Sacrifício aos Deuses escrita por Jacih, estherly


Capítulo 19
Mal desentendimento?!




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POV Autoras

“Ela abriu os olhos. Os raios de sol prejudicavam sua visão completa. Olhou ao redor, onde estaria? Já estivera ali, tinha certeza. Olhou mais atentamente, um lago e árvores. Ouviu falas. Cada vez mais altas.

- NÃO! – exclamou alguém. Isabelle se virou e seu coração pulou. – Me soltem! – suplicou o homem.

Uma mulher respondeu algo incompreensível, mas não o soltou. Homens estranhos e diferentes apareceram e prenderam o homem que suplicava por liberdade, numa árvore que estava na beirada de um lado extenso.

Isabelle encarava todos, perplexa. O homem estava sendo amarrado a uma arvore e não fariam nada?! Correu até ele, mas o homem já estava bem preso. Ela se postou ao lado dele. Não sabia o que estava fazendo ali, apenas estava. Viu a cabeça do homem virar e ele fitar seus olhos. Suplicas passavam pelos olhos castanhos.

A mulher que havia rejeitado as suplicas do pobre homem, falava coisas desconexas. Apontava para o céu, para a terra, para as pessoas e para o homem preso.

- Que diabos ela está fazendo? – perguntou Isabelle com ela mesma.

- Sacrificando-me. – respondeu o homem ainda com os olhos focados nela.

- Como?

- Vão me sacrificar. – disse ele com a respiração ofegante. Isabelle olhou para os lados, esperando achar alguém sensato a ponto de interromper aquilo, mas todos olhavam para o homem amarrado como se ele fosse louco.

- Por quê? – perguntou Isabelle nervosa. Ele ia morrer e ela não deteria.

- Eu estava no lago, quando uma fenda apareceu. Os deuses ficaram bravos comigo.

- E por isso te sacrificarão? – perguntou ela abismada.

- Danu ficou brava comigo. – disse ele chorando.

- Oh grande Danu. Oferecemos um de nós para você. Para que não fique mais brava e ameace nossas vidas. – disse a mulher falando com o céu, a terra e as árvores. – Oh grande Macha, oferecemos o sangue de um de nós para sua felicidade e total prazer.

Isabelle queria esticar as mãos, mas não conseguia. Aquele tempo era antigo, sabia que não podia mudar aquele fim trágico.

- Em nome de Macha damos a flecha e o sangue dele. – disse a mulher.

- Entenderão mais tarde. - disse o homem sabendo que não devia mais suplicar pela vida, sua hora havia chegado. Respirou fundo, pela última vez.

Isabelle fechou os olhos. O ruído de algo cortando o ar e o som do impacto de algo contra algo, seguido de um leve som de rachadura, cortaram o silêncio agonizante. As falas rápidas começaram antes da flecha ser lançada pelo melhor guerreiro e terminaram no momento que o mesmo abrira a mão, fazendo a flecha acertar na têmpora do homem amarrado. O sangue dela gelou e o coração parou de bater por milésimos de segundos. Respirou fundo, absorvendo o cheiro de sangue, grama fresca e suor das pessoas. Abriu os olhos e tapou a boca com a mão trêmula, abafando um grito.

Seus olhos não piscavam. Ela fechou os olhos, tentando esquecer aquela imagem horrenda. Apertava os olhos como se ao abri-los, ela estaria em Hogwarts. Mas ali, tudo girava contra ela. Com os olhos apertados fortes, ela tentava esquecer a cena que presenciara, mas era impossível. Conseguia ver a flecha voando em câmera lenta até a têmpora do homem indefeso. A ponta de ferro entrando entre os cabelos e inserindo-se na cabeça, chegando ao cérebro em questão de milésimos, como uma injeção. Rápida e firme. Conseguia ver e rever os olhos castanhos do homem agonizados com o fim da vida dele, a tristeza estampada em seus olhos, a suplica muda por liberdade.

