Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 24
O Aspirante a Ditador




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João seguia observando todo o diálogo que envolvia Fernanda, Levi e Leon. A garota resolvera presentear os dois domadores com as possibilidades de evoluções que ainda lhe restavam. Quando finalmente as esferas de luz são liberadas pelo aparelho da domadora de Solarmon e são absorvidas pelos digivices de Levi e Leon, Lucas, domador calouro que possui cabeça raspada, óculos de grau e profunda cicatriz no antebraço direito, os empurram, derrubando-os.

Filetes de energia vermelha atingem o peito do domador de Lalamon, que cai no chão já sem vida. A pequena digimon redonda como uma uva, que havia seguido seu domador assim que o mesmo saíra correndo, pousa ao seu lado, sacudindo-o. Levi, Leon, Fernanda e seus digimons logo se aproximam do garoto.

— LUCAS!!!

O grito dado por Júnior rapidamente desperta todos os demais do choque causado pelo repentino assassinato do domador. O garoto que é tão alto quanto Davi, corre até o cadáver do seu colega e senta-se ao lado, socando-o no peito enquanto chamava por seu nome. Kudamon estava em seu ombro e seguia inerte, sem nenhum tipo de expressão.

— Verme. Por pouco eu não acabaria com a vida de Leon e Levi. Seriam dois Extremos a menos.

— Maldito! – brada o garoto de nacionalidade espanhola, sendo dominado por um sentimento até então novo. Nunca ninguém o tinha visto daquela maneira. - Você não poderia ter feito isso. Lucas sempre foi um cara gentil e disposto a nos ajudar. Eu vou acabar contigo!!!

O digivice de Leon brilha intensamente, fazendo com que o garoto e seu digimon fossem envoltos por um casulo de luz e crescessem assustadoramente.

Ao se dissipar, todos notam a presença de um novo digimon humanoide. Um gigantesco guerreiro todo revestido em armadura negra, com botas em formas de patas com garras douradas, além de outras semelhantes presas ao antebraço. Possui longa calda azul, em consonância com sua pele, asas vermelhas e um canhão alojado sobre sua mão direita.

— Renamon, chegou a nossa vez! Vamos unir nossos corpos sem medo do que possa nos acontecer.

O digivice do garoto negro também brilha, fazendo com que ele e sua digimon raposa fossem envoltos por um casulo de luz que cresce, revelando segundos depois uma nova criatura. Uma digimon humanoide de longos cabelos brancos que lhe chegam ao joelho e atados em dois rabos de cavalo. Usa uma máscara dourada que muito lembra o focinho de uma raposa com orelhas eretas. Veste armadura dourada sobre os seios e os ombros, nos quais há gravados os símbolos do yin-yang, um longo macacão preto colado ao corpo, além de longas botas e luvas roxas, e um enorme cetro que possui em uma das extremidades diversas argolas menores presas a uma maior.

Will rapidamente rastreia informações acerca dos novos digimons Extremos.

 

Imperialdramon, um digimon Extremo. Esse digimon é um dos primeiros Extremos que surgiram no Mundo Digital. Apesar do seu tamanho, é um digimon muito hábil em batalhas corpo a corpo. Sua principal técnica é o “Laser Positrônico”.

 

Sakuyamon, uma digimon Extremo. Essa digimon é a guardiã do equilibro entre o bem e o mal. Suas habilidades místicas estão em completo controle e a favor das suas vontades. Sua principal técnica é a “Mandala de Luz”.

 

A digimon mística de longos cabelos brancos, gira o cetro que carrega consigo acima da cabeça, antes de tocá-lo no chão, criando um círculo de luz ao seu redor que prontamente avança no inimigo como uma onda de luz violeta. Blastmon, digimon evoluído a partir de Armadimon que sempre acompanhava Calamon, dispara uma rajada de espículas da suas costas e ombros contra a ofensiva de Sakuyamon, gerando uma enorme explosão.

— Para tocarem um dedo sequer no meu mestre, terão que passar por mim.

— Isso não será nenhum problema para nós – brada a voz de Leon vinda do interior do enorme guerreiro digimon.

