Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 7
O Susto




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— João o que você ta fazendo aqui?

Cláudia acabara de sair do seu quarto quando vê João, Fernanda e Solarmon com os olhos saltados na sua direção.

A mãe de João possui um tom de voz sereno.

— Mainha, você quase me mata de susto. Pensei que fosse Marcos!

— Ele ta no banho. Subam logo antes que seu pai a veja.

Fernanda e Solarmon sobem as escadas às pressas.

Cláudia observava curiosamente Solarmon se movimentar.

— Esse digimon é estranho.

— Não se preocupe. Existem uns bonitinhos, como Culumon, e outros bem mais feios que Betamon.

Marcos sai do quarto e beija Cláudia.

O pai de João aparenta ter uma idade bem inferior da que realmente possui. Tem a pele mais escura do que seu filho e ambos se parecem muito fisicamente. A maneira jovial de Marcos agradava a todos os amigos de João. Vestia camisa, calça social e gravata quando saiu do quarto.

— Fala pivete! Caiu da cama?

— Foi, coroa. To com insônia e resolvi levantar. Odeio me bater na cama.

Marcos olha seu relógio.

— To atrasado, galera.

— Não vai tomar café? – Pergunta Cláudia.

— Eu me viro por aí! Beijos pra quem fica – Marcos desce as escadas e instantes depois, João ouve o carro ser ligado.

— Agora você pode ficar sossegado por aqui, filho. Só te peço para não deixar nenhum “bicho estranho” andando pela casa – Cláudia sorri – Meu Deus. Acho que enlouqueci e não me dei conta.

— Normal, mainha. Após passada a fase do susto, você começa a ver tudo com naturalidade.

— Espero... Olha, João, daqui a pouco vou comprar umas coisas que faltam e aproveito pra deixar vocês à vontade.

— Certo, mainha! – João beija o rosto da sua mãe.

Cláudia retorna ao quarto.

— João? – Uma voz soa familiar do quarto do garoto – João cadê você?

João rapidamente corre até seu quarto e, ao abrir a porta, se depara com Bárbara. Sobre a cabeça da domadora, uma digimon semelhante a uma abelha voava. Fanbeemon possui exatamente o mesmo tamanho dos Patamons.

— Eu to aqui, Báhzinha! – Responde o garoto carinhosamente.

— Báhzinha? Por que você resolveu me chamar de Báhzinha?

— Não posso te tratar de maneira carinhosa?

— Claro que pode João, é que eu não esperava!

A digimon abelha pousa sobre o ombro da Bárbara.

— Olá, Fanbeemon. Tudo bem contigo? – Pergunta João.

— Tudo ótimo, João! Estou louca pra saber o que iremos discutir hoje.

— Temos muitas coisas para conversar. Por que Bento não veio?

— Porque ele não se sente domador – Interfere Bárbara. – Eu também não fui de acordo com a presença dele. Quero saber o que Culumon acha disso! Bento é ou não é um domador?

— Eu também tenho muitas coisas para perguntar... Vamos subir? Vários domadores já chegaram.

João segura Bárbara pelo braço e a acompanha até o terraço. Fanbeemon os seguiam voando.

Uma grande baderna estava instalada naquele lugar. O terraço, antes calmo e tranquilo apenas com a presença de Davi e Levi, estava cheio de domadores e de digimons conversando, gritando e gargalhando, todos ao mesmo tempo. Ao notarem a presença de João e de Bárbara, muitos se calam, outros apenas moderam o tom de voz. Flávia corre até Bárbara e a leva para apresentá-la aos demais. Bárbara precisaria ouvir a voz e tatear o rosto de cada um.

— Nada de Murilo e Verônica? – Pergunta João.

— Por enquanto nem sinal deles – Responde Lúcia. – Depois você vem dizer que eu fui a que mais atrasei.

— Ah, Lúcia, não enche!

Próximo à porta surge um ponto luminoso atraindo a atenção dos domadores que conversavam. Esse ponto segue crescendo na vertical e logo após ganha largura, formando um portal. De dentro desse portal surgem Murilo e Patamon, e logo após Igor, Victor, Guilherme e mais três digimons.

Murilo tem a mesma estatura que João. É magro, possui a pele branca e um belo sorriso.