Isabelle ouvia os gritos de felicidade das pessoas, seguida de aplausos. Os deuses estavam satisfeitos com eles. Nada poderia piorar. A natureza mãe ia ser bondosa com eles por um longo tempo e iriam ganhar guerras. Ela ainda estava de olhos fechados. Os olhos castanhos do homem focados nela. Ela fora a última imagem do homem. Sentiu o vento passar por eles e as nuvens carregadas de chuva forte se aproximar deles. Os deuses estavam recebendo o sacrificado. Isabelle apertava os olhos tentando controlar as lágrimas, em vão.

Os tambores tocavam. As batidas ecoando e acompanhando o coração de Isabelle. Cada vez mais rápido, o vento aumentava. A mulher falava coisas incompreensíveis ao céu e as pessoas. Ela abriu os olhos. A boca seca de tanto que ela puxara ar. Viu a mulher, com um sorriso bobo e orgulhoso no rosto se aproximar do morto que ainda encarava Isabelle. A mulher puxou a flecha, fazendo sangue respingar na árvore cinza claro e abrindo um espaço de liberdade para o sangue sair. Segurando firmemente a flecha na mão, agora suja de sangue, a mulher enfiou a ponta no pescoço do homem, e puxou a flecha até atrás da cabeça dele, fazendo uma fenda grande no pescoço.

Com uma cerâmica que parecia uma tigela, a mulher mais orgulhosa ainda, se possível, colocou a tigela mais abaixo do corte, fazendo com que o sangue que ali escorria, se posicionar dentro da tigela. Após o sangue ter preenchido metade da tigela, a mulher jogou na árvore, fazendo a árvore passar de cinza claro à vermelho sangue.

Isabelle queria gritar. Não conseguia e era tarde demais. A mulher jogou o sangue que restou no lago extenso que tinha atrás da árvore, agora vermelha. Colocou a tigela nas mãos de uma serviçal e se posicionou na frente do sacrificado. Isabelle respirava rapidamente. A mulher segurou a cabeça do homem com as duas mãos sujas de sangue e virou rápido para o lado, fazendo o pescoço soltar um barulho de quebra e se separar do pescoço. Isabelle queria gritar, mas a voz havia sumido há muito tempo.

A mulher sorria orgulhosa do sacrifício e olhou a cabeça em suas mãos. O sangue escorria entre suas mãos e braços e aquilo proporcionava uma sensação de êxtase. Ela esticou os braços e mostrou a cabeça, como um troféu ganhado. Todos aplaudiram e começaram cantar uma música. Os tambores tocavam mais rápidos e fortes e as pessoas cantavam ao ritmo hipnotizante dos tambores. A mulher falava algo mais alto que os demais, e se postou na frente do lago, ao lado de Isabelle. Esticou os braços a sua frente e largou a cabeça no lago. O som de algo pesado atravessando a agua ecoou no ritmo rápido da musica e hipnotizante dos tambores que nunca cessavam.

Isabelle se aproximou da borda do lago e viu a cabeça boiar, se afastando da multidão alegre. O rastro vermelho indicava o lugar em que a cabeça passava. Isabelle ainda olhava a cabeça rodar na água turbulenta, tanto por causa do vento e da chuva, quanto pelo peso jogado na agua; quando viu os olhos castanhos olharem para ela, onde, mesmo nas gostas de chuva forte, ela viu os olhos se afastarem, como se despedindo dela, até que, no meio do lago, algo a puxou para baixo.

- NÃO! – gritou ela entre os tambores e cantos. Mas era tarde demais, a cabeça já havia achado seu lugar. O fundo obscuro do lago. – NÃO! – gritou ela novamente. Apertou os olhos e abriu-os.

Estava no quarto dela. Olhou em volta. A cama, a janela para o jardim. O jardim... As árvores... O lago... E então avistou. A árvore cinza claro com manchas mais escuras em seu tronco na ponta do lago extenso. Podia ver o homem sem cabeça amarrado na árvore, as pessoas em volta... Lágrimas voltaram aos seus olhos. A visão ainda nítida na sua mente. Jogou as cobertas para o lado e saiu em disparada. Precisava esquecer aquilo. Chocou-se com alguém.