— Laser Positrônico – brada Imperialdramon apontando o enorme canhão que está alojado em seu braço direito na direção do digimon prateado, disparando uma poderosa rajada de energia.

— Vamos atacar, pessoal! – grita Victor em meio aos demais domadores.

— Lanterna Colossal! – dispara o enorme besouro vermelho de carapaça sobre as asas a partir do seu enorme chifre.

— Garra Cibernética – berra o dragão humanoide de enormes garras metálicas e capacete de bronze que lhe esconde os olhos.

— Machado do Tesouro – diz a enorme coelho marrom de longos braços, transformando suas mãos em machados de dois gumes.

— Giga Torpedo – brada o tiranossauro de braço direito, cabeça e asas de metal, após abrir os compartimentos alojados em seu peito e disparar dois torpedos.

— Cruz Lâmina – diz o cavaleiro dourado de capa azul, cruzando suas espadas a frente do corpo e liberando uma poderosa energia.

Sakuyamon estende a mão esquerda na direção do inimigo, fazendo surgir por trás de si quatro raposas “fantasmas” que avançam no inimigo.

Blastmon vê a aproximação de sete poderosas técnicas na sua direção e apenas cruza os braços na frente do rosto, protegendo-se do impacto.

Uma grande explosão ocorre, movendo uma grande quantidade de ar, que acaba derrubando alguns prédios mais atrás dos garotos. A guerreira evoluída a partir de Renamon novamente protege todos os domadores e digimons criando um escudo invisível como Taomon, porém visivelmente mais resistente.

Os jornalistas que observavam todo o desenrolar dos fatos também são atingidos pelo impacto da explosão, entretanto mais leve do que o que atingira as construções. Muitos equipamentos se quebram, outros funcionam com precariedade. Alguns profissionais sofrem sérias escoriações e machucados.

Igor, o garoto magro de cabelos negros e olhos azuis, percebe o que havia acontecido com os jornalistas e se aproxima correndo, juntamente com Labramon, para ajuda-los.

— Vocês estão bem?

— Acho que sim – diz a moça de pouco mais de trinta anos se colocando de pé, revelando braços com cotovelos arranhados.

Mais atrás dela, um homem ajudava um colega, que estava com a perna visivelmente ensanguentada a ficar de pé. Próximo deles, outro homem vasculhava uma filmadora, pressionando alguns botões e olhando ao redor do objeto, que possuía diversos amassados e arranhões.

— E você, como se chama?

— Igor.

— E esse cachorro também fala?

— Eu me chamo Labramon.

— Vocês se conhecem a muito tempo? – questiona a mulher enquanto tateava o colete cheio de bolsos e que possui um emblema da emissora na qual trabalhava nas costas.

— Por volta de um ano. Acho que um pouquinho mais.

— E você, Labramon, me responda: aquele lugar que a gente viu pelo portal aberto atrás daquele digimon negro de asas é o seu mundo?

— Ele se chama Calamon e é o lado malvado do nosso deus-digimon. E foi o nosso deus que criou os digivices e levou todos os domadores para lá. Eu esperei muitos meses até conhecer Igor, enquanto Tentomon, Lopmon e Agumon conheceram seus parceiros bem rapidinhos.

— Igor!

O grito de João silencia a jornalista, que havia achado um bloquinho e caneta em um dos bolsos do seu colete.

João, Verônica, Rafael, Lúcia, Davi e Antônio se aproximam do domador.

— Desculpa, mas é que eu fiquei preocupado com eles!

— Vocês são os líderes?

— Ele é! – diz Rafael indicando João, que carregava Betamon nos braços e Culumon sobre o ombro.

O garoto de barba cerrada olha em volta, para os seus companheiros, e percebe que eles não se opuseram a frase dita pelo domador branco e musculoso.

— Você poderia fazer um breve resumo de tudo isso o que está acontecendo?

— Olha, moça, a gente não sabe o que está acontecendo por aí. Eu só te peço que saia daqui com seus colegas.

Uma forte explosão atrai a atenção dos garotos e da jornalista. Blastmon atingira Metalgreymon com uma rajada de cristais, fazendo-o regredir.

Ao tornar olhar para a jornalista, o líder dos domadores percebe que um homem havia se posicionado mais atrás da mulher, que agora segurava um microfone, e portando a câmera filmadora que parecia funcionar mesmo sem condições aparentes.

