Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 27
O Suicídio do Digimon Sagrado




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João agora tinha mais um motivo para se preocupar. Além dos seus amigos, inclusive os que foram feitos reféns pelo Calamon e estavam aprisionados nos corpos dos ditadores, seus pais acabaram de chegar no local da batalha para resgatá-lo.

— O que vocês estão fazendo aqui? Isso está muito perigoso! Precisam ir embora!

— E você acha que eu não sei? – retruca o pai do garoto de barba cerrada.

— Por isso viemos te buscar – finaliza Cláudia.

— Mainha, não poderei ir e você sabe disso.

Uma gama de explosões, gritos e sons atordoantes acontecem a todo o momento.

— Já que não irão embora, preciso que fiquem o mais distante possível. E haja o que houver, não se aproximem.

Ophanimon seguia usando seu escudo para se proteger das terríveis garras do lobisomem negro, quando o mesmo consegue saltar sobre si e lhe aplicar um chute, fazendo-a cair no chão. A digimon arcanjo rapidamente se vira e aponta seu cajado na direção do digimon, disparando sua energia multicolorida, atingindo-o em cheio. Madleomon gira no ar, por conta do ataque, antes de se estabilizar e revidar com lâminas negras de energia que saem das suas garras, explodindo a digimon arcanjo.

Beelzebumon disparava com suas espingardas na direção da enorme serpente de metal, que seguia voando de maneira acrobática enquanto desviava.

— Não poderá fugir por muito tempo! – brada o ditador, que é surpreendido pelo Skullsatamon, que fora lançado pela Antylamon na sua direção. O digimon de João, então, aproveita-se da trégua e dispara uma poderosa rajada de energia pela boca, sendo acompanhado pelo arcanjo robô do Murilo, que lança raios de luz pelos olhos.

Uma poderosa explosão acontece.

Seraphimon, digimon arcanjo masculino muito parecido com a Ophanimon, observava a gigantesca batalha de onde estava. A força dos dados negros não havia conseguido transformá-lo em um digimon do tipo vírus.

— Pare com isso, Calamon! Ordeno que liberte todos os domadores e seus digimons.

— Você não ordena nada, digimon estúpido! E já que não tens utilidade para mim, será destruído.

O digimon das trevas, em sua forma lobo negro alado, avança no digimon arcanjo e ambos passam a trocar socos e chutes. Mas, batalhar sem o seu domador por perto, era uma tarefa praticamente impossível.

Aproveitando-se de um rápido descuido, Calamon consegue segurá-lo por uma das pernas e o arremessa contra o solo, por pouco não atingindo Lotusmon, que seguia lutando contra Rosemon. Seraphimon se levanta ainda cambaleante quando um ser negro pousa ao seu lado. Tratava-se de Blackwargreymon.

— Bruninho… Você está aí? – indaga o digimon Arcanjo Extremo.

 Quase que instantaneamente o rosto do pequeno domador surge no peito do digimon dragão humanoide.

— Seraphimon... é você? Você é o Patamon?

— Sou eu, Bruninho. O seu digimon! A magia das trevas de Calamon não foi suficiente para me controlar.

— Você precisa me ajudar, Seraphimon.  Agora, eu e Blackwargreymon somos um só! Eu me tornei um digimon.

— Não! Você está sendo controlado. Ele está usando seu corpo, sua energia vital, para poder destruir seus amigos.

— Você não entende! – berra Bruno Soares. – O Metalgarurumon quer me destruir. Ele está me atacando. Se Blackwargreymon for destruído, eu também serei. Você precisar me defender.

O lobo metálico do Rafael se aproxima pelos ares e dispara o torpedo alojado em seu peito, na direção do ditador dragão negro. Como que num impulso, o arcanjo masculino de asas douradas rapidamente se põe à frente do ditador e materializa cristais de luz que avançam de encontro a técnica do Metalgarurumon, explodindo-a.

— Pare! Eu não fui dominado pelo Calamon.

— Que boa notícia. Precisamos acabar com os ditadores.

— Isso não! O Bruninho está aqui.

— E o que você nos propõe? – pergunta Rafael, que havia se aproximado do seu digimon.

O garoto logo monta as costas do seu parceiro.

— Isso é perigoso, Rafael. Melhor se juntar aos outros.

— Não posso ficar apenas observando, Metalgarurumon. Quero lutar junto contigo. Nossos amigos dependem de nós.

— Essa conversa de vocês me dá nojo – brada Calamon antes de materializar o “Martelo Vulcão” a sua frente e arremessa-lo como um bumerangue na direção do domador loiro de olhos azuis e corpo musculoso.