- Belle... – chamou ele. Isabelle ergueu a cabeça e viu Scorpius. Sem pensar duas vezes o abraçou. Chorava copiosamente no ombro do amigo, que sem entender abraçava a loira de volta. – O que houve? – perguntou ele passando a mão nos cabelos loiros dela.

- Foi... Foi horrível. – disse ela. Apertava o loiro. Queria esquecer aquela cena, mas não dava.

- O que foi horrível...? – perguntou ele.

- Oh Scorpius. – murmurou Isabelle. – Não me deixe sozinha. – pediu ela. – Fique comigo. –  Scorpius afastou o rosto marcado de Isabelle.

- Olha... Agora que eu estou solteiro... – disse Scorpius. – Ficarei contigo por um bom tempo. – completou Scorpius com um sorriso malicioso e divertido no rosto.

- Quem sabe quando o Al não tiver olhando... – disse ela entrando na brincadeira.

- Teremos que marcar um dia... – disse ele sorrindo para a loira, por ter feito ela sorrir e parar de chorar.

- Quem sabe na sexta a tarde que eu tenho treino de quadribol? – sugeriu Alvo aparecendo mais atrás.

- Al... – começou Isabelle caminhando até o namorado.

- Não Becker. – disse Alvo parando Isabelle com a mão erguida.

- Becker? – perguntou Isabelle abismada. – Alvo... – começou Isabelle vendo Alvo se virar e começar a andar. – Alvo... – chamou ela segurando o braço dele.

- Desaparece Becker. – mandou Alvo puxando o braço e fazendo Isabelle se desequilibrar.

- Ei, Alvo. – chamou Scorpius inconformado indo atrás dele e puxando seu braço, fazendo o moreno se virar e ficar de frente para ele. – Cara, por que...

- Não enche Malfoy. – mandou Alvo fechando o punho e soqueando o nariz de Scorpius que caiu com o impacto.

- Scorpius! – exclamou Isabelle correndo até o amigo.

- Isso, fica com ele. – disse Alvo se virando e caminhando para longe dos dois.

***

POV Belle

Eu ainda estava abatida por causa da briga, minha mente vagava pelas palavras que ele me disse e pelo motivo idiota que nos levou a discutir. No fundo eu sabia que seria sempre assim, mas naquele momento tudo o que eu queria é que aquilo nunca tivesse acontecido. Queria que aquela raiva não ficasse em mim e que quando buscasse os olhos de Alvo, ele respondesse ao meu olhar de maneira calorosa e cheio de saudade, como os meus olhares.

Não prestei atenção na aula. Nem sequer sei sobre o que é o trabalho que terei de fazer. Só sei que quando ouvi os barulhos de cadeiras e carteiras sendo arrastadas é que vi que o trabalho deveria ser feito em dupla e eu me levantei buscando Alvo com os olhos, mas ele se mantinha de cabeça abaixada e sentado junto à Luke. Ele não faria trabalho comigo. Aquilo doeu.

Encarei Rose, mas ela se desculpou com um olhar indicando com um gesto que não sabia que Alvo faria aquilo. Eu suspirei e acenei com a cabeça.

- Sente comigo!

Voltei-me para Scorpius e sorri discretamente enquanto limpava uma lágrima que caia pelo meu rosto. Sentei ao lado do loiro e abri meus pergaminhos em busca das anotações que não fiz durante a aula. Eu queria uma chance de provar que eu era melhor do que ele, por isso buscava freneticamente algo que eu não conseguiria encontrar, pois não existia.

- Sabe, não vai adiantar você ficar assim! Se quer ser melhor, então se acalme e pense! – ouvi a voz de Scorpius como se vinda de longe

- Como sabe que quero ser a melhor? – indaguei erguendo as sobrancelhas para ele

- Loira, eu te conheço desde criança! Sei que apesar de amar o Alvo, quer provar a ele que é melhor do que ele pensa de você agora! – ele sorriu sendo sincero

- Eu não entendo porque ele fez isso, Scorp! – eu deixei mais algumas lágrimas caírem pelo meu rosto

- Ele ama você! Foi por isso que fez o que fez! – Scorpius me entregou alguns pergaminhos com as anotações dele – Está apenas com ciúmes porque eu sou seu ex-namorado e agora estou solteiro!

