This Is My Gang! escrita por Metal_Will


Capítulo 3
Capítulo 03




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Capítulo 03 - A Primeira Reunião! Ou quase isso....

 

- Boa tarde, mãe! Trouxe uns amigos para almoçar hoje com a gente! - Wilson gritava em um tom humorado e animado para sua mãe, uma mulher por volta dos trinta e poucos anos, usava óculos e possuia uma expressão bondosa no rosto

 

- Ah, já voltou, filho? - ela diz, com um sorriso. Ela nos olha com toda a simpatia do mundo - Por favor, fiquem à vontade. O Jorge eu já conheço, mas você...

 

- Daniel...prazer - disse, meio sem-graça.

 

- Daniel..é um nome bonito! - ela diz, sorrindo - Já estou terminando a lasanha. Fiz mais um pouco, já que ela faz tanto sucesso!

 

Pelo menos a mãe dele parecia ser normal. Bem, saberia disso logo. Ao me sentar na mesa para almoçar e comer aquela lasanha deliciosa (adoro massas...seja lasanha, macarrão ou pizza, é comigo mesmo. O problema é que evitamos comer isso em casa porque...bem, um pai metido a esportista e uma irmã estudante de Educação Física são cheios de frescura com comida, sabe como é, né?). Logo na primeira garfada, era como se eu tivesse sido levado para o céu e voltado. A mãe dele realmente sabia cozinhar. Incrível. No entanto, a conversa que veio em seguida me desestabilizou.

 

- Então ele também vai entrar para a sua gangue, Wilson? - pergunta a mãe.

 

- Com certeza! É um membro valioso! Hehe! - responde o garoto, sem tirar o sorriso do rosto.

 

O que?! Eu repito, de novo, "O QUE?!". Ele contou desse plano idiota para a mãe dele?! Como assim?

 

- Acho essa ideia o máximo! Os jovens de hoje realmente precisam lutar por sua liberdade de expressão! - ela completa, toda sorridente. Parece que bom humor vem de família. E, a propósito, retiro o que disse sobre achar que a mãe dele era normal. Tive um arrepio ao pensar em como seria o pai dele (parece que ele era chefe de uma empresa de informática ou algo assim). Seja como for, terminamos de almoçar e Wilson já assumiu a liderança.

 

- Bem...vamos nessa? - diz ele, esfregando as mãos e com aquele sorriso empolgado de sempre.

 

- Só se for agora - Jorjão responde, tão animado quanto.

 

- Tá legal - respondi - O que você tem tanto a dizer?

 

- Não aqui - ele diz, ainda bem empolgado - Vamos para a sala de reuniões!

 

"Sala de reuniões?", pensei. Não, não é que ele tenha uma sala específica para isso, mas acontece que a casa dele tinha um sótão. E ele parecia ter repaginado totalmente o sótão para o gosto dele. Não era o quarto dele, mas tinha várias coisas legais por lá. Ele afastou as caixas e colocou um computador, algumas prateleiras com livros e quadrinhos, uma mesa relativamente grande com umas seis cadeiras, um mapa (não sabia exatamente o que era, mas parecia a planta de alguma construção feita a mão), alguns pôsteres de games e animes, e, claro, uma televisão com um Play 2 instalado.

 

- O Jorjão já conhece, mas Daniel....seja bem-vindo à nossa base secreta! - Wilson apresenta.

 

- Esse é o seu sótão?

 

- Pois é...tinha algumas coisas velhas, mas eu coloquei de lado, transferi um dos computadores da casa e um dos videogames para cá, mudei a decoração e...voilà! Consegui montar uma base secreta legal!

 

"Um dos computadores?", pensei. E Wilson parece ter adivinhado meus pensamentos.

 

- Meu pai trabalha com Informática e sempre está trocando de computador. Ele passa os antigos para mim e já tenho uns quatro. Passei um deles para cá. Hehe - ele diz, com toda a naturalidade do mundo. Filho único e rico? Esse cara tinha sorte!

 

- Acho que a gente pode começar, né Wilson? - diz Jorjão, puxando uma das cadeiras da mesa.