A arma do digimon das trevas avança a uma velocidade tão rápida, que não dá tempo de o lobo metálico disparar um contra-ataque.

— RAFAEL! – brada a voz de Fernanda do interior do enorme dinossauro mecânico de cor vermelha.

Seraphimon se posiciona a frente do garoto e do seu digimon e espalma ambas as mãos.

— Saiam daqui!

Rapidamente Metalgarurumon e Blackwargreymon arremetem voo, deixando o digimon sagrado na linha de frente do poderoso martelo de cromodigizóide.

A técnica atinge o arcanjo, que seguia forçando suas mãos, numa tentativa de parar o avanço. Porém, Calamon, já havia voado para detrás do digimon de Bruninho e portava um arco feito do mesmo material do martelo. Ao tencionar a corda do arco, uma flecha de dados de digimons surge e é disparada à queima-roupa no arcanjo, que não consegue se defender.

Ambas as técnicas geram uma poderosa explosão.

Devimon seguia alongando seus braços esguios e atacando os digimons de Igor, Pastreli e Mateus.

O cachorro negro que possui ombreiras idênticas a sua cabeça consegue abocanhar um dos braços do digimon demônio, fazendo-o urrar de dor. O guerreiro dourado de capa vermelha e o dragão humanoide logo disparam:

— Corte Graduoso – brada Grademon antes de tocar o solo com suas espadas, criando uma onda de energia.

— Garra Cibernética – diz Cyberdramon antes de fazer um movimento de arranhar com uma das mãos e lançar uma lâmina de energia.

As técnicas atingem em cheio o peito de Devimon, que não teve oportunidade de se defender, ferindo-o com gravidade.

O ditador dá alguns passos para trás, cambaleante, enquanto Cerberumon, Cyberdramon e Grademon o observavam em posição de ataque.

— Acabe logo com ele, Cerberumon – grita o garoto de cabelos negros e olhos azuis para o seu digimon cachorro das trevas.

— Calma, Igor! – pede o garoto de voz rouca – Não se esqueça que dentro daquele ditador miserável está o Guilherme.

Devimon não consegue se manter de pé e toca um dos joelhos no chão. Seu corpo começa a ficar instável. Os dados que o compõem vibravam, deixando evidente a presença do garoto magro e alto, ainda desacordado, no seu interior. Após a instabilidade se evidenciar por alguns segundos, o corpo do digimon demônio volta a ter definição inicial.

— Garras da Morte!

Devimon dispara lâminas energia vermelha nos seus oponentes, atingindo-os com uma forte explosão.

Enquanto observava a recuperação de Devimon instantes após a nuvem de poeira que o circundava se dissipar, Seraphimon novamente é atacado pelo digimon das trevas, que o atinge com um chute nas costas, derrubando-o de cara no chão.

Antes que o digimon sagrado pudesse de levantar, Blackwargreymon pousa com forte impacto sobre sua cabeça.

— DESGRAÇADO! – berra Rafael montado sobre seu digimon, que sobrevoava a região.

Diversos compartimentos se abrem pelo corpo do Metalgarurumon, que dispara um poderoso arsenal bélico contra os dois digimons que atacavam Seraphimon. Calamon e Blackwargreymon seguiam entre saltos e voos acrobáticos, desviando das inúmeras ogivas que os perseguiam.

O digimon pousa ao lado do Seraphimon enquanto seguia disparando seu arsenal.

Rafael rapidamente desce das costas do lobo metálico e vai verificar como o digimon sagrado estava.

— Rafael está se arriscando demais lá no meio da batalha, João.

— Eu não sei o que dizer a ele, Lúcia.  Tem momentos que tenho vontade de fazer o mesmo e seguir ao lado de Metalseadramon.

Mais atrás dos domadores, Cláudia chorava abraçada ao Marcos após ver que toda aquela loucura tinha vitimado um garoto e que, a qualquer momento, tantos outros, ou até mesmo o seu filho, poderia ser a próxima vítima.

O ditador vampiro agita sua capa e faz surgir uma nuvem de morcegos que avança na direção de Atlurkabutermon, Crescemon e Cannonbeemon.

O gigantesco besouro avermelhando lança uma poderosa energia a partir do seu chifre, que segue dizimando a grande maioria dos morcegos. Os restantes eram nocauteados pela digimon coelho, que seguia com extrema habilidade golpeando-os com seu bastão que possui uma lâmina na extremidade.

