Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 8
Revelações




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— Desgraçados! – João estava inconformado com a história contada pela Verônica e pelos domadores que a acompanhavam no momento do ataque.

Antônio havia feito um curativo provisório na panturrilha direita de Will, que estava com um enorme corte e sangrava muito. Mateus, Bruno Pastreli, Lucas e Verônica, colocavam gelo sobre os pequenos hematomas que tinham nos braços e seus digimons aos poucos iam se recuperando. É da natureza dos digimons se regenerar de pequenos ferimentos com uma velocidade superior à dos humanos.

— Quer dizer que Blaze e Alex estavam ao lado de Calamon no momento do ataque? – Perguntava, retoricamente, Murilo querendo apenas confirmar o que acabara de ouvir.

— Foi tudo muito rápido como acabei de dizer. Quando chegamos ao farol, os três estavam lá nos esperando. Por sorte Mateus e Lucas ainda possuem... – Verônica é interrompida.

— Pessoal, vocês precisavam ver Verônica colocando os três para correr com a Ophanimon mais forte do que nunca! Quem a visse pensaria que ela nunca havia perdido o digivice a digimon dela deu um MEGA ATAQUE lá que clareou ainda mais o dia o digimon de Alex foi o primeiro a sair voando e a cópia de Culumon hesitou e tudo fora que o Megalogrowmon...

— Calma, Will, respira!  - Interrompe Mateus. – Desse jeito ninguém vai lhe entender!

— Esse moleque fala mais do que a boca! – Explica Bruno Pastreli.

— Lá vem você com esse papo de moleque. Que cara chato!

— Eu não acredito que Blaze e Alex se aliaram a Calamon – Bárbara estava inconformada – Será que são tão idiotas a ponto de acreditar que serão poupados se Calamon conseguir chegar aqui?

— Como que tá sua perna? – Pergunta Antônio.

Kokabuterimon e Tentomon observavam Will a centímetros de distância.

— Está bem melhor, Antônio. Se depender de mim, acho que dá pra começarmos a reunião. Ah! E vocês dois caiam fora daqui! – Will empurra os besouros, afastando-os de sua perna machucada que estava apoiada na cadeira em frente.

Os domadores se dispõem sentados no chão de forma semicircular. Do lado esquerdo estava Will sentado em uma cadeira e Bárbara, próxima dele, sentada em outra. Alguns digimons permaneciam nos braços dos seus domadores, outros estavam mais afastados ou posicionados atrás dos jovens. João permanece de pé. Culumon estava sobre uma cadeira logo atrás do líder dos domadores. Os dois estavam de frente para os domadores.

Era nítida a curiosidade transparecendo no olhar de cada um dos humanos que estavam afastados do Mundo Digital e dos recentes acontecimentos, por conta dos seus digivices.

— Bem, pessoal, seremos o mais breve possível, até porque já estamos esperando há muito tempo – Will ergue o dedo. – Pode falar Will.

— Olha, pelo visto só eu irei tocar no assunto, ou se alguém tocou antes eu também não sei até porque eu não estava aqui...

— Para de enrolar, Will. Diz logo! – Apressa Bruninho.

— Está bem. O que é que Fernanda está fazendo aqui? Até onde me lembro ela estava do lado de Blaze e Alex quando nossos digivices foram destruídos por eles! Ela teve grande participação nisso.

— Eu não queria me meter, mas como já estou bem lá dentro, também vou falar – Interfere Igor. Labramon estava deitado com a cabeça sobre sua perna. - Essa garota mesquinha, sem motivo algum, se uniu aos desertores para nos prejudicar. Ficamos sem digivices e não passamos de estorvos por causa dela.

Um grande tumulto se forma por conta desse assunto. Todos queriam expor sua revolta e mágoa com a domadora.

Fernanda, que estava sentada no chão e à direita de João, apenas olhava os domadores de onde estava sem esboçar a mínima reação, enquanto todos condenavam sua conduta e sua presença na reunião. Solarmon estava ao seu lado.

— GALERA! – Grita Levi. – A intenção dessa reunião é unicamente por todo mundo a par do que está acontecendo e do que pode vir a acontecer. Portanto, antes de voltarem a tirar suas próprias conclusões sobre ela, por que não esperar que ela e João digam o que realmente aconteceu?

— Concordo com Levi – Diz Murilo. Patamon estava sobre sua cabeça. - Se ela está aqui é por que temos que dar explicações do que realmente aconteceu e olha que não foi pouca coisa. Primeiramente que a grande maioria mal fazia ideia de que eu, Bárbara e Flávia, os tais humanos simples que atrapalharam o torneio, nos tornamos domadores.

— Eu me lembro disso – Exclama Victor.  Agumon estava de pé logo atrás. - Will, inclusive, deu a ideia de prender vocês em uma jaula até decidir o que faríamos.