 

- Com certeza. Sente-se, Daniel

 

Eu não tinha muita escolha, tinha? Puxei uma cadeira, arrumei os óculos e estava ali, pronto para ouvir todas as maluquices daquele Wilson. Apesar de tudo, a lasanha da mãe dele era ótima e, querendo ou não, agora que tinha me acalmado um pouco e havia saído daquele ambiente escolar hostil, aquela história toda estava começando a ficar engraçada.

 

- Muito bem...como pode ver, Daniel, estou mesmo disposto a levar nosso projeto de criação da gangue a sério! Tudo vai começar com essa base secreta!

 

- Aqui nesse sótão - falei, olhando em volta - Você não está pensando em usar a tecnologia para invadir um sinal de televisão e criar uma espécie de comitê revolucionário, está?

 

- Hã? Que ideia é essa? - ele pergunta. Não sabia. Apenas foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.

 

- Mas não é má ideia! - Wilson sorri, empolgado - Já pensou, Jorjão?

 

- Ia ser muito louco! A gente podia até passar vídeos ou desenhos

 

- Dá o play, Jorjão!Hahaha! - ele ria - Televisão eu não digo, mas um site na internet seria louco também...

 

E ele chamaria como? iWilson? Mas ele logo volta o assunto.

 

- Podemos pensar nisso depois! Por enquanto, temos coisas mais urgentes para tratar

 

E lá vinha ele. Hora de se preparar para ouvir muita viagem...

 

- Tudo bem...o que nós, três excluídos naquela escola cheia de valentões, podemos fazer? - coloquei, dando meu ar realista.

 

- Sim, sim, chegou ao ponto, meu caro Daniel! - ele falava, com os olhos brilhando, enquanto Jorjão atacava uma caixa de bombons que dava sopa por ali.

 

- A primeira coisa...é ganhar destaque!

 

- Destaque? Como podemos ganhar destaque?

 

- Dê um olhada nisso...imprimi ontem no site da escola

 

Ele tira um papel que aparentava ser um dos avisos da escola. O que estava escrito ali..."procura-se alunos voluntários para auxiliar de organização"

 

- Auxiliar...de organização? - estranhei.

 

- Sim. Acontece que nossa escola oferece uma oportunidades para alunos interessados em ajudar na limpeza das salas após o horário de aula - Wilson explica.

 

- Achei que os faxineiros fizessem isso - perguntei.

 

- De certo modo, sim. Mas a escola justifica como sendo uma maneira dos alunos aprenderem sobre responsabilidade

 

- E como isso vai nos ajudar a dar destaque?

 

- Aí é que está...aparentemente, isso não é uma atividade muito promissora!

 

- Então? No que isso vai nos ajudar?

 

- Mas os alunos que se oferecem a trabalhar de auxiliar de organização das salas ganham a chave da sala da limpeza

 

- E?

 

- Essa é a melhor parte! - Jorjão entra na conversa - Teremos uma sala só nossa!

 

- A sala...da limpeza? - perguntei, totalmente cético ao sucesso daquela ideia.

 

- É uma forma de expandir nosso território, Daniel! Temos nossa base secreta na sala, mas usaremos a sala da limpeza como nosso domínio na escola

 

- Mas salas de limpeza não costumam ser locais apertados, cheios de vassouras, panos e produtos de limpeza?

 

- Não nesse caso. A sala que está sendo usada como sala de limpeza na nossa escola era um antigo depósito, mas agora está sendo pouco usado.

 

- E?

 

- E daí que ele tem mais espaço do que pensamos! Olha só na planta da escola - ele aponta para o mapa da parede - A sala que estamos falando fica aqui

 

Ele mostra uma área não tão pequena assim. Então ele se deu ao trabalho de fazer um mapa da escola inteira? A cada minuto que passava com aquele cara ficava mais pasmo.

 

- Se aceitarmos esse trabalho, ganhamos a chave da sala de limpeza, aumentando assim nossa área de influência na escola! - diz Wilson.

 

Cocei a cabeça e tive vontade de ir embora naquela hora. O que isso tinha de tão extraordinário?

 

- O problema..é que pagamos um preço por isso - diz Jorjão, ainda devorando aqueles bombons.

 

- Sim. É verdade. Acontece que nenhum aluno aceitou esse tipo de trabalho. Um único corajoso tentou uma vez, ano retrasado, e foi taxado de panaca

 

- Exato - diz Jorjão - Auxiliares de organização não são nada respeitados. Não mudaremos nossa posição social na escola só com isso

 

- Então...não tem nenhuma vantagem nesse plano - coloquei, tentando ainda jogar alguma realidade naquelas cabecinhas.

