Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 5
Leomon em Perigo




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Após terem sobrevivido ao terrível embate que tiveram contra Calamon, e que vitimou Carlos, Terriermon e o Trailmon Angler, os demais domadores tentavam levar a vida da forma mais natural possível.

Alguns meses haviam se passado desde então.

Alex e Blaze caminhavam com seus digimons pelo Mundo Digital quando se deparam com o digimon originado a partir de todo o sentimento ruim que habitava o corpo de Culumon.

— O que tu quer, Calamon? – Questiona Blaze.

— Apenas conversar.

— E quem te disse que queremos conversar? – Indaga o garoto de olhos rasgados.

— Ninguém. – Responde.  – Mas acho que podemos ter um papo extremamente proveitoso.

Blaze lança um sorriso desdenhoso.

— Só porque tiveste a sorte de matar um dos Domadores Beta não quer dizer que pode conversar conosco.

— Não damos ouvidos a Culumon. Por que deveríamos dar uma oportunidade a ti, que é uma imitação barata dele? – Completa Alex.

— Por isso que gostei de vocês assim que os vi. – Diz o pequeno digimon negro, gargalhando.

— Báh! Vai pra lá com teus gostos! Não preciso que ninguém goste de mim, principalmente você. – Alex estava mais sarcástico do que o de costume. – Blaze, Leomon, Guilmon, vamos embora. Cansei desse papo que não vai levar a nada!

Os garotos e seus digimons continuam seguindo em frente e passam pelo Calamon, ignorando-o.

O digimon negro se enfurece.

— NÃO ME DEIXEM FALANDO SOZINHO!

Calamon estava fora de si. Nunca nenhum digimon havia feito chacota dele.

Alex e Blaze param de andar e permanecem de costas, parados. Blaze se vira segundos depois e diz:

— Na boa? Gritando, o máximo que tu vai conseguir é uma rouquidão, gato!

Alex gargalha.

— Podia dormir sem essa, Calamon.

— Vocês vão me pagar caro dessa vez!

Os olhos de Calamon brilham e dois digimons negros, semelhantes a Leomon e Guilmon, e de olhos vermelhos, surgem por entre as árvores e os cercam.

Alex olha em volta e sorri.

— Queres uma batalha?

— Exato. Se eu ganhar, quero conversar com vocês. Mas logo aviso que só mandarei meus digimons pararem quando vocês desistirem.

— Vamos logo acabar com isso, Alex. – Esbraveja o garoto alto de olhos verdes.

— É claro! Leomon, não aceito uma derrota.

— Não te decepcionarei, mestre!

O digimon leão humanoide de corpo extremamente musculoso observava atentamente seu rival, que mais lembrava uma cópia sua em três dimensões.

— Guilmon, acabe com ele!

O pequeno tiranossauro vermelho com sinais pretos pelo corpo estava hipnotizado. Rosnava para o inimigo, que lhe retribuía do mesmo modo.

Guilmon inicia correndo na direção do seu oponente e saltando sobre ele. O dinossauro vermelho crava suas presas no pescoço da sua cópia, que tenta se livrar com socos no estômago. O dinossauro negro consegue imobilizar um dos braços de Guilmon e, após um rápido giro, o lança por cima do ombro em direção a uma árvore. O digimon Novato choca-se contra a planta e não consegue desviar da bola de fogo que seu oponente lançou em seguida.

Um impressionante duelo de espadas combinado a saltos, chutes e acrobacias defensivas eram assistidos atentamente por Alex. Leomon consegue, em uma de suas investidas, levar seu inimigo ao chão com uma rasteira, mas logo é surpreendido por um golpe de espada que, por muito pouco, não lhe deceparia os pés. O leão humanoide que veste calca jeans e tem o peito nu, salta e rapidamente desfere um soco no ar, liberando uma energia laranja no formato da cabeça de um leão. A técnica conhecida como “Punho do rei das feras” é barrada pela espada do digimon caído, que consegue mandá-la para longe.

Calamon assistia ambas as lutas com uma grande satisfação no olhar.

 

João entra em sua casa quando se depara com sua mãe, paralisada, em frente à televisão. Um plantão jornalístico era veiculado pela emissora de TV.

“... nenhum dos passageiros sobreviveu a esse grave acidente. Testemunhas afirmam que um enorme monstro, semelhante a um escaravelho de cor laranja, foi o responsável pela explosão do helicóptero.” - Dizia de modo enfático o Jornalista.

— Mainha?

Cláudia se assusta com o chamado do filho.

— Oi, João. Soube do que aconteceu hoje?

— Eu vi da janela do quarto.

— Isso tem a ver com os tais digimons?

— Exato, mainha! Esse monstro, Kuwagamon, atacou o helicóptero. Felizmente Betamon e o digimon de Murilo, aquele garoto de Itabuna, se lembra?

— Um magro, que é amigo de Davi?

— É, esse mesmo. Então, nossos companheiros conseguiram acabar com Kuwagamon. Além desse helicóptero, ele destruiu uma torre de celular.