 

Otávio estava sentado em uma das poltronas da aeronave que seguia com destino a Salvador quando, abruptamente, a imagem na pequena televisão a sua frente muda para a imagem de João, em meio a chuviscos, onde uma barbatana laranja semelhante à dos tubarões era vista próxima ao seu queixo, e um pequeno boneco branco de pés e orelhas possuindo as extremidades na cor roxa, além de um triângulo vermelho na testa, sob seu ombro.

— Culumon? – diz, assustado, o homem em pleno voo.

Ao lado do garoto de barba cerrada estavam outros jovens e pequenos monstros diferentes entre si e ao longe, uma batalha era percebida, com direito a voos mirabolantes, rajadas de energias, esferas explosivas e embates dignos de filmes de ação.

— Vocês precisam sair daqui o quanto antes! E avisem a todas as autoridades que mantenham distância. Nada de helicópteros, de exércitos, de policiais, ou seja lá o que estejam pensando. Somente nós temos poder para acabar com Calamon.

— E você sabe dizer como isso tudo começou?

— Não. Nada está claro pra gente. A gente só sabe que foi escolhido, mas como que se deu essa escolha, ainda é uma incógnita.

Um enorme guerreiro de armadura negra, pele azul, asas vermelhas e canhão preso ao braço alça voo e dispara um poderoso laser em direção ao chão.

Otávio sente seus olhos saltarem.

— Imperialdramon! – balbucia o pai de Leon.

 

Otávio estava em frente a um computador em meio a tantos outros que havia naquela sala escura. Seguia digitando sequencias de códigos que iam surgindo em letras de imprensa na tela negra.  Após alguns minutos digitando freneticamente, o rapaz para o que estava fazendo e uma tela branca surge no centro do monitor, com suas opções de seleção. Ao escolher a tecla da direita, uma barra de carregamento surge e segue sendo preenchida até o final, forçando o computador a uma reinicialização.

Após voltar a funcionar, Otávio digita o seguinte comando no computador: “digital_monsters” e logo uma imagem monocromática é exibida. Um pequeno guerreiro com enormes asas, em imagem pixelada, surge no monitor em animação limitada. Após digitar outros comandos, o pequeno guerreiro na tela voava e estendia um dos braços, disparando filetes que seguiam piscando até o final da janela em exibição. A cada movimentação, o monstro seguia acumulando uma pontuação armazenada do canto superior esquerdo da janela, onde havia um pequeno monstrinho de cabeça desproporcional e orelhas abertas como leque.

Feliz após a nova conquista, Otávio pega uma caderneta que estava ao lado do teclado, já amarelado pelo constante uso, e começa a folhear. Nas páginas haviam rabiscos, desenhos de anjos e demônios, canhões, espadas de diversos modelos, além de colagens com fotografias de animais, plantas, seres mitológicos, deuses gregos, romanos, egípcios, hindus e tantos outros objetos, crenças e artefatos. Um rico material garimpado e armazenado em grupos.

Em uma das páginas, Otávio acha o rabisco, feito a lápis, do guerreiro que ele reproduzira no computador e escreve ao lado: Imperialdramon. Mais abaixo, ainda na mesma página, havia o nome “Culumon” ao lado do rabisco que levemente lembrava o atual deus-digimon.

 

Victor já estava abraçado ao Agumon e ao lado de Will, Albert, Pastreli e Mateus quando Blastmon rapidamente corre, fugindo das investidas de Grademon, Cyberdramon, Atlurkabuterimon e Antylamon, e acerta uma sequência de socos e chutes em Sakuyamon, lançando-a contra o chão com forte impacto.

— Metralhadora de Diamante!

Imperialdramon tenta se aproximar de Sakuyamon para protegê-la, mas não consegue chegar a tempo.

Uma poderosa explosão acontece.

João e os Domadores Beta davam entrevista no exato momento quando a explosão e os gritos de Flávia e Fernanda atraem a atenção deles. Levi e Renamon estavam caídos e desacordados no campo de batalha, e muito próximos do inimigo. Murilo, Fernanda, Flávia e Igor correm, acompanhados dos seus digimons, numa tentativa de protege-los.