— Victor seu bocudo! Precisava lembrar? – Will estava vermelho.

— Quer dizer que foi você que teve essa bela ideia? – Grita Flávia. – Você me paga seu gordo branquelo!

— Mas Luiz Filipe me apoiou.

— Você também, índio? Ah povo mau caráter!

Luiz Filipe sorri com o modo espalhafatoso como Flávia se referiu a ele. Gaomon estava mais atrás, ao lado de Renamon.

— Me recordo que salvei Murilo de um Drimogemon e de um Numemon.

— Verdade, Filipe... – Murilo se lembra – Eles até se desculparam pensando que eu fosse um digimon.

— Eu encontrei Bárbara perdida e assustada. – Diz Pastreli. - Fanbeemon já estava com ela.

— Naquele tempo ela não era minha domadora. – Interfere a pequena abelha sentada no colo da garota que possui deficiência visual.

— Bem que eu achei essa voz rouca familiar. – Bárbara sorri. - Não me recordo se te agradeci ou não, mas fica aqui meu agradecimento.

— Não tem nada o que me agradecer, Bárbara.

— Eu e Carlos fomos salvar Flávia dos Darktyrannomons – Comenta Igor.

Os domadores mudaram de humor quase que instantaneamente. Todos sentiam pela morte trágica de Carlos e aquela lembrança tornara o ambiente muito doloroso para a maioria.

— Acho que falei demais. Desculpa galera.

— Não precisa se desculpar – Verônica forçava um sorriso. – Mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer.

— Não podemos nos deixar abater galera! – Kau tentava animar o grupo. Wormmon estava sobre seu ombro. – Eu sei a barra que é perder um amigo. Perdemos Caio durante uma batalha meses antes de Carlos ser morto. Temos que buscar forças nessas fraquezas para poder vencer Calamon.

— Vamos começar logo nossa reunião. – Fala Guilherme, que desde o começo só observava. – Eu também quero saber por que Fernanda está aqui. Com certeza vocês têm uma bela explicação para isso.

— Eu estava defendendo interesses únicos e exclusivos de Culumon – Explica-se Fernanda.

— Ah, conta outra garota! – Brada, furioso, Pastreli, que é rapidamente contido pelo Guilherme.

— Calma cara, deixa ela falar!

— Olha, pessoal. Esses fatos estão tão relacionados entre si que, para entender por que eu tive que ir pro lado de Blaze e Alex, teremos que contar tudo do começo.

Fernanda olha para João, que começa a falar. Somente a voz do anfitrião era escutada naquele terraço.

O sol aos poucos ia aquecendo aquele começo de manhã de Janeiro e muitos dos presentes bocejavam enquanto escutavam, com riqueza de detalhes, João, Verônica, Fernanda e os seis calouros narrarem tudo o que precisavam saber.

Contaram como que Calamon conseguiu capturar Culumon; João contou sobre as Cartas Acessórias e as Evoluções de Dados; Verônica disse como conseguiu salvar Levi utilizando de uma dessas Cartas Acessórias e que, mesmo assim, acabou deixando-o ser levado pelo servo de Calamon; Falaram sobre o irmão de Bárbara, que estava perdido e acabou se envolvendo com Blaze, sendo que ambos se conheciam pela internet, e além disso, acabou se tornando um Imperador, nome dado pelo próprio Calamon para os humanos que viriam a lutar ao seu lado; Contaram a participação que Alex e Blaze tiveram em quase todos os acontecimentos.

Cinquenta minutos havia se passado desde que toda a história era exposta pelo grupo que lutou contra Calamon. Bárbara finalmente coloca um ponto final à longa explanação.

— Ufa! Posso respirar agora? – Pergunta Antônio com os olhos saltados. – João já havia me adiantado algumas coisas e mesmo assim to surpreso.

— Sinceramente, eu não consigo acreditar que Alex está agindo assim - Albert estava incrédulo quanto ao desvio de personalidade do amigo.

— Eu também estava, Albert – Responde Victor. – Até perceber que o Alex daquele quarteto formado por nos dois, além dele e Mateus, não existe mais. Esse cara que existe atualmente tragou Alex prestativo e companheiro.

— Para nos, que estávamos afastados de todos desde antes do torneio, é muito difícil acreditar que Blaze e Alex surtaram – Diz Mateus. - Até por que essa é a única alternativa que nos resta como explicação.

— Só convivendo com eles para tentar entender o que se passa – Interfere Fernanda. A garota falava com uma propriedade que ninguém poderia experimentar. - Blaze é um louco! Ele nutre um ódio pelos Domadores Beta, e agora por mim, que é incompreensível. Tudo isso por causa do acidente que o deixou em coma por seis meses. Já Alex sabe usar as palavras certas a seu favor. Tem um poder muito forte de convencimento e é um excelente domador.