- Mas pelo Amor de Merlin, você gosta da Rose! – exclamei exaltada e então levei a mão à boca sorrindo e vendo se alguém escutara

- Eu sei e você sabe, mas será que ele sabe que foi a Rose que terminou comigo e não eu? – ele ergueu as sobrancelhas

Pensando bem, ele não deveria saber. Afinal, Rose se negara a falar do assunto, assim como Scorpius e só eu sabia, porque Scorpius me contou no trem.

- Acha que devo falar com ele? – perguntei baixinho

- Acho e acho que deve dizer a ele que se não houver confiança, vocês não podem continuar! – o loiro deu de ombros

- Ele vai terminar comigo assim! – eu o encarei de forma desesperada

- Não, ele vai se desesperar por estar perdendo você e vai perceber que errou, vai pedir desculpas e se tornar um anjo para que você não possa ter reclamações quanto a ele! – ele sorriu maroto – Vai por mim, conheço o Alvo! E eu faria a mesma coisa se estivesse perdendo a garota que amo!

Eu sorri. Ele tinha razão. Scorpius colocou a mão no bolso e fez uma careta confusa. Tirou a mão do bolso e eu vi uma coisa pequena e cinza esbranquiçada.

- O que é isso? – perguntei curiosa. Scorpius olhou para os lados e se aproximou de mim.

- A Rose pediu para eu guardar. – disse Scorpius. Ele fez um floreio com a varinha e a coisinha pequena aumentou de tamanho. Olhei aquilo e meu coração deu uma falhada. – Merlin. – murmurei colocando a mão na boca.

Conhecia aquele corte na têmpora. O crânio de lado para mim, fazendo eu ver aquela marca que acabara com a vida dele. Trêmula, virei o crânio, fazendo minha mente projetar dois olhos castanhos suplicando por liberdade naqueles buracos grandes. Minhas lembranças trabalhavam rápido. Tudo invadia a minha mente. Conseguia ouvir o bater dos tambores ritmados. O homem olhando para mim. A caveira. Tudo girava rápido. Tambores. A mulher erguendo a cabeça decapitada para o céu. A caveira me encarando. A chuva aumentando e afastando a cabeça do lago. A flecha cortando o ar. Scorpius me chamando. Girava cada vez mais rápido. Caveira. Mulher. Sangue. Corte. Flecha. Não aguentava mais. Os tambores cada vez mais rápidos. E então, tudo escureceu. 

***

POV Alvo

Eu fiquei rodando pelos corredores desde que Scorpius carregara Belle para a enfermaria. O que será que havia acontecido? E por que ele não aparecera de volta? Nem Isabelle? Nesse momento eu acho que não queria estar brigado com ela, se ocorresse algo sério com ela, eu me martirizaria pelo resto da vida.

- Ei babaca!

Voltei-me para trás e vi Scorpius saindo do meio das pessoas que estavam paradas no corredor para o início da próxima aula. Fechei a cara para ele.

- Por que me chamou assim? – indaguei quando ele se aproximou mais, os braços cruzados sobre o peito

- Porque é o que você é! – ele deu de ombros sorrindo, a maioria das pessoas ali riram de mim – Toma! Isso é dever seu! – ele tirou uma mochila rosa dos ombros e jogou para mim

- Por que não deixa com ela? – estranhei, mas coloquei a mochila de Isabelle sobre os ombros

- Porque a namorada é sua! – ele riu – Não tenho obrigação nenhuma com ela!

- Não é o que parecia hoje de manhã! – eu sussurrei, mais para mim mesmo do que para ele, mas ele ouviu

- O que você viu foi um abraço de amigos! – ele exclamou e fez alguns gestos com as mãos enfatizando a frase – Pelo Amor de Merlin, Alvo! Isabelle e eu crescemos juntos, sempre fomos melhores amigos e namoramos, mas não deu certo! Nós dois percebemos que não deu certo, nós dois decidimos terminar e o motivo dela é porque ela estava apaixonada por você! Quando vai entender isso?