“Curiosos afirmam terem visto um guerreiro ninja e um enorme anjo lutando contra esse besouro laranja. Nosso cinegrafista passava pelo local no exato momento e diz ter registrado todas as imagens. Porém, coincidentemente ou não, o aparelho acabou explodindo logo após o desaparecimento de todos esses seres. Por conta dessa explosão, nosso cinegrafista foi atingido por alguns estilhaços no rosto, sendo prontamente socorrido pela população e encaminhado para a emergência do Hospital das Clínicas. No momento, seu quadro de saúde é estável.”

Culumon desce a escada aos pulos e voa até o encosto do sofá.

— O que aconteceu, culú?

— Alguns humanos morreram, outros foram atingidos e muitos assistiram a todos os detalhes da batalha. – Responde João.

— João acha melhor reunir todos os domadores o quanto antes. – Betamon interfere.

— Não podemos assistir a isso tudo de braços cruzados. Isso só foi uma prévia do que estar por vir.

O digivice de João reage. Levi entrava em contato.

— João, o que está acontecendo? Eu e Davi estamos preocupados. Vários sites e canais de TV estão noticiando. O vídeo de Kuwagamon atacando o helicóptero se espalhou pela internet.

Levi demonstrava grande preocupação pela voz.

— Flávia estava aqui e viu Kuwagamon sobrevoar minha casa. Eu e ela assistimos a destruição do helicóptero sem poder fazer nada. Tudo foi muito rápido!

— Entendo. Murilo está aí em Salvador?  Fui até a casa dele às pressas, mas quando estava próximo, Davi me ligou dizendo que algumas pessoas citavam nas entrevistas o surgimento de um anjo.

— Angemon nos ajudou. Flávia estava desacompanhada de Lunamon naquele momento, mas no final, tudo ficou bem.

— Tudo ficou bem dentro do possível, você quer dizer!

— Você entendeu, Levi. Preste atenção: Vamos reunir todos os domadores amanhã cedo aqui na minha casa! Precisamos traçar um plano contra Calamon. Todas as minhas suspeitas estão se confirmando. E se continuar desse jeito, teremos graves problemas pela frente. Avise Davi, por favor.

— Relaxa que ele ta aqui do meu lado escutando tudo.

— Abraço, Primo! Juízo! – Grita o garoto alto e ruivo.

 Logo em seguida uma voz feminina fala.

— João, meu bem, vamos vencer todas!

— Quem ta falando? – Pergunta o garoto de barba, intrigado.

— Palmon! – Responde Levi.

— Mande um beijo pra ela!

A última vez que João havia visto Palmon foi quando eles foram pela primeira vez ao Continente Perdido, um continente localizado no interior do Mundo Digital. Lá, Blaze conseguiu destruir o digivice de Davi com a ajuda de Júnior, e o deixou impossibilitado de ajudar os demais domadores durante as batalhas.

— Mande um beijo meu também. - Interrompe Betamon, agitado.

— Beta também manda um beijo, Levi.

— Pode deixar que eu aviso.

— Ainda hoje mandarei uma mensagem para você dizendo quem você deve ir buscar, já que os outros estão sem os digivices.

— Ok, João. Abraço.

— Até amanhã, Levi.

O contato se encerra.

João rapidamente sobe as escadas em direção ao seu quarto. Lá, com o auxílio do computador e do digivice, entraria em contato com todos os domadores e marcaria a reunião. Flávia, Murilo e Verônica se disponibilizaram para ir até sua casa ajudá-lo na esquematização dos domadores. Enquanto seus domadores trabalhavam, Patamon, Betamon, Lunamon e Plotmon brincavam.

Culumon observava sobre o monitor do computador.

— Acabei de teclar com Bruninho. – Verônica estava sentada na cama de João com um laptop sobre o colo. - Ele ficou super feliz quando soube da reunião. Pensou que tínhamos esquecido ele. Disse que seus pais descobriram Patamon a menos de um mês.

— Ele é o mais novo do grupo, não é Verônica? - Pergunta João, que estava em frente ao computador.

— É um dos. Tem Luiz Filipe, Victor e Will também.

— Já consegui conversar com esses dois e eles confirmaram, só não disse quem irá buscá-los – Grita Murilo sentado ao lado de Verônica com um laptop no colo. Havia dois digivices entre ele e a garota. Um prata e o outro amarelo.

— Luiz Filipe é muito corajoso para idade que tem. Lembro-me quando Seadramon atingiu a Perfeição pela primeira vez. Ele estava comigo.

Flávia conversava pelo telefone. A garota estava apoiada na janela.

— Olha aqui, seu pão com ovo! Para de ser canguinha e vamos conversar mais.

— Ela ainda conversa com Antônio? – Pergunta Murilo.

— Pelo visto sim! – Verônica sorria ao fazer tal afirmação.

— Você... Me escuta? Obrigada! Você é um mão fechada, Antônio. Eu disse que não precisava ligar e agora quer desligar porque interurbano é caro?

— Flávia, faz mais de vinte minutos que você conversa com ele, já está bom! – Flávia não escutou o que João disse.

