eu dava as aulas do baby class. – Por que vocês vieram para cá afinal?

  - Por causa do hospital. Quando o médico disse: “o melhor lugar para este tipo de tratamento é o Hospital Universitário de San Francisco” meu pai catou nossas coisas e veio para cá. E você o que está fazendo aqui?

  - Eu vim te ver, ué.

  - Eu sei. Aqui, neste país. Não San Francisco.

  - Nós vamos gravar o disco em Los Angeles. – saímos do prédio e assim que Bill chegou à rua olhou atentamente para todos os lados.

  - Vai começar com a paranóia de novo?

  - Não... – disse voltando a caminhar, na direção do restaurante que antes eu havia lhe indicado. – Até por que eu não me importo mais. Por que você acha que eu os deixei descobrirem quem você era? Para poder me livrar deles e viver em paz.

  - E você conseguiu?

  Ele riu olhando para baixo. – Um pouco.

  Entramos no restaurante e nos sentamos em uma mesa um pouco mais afastada. A garçonete apareceu para anotar os pedidos e ficou reparando em cada detalhe de Bill sem nem ao menos disfarçar. Normalmente isso não me irritaria, mas anormalmente eu já estava completamente irritada. Pigarreei e ela olhou para mim sorrindo. Olhei com os olhos cerrados para ela e ela voltou a olhar para Bill, que olhava espantado para mim, estranhando a reação que eu nunca havia tido. Mas na verdade se divertindo às minhas custas. – Eu vou querer um milk-shake de chocolate. – falei rispidamente, finalmente fazendo ela parar de olhar para ele.

  - Milk-shake? – Bill perguntou arqueando a sobrancelha direita. – Você realmente acha que este vai ser o seu almoço?

  - Sim, eu não tenho vontade comer outra coisa.

  - Não importa se você tem vontade ou não. Você tem que se alimentar direito. – disse sério e pegou o cardápio para escolher o que me obrigaria a comer.

  - Mais um, mais um... eu mereço. – me debrucei sobre a mesa observando a garçonete que continuava petrificada comendo Bill com os olhos.

  - Você pode ir, quando nós escolhermos você volta. – pela cara que ela fez, a minha expressão não foi das mais amigáveis. Assim que ela saiu, me recostei na cadeira, suspirando. Ele ficou olhando para mim e sorrindo, se sentindo super importante. – Que foi?

  - Não sabia que você era ciumenta.

  - Eu, com ciúme? ‘Tá se achando demais hein, Kaulitz. – ele fez sinal para que ela voltasse, e dessa vez ela nem sequer tencionou olhar para ele.

  - Eu quero essa massa com molho de quatro queijos e uma porção de purê de batata com frango grelhado. – ela anotou e rapidamente saiu.

  - Vai matar um frango para eu comer?

  - Você nunca se importou com isso, e agora que precisa disso vai se importar?

  - Eu continuo pensando do mesmo jeito, mas você pediu.

  - Okay. Finja que não ouviu isso, mas... – se aproximou de mim e disse baixinho. – Tudo bem algumas galinhas morrerem para você viver.

  - Isso foi lindo, mas, da próxima vez acha uma coisa melhor para me comparar do que uma galinha. –ele gargalhou alto, me fazendo rir também. A garçonete então trouxe os pedidos e ficou olhando cobiçosa para nós dois rindo, e saiu pesarosa.

  - Viu o que você fez com ela? Coitadinha...

  - Fica quieto, Kaulitz. – dei um tapinha na testa dele enquanto ele se deliciava com toda esta situação, e principalmente com a minha reação. E nem eu sei o que estava acontecendo comigo, eu, de maneira nenhuma costumava ser assim. Mas aquela guria estava realmente me dando nos nervos. Voltei-me para minha comida e tentei comer aquilo o mais rápido possível para acabar com o sofrimento de uma vez.

  Comi e empurrei o prato para frente, esticando minhas costas e respirando lentamente. – Boa menina, vai ganhar um prêmio por ter comido tudo.

  - Se eu colocar tudo para fora ainda vale? – falei colocando uma mão na boca e outra sobre o estômago.

  - Não... – ele me olhou preocupado – Você está bem?

  - Estou. – mentira, daqui a pouco eu vou vomitar tudo em cima da mesa. Me recompus e coloquei as mãos em cima da mesa, tentando não ficar com a expressão de quem está com náusea.

  - Você vai dar aula amanhã? – fiz que não com a cabeça. – Vai trabalhar? – Negativo. – Vai fazer quimioterapia? – Não de novo. – Você pode viajar? – balancei-a afirmativamente. – Então por que você não vem comigo?

  - Eu já estava pensando nisso, mas...

  - Mas o quê?

  - Mas eu vou amanhã. Acredite, eu não sou uma companhia muito agradável depois da quimioterapia. A única coisa que eu posso fazer é dormir.

  - Isso dói? – Bill perguntou, olhando com uma cara de dor para mim e voltando a olhar para o soro que estava acima de mim.

  - Não, só... parece queimar. – o líquido corria em minhas veias quentes, me fazendo sentir certo desconforto, mas a presença de Bill, segurando minhas mãos, fazia tudo parecer mais fácil. E apesar de estar com todo o vômito preso na garganta não tinha coragem de colocá-lo para fora nas vistas dele. Seria maldade demais. Se ele já estava se sentindo mal de me ver apenas tomando soro imagina se eu começasse a vomitar ali mesmo?

  - Já está acabando. – ele sorriu e acariciou o meu antebraço. Eu tive vontade de agarrar ele ali, naquele instante.

  - Foi tudo bem hoje? – a enfermeira morena e baixinha perguntou ao vir tirar a agulha das minhas veias.

  - Sim, normal.

  - Acho que foi até melhor, não é? – ela olhou para o recipiente na mesinha ao lado da cama onde eu vomitava, todas às vezes.

  Levantei-me da cama, sentindo a tontura habitual e se Bill não estivesse com os braços ao meu redor eu teria caído. – Cuidado, puppe.

  Ele me levou até o carro praticamente carregada nos braços.

  - Eu acho que o volante foi feito para ser segurado com as duas mãos. – disse, já que ele não soltou a minha mão desde que entramos no carro.

  - Eu não preciso das duas. – deu um sorriso convencido, olhando para mim e piscando.

  - Olhar para frente  também seria bom.

  - Eu também não preciso olhar para frente.

  - Ah tá. – foi desacelerando e parou o carro em frente a minha casa, sem tirar os olhos de mim.

  - Não disse? – desceu sorrindo do carro.

  Olhei para o carro torto, e a mais de meio metro da calçada. – Claro, muito bem estacionado, Bill. Quer que eu te dê umas aulas de baliza?

  - Como eu iria aprender alguma coisa olhando para você? – me abraçou pela cintura sorrindo largamente. – Hein?

  Não me segurei mais e o beijei, com toda a vontade que eu estava há muito tempo. – É bom te ter de volta.


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Notas finais do capítulo

E aí, me digam, como foi?