Eu respirei fundo. Ele nunca me dissera tantas verdades de uma vez só.

- Foi a Rose que terminou comigo! – ele baixou o tom de voz – Eu ainda a amo!

Eu baixei os olhos. Ele estava sofrendo visivelmente por causa da Rose e eu armara toda aquela confusão para cima dele. Inclusive, acabei magoando minha namorada por causa de um ciúme besta. Ele tinha razão de me chamar de babaca.

- A Belle só pede por você! Vá vê-la, a enfermeira vai enlouquecer se você não aparecer logo! – ele sorriu e bateu no meu ombro antes de sair dali e me deixar sozinho

***

POV Lylian

Ter aulas separadas dos meus amigos era um saco! Eu odiava ter que ficar fazendo tudo sozinha e ainda ter que conviver com algumas patricinhas insuportáveis. Mas eu agüentei quatro anos, posso agüentar mais alguns! Eu acho.

Fiquei andando despreocupadamente pelos corredores até bater o ultimo sinal e Luke sair da sala de aula. Ele sorriu a me ver e me deu um selinho demorado. Alvo passou por mim e me beijou a cabeça e correu para sei lá onde, Scorpius apenas sorriu e seguiu para o Salão Comunal da Sonserina eu acho.

- Ele e a Rose não conversam ainda? – perguntei indicando o loiro

- Não! – ele segurou minha mão e foi andando em direção aos jardins – Na verdade, Alvo e eu já estamos preocupados! Ele mal come ou dorme! Talvez seja melhor falar com a Rose!

- Ela não quer nem tocar nesse assunto! – eu o adverti – Talvez seja verdade, talvez ela não quisesse mais!

- Eu não sei ruiva, mas há algo estranho! – ele suspirou e me puxou para a beira do lago

- Ei você é Luke Zabine? – uma garota loira se aproximou de nós

Ela usava o uniforme da Sonserina, mas ele parecia uns cinco números menor do que o corpo dela, talvez ela quisesse ressaltar as curvas perfeitas ou então os seios enormes, ou os olhos brilhantes, ou...

- Sou sim, por quê? – Luke franziu o cenho

- O professor de Poções me deu essa autorização para ser treinada em quadribol e ele disse que como você é Monitor e Batedor do time da Sonserina, eu deveria procurá-lo! – ela sorriu se aproximando mais e lhe entregando o pergaminho

Luke o pegou para ler e eu fiquei a observando, ela sorriu para mim e então voltou a encarar o meu namorado.

- Eu pensei que podíamos treinar hoje à noite, ou então discutir táticas enquanto tomamos uma cerveja amanteigada no Três Vassouras sábado! – ela empinou ainda mais os seios para ele

- Você está convidando ele para sair? – eu indaguei descrente do que via

- Te chamei na conversa? – ela me encarou da cabeça aos pés e riu – Colégio de freiras é só trouxa colega, aqui em Hogwarts os uniformes são mais confortáveis!

Eu senti o calor subindo pelo meu rosto e tenho certeza que fiquei vermelha na hora. Mas nem pensei nisso.

- O modo como me visto ou o que deixo de vestir não importa a você! – eu contra ataquei dando alguns passos – Aliás, o que eu deixo de vestir só importa a ele! – indiquei Luke com a mão – Afinal, é meu namorado!

- Tenho certeza que ele não está interessado em saber o que você deixa de vestir, afinal porque ele não preferiria alguém que demonstre que tem mais por baixo? – ela riu de mim, suas amigas mais para trás abafaram risinhos

- Vadia! – eu sussurrei e sorri

- Do que me chamou? – ela indagou ficando séria

- Você não sabe com quem se meteu! – eu sorri ainda mais – Vadia!

No segundo seguinte eu estava em cima dela. A loira se debatia embaixo de mim enquanto eu fazia questão de esbofetear seu rosto e arrancar seus cabelos. Ela iria ficar com marcas, ah isso iria! Eu faria questão de fazê-la lembrar quem era Lylian Potter!