Em meio a toda confusão, Bárbara havia sido deixadas para trás quando um buggy surge em alta velocidade. O barulho do motor do veículo atrai a atenção de Will e Pastreli, que logo notam o perigo que a garota de longos cabelos cacheados corria.

— FANBEEMON! – brada o domador de voz gravemente rouca. – Esse foi o carro que atropelou Luiz Filipe.

— Bárbara corre perigo – completa Will.

— FANBEEMON! – grita a garota, assustada.

O digivice da domadora brilha de maneira surpreendente, fazendo com que a pequena abelha sobre sua cabeça fosse envolta pela energia da evolução e ganhasse tamanho. O casulo rapidamente se desfaz, revelando a presença de uma digimon abelha mecânica que carrega um enorme favo de mel sobre as costas. Possui dois pares de asas e braços, além de um abdômen comprido em forma de um canhão retangular, que está posicionado para frente.

A enorme digimon coloca seu comprido abdômen na frente de Bárbara, protegendo-a do buggy, que logo muda de direção, indo pela direita.

— Bomba de Mel – brada a digimon que acaba de surgir, liberando uma esfera de energia que avança na direção do carro. O veículo explode, lançando seu ocupante a metros de distância.

A digimon abelha que carrega um favo de mel sobre as costas, ganha altura, passando a levitar metros acima dos garotos, enquanto Flávia se aproximava de Bárbara.

O ser que usa um longo sobretudo escuro lentamente seguia ficando de pé, se apoiando na bengala que trazia consigo. Sua roupa estava suja e com alguns rasgos.

Lúcia fica completamente assustada ao vê-lo à sua frente.

— Pessoal, eu já flagrei esse monstro me observando lá no Rio. E não foi apenas uma vez!

— Você ainda vive, Mummymon? – brada Calamon com ar jocoso enquanto permanecia, imóvel, com os braços erguidos e mãos espalmadas, acumulando dados negros. - Achei que tinha sido destruído por esses humanos e seus digimons.

— Se tivesse me escolhido como um dos ditadores, com certeza eu teria feito um trabalho bem melhor do que Devimon. Inadmissível dar tanto poder a um Adulto como deu aquele idiota.

Verônica rastreia informações acerca do novo digimon que acabara de surgir.

 

 

Mummymon, um digimon Perfeito. Esse digimon, que já foi considerado servo do primeiro escalão do deus-digimon, é um grande trapaceiro. Constrói alianças baseadas nos próprios interesses. Sua principal técnica são as “Ataduras Serpentes”.

 

— Isso é verdade, Culumon? – questiona a garota com Plotmon nos braços.

— Esse digimon, culú, é um traidor! Ele era um dos digimons em quem eu mais confiava, e acabou facilitando a entrada dos ditadores na minha fortaleza.

— Ora, ora. Vejo que o deus-digimon está aqui.

— Me arrependo profundamente de não ter te condicionado uma vida mais humilhante do que essa que já leva, culú!

— Como assim? - Indaga Antônio. – Não estou entendendo nada!

— Muito menos eu, Tonho! – responde o pequeno besouro azul.

— Eu irei explicar a todos vocês, culú.

Mummymon apenas observava o deus-digimon falar.

— Eu já tinha me libertado de Calamon e seguia voando pelo Mundo Digital quando vimos um digimon caído às margens do rio. Estava ferido e perdia bits por diversos ferimentos.

 

— O que será que aconteceu com esse digimon, Piccolomon, culú?

— Provavelmente se acidentou durante alguma batalha.

Aos poucos o pequeno digimon em formato de vela sobre um pequeno castiçal dourado abre os olhos e percebe a presença do deus-digimon ao seu lado, entrando em desespero.

— Por favor, não me converta em dados!

O digimon acaba desmaiando.

— Não! Eu não tenho a intensão de te destruir.

— Esse Candlemon deve ter conhecido sua má fama, mestre. Por isso está com medo.

— Preciso ajuda-lo e reparar o mal que já fiz a ele, culú.

Sutilmente, o digimon vela esboça um sorriso e rapidamente torna a ficar sério, fingindo desmaio.

 

Continua...


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