Mais atrás deles, a enorme abelha mecânica acumulava uma grande quantidade de energia no seu canhão principal.

— Ferroada Real – diz a digimon disparando uma poderosa energia que atinge o ditador em cheio, lançando-o no chão.

Crescemon, que já estava bem próxima dele, se aproxima ainda mais e salta a uma grande altura, disparando:

— Bumerangue Lunar.

A digimon lança a lâmina que está solta do seu bastão no ditador, atingindo-o em cheio.

— Muito bem, pessoal! – comemora, Will.

— Melhor mantermos a concentração! – adverte, Bárbara.

Lotusmon consegue, após um vacilo da digimon de Davi, segurá-la pelo cabelo e lança-la contra o chão. A digimon que veste longas mangas e saia brancas rapidamente voa e materializa seus cajados em ambas as mãos, indicando o que possui um cristal colorido na direção da Rosemon, que ainda se levantava.

— Sétima Fantasia.

A digimon evoluída a partir da Floramon lança uma rajada de energia multicolorida.

Ao ver a aproximação da técnica, Rosemon revida lançando sua técnica igualmente poderosa, a “Tentação Proibida”.

— Não resista, Rosemon. Você só está adiando o inevitável.

— Vocês não vencerão! Jamais iremos apoiar as loucuras de Calamon. Estamos batalhando para salvar você, Guilherme e todos os outros que estão sendo usados por ele!

— Cale a boca!

Lotusmon seguia intensificando sua energia contra Rosemon quando é atingida nas costas, pela esfera de energia disparada por Seraphimon, ferindo-a seriamente.

— Agora, Rosemon! – grita Davi.

A digimon rainha das flores, então, intensifica sua rajada de energia na direção da Lotusmon, englobando-a por completo e explodindo.

Dados surgem soltos no céu.

Os domadores observaram, bestificados, o que havia acontecido. A pequena digimon que possui um botão de rosas na cabeça não estava mais ali. Havia sido completamente destruída pelos ataques combinados entre Seraphimon e Rosemon.

— Será que eu fiz o certo? – indaga-se o garoto alto e ruivo. – Será que teremos que destruir os nossos amigos que estão dentro dos ditadores?

— Creio que sim, Davi – diz Murilo. - Não temos como separá-los dos dados que os envolvem.

O enorme besouro de cor roxa dispara uma poderosa energia pelo canhão alojado em sua boca na direção do cavaleiro medieval, que utiliza seu escudo para se proteger.

— Elísio Final! – brada Dukemon disparando uma técnica igualmente grandiosa para fazer frente a técnica do Tyrantkabuterimon.

O ditador demônio havia imobilizado o guerreiro dourado de capa azul e estava prestes a dilacerar o seu pescoço num ataque direto com suas garras, quando é imobilizado pelo dragão humanoide do Mateus. Devimon se agitava ao máximo, numa tentativa de se livrar do Cyberdramon, quando Grademon se põe de pé e avança ao seu encontro empunhando ambas as espadas. O digimon demônio, então, alonga uma de suas mãos e consegue atingir um dos braços do guerreiro dourado, exatamente no cotovelo esquerdo, com suas garras, fazendo seu antebraço, mão e espada caírem aos seus pés.

Grademon gritava de dor, enquanto o pedaço do seu corpo que havia sido separado de si se dissolvia em dados juntamente com a espada.

Bruno Pastreli fica em choque com o que acabara de acontecer. Sabia perfeitamente que ataques diretos feitos por digimons do tipo vírus não se regeneram.

Devimon começa a gargalhar após perceber a dor que Grademon sentia, agora ajoelhado no chão, e a completa apatia que dominara Cerberumon e Cyberdramon, que o imobilizava.

Movido por uma atitude impensável, o dragão humanoide rapidamente alça voo, ainda mantendo o digimon demônio em completa imobilização. Devimon tentava atingi-lo com suas garras, mas era em vão. Estava completamente indefeso. Cyberdramon voava em direção ao encontro das técnicas de Tyrantkabuterimon e Dukemon, e ao se aproximar ainda mais, consegue segurá-lo pelas asas e girá-lo a uma velocidade incrível até arremessa-lo contra as técnicas de dois dos digimons Extremo presentes naquele lugar.

Uma gigantesca explosão acontece, lançando todos os digimons no chão, interrompendo as batalhas que aconteciam. Os domadores que estavam mais distantes também são atingidos pelo impacto da explosão e caem no chão, se machucando.