No instante seguinte eu era agarrada pela cintura e puxada para longe da loira. Ela se levantou chorando e me encarou assustada, eu sorri vitoriosa, seu rosto estava bem arranhado e seus cabelos muito amassados.

- Detenção para as duas! Durante uma semana! – Luke sussurrou, deu para perceber que estava bravo – Não quero argumentos e não pretendo saber opinião nenhuma sobre a briga! Procurem o professor responsável da casa para cumprirem a detenção!

A loira apenas acenou e saiu junto com as amigas. Eu me voltei para Luke, ele me encarava sério, os braços cruzados.

- Se for brigar, é melhor fazer isso agora! Mas fique sabendo que não me arrependo e nem pedirei desculpas por nada! – eu cruzei os braços também

- Vamos jantar! – ele disse depois de uns segundos de silêncio e seguiu para o castelo sem nem me esperar

Segui-o com passos lentos apreensiva, agora eu estava com medo da reação dele. Mas continuo sem me arrepender de nada.

- Só para não ficarem dúvidas... – ele se voltou para mim, as mãos nos bolsos da calça, seu olhar de severo passou para maroto – Eu prefiro muita mais descobrir o que você esconde por baixo dessa roupa e provar o que ninguém nunca provou, do que experimentar algo que todo mundo já viu e encostou!

Eu sorri abertamente. Não havia como não sorrir ali, diante daquilo. Ele preferia a mim, sempre iria preferir. Ele se aproximou devagar e me beijou lentamente. Meu Luke. Só meu.

***

POV Scorpius

Deixei Alvo no corredor a pensar o quanto ele fora burro por magoar a Isabelle, mas todo esse drama só me lembrou do meu próprio. Do drama que eu nunca quis e muito menos o criara.

Flash back

Eu adentrei o quarto do hospital um sorriso nos lábios, finamente Rose podia receber visitas e tinha pedido por mim. Olhei-a sentada na cama, mas foi o suficiente para o meu sorriso sumir. Ela estava com a cabeça baixa e olhava a mão sobre colo, sobre a mão o anel que eu lhe dera quando a pedi em namoro.

- Rose? – chamei-a enquanto me aproximava da cama

- Até que enfim apareceu! – ela não me encarou, ao contrário, continuou olhando o anel

- Aconteceu alguma coisa? – perguntei tentando tocar sua mão, mas ela a afastou minimamente

Ela respirou fundo e me encarou, em seus olhos não havia emoção, nem lágrimas e nem felicidade. Como se fosse algo vazio por dentro. Isso me assustou.

- Sabe, quando eu fiquei em coma eu podia ouvir o que todo mundo dizia a minha volta! Ouvi meu pai, minha mãe, você! – ela parou pensando um pouco – Eu percebi o quanto eles me amavam e de repente não importava mais, porque eles podiam me amar, você podia me amar, mas a vida que estava acabando era minha! Era eu quem estava morrendo e seria a minha vida que fora desperdiçada seguindo o que meu pai falava, o que minha queria e as tentativas de te agradar!

- Por que está falando desse jeito? O que houve com você? – indaguei me afastando alguns passos, ela estava muito estranha

- Eu não posso continuar com isso Scorpius, não posso seguir atrás de você! Não posso desperdiçar minha nem por você e nem por ninguém! Quando percebi que podia morrer, percebi que quero viver mais do que tudo, mas não quero você comigo!

Eu balancei a cabeça, não podia acreditar naquilo. Era irreal demais. Não era a minha Rose falando.

- Eu não amo você. – ela sentenciou por fim

Fim do Flash Back

Estava no corredor quando me lembrei disso. Eu queria chorar, gritar para os ventos, mas sou um Malfoy e Sonserino. Vi ela passar no corredor. Os livros apertados no peito e a cabeça abaixada. Meu coração pulava. Rose.