Igor é um garoto de corpo mediano e altura próxima a de João. Possui cabelo curto e olhos azuis hipnotizantes. Labramon, seu digimon, é um belo cachorro de pelagem castanha com orelhas e calda vermelhas. Possui poderes curativos.

Victor é loiro, possui olhos verdes e estatura idêntica ao Bruno. É muito corajoso e conseguiu se virar bem durante sua estadia no Mundo Digital. Agumon, o pequeno dinossauro de couro amarelo, calda curta e grande mandíbula que o acompanha, tem o mesmo tamanho que a Palmon e personalidade idêntica à do seu domador.

Guilherme é o tipo de garoto sossegado, de poucas palavras e rápidas decisões. Magro, alto, desengonçado, cabelo curto e olhos castanhos. Floramon é verde e tem a mesma estatura que Agumon. Possui flores no lugar das mãos e sua cabeça lembra um botão de rosa prestes a desabrochar.

— Pronto! Chegamos em segurança – Comenta Murilo, aliviado.

— O que aconteceu? – Pergunta João.

— Nada demais. Só a demora mesmo. Foi difícil achar o lugar que marcamos. E vou logo avisando, algumas pessoas acabaram vendo Angemon lá em Brasília.

— O que? Murilo você é louco?

— João, eu tive que fazer isso porque senão chegaria ainda mais atrasado. E também foi a melhor solução que eu encontrei.

— A melhor e mais catastrófica, não acha? – João soava irônico.

Murilo se aproxima do líder dos domadores, ficando cara a cara. Patamon ainda estava sobre seu ombro.

— Eu vou sair daqui antes que eu perca o pouco da paciência que me resta.

Murilo vai até Levi e Davi, que conversavam, próximos. Seu Patamon avista o Patamon de Bruno Soares e vai até ele.

Os domadores que estavam afastados do Mundo Digital desde o incidente com seus digivices, perguntavam a todo o momento o que havia ocorrido. Estavam curiosos e queria a todo custo saber de detalhes.

— Cartas? Que história é essa de cartas?  - Pergunta Luiz Filipe após ouvir João comentar algo com Bárbara e Flávia.

— Calma que daqui a pouco você saberá sobre isso e muito mais – Explica.

Próximo ao João, Kau e Júnior também conversavam. Seus digimons estavam sobre seus ombros.

— Verônica demorou com Lucas e os outros domadores – Comenta Júnior.

— Esse lance de fazer escala no Mundo Digital, ainda mais com Calamon a solta por lá, é perigoso.

— São frações de segundos que passamos lá, você mesmo viu. Não acho perigoso.

— Júnior, e Veemon? – Pergunta Kudamon. – Eu acho perigoso ele ficar sozinho.

— Também acho, mas não tenho como trazê-lo. Ele é grande e fica difícil escondê-lo.

— Tem conversado com Leon? – Pergunta Kau.

— Não. Leon nunca mais deu notícias. Raramente o encontro online e preciso falar com ele o quanto antes, Kau. Espero que de lá ele consiga ir pro Mundo Digital.

 

Em Madrid, ao contrário de Salvador, já era final da manhã.

Leon estava em seu quarto e erguia seu digivice, apontando-o para frente. Repetira o movimento cinco vezes antes de desistir. Estava cansado e decepcionado.

— Por que não conseguir?

Leon observava seu aparelho prateado atentamente. Acessava alguns aplicativos, mudava algumas configurações das quais ele não fazia ideia para que servissem e novamente tentava.

Dessa vez foram somente duas tentativas.

Leon se desespera.

— ¿Por qué no puedo, Dios mío? Necesito saber sobre Veemon.

 

Com a ameaça eminente de Calamon, os domadores evitavam ao máximo ir até o Mundo Digital. Júnior havia perdido contato com Veemon, e há muitos dias não falava com Leon. Ambos estavam preocupados com essa falta de comunicação.

 

Em Sydney já era noite e Rafael estava em seu quarto no apartamento que Sérgio, pai da Lúcia e esposo da sua mãe, havia comprado para eles. O rapaz observava seu digivice deitado sobre a cama.

— Por que não conseguimos daqui?

Rafael continuava observando. Acessava alguns aplicativos, muitos deles já conhecidos como o Rastreador de Informações de digimons; Mensagens; Telefonemas; GPS do Mundo Digital e o Rastreador de Digivices, acessório esse utilizado pela Lúcia para localizar Davi.