 

Alguns segundos de completo silêncio se fazem até que o garoto de barba cerrada rapidamente se levantar e começar a correr por entre os digimons que tentavam se colocar de pé. Seu rosto estava completamente assustado. Mais à frente, João encontra o domador alto e magro caído ao chão. Ao se aproximar, ele constata que Guilherme já estava sem vida e com diversos ferimentos espalhados pelo corpo.

Logo atrás de si chegam Antônio, Júnior e Bruno Pastreli, que já trazia o pequeno dinossauro roxo sobre suas costas. Dorumon estava desacordado e com o braço esquerdo dilacerado na altura no cotovelo.

— O que você veio fazer aqui? – indaga Antônio. – Guilherme não conseguiria sobreviver a esse golpe.

— Não vim aqui por ele!

Antes que os garotos pudessem fazer mais algum questionamento, um grito de dor é escutado pelo grupo, fazendo-os correr em sua direção.

Rafael estava ao chão e muito machucado. Sua perna direita, logo abaixo do joelho havia feito um ângulo inimaginável. Sem falar da sua mão direta, a qual lembrava uma boneca de pano, um profundo corte no couro cabeludo e as diversas escoriações espalhadas pelo corpo.

Do outro lado no campo de batalha, onde os digimons iam recuperando a consciência aos poucos, Seraphimon seguia ficando de pé quando encontra o seu domador, Bruno Soares, desacordado. O digimon sagrado rapidamente voa até o pequeno garoto e o segura em seus braços, acordando-o.

— Angemon... – balbucia o garoto visivelmente fraco.

— Oi, Bruninho... agora está tudo bem! Você está livre do Calamon.

— Que bom, Angemon. Mas você está diferente. Seu capacete... essa armadura...

— Agora eu sou Seraphimon. Sou um digimon Extremo.

O garoto acaba por adormecer novamente e Seraphimon voa até o grupo de domadores.

João e Antônio surgem carregando Rafael nos braços, enquanto Pastreli trazia Dorumon apoiado nas costas.

— INGÊNUOS!  - brada Calamon em sua forma semelhante a Culumon. - Acreditam mesmo que esse foi o fim?

— Esse foi o começo do seu fim – retruca João.

Calamon sorri enquanto dados negros se aproximavam do garoto desacordado no colo do arcanjo de asas douradas. Seraphimon agitava um dos braços numa frustrada tentativa de espantar os dados das trevas.

— Não existe nada que você possa fazer, Seraphimon. Seu domador me pertence.

— Irei acabar com seus planos! Nem que para isso eu tenha que arriscar minha existência.

Os dados já estavam praticamente encobrindo o pequeno domador quase que em sua totalidade quando o arcanjo de asas douradas espalma sua mão direita sobre ele e emite um forte e ofuscante brilho, que acaba desintegrando os dados negros e convertendo-os aos dados que eram antes.

O arcanjo de asas douradas acaba caindo de joelhos no chão, bastante ofegante.

— O que você acabou de fazer? – questiona Verônica.

— Algo muito arriscado e que custará minha vida.

Calamon observa aquela movimentação completamente atônito. Seraphimon havia descoberto um modo de neutralizar os dados negros.

— Cuidem do Bruninho! – pede o digimon que prontamente é atendido pelo Marcos, que rapidamente se aproxima e pega o garoto em seus braços.

Seraphimon lentamente passa a voar sobre o campo de batalha, erguendo as mãos espalmadas para o alto

— Ele precisará de mais energia, culu – balbucia o deus-digimon após ter a certeza de qual investida o digimon sagrado iria tomar.

— Ao ouvir Calamon, João rapidamente resolve armar um contra-ataque.

— Todos os domadores, com exceção dos que podem atingir a Extremidade, ergam seus digivices e entreguem suas energias para Seraphimon.

Os domadores rapidamente fazem o que seu líder acabou de pedir e toda a energia presente nos aparelhos são drenadas pelo digimon sagrado, fazendo com que seus digimons regredissem ao nível Novato de evolução.

— MALDIÇÃO! – berra Calamon. – Acabem com ele!

Todos os ditadores e seus digimons avançam de encontro ao digimon sagrado do Bruninho, que prontamente passa a emitir um sutil brilho através de sua imponente armadura.

— Chegou o fim da linha para mim e para você! Desinfecção Sagrada Extrema!

Uma ofuscante luz surgue de dentro do corpo do digimon sagrado, rompendo sua armadura e atingindo todo o campo de batalha, incluindo os jornalistas, domadores, digimons aliados e rivais, Calamon e Mummymon, que permanecia desacordado.

 

Continua...


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