Empurrei-a pelos ombros e a beijei. Os livros caíram no chão, talvez pela surpresa, não sei. Mas sei que as mãos dela passaram pelo meu pescoço. Ela retribuía o beijo e eu senti falta disso. Apertava a cintura dela, puxando-a para mim, nossos corpos se encaixando perfeitamente. Uma lágrima se misturou no nosso beijo. Separei-me dela e a vi pegar os livros e rapidamente sair dali, passando a mão nos cabelos de forma nervosa. Sorri... Ainda havia esperanças.

***

POV Isabelle

Eu afundei o travesseiro contra meu rosto e sufoquei um soluço. Ele não viria. Ainda estava bravo. Mas o que mais me magoava agora é que eu havia passado mal e ele nem se importara, nem viera me ver enquanto eu dormia, quanto mais agora que eu estava acordada.

- A enfermaria está vazia, mesmo que sufoque os soluços contra o travesseiro, eles podem ser ouvidos pela ala inteira!

- Alvo? – tirei o travesseiro do rosto e o vi parado me observando

- Como você está? – ele se aproximou e ergueu a mão me estendendo uma rosa vermelha

Eu me sentei na cama e aceitei a rosa cheirando-a.

- Estou melhor, foi só uma queda de preção! – eu suspirei

- Lylian, Luke e Rose disseram que aparecem amanhã! – ele sentou na beirada da cama

Eu apenas afirmei com a cabeça e então fiquei em silêncio brincando com um fio que se soltava da costura do lençol.

- Eu conversei com o Scorpius... – dissemos na mesma hora e então prendemos a respiração

- Pode falar! – eu fingi um sorriso

- Não, fala você primeiro! – ele parecia apreensivo

Eu respirei profundamente e concordei.

- Ele me disse para dar um ultimato a você, dizer que a confiança é tudo em um relacionamento e que sem ela não daria para nós continuarmos! – eu o encarei, ele parecia ter levado uma bordoada – No início eu pensei como ele, que se você ouvisse isso ficaria com medo de me perder e pediria desculpas, mas com o tempo que passei aqui eu percebi outra coisa!

- O que? – ele pediu baixinho

- Que é verdade! – eu deixei uma lágrima escorrer, mas logo limpei – A confiança é a base de um relacionamento! Sem ela não dá para continuar! – voltei a encará-lo – Não é a primeira vez que isso acontece Alvo e não é a primeira vez que você me culpa por algo que não fiz! Poxa, a única coisa que fiz de errado foi trair o Scorpius para ficar com você! E foi com você! Quem me traiu, quem se esqueceu do amor que sentia por mim, quem me trocou por outra e me magoou por dias, foi você Alvo! E eu te perdoei e nunca mais toquei no assunto! Achei que você faria eu me esquecer do que aconteceu, que me amaria o suficiente para me fazer feliz, mas tudo o que você faz é implicar com tudo o que eu faço e isso só me faz lembrar que eu não cobro tantas coisas de você, que eu te amo porque confio em ti, mas que não recebo a mesma coisa em troca!

O silêncio reinou entre nós. Eu desabafei, tudo que me machucava eu falei para ele. Talvez não fosse o momento certo, mas agora eu me sentia melhor.

- Você está terminando comigo? – ele perguntou baixinho e ergueu os olhos para mim

Eles estavam cheios de lágrimas e eu podia ver a dor no fundo dos olhos dele. Respirei profundamente mais uma vez.

- Eu não sei Alvo! Diga-me você! Estou terminando contigo? – encarei-o em busca de uma resposta em seus olhos, o que ele estava pensando?

O silêncio reinou mais uma vez entre nós. Talvez eu tivesse sido dura demais com ele, talvez ele tivesse vindo até ali para pedir desculpas. Talvez.

- Eu te amo Belle! – ele se aproximou mais de mim, suas mãos seguraram meu rosto e seus lábios beijaram os meus lentamente – Desculpa!

Eu sorri por entre as lágrimas e deixe-o se apossar dos meus lábios com vontade e desejo agora. Ele encostou a testa dele na minha e ficou acariciando meu rosto.