 

- Você não ouviu o que eu falei? Ganharemos espaço e território. E é a partir daí que começaremos nossa ascenção

 

"Ascenção?", pensei.

 

- Tendo nossa própria sala, poderemos ganhar algum destaque e, aos poucos, começar a aparecer mais

 

- Sim - diz Jorjão - Se mais pessoas se interessarem pela gente, talvez consigamos mais membros para nosso grupo

 

 

- E tendo mais pessoas que aprovem nossos ideiais, podemos evoluir nossa pequena sala de limpeza para um clube. Ou algo assim. Se um número razoável de alunos estiver interessado em montar um clube de qualquer coisa, podemos conseguir autorização dos professores para ter nossa própria sala

 

- E tendo um clube...

 

- Tendo um clube, conseguir influência e respeito será uma questão de tempo! - ele diz, todo animado.

 

Não sabia o que dizer daquela ideia. Tipo...era tão difícil assim conseguir cinco ou seis pessoas para montar algum grupo de atividades? Bem, considerando que eram aqueles dois, a resposta era sim. O problema é...se trabalhar na organização era uma tarefa tão rejeitada, quem se interessaria por nós?

 

- Tudo bem - coloquei - A gente até pode aceitar esse trabalho, mas quem vai se interessar em se juntar a alunos que trabalham na organização das salas?

 

- Aí é que está...precisamos ter algo a mais no nosso grupo que desperte o interesse dos outros

 

- E o que nós temos que desperta o interesse dos outros? - perguntei.

 

- Ora, não dá para ter todas as respostas, Daniel! Uma coisa de cada vez! As novas regras da organização das salas exige um mínimo de três alunos. Então, já demos o primeiro passo. Veremos as outras coisas com o tempo! - diz Wilson, em uma perspectiva totalmente otimista. Peraí? Ele disse "três alunos"? Então eles estavam precisando de mais um no grupo desde o ínicio para poder começar a agir? E eu...aaah! Esquece! Agora já estou totalmente envolvido nisso! Trabalhar de auxiliar na limpeza das salas não era exatamente o que eu planejava para começar meu ano letivo, mas acho que não dava para arrumar uma desculpa convincente para escapar dessa...mesmo porque meu pai vai achar a ideia ótima e minha mãe mais ainda (ela adora essa coisa de responsabilidade). E nem adianta mentir, porque aposto que Wilson daria um jeito de pedir permissão para a  minha mãe. Tsc. Tá bom. Vamos ver no que isso vai dar.

 

- Será que isso vai dar certo? - murmurei.

 

- Bem, é um começo! Mas gostei de ver! Você já está pensando lá na frente! É de gente assim que a nossa gangue precisa! - diz Wilson, colocando as mãos no meu ombro e olhando bem nos meus olhos. Não era bem essa intenção que eu queria passar, mas...

 

- É isso aí! Amanhã mesmo nós falamos com o diretor e nos inscrevemos para o cargo de auxiliares! E assim iniciamos a revolução! - grita Wilson, praticamente socando o ar de tanta empolgação. Jorjão o acompanha. Eu não falo nada, só podia sentir uma gotinha escorrendo da minha cabeça. O que vai ser de mim?

 

- Gente...fiz suco de acerola para todo mundo! - diz a mãe de Wilson entrando no sótão com uma bandeija com três copos de suco.

 

- Aí sim! Disso que estamos precisando! Fala aí, Daniel!

 

Revolução regada a suco de acerola? Ai, ai, já vi que vai ser um longo ano...


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Notas finais do capítulo

"Você não está pensando em usar a tecnologia para invadir um sinal de televisão e criar uma espécie de comitê revolucionário, está?" ~ Esse tipo de coisa denuncia a minha idade...mas não resisti! ^^ (http://www.youtube.com/watch?v=R-ZvQ0K5Vu4 para quem não entendeu) Enfim...é assim que Wilson e sua "gangue" começam suas conspirações...no que será que isso vai dar? Aguarde o próximo cap!

Aviso: essa é outra daquelas fics longas...não tenham pressa com a história