— Mande esse besouro calar a matraca. Se não vou dar com meu salto na cara dele! Alô? Antônio? ALÔ! – Flávia fica bestificada e desliga o telefone. – Desligou na minha cara, acredita amiga?

— Até eu desligaria! – Responde a garota magra de cabelos volumosos.

João e Murilo puxam as risadas e logo são seguidos pela Verônica.

— Pois amanhã ele me paga!

— Isso mesmo Fá, dá com tudo na cara dele! – Diz Lunamon, revoltada.

Depois que passaram a ter muito contato, a pequena digimon rosa que mais parece usar um vestido de mesma cor e um medalhão com a imagem da lua, absorveu algumas características da sua domadora.

 

Leomon seguia dando cambalhotas para desviar das investidas do Leomon negro com sua espada. Leomon e Guilmon demonstravam sinais de cansaço, lutavam há quase uma hora em uma batalha muito equilibrada. Alex observava todos os passos do seu digimon atentamente, sem demonstrar nenhum tipo de reação com os acertos e erros.

— Bola de Fogo.

Guilmon dispara contra seu inimigo e o atinge no peito. O dinossauro vermelho corre e, usando sua calda, acerta a barriga do rival fazendo-o se curvar de dor. Guilmon salta e desfere um chute usando ambos os pés e derruba o inimigo.

— Isso, Guilmon. Muito bem!

O dinossauro negro se levanta e avança no digimon vermelho que, para afastá-lo, dispara várias bolas de fogo pela boca. O digimon segue desviando de todos os ataques e continua a avançar até que acerta um soco debaixo do queixo, que cai tonto no chão. O digimon de Blaze sente uma enorme pressão sobre seu pescoço. Aos poucos as presas do adversário iam se cravando em sua pele e liberando dados. Guilmon é erguido do chão pelo pescoço. Socava o inimigo, mas parecia não surtir efeito. Estava fraco demais para se livrar daquela forte mordida.

Leomon consegue atingir uma sequência de socos na face do inimigo e finaliza com um salto seguido de chute, lançando-o de costas a metros de distância.

— Leomon, ajude Guilmon.

Leomon ouve a tranquila voz do seu domador e sem titubear corre a toda velocidade de espada em punho. Guilmon estava prestes a desfalecer, quando Leomon crava sua espada no corpo do Guilmon negro, atravessando-a. Aos poucos o Guilmon negro solta o digimon de Blaze, que cai ofegante no chão. Leomon ergue sua espada ainda cravada no corpo do inimigo e o divide em duas metades. O Guilmon negro se converte em dados após uma explosão, para surpresa do Calamon.

Blaze se aproxima de Guilmon e se ajoelha próximo a ele.

Leomon recebe um “Punho do Rei das Feras” pelas costas e é lançado contra uma árvore, que acaba tombando com o forte impacto.

— Vejo que seu digimon é extremamente habilidoso. Mesmo com uma batalha tão proporcional, ele resiste muito bem. Ainda não demonstrou o mínimo sinal de regressão.

— Passamos muito tempo treinando, Calamon. Meu digimon está em seu nível estável de evolução.

Calamon não sabia desse detalhe. Todos os demais domadores possuíam digimons com estabilidade no nível Novato. Alex havia sido o primeiro a conseguir que seu digimon, através de treinamento, conseguisse a estabilidade no nível Adulto.

— Muito esperto, Alex. Demonstrou mais uma vez ser um excelente domador. Deseja parar?

— Só depois de destruir tua cópia fajuta.

Leomon seguia duelando contra seu inimigo, agora ambos estavam sem o auxílio das espadas. O digimon do Alex seguia ofegante, mesmo assim conseguia fazer afronta ao oponente que ainda não havia demonstrado sinal de cansaço. Leomon consegue atingir uma sequência de socos no estômago no inimigo que após se curvar de dor, recebe uma joelhada na face e cai desfalecido.

Alex sorri para Calamon ao ver a cena.

Leomon se aproxima do inimigo para lhe dar o golpe final quando é surpreendido. O Leomon negro abre os olhos rapidamente e se lança sobre o Leomon de Alex, que estava abaixado próximo do seu rosto com o punho direito cerrado a centímetros de distância. Tudo aconteceu em fração de segundos e agora o Leomon de Alex estava dominado pelo inimigo e, a qualquer sinal de movimento, teria seu pescoço decepado pela lâmina da espada inimiga, que estava bem próxima.

A expressão do garoto magro de cabelos lisos, que antes era vitoriosa, se desmorona.

Blaze acompanha tudo, calado, próximo de Guilmon.

— Vejo que temos uma surpresa. Uma grata surpresa por sinal. – Calamon demonstrava toda sua satisfação pelo tom de voz.

Alex olhava tudo atônito. Não havia como seu digimon se livrar do inimigo. A espada estava encostada ao seu pescoço e ao menor sinal de movimento, até uma possível evolução, seria fatal.

— Acho que chegou o momento de jogar a toalha, Alex.

 

Continua...


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