- Quer que eu passe a noite aqui com você? – ele pediu baixinho

- Mas como conseguiria? – me afastei sorrindo

Ele mordeu o lábio e tirou de dentro do casaco a capa da invisibilidade. Eu sorri. Ele deitou ao meu lado e se cobriu com a capa, pude sentir sua respiração no meu pescoço. Cinco segundos depois a enfermeira veio me ver, consultou minha pressão e então apagou as luzes e se recolheu aos seus aposentos. Alvo beijou meu pescoço e tirou a capa, deixou-a ao lado a seu alcance e me puxou para seu peito.

- Boa noite minha loira! – ele beijou meus lábios sorrindo

- Boa noite! – eu sorri e adormeci em seus braços

***

POV Erick

Saí do Salão Principal e segui para a minha Sala Comunal, só parei no meio do caminho porque havia uma aglomeração no corredor e muitas risadas. Encostei-me a uma parede e esperei que todas aquelas pessoas se dispersasse, mas parecia que aquilo havia apenas começado. Então voltei às costas e dei alguns passos me distanciando.

- Você é uma idiota! Como pode inventar algo assim?

- Eu não inventei nada! – foi essa voz que me fez voltar para aglomeração – Você mexeu nas minhas coisas, não era para ter visto nada!

- E por que eu iria querer ver essa brincadeira de criança? Você teve que enfeitiçar isso para acreditar que era verdade? Claro, porque teve que enfeitiçar Alvo Potter para conseguir ficar com ele e agora quer mais um garoto mais velho? Não achei que fosse tão vadia!

- Eu não inventei nada e não enfeiticei ninguém! – ela se defendeu, sua voz estava embargada, eu comecei a passar por entre as pessoas que riam sem parar

- Sua idiotazinha, nunca vai consegui-lo! – e então eu ouvi o barulho de algo se quebrando

Cheguei a frente do tumulto e vi Alícia de joelhos no chão chorando e recolhendo os cacos do que antes fora meu presente de Natal. Duas garotas Sonserinas e mais velhas estavam rindo dela juntamente com o resto das pessoas.

- Você está bem? – perguntei me ajoelhando a frente de Alícia, ela me encarou com os olhos molhados e sem me responder voltou a tentar juntar todos os cacos da caneca – Alícia, você está bem? – ergui seu queixo entre meus dedos

- Deixa ela Erick, é louca! – uma das garotas riu com gosto e tocou meu ombro, eu me desvencilhei com raiva e levantei a encarando

- O que você acabou de quebrar foi meu presente de Natal para ela! Alícia e eu passamos o feriado juntos na minha casa e eu a apresentei a minha família já que somos namorados!

Os risos cessaram, as duas garotas me encararam surpresas e Alícia soluçou mais uma vez atrás de mim.

- Se eu souber que qualquer um de vocês sequer pensou em a maltratar, eu vou mostrar porque fui expulso da outra escola! Garanto que vocês jamais vão se esquecer! – as duas garotas prenderam a respiração e então saíram dali rapidamente assim como o resto do pessoal

Voltei-me para Alícia e me ajoelhei novamente.

- Deixe! Eu lhe dou outra! – fiz ela me encarar novamente

- Eu quero essa! – ela sussurrou entre as lágrimas – Ela pegou na minha mochila, achei que ninguém encontraria ali!

- Tudo bem! – eu segurei seu rosto e sorri – Reparo! – apontei a varinha e vi os cacos se juntarem novamente – Depois veremos se o feitiço da foto ainda funciona! Agora você precisa lavar esse rosto!

Eu a puxei comigo e nos levantamos. Abracei-a pela cintura e segui para um banheiro próximo.

- Obrigada por me defender! – ela sussurrou contra meu peito e eu percebi que sorria

- Você é minha garota agora, sempre vou lhe defender! – eu sorri galante

- Você e seu charme barato! – ela fungou

- Charme que conquistou você! – eu parei e a virei para mim

Sorri colocando uma mecha de seu cabelo para trás e a beijei. Se antes pensavam que eu não poderia estar com ela, agora se vissem não teriam dúvidas.

***


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Notas finais do capítulo

N/A: Comentem! XD