Too Close escrita por Kirara-sama


Capítulo 1
Trabalho




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Seus pés, cobertos por grossas botas, logo tocavam frágeis gramíneas que conseguiam combater a areia. Após dois dias de viagem pelo deserto de Sograt, o ser encapuzado chegava perto de seu destino. Aos poucos ia se acostumando com o ambiente mais fresco e mais cheio de vida. A grama verde esmeralda chamava a atenção e as frondosas árvores quase do mesmo tom lhe davam uma sensação de paz.

Paz essa que não duraria muito, pois ao longe já se podia avistar os grandes muros da capital de Rune-Midgard. Altos, eram feitos de pedras toscas e claras. Sua extensão podia se perder no horizonte, já que servia de escudo para a cidade. Detestava aquele lugar pelo fato de estar sempre apinhado de gente. E o lugar dificultaria o seu serviço, que já era complicado.

Esgueirou-se pelo portão de Prontera e adentrou na capital. Tentava andar o mais devagar possível, observando cada rosto minuciosamente. Tirou de dentro da capa surrada uma pequena foto. Seu alvo. Olhou novamente em volta e suspirou. Aquele seria um trabalho difícil até mesmo para sua categoria.

Cansado da viagem, o estranho encapuzado sentou-se perto de um beco e ficara a fitar as lojas e seus donos. Mercadores, ferreiros e alquimistas lançavam seus preços sobre itens raros ou necessitados, como armas e poções em geral. E as pessoas se acotovelavam apenas para ver o que os vendedores tinham à disposição.

Fez uma expressão de desdém. Atrás de todas aquelas lojas bonitas e cheias de pompa, pessoas mendigavam, tentando obter o pão de cada dia. É claro que não era somente ali que existia desigualdade social. Em todas as cidades de Rune-Midgard era possível ver homens e mulheres mendigando ou crianças roubando para sobreviver.

Depois de alguns minutos de descanso, levantou-se. Voltou a andar e olhar para a foto. Seu alvo era mais ou menos da sua altura de acordo com a imagem e seus superiores não haviam dado muitas informações sobre ele. Mas pelas roupas que trajava, deveria estar em um local mais calmo, como a Igreja.

Não precisou andar muito, pois pegara atalhos pelas ruas mais calmas da cidade. Logo estava frente a frente com uma grande estrutura feita de pedra polida. Os detalhes e vitrais davam um ar mais robusto e antigo àquele edifício. Analisou o local e o que viu não era nada incomum.

Noviços e sacerdotes cuidavam dos jardins e das flores e alguns templários adentravam o local para orar antes de alguma missão. Poucas sacerdotisas cuidavam de aventureiros feridos na porta da Igreja, uma atividade bem comum por ali. Mas nenhum deles era seu alvo.

Até que risos tiraram sua concentração. Andou até os fundos da construção e avistou algumas crianças de todas as idades ao redor de uma bela sacerdotisa. A moça, mais jovem que as irmãs outrora vistas, esbanjava felicidade e trazia estampado no rosto o mais cálido dos sorrisos que jamais havia visto.

Por um breve momento, aquele estranho sentira o coração aquecer apenas ao contemplar o sorriso. Porém o sentimento foi completamente petrificado ao lembrar seu objetivo. Baixou o capuz e caminhou lentamente até a sacerdotisa. Seu alvo.


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