Digimon Beta - E o Domador Inicial escrita por Murilo Pitombo


Capítulo 11
Procurem a Carta das Chamas




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João estava logo atrás de Etemon, assim como Flávia, Verônica, Lúcia, Murilo e seus digimons. O digimon gorila havia saltado a frente para proteger os humanos. Calamon havia aparecido, acompanhado de Alex, Grappleomon e Dukemon na cidade Iluminata.

— Olá, domadores! Estava com saudades – diz o lobo negro alado, sorrindo.

Alex os fitava com seus olhos rasgados e seu sorriso cínico e debochado.

— Pena que não podemos dizer o mesmo! – afirma Murilo.

— Me desculpem – continua Calamon. – Esqueci que da última vez que estávamos frente a frente, um amiguinho de vocês acabou morrendo.

— DOBRE SUA LÍNGUA, MALDITO!

João parte na direção de Calamon, mas é contido pelo Etemon que o segura por ambos os braços. O garoto fazia força para se livrar.

— Eu to louco para brincar com eles – diz Dukemon.

Alex gargalhava e a todo o momento olhava para João, até que nota a presença de Lúcia.

— Peraê, quer dizer que Lúcia está de volta? Onde está seu monte de pedras, guria?

— Quando eu encontrar Gotsumon, você verá o que o monte de pedras pode fazer.

— E ainda por cima não sabe onde ele está? Francamente, vocês me decepcionam.

— Você é um pobre coitado – diz Verônica. - Nem digno de raiva vocês são. Eu sinto pena!

Enquanto a domadora os distraia, Lúcia usava seu digivice para enviar uma mensagem.

— Vocês não sabem o que é respeitar o próximo. Não sabem qual a sensação de se cultivar algo bom no peito. Só sabem falar asneira e competir por um motivo que não existe.

— Essa revolta não tem sentido, não tem fundamentos – a garota loira de voz rouca começa a falar. – Eu tomei conhecimento de tudo há pouco tempo e não consegui ver nada demais nas atitudes de João ou de quem quer que fosse.

— Pegar o bonde andando e sentar na janela é fácil, Flávia – responde Alex. – Quero ver ser escada para meia dúzia de queridinhos de Culumon. Que ao menor sinal de perigo, usam um dos degraus para salvar a própria pele.

Enquanto Alex conversava com a voz embargada de raiva, os olhos de Calamon emitem um curto brilho prateado.

— A cada dia minha sede de vingança aumenta! - A voz de Blaze é emitida através da boca de Dukemon. O garoto continuava ciente de tudo o que acontecia, mesmo estando unido ao corpo do seu digimon.

— Até fundido ao seu digimon você é inconveniente – diz Murilo com ar de deboche.

Dukemon, em frações de segundos, ergue seu sabre na direção dos domadores.

— Não admito que fale assim de mim – a voz do domador corpulento continuava soando.

— Eu digo o que quiser a respeito do idiota do Blaze!

— Já chega! - O sabre de Dukemon começa a brilhar aos poucos – A partir de agora serão seis domadores a menos.

Calamon e Grappleomon se preparavam para atacar.

— Fujam - Etemon ergue os braços e empurra João para trás. - Eu lhes darei cobertura!

— Nem pensar! – Diz o domador de Betamon sorrindo.

Verônica se aproxima e saca seu digivice. João a acompanha no movimento. O sabre do Dukemon havia acumulado energia suficiente para atacar.

— Evolução Beta! – Grita Verônica, voltando seu olhar para os oponentes.

Dukemon, Alex e Grappleomon sentem seus olhos saltar.

Betamon e Plotmon avançam, passando pelos seus domadores, na direção dos inimigos. O digivice de João brilha juntamente com o de Verônica e seus digimons são envoltos por casulos de luz. O casulo do digimon redondo de barbatana laranja cresce assustadoramente e adquire um formato alongado, levitando sobre o lugar. Uma enorme serpente de metal com um poderoso canhão alojado onde seriam suas narinas, surge imponente como das vezes em que enfrentara os ditadores. Plotmon também levita envolta pelo casulo da evolução e se torna um belo arcanjo de aparência feminina. Com quatro pares de asas douradas, capacete, lança e escudo.

— Sabre Real.

Uma rajada de energia sai reluzente da lança do cavaleiro medieval.

Metalseadramon, a evolução de Betamon, lança um potente raio de energia do canhão alojado em seu focinho.

— Desde quando eles conseguem atingir a Extremidade com esses digivices? – Questiona Alex, preocupado.

— Pouco importa. - O incrível brilho emanado da disputa de técnicas ofusca a visão do lobo negro alado. - O tempo deles está chegando ao fim.

 

O Continente Perdido, localizado no núcleo do Planeta Digital, se assemelha muito a superfície. Havia um grande mar de água doce que findava na parede côncava do interior oco do planeta. Uma grande esfera de fogo, presa ao teto também curvilíneo, fazia às vezes do sol e nuvens se deslocavam sem direção certa. A praia seguia com coqueiros e ondas arrebentavam em sua orla. Por ser esférica, a parede côncava de terra seguia por todas as direções envolvendo o Continente Perdido como uma grande cúpula. Em um dos pontos dessa parede, sobre a areia da praia, havia uma gruta que se iniciava na Floresta do Farol.

