Tomorrow Will Come escrita por GoianoUrbano


Capítulo 7
Capítulo 07 – As lágrimas de um ser humano.




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Hao continuou sentado naquela pedra, parado, sem mover um músculo. Estava perdido em pensamentos. Seu olhar estava perdido no horizonte, viajando no tempo. As palavras de Anna tinham surtido efeito. Hao se encontrava lentamente voltando no tempo. Relembrava uma antiga história. A sua própria história de mil anos atrás. Uma história que ele tinha guardado para si debaixo de sete chaves; e que, talvez, nunca revelaria para ninguém. Seu passado tinha influenciado todas as suas existências. Sua realidade presente nada mais era que um reflexo do passado.

 

"Asano Ha". Era o nome de sua mãe. Hao sempre admirara muito a sua mãe. Ela foi a pessoa que ele mais amou em sua vida. Era uma mulher simples, mas a sua simplicidade a fazia especial. Sempre batalhara muito para criar o seu pequeno filho no mundo de caos onde viviam. Hao nunca chegara a conhecer o seu pai. Nunca se importou com este fato, pois sua mãe bastava para ele. Ela foi a única pessoa que o tratara com carinho e que o amara de verdade. O shaman sentia falta do abraço caloroso de sua mãe. Queria poder renascer de novo no passado, para que pudesse ter novamente aquele amor incondicional e grandioso de sua mãe.

 

Ele era um garotinho pequeno quando perdera a sua mãe. E essa perda é toda a razão de seu crescente ódio pelos humanos. Asano Ha era considerada um demônio pelas pessoas daquela época. Ela tinha poderes ocultos inadmissíveis. Podia ver o desconhecido. Ela podia entrar em contato com seres espirituais. Por isso, era temida pela sociedade humana. E, por esse mesmo motivo, foi assassinada por um monstro. O monstro que assassinou sua mãe era um humano. Todos humanos lutavam para extinguir da face da Terra pessoas com poderes "sobrenaturais". Asano Ha foi vítima da ignorância e do medo dos seres humanos. Eles a mataram. Por esse motivo, Hao começou a odiar os humanos. Por esse motivo, Hao planejou a sua vingança. Faria um mundo só de shamans, onde tudo que não prestava seria eliminado. Começando pelos seres humanos...

 

"Ohachiyo". Foi o primeiro ser espiritual que entrou em contato com Hao. O shaman, depois que mataram a sua mãe e que queimaram a sua casa, passou a viver sozinho. Nenhuma lágrima foi derramada por ele. Nenhum sinal de sofrimento era visível no seu rosto. Ele se tornara um garoto inexpressivo. Ohachiyo, ao ver o garoto sozinho num canto, se aproximara dele até que conseguiu ganhar a sua "amizade". O motivo que aproximou os dois foi o ódio pelos humanos. O espírito, a princípio, achara que Hao era um menino especial. Era tão puro e sentia tanto ódio pelos humanos. Ele decidiu ensinar Hao sobre as coisas do mundo. É a ele que Hao deve a sua habilidade de ler mentes.

 

- Foi depois de dominar a habilidade de leitura de mentes que começaram os meus assassinatos. Eu vinguei a minha mãe. Eu matei o homem que a assassinara. E, foi depois disso, que Ohachiyo me abandonou... Lamentava-se Hao.

 

"Anna". Era a garota que ele escolhera para ser a sua rainha. Ela era também o motivo de suas reflexões. As palavras da itako o faziam lembrar de sua mãe. Era ela a pessoa que mais o fazia lembrar de sua mãe. Ele vira nos olhos da itako a mesma determinação que refletiam os olhos de Asano Ha. Anna foi a pessoa que conseguiu derrotar os seus shikigamis. Hao admirara Anna desde a primeira vez. Ela era independente. Tinha uma personalidade forte. Era sábia e tinha muita coragem. Ela detinha todas as qualidades que a esposa do Rei Shaman deveria de ter. Por isso, Hao a escolhera para sua rainha.

 

- Mas agora, eu começo a entender esse sentimento...

 

Não era apenas porque Anna era perfeita para ser a Primeira Dama do Rei Shaman que ele a queria. Ele sentia algo diferente por ela. Um sentimento que nunca sentira antes por outra mulher. Ele a amava. Era a primeira vez que Hao conhecia esse sentimento. Ela era a segunda pessoa por quem Hao sentira algo especial. Por Anna, Hao sentia um amor próprio de conto de fadas. Agora, ele não queria que ela fosse apenas a esposa do Rei Shaman. Ele queria que ela fosse sua amiga, sua companheira, sua amante, sua mulher. Sua para todo o sempre.

 

- Você não está aqui por causa do seu sonho. Você está aqui para me salvar. Mas, você também está aqui por causa dele...

 

"Yoh". Era seu irmão gêmeo. Yoh, na verdade, era uma parte de Hao. Quando Hao reencarnou nessa vida, ele reencarnou em dois gêmeos. O Hao e o Yoh. Dois irmãos, um sendo parte do outro. Yoh era noivo de Anna. Ele era um dos motivos da itako estar ali com ele. Ele entendia perfeitamente o que a itako sentia pelo seu irmão. Por dentro, Hao estava sentindo ciúmes. Sempre quando Anna falava de Yoh, tinha um brilho nos olhos. Ela falava dele com tanto carinho que fazia com que o coração de Hao doesse. Mas, ele sabia que ela agora também sentia algo especial por ele, pois a itako tinha correspondido ao seu beijo; e ele sabia que o beijo tinha agradado a garota.

 

"Um mundo só de shamans. Uma vingança". Hao nunca se arrependera de nenhum de seus assassinatos. Tudo que fizera foi em prol de sua justiça. Tudo que Hao queria era um mundo livre de imundices. "Os fins justificam os meios", pensava Hao. Mas, naquele momento, toda a sua filosofia começou a entrar em conflito. Ele começou a se questionar se tinha escolhido o caminho certo. Começou a se questionar se tudo que vivera não tinha sido em vão.

 

- Em vão? Não! Não pode ter sido tudo em vão. Agora que eu estou tão próximo de realizar o meu sonho. Faltam apenas alguns dias para eu me tornar o Rei Shaman. Eu vou livrar o mundo de tudo que não presta. Murmurava Hao.

 

- Mas, por quê? Eu não entendo. Mesmo agora que irei completar os meus objetivos por que a senhora não sorri para mim? Por que, mamãe?

 

Hao se encontrava em um conflito interno tão grande que estava fora de si. Era como se estivesse perdido em outra realidade. Ele enxergava claramente o rosto de sua mãe. Sempre enxergara o rosto dela. Ela nunca sorrira para ele desde a sua morte. Agora que ele ia realizar seus planos, ele achava que Asano Ha iria voltar a sorrir para ele. Mas, tudo que ele enxergava, era uma face pálida que só expressava tristeza...

 

Quando voltou a si, Hao tinha lágrimas em seus olhos. Estava chorando. Era a primeira vez que chorava. Nunca tinha sequer derramado uma única lágrima. Agora chorava feito uma criança, como se pudesse purificar a sua alma e lavar todas as suas tristezas. Ele sempre fora uma rocha. Escondia por detrás daquele seu sorriso uma imensa tristeza, um imenso ódio. Mas, agora voltava a ser pequeno. Pequeno diante do mundo. Pequeno diante da vida. Chorava; e suas lágrimas brotavam do coração, atingindo diretamente a sua alma.

 

- Ohachiyo, você tinha razão. Eu sou humano. E humanos choram..


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