— Me desculpe, Fernanda. Eu nunca iria imaginar que você se aproximou de Alex e Blaze por ordens de Culumon – Bruno Pastreli estava visivelmente constrangido.

— Pessoal, por favor, redobrem suas atenções! – Júnior pedia de maneira enfática. – Calamon pode querer dominar qualquer um assim como fez com o irmão de Bárbara. Agora que sabemos que Alex e Blaze estão com ele, peço ainda mais atenção a vocês dois, Victor e Mateus.

 

— Quero ir embora!

Alex estava impaciente. Fazia alguns minutos que ninguém falava absolutamente nada e isso o deixara inquieto.

— Alex, precisamos acertar alguns detalhes. – Diz Calamon calmamente sobre uma pequena pedra.

— O problema é que não existe detalhe algum! Já disse para esquecer esse lance de dominar o Mundo Real que nos te ajudaremos com a destruição dos Beta e a captura das cartas!

Blaze começa a gargalhar!

— O que foi, Blaze? Qual o motivo da graça? – Questiona Alex.

— Tu falou em morte dos Beta e eu me lembrei que um deles está morto!

— Calamon tirou de você esse gostinho de destruir Carlos.

— Não faz mal. Pelo menos tive a certeza de que está morto.

— Agora João irá padecer aos meus pés! Quero pisar e escarrar na cara daquele idiota e na cara da Fernanda também. Se bem que, com ela, eu poderia tirar outros proveitos.

— Ai credo! Como você é nojento! - Blaze estava com cara de nojo.

— Sem frescuras guri.

— E os Imperadores? Preciso de uma boa equipe – Calamon voa até próximo do rosto do Alex.

— Verei o que posso fazer por ti.

 

— Quer dizer que Calamon conseguiu fazer um digivice a partir dos digivices de Levi, Albert e Mateus e o testou com Bento. É isso? – Bruno Soares tentava entender nos mínimos detalhes.

— Conseguiu!!! – Diz João. - Bento se tornou domador de um digimon Perfeito, vocês têm noção disso? Ele é um excelente domador e tê-lo na equipe seria uma grande ajuda. Culumon, você tem que dar um digivice para Bento.

— João, culú. Eu não posso colocar mais nenhum humano nessa história.

— Bento já está nesse lance desde o começo – Bárbara estava disposta a convencê-lo – Ele mostrou ser um excelente domador e nos deu bastante trabalho, fora que enfrentou Blaze de igual para igual.

— Para mim tanto faz, culú. Se ele estiver de acordo e Etemon também...

— Culumon, por que você nos escolheu já que não está disposto a colocar mais ninguém nessa história? – Pergunta Kau.

— Essa eu também quero saber – Diz Murilo. – E quero saber também por que eu e as meninas entramos na história.

— Estou disposto a responder tudo o que souber a vocês, culú. Logo que fui pego como refém pelo Calamon, ele me trancou dentro de uma cela, culú, amarrado a uma corrente, e me injetava doses de Alcarpos.

— O que é Alcarpos? – Pergunta Lucas.

— É uma erva muito famosa no Mundo Digital por ter poder sedativo, culú. Ela me deixava fraco e impossibilitado de usar meus poderes culú, e os servos de Calamon injetavam soro de Alcarpos em mim diariamente. Poucas foram às vezes que atrasaram na aplicação das doses. Em um desses atrasos, culú, ativei as cartas para que elas liberassem novos digivices para seus domadores. As cartas que pertenceriam a Davi, Lúcia e Rafael foram remanejadas por mim, para os humanos simples que estavam presos na jaula, culú. Murilo acabou ficando com a carta que pertenceria a Davi. Flávia com a carta da Lúcia e Bárbara com a carta que seria de Rafael, culú.

— Como que você criou essas Cartas de Dados se não teve tempo e nem energia suficiente para isso? – Pergunta Lúcia.

Todos prestavam atenção às explicações. O lugar continuava calmo e silencioso. Agora era a voz de Culumon que ecoava entre os domadores.

— Essas cartas, culú, eu criei para servirem de ajuda contra os ditadores. Se vocês chegassem ao Mundo Digital sem experiência evolutiva suficiente, seriam derrotados facilmente pelo primeiro ditador. Então as criei para que fossem ativadas caso seus digimons não pudessem evoluir para a fase Adulta. Na época, seus digimons estavam bem treinados e o poder das cartas não se fez necessário, culú.

— E as Cartas Acessórias? Por que você as criou?

João estava sedento de curiosidade. Seus olhos brilhavam.

— As Cartas Acessórias, culú, remetem a minha criação e a criação de Calamon. A origem delas coincide com a nossa origem culú.

 

Continua...


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