Por esse caminho surgem quatro domadores.

— Temos pouco tempo para achar a carta que pertencia a Carlos.

Júnior caminhava apressadamente pela areia em direção a mata com o digimon furão sobre o ombro.

— Quer dizer que essas cartas são indestrutíveis?

Levi o seguia no mesmo ritmo com Renamon sempre ao lado.

Albert carregava Lopmon presa aos braços, enquanto Wormmon seguia seguro ao ombro de Kau.

— Tudo indica que sim. Até porque presenciamos a magnitude daquele ataque. Não teria como uma mísera carta permanecer intacta se não houvesse algo de especial.

Agora os domadores caminhavam por uma trilha dentro da mata fechada. No lugar havia árvores frutíferas de troncos e copas largas, grama por todo o entorno, máquinas de refrigerantes e chocolate. Até o momento eles não haviam visto nenhum digimon. Mais à frente os domadores encontram uma larga estrada de terra e seguem caminhando por ela, até que chegam ao vilarejo que possui construções de ponta cabeça. Desde casas e prédios até postes de iluminação pública e bancos de praça.

Os domadores seguiam caminhando pelo inusitado vilarejo quando um pequeno digimon tatu de casco liso e espelhado, cruza a esquina em frente.

— Ei! – Grita o garoto magro e tão alto quanto Davi.

O pequeno digimon para e aguarda a aproximação dos humanos.

— Você sabe dizer se viu algum cartão com uma imagem de labaredas em uma das faces e na outra um triângulo vermelho?

— Não. Para falar a verdade, essa é a segunda vez que eu venho aqui.

— Certo. Como que você se chama?

— Armadimon.

— Obrigado pela informação, Armadimon.

O pequeno digimon segue seu caminho.

— Eu acho suicídio ter vindo procurar essa carta – Comenta o garoto de cabelo verde espetado e braço direito inteiramente tatuado.

— Também não gostei da ideia, Kau – Diz Albert, domador de Lopmon.

— Ou João ou Verônica deveriam estar aqui conosco. E se o plano não der certo? E se Calamon aparecer aqui?

— Relaxa, Kau! Tudo está sobre controle – O líder dos calouros estava confiante. – Ficou combinado que, quando Calamon chegasse até eles, alguém nos enviaria uma mensagem dizendo que estava tudo limpo no nosso lado.

Os domadores seguem caminhando. Júnior seguia um pouco à frente.

— Estamos muito próximo da toca do inimigo. Nossos digimons não são oponentes a altura de Dukemon e Calamon.

Júnior para abruptamente e olha para Kau.

— Se você quiser pode ir embora, cara. Ninguém está te forçando a nada!

— Calma, sabichão. Só estou falando isso porque sei exatamente até onde o meu braço alcança. Tenho certeza de que você, Levi e Albert estão receosos de que nosso plano dê errado.

Júnior transpirava, estava visivelmente angustiado.

— Depois vocês continuam com o prazeroso diálogo – Interfere Albert. – Vamos logo achar essa carta antes que eu desista.

— Albert, fica calminho que nós vamos achar essa cartinha rapidinho. Nada de ruim vai acontecer - Lopmon tentava animar o seu domador.

 

— Cristal Sefirot.

Seis pequenos cristais se materializam na frente da digimon arcanjo e após um movimento de mão, avançam na direção de Calamon que desvia-os com a sua Telecinese. Os cristais acabam explodindo em um prédio do lado oposto da rua. O lobo negro alado, então, materializa uma esfera de energia do tamanho de uma bola de basquete e a lança na direção dos humanos e da Ophanimon.

— Lunamon, Evolução de Dados!

Flávia passa sua Carta dos Ventos pelo seu digivice e Lunamon evolui para uma guerreira de forma humana com a mesma estatura da sua domadora. Cabelos violeta que chegam à cintura, viseira e asas de borboleta. Kazemon espalma sua mão e consegue fazer com que a técnica de Calamon retornasse para ele com uma velocidade ainda maior.

— Lança do Éden.

Ophanimon aproveita a situação e lança um poderoso raio na direção de Calamon. Grappleomon joga o seu domador sobre suas costas e foge do local como um relâmpago.

O raio da digimon arcanjo atinge a técnica do inimigo e, antes de explodir, libera um silencioso feixe luminoso. Rapidamente Ophanimon cria uma barreira protetora a sua frente e protege todos os domadores e digimons que estavam atrás de si. Metalseadramon e Dukemon, que batalhavam nos céus da cidade, são lançados longe com a grande explosão.