Uma buzina faz Rafael se levantar com um salto e correr até a janela. Segundos depois o garoto de cabelo loiro e curto, joga o digivice sobre sua cama e sai do quarto.

 

Dez minutos haviam se passado desde que Murilo chegou.

— Eu vou atrás dela! – Patamon voa até o seu domador, que ergue o digivice.

João o segura pelo punho e baixa seu braço.

— Calma, Murilo. Eu sei perfeitamente que eles estão atrasados. Verônica sabe se virar muito bem sozinha. Vai por mim.

— Eu não vou abandoná-la – Murilo puxa seu braço com força e se livra do João. – Não vou cometer o mesmo erro que vocês cometeram com Levi.

— Murilo, pega leve! – Levi interfere na discussão. – Em nenhum momento os Domadores Beta me abandonaram. Se você se refere ao ataque dos ditadores, eu estava disposto a servir de isca e evitar uma catástrofe ainda maior. Não admito que você ou quem quer que seja, chame qualquer um aqui de covarde. Passamos por sérios problemas nas mãos dos ditadores. Passamos noites em claro, não nos alimentávamos direito, não sabíamos quando iríamos voltar. Não admito que compare ninguém a essa palavra.

Murilo se afasta com a face levemente aquecida e se senta em uma cadeira próxima à parede. Patamon o segue e pousa em seu colo.

— João, eu confio em você e sei da capacidade que Verônica possui – Diz a Bárbara. - Eu também muito estou preocupada com esse atraso. Qualquer coisa vamos em busca dela no Mundo Digital. Só os que possuem digivices, os demais ficam por aqui.

— Certo, galera. Se em dois minutos eles não aparecerem, vamos atrás.

— Eu já tentei um contato pelo digivice, mas ela não responde – Fernanda também estava preocupada.

Aos empurrões a porta do terraço é aberta pela Verônica.

A garota estava suja, cabelo desarrumado, rasgada e com várias escoriações espalhadas pelas pernas e braços. Plotmon estava em seus braços machucada e desacordada.

Todos se assustam ao verem o estado da domadora.

— Verônica o que aconteceu? – Pergunta Bruno Soares completamente nervoso.

— Calma! Estamos bem. Os meninos já estão subindo as escadas.

Logo atrás da Verônica surgem Lucas e William.

Lucas é um dos mais novos domadores e amigo de Júnior, Kau e Leon. Tem a cabeça raspada, usa óculos e possui uma profunda cicatriz no antebraço direito. Sua digimon é redonda como uma uva. Lalamon é rosa, pequena como Fanbeemon e voa com quatro pequenas folhas sobre a cabeça como se fossem hélices de um helicóptero.

Lucas também estava com várias escoriações pelo corpo, principalmente pelo braço e carregava Lalamon machucada sobre o ombro. Lucas ajudava William que estava com uma das pernas completamente ensanguentada e não conseguia apoiar-se com ela.

Tentomon seguia logo atrás do seu domador um pouco ferido.

William, mais conhecido como Will pelos colegas domadores, é baixo como Bruno Soares, branco, roliço e muito falastrão. Tentomon é um besouro mecânico de cor vermelha e lembra muito Kokabuterimon. Possui duas pequeninas mãos, dois braços com uma única e enorme unha e grandes olhos verdes.

Logo depois aparecem Mateus e Bruno Pastreli, ambos machucados. Monodramon era carregado pelo Dorumon.

Mateus é baixo, moreno e usa um moicano. Monodramon é um simpático dragão roxo de forma humanoide e altura mediana, com asas presas ao antebraço, grande calda e poderosas garras.

Bruno Pastreli tem o mesmo biótipo de João e voz gravemente rouca. Dorumon tem o mesmo tamanho que Guilmon. É um dinossauro de braços curtos e grande calda. Roxo, tem pequeninas asas nas costas e um triângulo vermelho na testa.

— Como assim bem? Todos estão machucados – Contesta Antônio indo ajudar Will.

— Aquele digimon apareceu lá. Ele é muito pequeno e muito poderoso galera – Diz Will completamente assustado. Os olhos do garoto estavam saltados.

— Calma, Will, está tudo bem! – Tentomon tentava acalmar seu domador.

— Galera, acho que não existiu Ditador que chegasse aos pés dele.

 

Continua...


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