João sentia o solo tremer e ouvia os gritos de desespero de Verônica, Flávia e Lúcia. Uma densa nuvem de poeira se apoderava de todo o lugar por conta dos desmoronamentos e explosões que estavam acontecendo. O digimon de Alex seguia correndo a toda velocidade e já havia conseguido uma enorme distância, quando é atingido pela massa de ar deslocada da explosão.

Dez segundos de efeito explosivo significam muita energia, e a técnica da digimon arcanjo Extremo se mostrou poderosa, além do mais sendo potencializada pela técnica do seu oponente.

 

João aos poucos abre os olhos e nota que tudo havia desaparecido, somente o asfalto ao seu redor é que estava intacto. Alguns metros à direita havia uma enorme cratera. Não existia mais avenida, prédios e casas. Um grande círculo no raio de um quilômetro havia se instalado no meio da cidade Iluminata. No local antes urbanizado, restou um deserto de poeira de destruição. Os domadores não conseguiam visualizar ao menos um escombro. Tudo se tornara pó em frações de segundos. Uma enorme quantidade de bits seguia vagando pelo céu em direção a Cidade do Princípio. Digimons que estavam próximos foram destruídos. Etemon observa tudo perplexo. Calamon havia regredido para sua forma anterior e possuía várias escoriações.

— Vejo que está disposta a tudo, Ophanimon! – Calamon sorri.

Growmon surge correndo com Blaze sobre suas costas. Logo em seguida aparecem Alex e Leomon. Ambos, humanos e digimons, estavam machucados.

— Calamon você deve morrer – Diz Ophanimon. - Um digimon completamente maligno não deve viver.

— E o que me diz de um digimon completamente bom? Pelo que me consta, deve haver um equilíbrio entre luz e trevas, bem e mal.

— Chega de distorcer tudo o que falamos - Verônica estava disposta a colocar um ponto final. - Ophanimon. Acabe com ele!

A digimon arcanjo gira seu cajado, preparando-se para atacar.

— Por que procuram a Carta das Chamas?

Verônica se assusta.

— O que você sabe sobre a carta que era de Carlos?

— Nada que vocês, humanos ingênuos, não saibam. Existem quatro domadores no Continente Perdido a procura daquela carta neste exato momento. O que pretendem com ela?

— Você é louco? Que história de carta é essa? – Blefa Murilo.

Calamon nota que, enquanto Murilo e Verônica tentavam prolongar a conversa, Lúcia, João e Flávia mexiam em seus digivices.

— IDIOTAS!

Calamon gira em seu próprio eixo, se torna o poderoso lobo negro e rapidamente ataca Ophanimon com um enorme martelo de cromodigizóide, que se defende com seu escudo.

— Blaze, vá atrás dos domadores que estão no Continente Perdido. Essa cratera a esquerda é uma das passagens que existem para lá. Alex ajude-o.

Blaze e Alex ouvem os gritos de Calamon e correm até a cratera.

— Flecha de Gelo.

— Punho do Rei das Feras!

A técnica de Leomon atinge a técnica de gelo do digimon serpente azul do nível Adulto, desfazendo-a.

— Kazemon! – Grita Flávia.

A digimon se preparava para atacar quando é surpreendida pela Telecinese de Calamon, que lança não só a ela, mas como Seadramon e Etemon longe.

— Patamon é contigo!

Patamon segue voando dos braços do seu domador e se deixa envolver pelo brilho da evolução, tornando-se Angemon. O digimon para na frente do grupo e lança seu bastão como um bumerangue em direção às pernas do digimon leão humanoide, derrubando-o. O tiranossauro vermelho de crina branca consegue saltar dentro da cratera com Blaze nas costas, enquanto Leomon e Alex se erguiam do tombo que levara.

— Lúcia, conseguiu avisar Júnior?

— Ainda não, João.

Angemon pega Murilo nos braços e voa em direção a cratera. Leomon estava prestes a saltar juntamente com o seu domador, quando lança um ataque contra a parede da cratera, soterrando-a.

 

— Conseguiu achar alguma coisa, Albert?

— Nada, Júnior. Nem sinal da carta!

Kau olha para o visor do seu digivice. Wormmon procurava em uns arbustos a sua frente.

— Essa falta de contato está me preocupando.

— Até entendo sua preocupação, mas você está enchendo minha paciência, cara – Diz Júnior de maneira séria.

Uma explosão atrai a atenção deles.

— O que é isso? – Questiona o garoto negro.

A digimon raposa de longa calda fica em estado de alerta.

Albert olha seu digivice. Acabara de receber uma mensagem.

— Essa explosão veio da estação de trem que era do Angler – Sibila Kau.

Um enorme cavaleiro medieval ascende, como um foguete, até chegar próximo ao teto do Continente Perdido. Sua enorme capa vermelha esvoaçava.

— DUKEMON! – Exclama Júnior.

— A mensagem chegou atrasada – Diz Albert. – Lúcia mandou avisar que Blaze e Growmon estavam a caminho.

— Se fossem apenas Blaze e Growmon menos mal – Kau impunha seu digivice. – Agora não adianta fugir.

 

Continua...


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